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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

22.09.24

NOTA: Este post é respeitante a Sábado, 21 de Setembro de 2024.

Os Sábados marcam o início do fim-de-semana, altura que muitas crianças aproveitam para sair e brincar na rua ou no parque. Nos anos 90, esta situação não era diferente, com o atrativo adicional de, naquela época, a miudagem disfrutar de muitos e bons complementos a estas brincadeiras. Em Sábados alternados, este blog vai recordar os mais memoráveis de entre os brinquedos, acessórios e jogos de exterior disponíveis naquela década.

Apesar da percepção generalizada de que cada nova geração de crianças e jovens se torna progressivamente mais sedentária e preguiçosa que a anterior, continua a haver pretextos, contextos e motivações irresistíveis para qualquer criança entrar em movimento. De uma simples bola de futebol a um insuflável, são inúmeros os exemplos de brinquedos e jogos que continuam a exercer uma atracção indelével sobre os mais novos, e a esta lista há ainda que juntar um brinquedo popularizado durante os anos 90 e que continua a fazer enorme sucesso – o chamado 'saltitão'.

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Mais frequentemente utilizado no contexto de aulas de ginástica para adultos, as tradicionais bolas gigantes vêm, desde há várias décadas, tendo também versões infantis, em tamanho reduzido e muitas vezes decoradas com autocolantes ou desenhos apelativos para a demografia-alvo. E se os adultos encontram uma série de usos distintos para estes equipamentos, entre os mais novos, os mesmos são utilizados para um único fim: sentar-se e, através da impulsão do corpo, fazer 'saltar' a bola, criando um efeito 'cavalgante'.

Uma daquelas brincadeiras básicas, intemporais e absolutamente irresistíveis, das quais uma criança da geração Z ou Alfa conseguiria, tendo a oportunidade, retirar tanto proveito quanto os seus pais, na mesma idade. Talvez por isso este tipo de brinquedo continue – ao contrário de tantos outros de que aqui falamos – a ser comercializado, uma situação que deverá manter-se até que o apelo de passar um Sábado (literalmente) ao saltos pelo jardim ou sala de estar, montado numa enorme bola de borracha maleável, deixe de se fazer sentir entre os humanos de uma certa idade.

16.06.24

NOTA: Este 'post' é respeitante a Sábado, 15 de Junho de 2024.

Os Sábados marcam o início do fim-de-semana, altura que muitas crianças aproveitam para sair e brincar na rua ou no parque. Nos anos 90, esta situação não era diferente, com o atrativo adicional de, naquela época, a miudagem disfrutar de muitos e bons complementos a estas brincadeiras. Em Sábados alternados, este blog vai recordar os mais memoráveis de entre os brinquedos, acessórios e jogos de exterior disponíveis naquela década.

Numa edição anterior desta rubrica, falámos das pistolas espaciais, elemento indispensável para qualquer brincadeira de faz-de-conta tematizada em torno do espaço e dos astronautas. No entanto, as mesmas estavam longe de ser o único apetrecho disponível para complementar este tipo de vôo da imaginação; quem preferisse brincar aos espadachins, cavaleiros ou até emular personagens como He-Man e She-Ra tinha também ao seu dispôr uma enorme variedade de espadas de brincar, nos mais diversos formatos e estilos.

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Uma espada típica da variante electrónica da categoria.

De facto, da tradicional espada ao estilo de Zorro até algo mais medieval, passando pela inevitável variante tecnológica, de 'design' futurista e equipada com efeitos de luz e som, havia espadas para todos os gostos espalhados pelas lojas de bairro, barracas de feira, bazares e lojas dos 'trezentos' de Norte a Sul do Portugal noventista, prontas a fazerem as delícias das crianças e jovens das gerações 'X' e 'millennial'. E o facto é que, mesmo sem serem tão populares quanto as pistolas espaciais (ou não fosse o final do século XX a era do futurismo por excelência) estas espadas ainda proporcionavam momentos bem divertidos aos rapazes e raparigas de uma certa idade, além de servirem 'função dupla' como complemento a uma máscara de Carnaval de temática medieval ou inspirada em Zorro.

Surpreendentemente, apesar de todas as preocupações tanto com a integridade física das crianças como com a promoção da violência, as espadas de brincar continuam a ser relativamente fáceis de encontrar à venda, sabendo onde e como procurar. E mesmo sem a popularidade ou expressão de que gozavam à época, haverá ainda hoje muito poucas crianças que recusem a oportunidade de se 'apetrechar' com uma destas réplicas, e passar um Sábado aos Saltos a imaginar-se como Zorro, Conan ou qualquer dos seus equivalentes modernos...

11.05.24

Os Sábados marcam o início do fim-de-semana, altura que muitas crianças aproveitam para sair e brincar na rua ou no parque. Nos anos 90, esta situação não era diferente, com o atrativo adicional de, naquela época, a miudagem disfrutar de muitos e bons complementos a estas brincadeiras. Em Sábados alternados, este blog vai recordar os mais memoráveis de entre os brinquedos, acessórios e jogos de exterior disponíveis naquela década.

Ser criança é gostar de se divertir, e por isso, em Domingos alternados, o Anos 90 relembra algumas das diversões que não cabem em qualquer outra rubrica deste blog.

Já vem sendo tema recorrente deste nosso 'blog' o facto de a criança dos anos 90 precisar de pouco para se divertir. De facto, à falta de brinquedos elaborados, era sempre possível inventar um jogo ou brincadeira com recursos mínimos ou mesmo inexistentes; conversamente, o mais simples dos elementos - como uma bola, uma folha de papel ou duas tampas de panela – era capaz de proporcionar um Sábado aos Saltos mais do que divertido, quer a solo, quer na companhia de amigos. Um dos mais famosos exemplos deste paradigma é o produto de que falamos neste 'post', o qual, pela sua simplicidade, portabilidade e tendência para ser usado no exterior, acaba por se inserir não só no âmbito dos Sábados aos Saltos, mas também dos Domingos Divertidos (já que também era bastas vezes utilizado dentro de portas) ou mesmo das Quintas de Quinquilharia, já que cabia num bolso ou estojo de lápis; pela sua associação a tardes solarengas, no entanto, escolhemos falar do mesmo no contexto dos fins-de-semana, dedicando-lhe um 'post' híbrido que cobrirá os dois próximos dias deste blog.

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Falamos das icónicas bolas de sabão (ou 'bolinhas' de sabão), vendidas nos mais variados locais (de drogarias de bairro a tabacarias ou lojas dos 'trezentos') em não menos icónicos tubos de plástico multicolorido nos últimos anos do século XX, e cuja mera fotografia será, certamente, motivo de nostalgia para qualquer criança ou jovem da época. Isto porque, pelo seu preço acessível e excelente balanço custo-benefício (especialmente por poderem ser 'recarregados' com uma simples mistura de água e detergente, proporcionando um 'ciclo de vida' potencialmente infinito), os referidos tubos eram regularmente utilizados como 'brindes de passeio' ou mesmo adquiridos sem necessidade de recurso a qualquer contexto especial, apenas como forma de passar um Sábado aos Saltos ou Domingo Divertido de sol. E a verdade é que havia poucas sensações tão boas quanto a de ver sair daquela argola redonda na ponta do tubo 'milhões' de bolas translúcidas, que se espalhavam em todas as direcções – ou, melhor ainda, uma única bola de tamanho gigante, cuidadosamente gerada e admirada em êxtase durante alguns segundos, antes do inevitável rebentamento (natural ou provocado). Não menos divertida era a subsequente 'senda' para tentar rebentar tantas bolas quanto possível, uma actividade tão inexplicavelmente catártica quanto o manuseamento de plástico-bolha, e que apenas aumentava o 'factor diversão' daquele simples tubo de água e sabão.

A contribuir ainda mais para este aspecto estava, também, o tradicional jogo em ponto miniatura contido na tampa de cada tubo, e que, muitas vezes, influenciava a escolha de qual cor de tubo levar. Isto porque cada uma das cores tinha, normalmente, um topo diferente, e embora todos os jogos contidos nos mesmos se inserissem nos moldes de um labirinto, havia sempre alguns mais atractivos e apelativos que outros. E ainda que estas micro-actividades tendessem a perder o interesse muito antes da solução aquosa contida nos tubos, as mesmas não deixavam, ainda assim, de acrescer ainda mais um elemento ao apelo destes tubos.

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Exemplo da 'versão moderna' deste divertimento.

Ao contrário do que sucede com muitos dos produtos de que falamos nesta e noutras rubricas, as bolas de sabão não desapareceram do mercado, nem tão-pouco perderam o interesse para as gerações mais novas; o formato tradicional conhecido e disfrutado pelas gerações 'X' e 'millennial' foi, no entanto, substituído por algo mais próximo de um brinquedo clássico, normalmente 'apetrechado' com luzes LED e moldado na forma de uma varinha mágica ou pistola espacial de dispensação automática, o que se pode considerar retirar parte da diversão e 'magia' à experiência, tornando ainda mais difíceis 'proezas' como a criação de bolas gigantes. O princípio-base, no entanto, mantém-se inalterado, provando que na simplicidade continua, por vezes, a estar o ganho, e que certos conceitos conseguem manter-se verdadeiramente intemporais, e sobreviver à crescente influência da tecnologia no quotidiano infanto-juvenil – pelo menos, até ser criada uma 'app' que simule a criação de bolas de sabão e que substitua a experiência autêntica por outra mais virtual; resta, pois, esperar que tal nunca aconteça, e que as gerações vindouras continuem a encontrar o mesmo prazer e deleite que os seus pais derivaram do simples acto de moldar uma solução de água e detergente em bolas e as 'atirar' para a atmosfera.

02.03.24

Os Sábados marcam o início do fim-de-semana, altura que muitas crianças aproveitam para sair e brincar na rua ou no parque. Nos anos 90, esta situação não era diferente, com o atrativo adicional de, naquela época, a miudagem disfrutar de muitos e bons complementos a estas brincadeiras. Em Sábados alternados, este blog vai recordar os mais memoráveis de entre os brinquedos, acessórios e jogos de exterior disponíveis naquela década.

Numa era em que tudo está disponível em formato digital e à distância de poucos 'cliques' (ou, alternativamente, sob a forma de eventos organizados) é cada vez mais fácil a qualquer criança ou jovem 'transformar-se' naquilo que sempre sonhou ser, seja como protagonista de um jogo de computador – a maioria dos quais permite um nível de customização impensável para a geração dos seus pais – ou como herói de uma 'fanfic', a infame modalidade de escrita que permite criar novas histórias a partir de personagens ou mundos previamente estabelecidos. Há trinta anos, no entanto – quando os computadores pessoais se encontravam ainda em início de vida e a Internet massificada pouco passava de uma miragem – quem quisesse 'encarnar' o seu herói ou heroína favorito durante algumas horas apenas tinha duas opções: fazê-lo a solo, em privado, ou chamar os amigos e organizar uma brincadeira de 'faz-de-conta'.

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Tal como sucedia com a maioria dos jogos de rua da altura, estas brincadeiras não tinham regras estabelecidas e pré-definidas; regra geral, uma vez acordado o universo da brincadeira e escolhidos os personagens, o único limite era a imaginação. Era possível, por exemplo, fazer duas equipas de propriedades intelectuais absolutamente distintas colaborarem, ou encenar uma batalha que, na realidade, talvez nunca chegasse a acontecer, opondo, por exemplo, os Power Rangers às Tartarugas Ninja; quem tinha mais imaginação podia, mesmo, subverter expectativas e inserir os personagens escolhidos numa situação menos típica ou mais quotidiana, com pouco ou nenhum recurso à acção e aventura pelas quais eram conhecidos. Fosse qual fosse a via escolhida, e mesmo o número de participantes, qualquer brincadeira deste tipo era garantia de uma tarde de Sábado aos Saltos bem passada.

Apesar de, conforme referimos no início deste texto, a progressão tecnológica estar a tornar progressivamente desnecessário o recurso à imaginação, queremos acreditar que o 'faz-de-conta' sobreviva ainda pelo menos mais uma geração, antes de o uso de 'tablets' e programas de televisão logo desde a nascença tornar essa práctica obsoleta. Cabe, pois, à demografia que tem, agora, crianças pequenas fomentar as fantasias e sonhos, para garantir que os mesmos não se perdem no imediato, e que os filhos da 'geração Z' ainda são capazes de se imaginar princesas, piratas, super-heróis ou membros de seja qual fôr o desenho animado 'da moda' na sua época...

03.02.24

As saídas de fim-de-semana eram um dos aspetos mais excitantes da vida de uma criança nos anos 90, que via aparecerem com alguma regularidade novos e excitantes locais para visitar. Em Sábados alternados (e, ocasionalmente, consecutivos), o Portugal Anos 90 recorda alguns dos melhores e mais marcantes de entre esses locais e momentos.

Já aqui anteriormente falámos dos jogos tradicionais de rua, cujas regras e rituais são passados de uma geração para a seguinte quase que como por osmose, não havendo, até hoje, nenhuma 'leva' de crianças que não os saiba, instintivamente, jogar; chega, agora, a hora de falar de uma outra actividade, adjacente embora não pertencente a esse grupo, mas que partilha muitas das características do mesmo – as brincadeiras de roda.

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Embora menos populares do que jogos como as escondidas, apanhada, 'Macaquinho do Chinês' ou 'Mamã Dá Licença' – e embora se encontrassem já em declínio em finais do século XX – os jogos de roda foram, ainda, a tempo de divertir a maioria das crianças da geração 'millennial', que terão tido contacto com uma actividade deste tipo pelo menos uma vez na vida, quer organicamente, quer através de actividades de grupo (era surpreendentemente popular como exercício de aquecimento em grupo em aulas de artes marciais para crianças, por exemplo) ou aulas de Educação Física. E se estas últimas insistiam, muitas vezes, no formato tradicional (excluindo, apenas, as características músicas que se cantariam se a roda fosse feita no recreio), as brincadeiras mais espontâneas tinham, na maioria das vezes, alguns desvios, como a adição de jogos de palminhas em permeio à roda em si, transformando o jogo numa espécie de 'dois-em-um' de brincadeiras de recreio, e tornando-o, assim, automaticamente mais interessante do que as rodas 'à moda antiga' que divertiam os pais e avós das crianças dos 'noventas'.

Escusado será dizer que, ao contrário do que aconteceu com alguns dos outros jogos seus contemporâneos, as rodas nunca chegaram a desfrutar de um regresso à popularidade, havendo hoje em dia muito poucas crianças que sequer saibam do que se trata tal conceito; cabe, pois, aos ex-jovens daquela época não deixar cair no esquecimento esta brincadeira nostálgica que, sem nunca ser 'primeira escolha', era ainda assim capaz de proporcionar bons momentos durante um Sábado aos Saltos.

06.01.24

Os Sábados marcam o início do fim-de-semana, altura que muitas crianças aproveitam para sair e brincar na rua ou no parque. Nos anos 90, esta situação não era diferente, com o atrativo adicional de, naquela época, a miudagem disfrutar de muitos e bons complementos a estas brincadeiras. Em Sábados alternados, este blog vai recordar os mais memoráveis de entre os brinquedos, acessórios e jogos de exterior disponíveis naquela década.

Já aqui falámos, em ocasiões passadas, de algumas das brincadeiras mais 'físicas' a que a última geração a verdadeiramente brincar 'na rua' se dedicava. Entre pinos, cambalhotas, rodas, jogos de futebol humano ou concursos de braço-de-ferro, no entanto, havia sempre tempo para um clássico da geração 'millennial': o famoso 'moche', em que uma pobre vítima se via, subitamente e sem qualquer motivo aparente, 'soterrada' por uma literal 'montanha' de amigos.

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Com etimologia derivada da palavra 'mosh' – a designação geral para uma série de movimentos baseados no choque tipicamente efectuados nas filas da frente de concertos de rock pesado – a brincadeira em casa tem, no entanto, um carácter algo diferente do da sua 'raiz'. Isto porque, no 'moche' com 'ch', o objectivo não é simplesmente empurrar ou chocar contra outra pessoa, mas sim efectivamente derrubá-la por intermédio de contacto físico, normalmente na forma de uma colisão voadora - baseada, não no 'mosh', mas sim no 'stage diving', um movimento presente no mesmo contexto, mas de características distintas, que é frequentemente confundido com o primeiro. Na prática, algo muito semelhante ao que sucede quando um lutador de luta-livre americana se lança por cima das cordas contra um grupo de adversários – e com resultados bastante semelhantes, embora com dinâmica oposta, ou seja, com apenas uma pessoa a 'levar' com o peso de muitas.

Tendo em conta este factor, não é de admirar que o 'moche' fosse, e continue a ser, uma brincadeira controversa, nomeadamente junto dos adultos (isto já para não falar da ainda mais controversa variante aquática, a infame 'amona'). Nada que impeça, no entanto, gerações de crianças de se lançarem alegremente para cima dos colegas, enquanto gritam a plenos pulmões o famoso (e obrigatório) bordão: 'ao moooocheeeee!!!'

11.11.23

Os Sábados marcam o início do fim-de-semana, altura que muitas crianças aproveitam para sair e brincar na rua ou no parque. Nos anos 90, esta situação não era diferente, com o atrativo adicional de, naquela época, a miudagem disfrutar de muitos e bons complementos a estas brincadeiras. Em Sábados alternados, este blog vai recordar os mais memoráveis de entre os brinquedos, acessórios e jogos de exterior disponíveis naquela década.

Em Portugal, em meados do mês de Novembro, ocorre, quase invariavelmente, um estranho fenómeno: durante alguns dias, o clima torna-se ameno, solarengo e tipicamente outonal, em claro contraste com a habitual chuva que marca o Outono e início Inverno nas latitudes ibéricas. E apesar de haver, certamente, uma explicação científica para tão abrupta e temporária mudança climatérica, na sabedoria popular, esta 'bonança' fica ligada à lenda do S. Martinho, sendo o período em causa conhecido como 'Verão de S. Martinho'.

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Um típico dia de 'Verão de S. Martinho'

Escusado será dizer que, em meio a uma estação que – conforme atrás referido – se tende a pautar pela chuva, este período mais ameno, aliado ao feriado que lhe está associado, serve de pretexto para pôr de lado as galochas (pelo menos por uns dias) e usufruir de uns belos Sábados aos Saltos por parte das demografias mais jovens; pelo menos, era esse o caso nos anos 90, quando a oferta digital não era, ainda, atractiva o suficiente para suplantar um dia de sol, sem escola, e com os amigos da rua ou do bairro igualmente livres para um sem-número de brincadeiras. Antes (ou depois) disso, na escola, comiam-se castanhas, como forma de celebrar a festa em causa, e no próprio dia, celebrava-se também o Magusto – efemérides que apenas ajudavam a tornar mais atractiva aquela semana de sol no meio do Outono.

E apesar de a mesma passar rápido, e rapidamente a vida voltar ao mesmo 'rame-rame' frio e chuvoso de sempre, a cada ano, havia sempre aquele 'oásis' pelo qual esperar, e que garantia que pelo menos uma das semanas do período de Outono era passada no exterior, em jogos e brincadeiras com os amigos, numa espécie de 'despedida' definitiva do Verão, que assim 'abalava' no cavalo de S. Martinho rumo ao outro lado do Atlântico, deixando memórias de inesquecíveis Sábados aos Saltos, e a esperança de os poder repetir uma vez regressado o calor.

Feliz Dia de S. Martinho!

28.10.23

Os Sábados marcam o início do fim-de-semana, altura que muitas crianças aproveitam para sair e brincar na rua ou no parque. Nos anos 90, esta situação não era diferente, com o atrativo adicional de, naquela época, a miudagem disfrutar de muitos e bons complementos a estas brincadeiras. Em Sábados alternados, este blog vai recordar os mais memoráveis de entre os brinquedos, acessórios e jogos de exterior disponíveis naquela década.

A infância e adolescência, como fases formativas da personalidade humana que são, trazem consigo certas compulsões e impulsos primários e inexplicáveis, que se vão esbatendo gradualmente à medida que o ser humano em causa se aproxima da idade adulta. Destes instintos, um dos mais conhecidos (e nostálgicos) é aquele que impulsiona à perturbação, ainda que temporária, de uma superfície inerte e simétrica, sobretudo se a mesma for de origem natural; por outras palavras, trata-se da compulsão que leva qualquer criança a saltar a pés juntos para dentro de uma poça de água num dia chuvoso ou, numa tarde de Outono, a lançar-se sobre um monte de folhas caídas que alguém tenha tido o cuidado de recolher do chão.

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Quem nunca...?

De facto, qualquer criança da época atestará que, assim que chegava o Outono, nenhum jardineiro (profissional ou amador) estava inteiramente a salvo de ter as suas meticulosas pilhas de folhas espalhadas aos quatro ventos pelas crianças ou jovens mais próximos, fosse através do salto (algo que é, também, irresistível para a maioria dos cães) fosse simplesmente atirando-as com os pés ou as mãos, quer uns aos outros, quer apenas 'ao ar'. E, ao contrário do que se possa pensar, a grande maioria destes 'putos' não tinha, nesta acção, qualquer intenção malévola ou destruidora; muitas vezes, tratava-se, apenas, de uma expressão da alegria de viver, e de gozar a natureza outonal.

Com a maior sensibilização para a natureza e trabalho alheio da Geração Z relativamente à sua antecessora (bem como o maior pendor para actividades digitais, por oposição a físicas) é de crer que este tipo de 'ritual' de Outono se esbata, ou até desapareça, nos próximos anos; é possível, no entanto, que o mesmo instinto de que falámos no início deste texto ainda se aplique aos 'putos' de hoje em dia, e que um monte de folhas caídas recohidas em monte a um canto continue a representar, para os mesmos, o mesmo 'alvo' irresistível que era para os seus pais...

14.10.23

Os Sábados marcam o início do fim-de-semana, altura que muitas crianças aproveitam para sair e brincar na rua ou no parque. Nos anos 90, esta situação não era diferente, com o atrativo adicional de, naquela época, a miudagem disfrutar de muitos e bons complementos a estas brincadeiras. Em Sábados alternados, este blog vai recordar os mais memoráveis de entre os brinquedos, acessórios e jogos de exterior disponíveis naquela década.

Apesar de a maioria dos tópicos abordados nesta secção serem referentes a actividades em conjunto, as crianças dos anos 80, 90 e 2000 também sabiam brincar sozinhas, mesmo no exterior; e. nessa conjuntura, uma das mais frequentes actividades prendia-se com algo que hoje sabemos ser crueldade animal, mas que, à época, pretendia apenas saciar a curiosidade natural dessa fase do desenvolvimento humano.

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Quem nunca?

Falamos das inúmeras 'brincadeiras' e 'experiências' que tinham como vítima os insectos e outros animais de porte microscópico, como os girinos e peixes bebés; e ainda que algumas destas fossem relativamente inocentes (como apanhar peixinhos, girinos ou 'alfaiates' no balde, na praia, ou num copo ou recipiente, no rio) outros cruzavam, efectivamente, o limiar da crueldade, como o arrancar das asas às moscas, impedindo-as de voar, o agarrar em borboletas pelas asas, o desenrolar forçado de bichos de conta, o desenterrar de minhocas da terra, o esborrachamento de formigas com os dedos ou a inserção de paus ou agulhas de caruma nas cascas dos caracóis para os fazer sair. Não deixa de ser estranho que, entre uma demografia que condenava intrinsecamente outros actos (como queimar formigas com lupas, por exemplo) este tipo de acções fosse tomado como perfeitamente normal, mas era precisamente isso que se passava, não havendo certamente um único membro das gerações 'X' e 'millennial' que não seja culpado de ter feito pelo menos uma destas coisas, pelo menos uma vez - por aqui, por exemplo, esborracharam-se ou desviaram-se do rumo muitas formigas em momentos de maior aborrecimento, e também se perturbaram muitos caracóis para os ver 'correr'...

Felizmente, a sociedade evoluiu desde esse tempo, e actos como os anteriormente referidos são, hoje, activamente denunciados, inclusivamente pela demografia equivalente à acima mencionada – apesar de a existência ainda hoje, no Google, de um jogo para telemóvel intitulado 'Ant Smash', já na terceira edição, indicar que talvez nem tanto tenha mudado desde aqueles anos...

01.10.23

NOTA: Este post é correspondente a Sábado, 30 de Setembro de 2023.

Os Sábados marcam o início do fim-de-semana, altura que muitas crianças aproveitam para sair e brincar na rua ou no parque. Nos anos 90, esta situação não era diferente, com o atrativo adicional de, naquela época, a miudagem disfrutar de muitos e bons complementos a estas brincadeiras. Em Sábados alternados, este blog vai recordar os mais memoráveis de entre os brinquedos, acessórios e jogos de exterior disponíveis naquela década.

O título desta rubrica remete a um período em que as crianças passavam, ainda, os dias 'de folga' e com sol maioritariamente no exterior – e em que, apesar da vasta panóplia de apetrechos 'auxiliares de brincadeira', muito desse tempo era gasto em brincadeiras tão simples que mal requeriam equipamento. Dessas, já aqui falámos dos jogos tradicionais, do futebol humano, do 'quarto escuro' (este jogado dentro de portas, mas fácil de inserir na mesma categoria) e dos jogos 'de palminhas' e da 'sardinha'; no entanto, pode ainda ser adicionada a esta lista uma actividade tão simples e divertida quanto os concursos de cambalhotas, de pinos ou de rodas.

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De facto, eram poucas as oportunidades para se 'exibir' fisicamente diante dos seus pares que as crianças de finais do século XX desperdiçavam – e concursos deste tipo (levados a cabo quer na rua, quer no jardim, na praia, ou até mesmo dentro de água, no mar ou na piscina) eram a oportunidade perfeita para o fazer. Pior ficava quem mal conseguia fazer uma roda sem dobrar as pernas, ou um pino sem se encostar à parede; para quem era mais atleticamente inclinado, no entanto, competições deste tipo eram 'ouro sobre azul', já que permitiam superiorizar-se aos colegas e amigos e, quiçá, até deixar bem impressionado o sexo oposto...

Mais - apesar dos recursos tecnológicos terem vindo diminuir consideravelmente a frequência deste tipo de brincadeiras, as mesmas têm um cariz suficientemente intemporal para nunca desaparecerem totalmente dos recreios, pátios e quintais do nosso País, sendo de crer que a Geração Z continue, sobretudo em meios mais rurais, a proceder exactamente aos mesmos trâmites que orientavam este tipo de competição no tempo dos seus pais ou até avós, e a descrever, no asfalto, terra ou relva, rodas perfeitas, cambalhotas e 'mortais' mirabolantes, e pinos (em uma ou duas mãos) de fazer inveja a qualquer ginasta. A diferença é que as referidas 'piruetas' serão, depois, partilhadas no TikTok ou Instagram, impressionando assim não só os amigos, mas todos aqueles que as virem na Internet...

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