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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

16.06.24

NOTA: Este 'post' é respeitante a Sábado, 15 de Junho de 2024.

Os Sábados marcam o início do fim-de-semana, altura que muitas crianças aproveitam para sair e brincar na rua ou no parque. Nos anos 90, esta situação não era diferente, com o atrativo adicional de, naquela época, a miudagem disfrutar de muitos e bons complementos a estas brincadeiras. Em Sábados alternados, este blog vai recordar os mais memoráveis de entre os brinquedos, acessórios e jogos de exterior disponíveis naquela década.

Numa edição anterior desta rubrica, falámos das pistolas espaciais, elemento indispensável para qualquer brincadeira de faz-de-conta tematizada em torno do espaço e dos astronautas. No entanto, as mesmas estavam longe de ser o único apetrecho disponível para complementar este tipo de vôo da imaginação; quem preferisse brincar aos espadachins, cavaleiros ou até emular personagens como He-Man e She-Ra tinha também ao seu dispôr uma enorme variedade de espadas de brincar, nos mais diversos formatos e estilos.

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Uma espada típica da variante electrónica da categoria.

De facto, da tradicional espada ao estilo de Zorro até algo mais medieval, passando pela inevitável variante tecnológica, de 'design' futurista e equipada com efeitos de luz e som, havia espadas para todos os gostos espalhados pelas lojas de bairro, barracas de feira, bazares e lojas dos 'trezentos' de Norte a Sul do Portugal noventista, prontas a fazerem as delícias das crianças e jovens das gerações 'X' e 'millennial'. E o facto é que, mesmo sem serem tão populares quanto as pistolas espaciais (ou não fosse o final do século XX a era do futurismo por excelência) estas espadas ainda proporcionavam momentos bem divertidos aos rapazes e raparigas de uma certa idade, além de servirem 'função dupla' como complemento a uma máscara de Carnaval de temática medieval ou inspirada em Zorro.

Surpreendentemente, apesar de todas as preocupações tanto com a integridade física das crianças como com a promoção da violência, as espadas de brincar continuam a ser relativamente fáceis de encontrar à venda, sabendo onde e como procurar. E mesmo sem a popularidade ou expressão de que gozavam à época, haverá ainda hoje muito poucas crianças que recusem a oportunidade de se 'apetrechar' com uma destas réplicas, e passar um Sábado aos Saltos a imaginar-se como Zorro, Conan ou qualquer dos seus equivalentes modernos...

06.01.24

Os Sábados marcam o início do fim-de-semana, altura que muitas crianças aproveitam para sair e brincar na rua ou no parque. Nos anos 90, esta situação não era diferente, com o atrativo adicional de, naquela época, a miudagem disfrutar de muitos e bons complementos a estas brincadeiras. Em Sábados alternados, este blog vai recordar os mais memoráveis de entre os brinquedos, acessórios e jogos de exterior disponíveis naquela década.

Já aqui falámos, em ocasiões passadas, de algumas das brincadeiras mais 'físicas' a que a última geração a verdadeiramente brincar 'na rua' se dedicava. Entre pinos, cambalhotas, rodas, jogos de futebol humano ou concursos de braço-de-ferro, no entanto, havia sempre tempo para um clássico da geração 'millennial': o famoso 'moche', em que uma pobre vítima se via, subitamente e sem qualquer motivo aparente, 'soterrada' por uma literal 'montanha' de amigos.

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Com etimologia derivada da palavra 'mosh' – a designação geral para uma série de movimentos baseados no choque tipicamente efectuados nas filas da frente de concertos de rock pesado – a brincadeira em casa tem, no entanto, um carácter algo diferente do da sua 'raiz'. Isto porque, no 'moche' com 'ch', o objectivo não é simplesmente empurrar ou chocar contra outra pessoa, mas sim efectivamente derrubá-la por intermédio de contacto físico, normalmente na forma de uma colisão voadora - baseada, não no 'mosh', mas sim no 'stage diving', um movimento presente no mesmo contexto, mas de características distintas, que é frequentemente confundido com o primeiro. Na prática, algo muito semelhante ao que sucede quando um lutador de luta-livre americana se lança por cima das cordas contra um grupo de adversários – e com resultados bastante semelhantes, embora com dinâmica oposta, ou seja, com apenas uma pessoa a 'levar' com o peso de muitas.

Tendo em conta este factor, não é de admirar que o 'moche' fosse, e continue a ser, uma brincadeira controversa, nomeadamente junto dos adultos (isto já para não falar da ainda mais controversa variante aquática, a infame 'amona'). Nada que impeça, no entanto, gerações de crianças de se lançarem alegremente para cima dos colegas, enquanto gritam a plenos pulmões o famoso (e obrigatório) bordão: 'ao moooocheeeee!!!'

14.10.23

Os Sábados marcam o início do fim-de-semana, altura que muitas crianças aproveitam para sair e brincar na rua ou no parque. Nos anos 90, esta situação não era diferente, com o atrativo adicional de, naquela época, a miudagem disfrutar de muitos e bons complementos a estas brincadeiras. Em Sábados alternados, este blog vai recordar os mais memoráveis de entre os brinquedos, acessórios e jogos de exterior disponíveis naquela década.

Apesar de a maioria dos tópicos abordados nesta secção serem referentes a actividades em conjunto, as crianças dos anos 80, 90 e 2000 também sabiam brincar sozinhas, mesmo no exterior; e. nessa conjuntura, uma das mais frequentes actividades prendia-se com algo que hoje sabemos ser crueldade animal, mas que, à época, pretendia apenas saciar a curiosidade natural dessa fase do desenvolvimento humano.

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Quem nunca?

Falamos das inúmeras 'brincadeiras' e 'experiências' que tinham como vítima os insectos e outros animais de porte microscópico, como os girinos e peixes bebés; e ainda que algumas destas fossem relativamente inocentes (como apanhar peixinhos, girinos ou 'alfaiates' no balde, na praia, ou num copo ou recipiente, no rio) outros cruzavam, efectivamente, o limiar da crueldade, como o arrancar das asas às moscas, impedindo-as de voar, o agarrar em borboletas pelas asas, o desenrolar forçado de bichos de conta, o desenterrar de minhocas da terra, o esborrachamento de formigas com os dedos ou a inserção de paus ou agulhas de caruma nas cascas dos caracóis para os fazer sair. Não deixa de ser estranho que, entre uma demografia que condenava intrinsecamente outros actos (como queimar formigas com lupas, por exemplo) este tipo de acções fosse tomado como perfeitamente normal, mas era precisamente isso que se passava, não havendo certamente um único membro das gerações 'X' e 'millennial' que não seja culpado de ter feito pelo menos uma destas coisas, pelo menos uma vez - por aqui, por exemplo, esborracharam-se ou desviaram-se do rumo muitas formigas em momentos de maior aborrecimento, e também se perturbaram muitos caracóis para os ver 'correr'...

Felizmente, a sociedade evoluiu desde esse tempo, e actos como os anteriormente referidos são, hoje, activamente denunciados, inclusivamente pela demografia equivalente à acima mencionada – apesar de a existência ainda hoje, no Google, de um jogo para telemóvel intitulado 'Ant Smash', já na terceira edição, indicar que talvez nem tanto tenha mudado desde aqueles anos...

06.09.23

Em quartas-feiras alternadas, falamos sobre tudo aquilo que não cabe em nenhum outro dia ou categoria do blog.

Já aqui, em outro post, falámos das partidas, truques e brincadeiras que as crianças e jovens do Portugal de 90 gostavam de 'pregar', quer entre si, quer a adultos insuspeitos; e embora o tema de hoje não se insira, exactamente, nessa categoria, é-lhe sem dúvida adjacente de um ponto de vista conceptual e contextual. Falamos de duas das mais populares brincadeiras de recreio, ambas destinadas a causar desconforto ao próximo, mas de uma forma bem-humorada, que até os visados acabavam por levar a bem: os clássicos 'nhecos' e 'jinx' (ou 'jims', como muitas crianças da época pensavam chamar-se.)

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Sim, isto existe. E, sim, é genial.

O conceito de ambos os truques é tão simples quanto genial: o 'jinx' ('maldição', em inglês) ocorre quando duas pessoas dizem a mesma coisa ao mesmo tempo, e 'amaldiçoa' a pessoa visada (aquela que não gritar 'jinx') a não poder falar até ser dito, de forma acidental ou propositada, o nome ou alcunha pelo qual é conhecido – o que leva, inevitavelmente, a largos momentos de hilaridade enquanto a 'vítima' tenta encontrar alguém que desfaça a 'maldição', ou até o próprio 'amaldiçoador' se compadecer e levantar o 'castigo'. Isto, claro, se não se tiver dado um caso de 'duplo jinx', ocasião em que ambos os participantes serão sujeitos à 'maldição', que caberá a uma terceira parte levantar. Uma brincadeira levemente irritante para quem a 'sofre', mas que não deixa ainda assim de ser lembrada com nostalgia pelas gerações 'X' e 'millennial'.

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O raro, embora não inaudito, 'duplo jinx'.

E se esse jogo havia sido 'importado' de outros países, já o outro de que falamos neste post parece, mesmo, ser uma invenção nacional. Trata-se do 'nhecos', palavra que pode ser singular ou plural, e que designa um gesto efectuado com a mão fechada e os dedos unidos à maneira de um botão de rosa, semelhante ao utilizado pelos italianos para enfatizarem algo. O objectivo da brincadeira passa por fazer este gesto nas proximidades da pessoa visada, mas ligeiramente fora da sua linha directa de visão, para que a mesma seja incentivada a olhar – altura em que é 'castigada' com duas pancadas no ombro, normalmente dadas com o próprio bico do 'nhecos'; no fundo, uma espécie de variante lusa do 'two for flinching', mas com uma maior componente de subterfúgio, o que a torna(va) ainda mais divertida. E tão empolgante quanto fazer alguém 'cair' no 'nhecos' era equacionar a forma mais original, subtil e discreta de levar o gesto até à linha de visão da pessoa em causa – uma tarefa que puxava, verdadeiramente, pela imaginação, e tornava o resultado final particularmente satisfatório.

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Nheeeeeecos!

Ao contrário de muitos dos assuntos que abordamos neste blog, é de crer que estas duas brincadeiras se mantenham 'vivas' entre os jovens da chamada 'Geração Z'; ainda assim, o seu carácter icónico para as gerações dos seus pais (existem mesmo páginas de Facebook dedicadas ao 'nhecos') faz com que seja perfeitamente válida esta pequena homenagem, por parte de quem muito jogou a ambos na infância e adolescência...

08.07.23

Os Sábados marcam o início do fim-de-semana, altura que muitas crianças aproveitam para sair e brincar na rua ou no parque. Nos anos 90, esta situação não era diferente, com o atrativo adicional de, naquela época, a miudagem disfrutar de muitos e bons complementos a estas brincadeiras. Em Sábados alternados, este blog vai recordar os mais memoráveis de entre os brinquedos, acessórios e jogos de exterior disponíveis naquela década.

Entre as principais características de qualquer criança ou jovem encontram-se a imaginação, a capacidade de improviso e o desejo de explorar novas possibilidades e definir novas fronteiras e limites para a sua vida quotidiana, seja por meios autorizados, ou testando até onde vai a permissividade das figuras de autoridade adultas; e uma das actividades que, em finais do século passado, melhor combinava todas estas vertentes era a manufactura de “esconderijos” , fosse para a própria pessoa, ou apenas para os seus pertences.

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Exemplo de um esconderijo florestal semi-natural.

Viáveis, sobretudo, em meios mais rurais (ou, no mínimo, menos urbanos) estes esconderijos e locais secretos podiam assumir todo o tipo de formas, das tradicionais casas na árvore até formações pré-existentes (clareiras na folhagem, buracos no chão, terrenos baldios ou recantos em edifícios abandonados, entre outros) ou outras construídas pelas próprias crianças, normalmente de forma tosca e artesanal. Uma vez encontrados e “reclamados” para um indivíduo ou grupo, estes locais passavam a formar pontos de encontro ou repositórios de brinquedos e outras “quinquilharias” para referência futura; fosse qual fosse a função dos mesmos, o importante era deixar bem claro a quem pertenciam, defendendo-os de potenciais “pretendentes” ou até ladrões.

É claro que, no decurso de todo este processo, raramente era tido em conta o perigo que estes esconderijos, “cabanas”, alcovas e locais secretos potencialmente representavam - não só em termos de integridade física como de “encontros” indesejados - e que, juntamente com o aumento exponencial dos recursos tecnológicos disponíveis para essa demografia, constitui uma das principais razões para os mesmos terem praticamente desaparecido do quotidiano infanto-juvenil das gerações actuais. Quem nasceu ou cresceu num período pré-digital, ou nos primórdios da era tecnológica, certamente terá tido, ou conhecido quem tivesse, pelo menos um destes locais secretos, onde se reunir com os amigos, fazer de pirata ou Tom Sawyer, ou guardar aquele brinquedo especial que garantisse a diversão durante um Sábado aos Saltos...

14.05.23

NOTA: Este post é respeitante a Sábado, 13 de Maio de 2023.

Os Sábados marcam o início do fim-de-semana, altura que muitas crianças aproveitam para sair e brincar na rua ou no parque. Nos anos 90, esta situação não era diferente, com o atrativo adicional de, naquela época, a miudagem disfrutar de muitos e bons complementos a estas brincadeiras. Em Sábados alternados, este blog vai recordar os mais memoráveis de entre os brinquedos, acessórios e jogos de exterior disponíveis naquela década.

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Um tipo de local tão interdito como irresistível para os jovens de finais do século XX.

As interdições de origem parental são parte integrante da infância de qualquer criança, independentemente da época em que tenha crescido. Apesar de alguns jovens terem mais liberdade do que outros, seja por que motivo for, poucos ou nenhuns haverá que possam, honestamente, dizer que nunca foram proibidos de participar em certas actividades ou visitar certos locais, ou admoestados por desobedecerem a essa regra. E a verdade é que, numa época em que as crianças e jovens eram consideravelmente menos vigiados do que hoje em dia, a tentação de visitar locais ou tomar parte em actividades de alto risco era quase irresistível. Edifícios abandonados, ribeiros de forte corrente, zonas interditas de locais públicos ou até lagos ou poços de considerável profundidade suscitavam um inexorável e inegável fascínio aos jovens noventistas, que os fazia arriscar um ralhete, ou até uma 'sova', simplesmente para satisfazer o desejo de explorar os referidos locais, e descobrir que maravilhas os mesmos poderiam conter.

À distância de três décadas, e tantos outros anos de experiência, é fácil ver a razão pela qual a maioria dos pais procurava manter a sua prole afastada de tais locais – desde os perigos naturais à potencial presença de elementos nocivos, ou simplesmente o risco físico que a situação acarretava, havia mil e uma razões para acatar os avisos dos mais velhos. Para uma criança, no entanto, tais alertas não passavam de paranóias, parecendo a probabilidade de os mesmos se concretizarem suficientemente remota para sequer ser factor a considerar – uma situação que se alterou, e muito, a partir do momento em que esses mesmos jovens passaram, eles próprios, a ser pais, e recordaram as situações electrizantes em que se colocavam durante um Sábado aos Saltos longe da supervisão dos adultos. Se tal mudança pode ser considerada positiva ou negativa, só o tempo o dirá, mas uma coisa é certa: a Geração Z será, certamente, bastante menos castigada por este motivo específico do que o foram os 'X' e 'millennials'...

29.04.23

Os Sábados marcam o início do fim-de-semana, altura que muitas crianças aproveitam para sair e brincar na rua ou no parque. Nos anos 90, esta situação não era diferente, com o atrativo adicional de, naquela época, a miudagem disfrutar de muitos e bons complementos a estas brincadeiras. Em Sábados alternados, este blog vai recordar os mais memoráveis de entre os brinquedos, acessórios e jogos de exterior disponíveis naquela década.

Já aqui anteriormente abordámos a enorme panóplia de jogos de rua com que as crianças portuguesas de finais do século XX se entretinham. Numa era em que brincar fora de portas era não só aceite como encorajado, havia tempo para 'inventar' mil e uma brincadeiras, dos tradicionais jogos de rua – como a apanhada, escondidas, eixo ou cabra-cega, entre outros – aos jogos de palminhas, passando pelo elástico, salto com corda, guerras de balões ou pistolas de água e, claro, toda uma gama de jogos com bola.

À margem, e ao mesmo tempo adjacente, a todas estas brincadeiras, havia uma outra, que conseguia inclusivamente 'extrapolar' o ambiente da rua para se tornar um 'clássico', também, das aulas de Educação Física na escola; um jogo que reunía tudo aquilo que a criança média da época procurava numa brincadeira, da enorme competitividade à vertente de jogo em equipa, passando pela possibilidade de humilhar e até magoar os adversários, sem que com isso se extravasassem as regras do jogo.

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Falamos do jogo do 'mata', aquela clássica competição em que duas equipas de jovens procuram ganhar a posse de uma bola de borracha e, uma vez conseguido esse objectivo, eliminar os jogadores da facção adversária mediante contacto directo – ou seja, procurando que a referida bola os atinja, sendo cada jogador atingido prontamente eliminado do jogo. Ganha, obviamente, a equipa que conseguir 'matar' primeiro todos os adversários. Uma premissa simples, mas nada inofensiva, e que dava azo a verdadeiras 'batalhas campais' no recreio, na rua, ou mesmo no ginásio da escola, sob a sanção de um professor – embora sempre de uma perspectiva de sã competição, e de alívio de tensões, objectivo no qual o 'mata' era nada menos que exímio (pelo menos para os jogadores da equipa que tinha a bola, porque para os outros, a situação apenas causava ainda mais nervosismo...)

Infelizmente, numa era em que qualquer tipo de violência é altamente desencorajado, e as crianças e jovens mais protegidos do que nunca, é de duvidar que o 'mata' volte, alguma vez, a gozar da mesma popularidade que teve durante aqueles anos; ainda assim, também não seria de todo descabido ver voltar aos recreios do País este jogo, como alternativa física e presencial às eternas e incessantes 'guerras' de comentários no YouTube ou TikTok. Têm a palavra as novas gerações...

03.04.23

NOTA: Este 'post' é correspondente a Sábado, 01 de Abril de 2023.

Os Sábados marcam o início do fim-de-semana, altura que muitas crianças aproveitam para sair e brincar na rua ou no parque. Nos anos 90, esta situação não era diferente, com o atrativo adicional de, naquela época, a miudagem disfrutar de muitos e bons complementos a estas brincadeiras. Em Sábados alternados, este blog vai recordar os mais memoráveis de entre os brinquedos, acessórios e jogos de exterior disponíveis naquela década.

No dia 1 de Abril celebra-se, tradicionalmente, o Dia das Mentiras, uma data sem grande significado para os adultos, mas que, para os mais novos, era o pretexto perfeito para contar 'petas' sem por isso se meter em sarilhos, bem como para levar a cabo algumas 'partidas' mais ou menos inofensivas tendo como 'vítimas' os familiares, vizinhos ou amigos. É de algumas das mais clássicas entre essas brincadeiras que falaremos neste 'post'.download.jfif

Uma partida clássica e intemporal

Havia, por exemplo, as clássicas partidas com recurso a balões de água ou estalinhos, que embora tivessem no Carnaval o seu auge, eram também por vezes levadas a cabo em outras alturas do ano. Outro clássico eram os insectos de borracha, à época bem fáceis de arranjar como brinde nas máquinas de bolas ou em qualquer tabacaria, drogaria ou loja de brinquedos, e perfeitos para assustar os familiares à mesa ou 'esconder' num sítio onde causassem o máximo impacto. Havia, ainda, a velha brincadeira de bater à porta ou tocar à campainha e sair em disparada antes que o dono da casa aparecesse, bem como as tradicionais partidas telefónicas, normalmente efectuadas a partir de cabines telefónicas, e tendo como alvo os números gratuitos, caso em que as consequências monetárias eram mínimas (nem sequer era preciso gastar impulsos no Credifone), e a possibilidade de ser descoberto através do número menor ainda.

Estas não eram, claro, as únicas partidas levadas a cabo pelas crianças daquela época; antes pelo contrário, havia um sem-número de outras, de variados graus de 'gravidade' (dos 'nhecos' aos toques nas costas, imediatamente seguidos de um ar inocente, como se não se tivesse tocado) sendo o único limite a imaginação (e, por vezes, os princípios morais). Algumas dessas (e algumas das que acima mencionámos) continuam, mesmo, a divertir a nova geração de crianças nos dias que correm - embora, actualmente, o meio preferencial para pregar 'partidas' seja mesmo a Internet, e o cariz das mesmas se prenda mais com as identidades falsas e o chamado 'catfishing'. Quem viveu a sua juventude em finais do século XX, no entanto, terá - esperemos - chegado a estas últimas linhas deste 'post' com um enorme sorriso, ao recordar as partidas em que tomava parte ao lado dos amigos...

18.02.23

Os Sábados marcam o início do fim-de-semana, altura que muitas crianças aproveitam para sair e brincar na rua ou no parque. Nos anos 90, esta situação não era diferente, com o atrativo adicional de, naquela época, a miudagem disfrutar de muitos e bons complementos a estas brincadeiras. Em Sábados alternados, este blog vai recordar os mais memoráveis de entre os brinquedos, acessórios e jogos de exterior disponíveis naquela década.

O terceiro fim-de-semana de Fevereiro fica, no calendário lusitano, normalmente marcado pela festividade conhecida como Carnaval, a qual, por sua vez, acarreta consigo uma série de acções e tradições próprias e características, sem as quais a festa não tem o mesmo colorido. E por o Carnaval ser, historicamente, uma festa ligada à diversão (mais ou menos) sem regras, várias destas tradições tem um pendor algo 'maroto', procurando incomodar ou inconvenienciar o próximo – embora, claro, também haja algumas mais 'inocentes' e cujo espírito é meramente de festa. Este Sábado, elencamos cinco das principais diversões que punham os 'putos' noventistas aos Saltos a cada fim-de-semana de Carnaval.

  1. Serpentinas

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A menos lesante das divesões contidas nesta lista, o lançamento das tradicionais fitas em papel colorido tinha (e tem) a desvantagem de poluir bastante as ruas. Ainda assim, a sensação de ver aquela 'cobra' de papel desenrolar-se a um toque de pulso nunca deixará de ser gratificante, especialmente para uma criança ou jovem – à qual acresce, ainda, a possibilidade de ver o rolo embater numa qualquer cabeça mais desprevenida, juntando uma vertente cómico-maliciosa a todo o processo. Ainda assim, as serpentinas ficam mesmo pelos lugares inferiores da lista, por serem menos populares e versáteis do que os restantes divertimentos nela contidos.

  1. Martelinhos

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'Reciclados' das festas do São João, no Porto, os martelinhos têm a dupla aliciante de 'chatear' sem magoar, já que as suas superfícies são, regra geral, plastificadas e maleáveis, expressamente para permitirem bater nos mais diversos 'alvos', gerando a cada vez o tradicional 'pio', quase tão irritante quanto o próprio acto de levar com eles. Um 'clássico' do Carnaval, ainda hoje, que só fica a perder em relação aos três outros produtos ainda por citar no campo da versatilidade e potencial destrutivo.

  1. Balões de Água

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Já aqui lhes dedicámos um post completo – no qual, aliás, referimos o perigo de passar desprevenido debaixo de prédios de apartamentos na altura do Carnaval, tornando-se assim o alvo perfeito para um balão de água em queda livre em direcção ao alto da cabeça. Além desta vertente, os balões de água podiam ainda ser atirados a veículos – embora poucos fossem os que se atreviam, pelo alto potencial de acidentes que tal acto causava – ou usados em 'guerras' entre amigos ou rivais, razão que os via ser banidos da maioria das escolas do País nesta época do ano.

  1. Estalinhos

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Também já aqui falámos destes pequenos mas ruidosos apetrechos, ideais para assustar os mais distraídos, normalmente fazendo-os estalar mesmo nas suas costas – uma prática a que poucos conseguiam resistir durante este período...

  1. Ovos

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Um dos muitos resultados do lançamento de ovos durante o Carnaval.

A mais perigosa das diversões aqui citadas, mas também a que oferecia maior potencial destrutivo – e, por isso mesmo, a mais apreciada por quem via no Carnaval uma oportunidade de 'pregar partidas' e se portar mal sem consequências. Também, naturalmente, banido da maioria dos estabelecimentos escolares, este produto alimentar acabava ainda assim, inevitavelmente, espalhado nas roupas e cabelos dos jovens mais incautos, num efeito semelhante ao dos balões de água, mas ainda mais destrutivo – valendo-lhes, assim, a vantagem sobre os mesmos, e o primeiro lugar nesta nossa lista.

O que acharam deste Top 5? Concordam? Discordam? Esquecemo-nos de alguma 'partida'? Façam-se ouvir nos comentários!

16.02.23

Trazer milhões de ‘quinquilharias’ nos bolsos, no estojo ou na pasta faz parte da experiência de ser criança. Às quintas, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos brindes e ‘porcarias’ preferidos da juventude daquela época.

Nesta altura do ano, não havia criança que não os tivesse na mochila ou no bolso, ou que pelo menos convivesse com alguém que os tinha. Falamos dos famosos estalinhos, uma das 'quinquilharias' que literalmente 'estouravam' nos pátios das escolas (e, por vezes, também em plena rua) durante duas semanas em cada ano, antes de serem relegados ao esquecimento durante mais doze meses; uma espécie de versão mais barulhenta e perigosa dos enfeites de Natal, portanto, ou, se preferirmos, uma versão 'micro-mini' dos foguetes de Ano Novo.

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Qualquer que seja a comparação utilizada, no entanto, a conclusão é a mesma - nomeadamente, que estas pequenas bombinhas de papel multicolorido, perfeitamente inofensivas até ao momento do lançamento, eram um dos 'apetrechos' obrigatórios para os festejos carnavalescos infanto-juvenis no Portugal dos 90, quase tanto (ou mais) do que os espiritualmente semelhantes balões de água ou do que as mais inofensivas serpentinas ou martelinhos. Quem os tinha, deliciava-se em descobrir o momento certo para os lançar, de forma a surtir o máximo efeito; quem não tinha, via-se obrigado a redobrar a atenção, não fosse um dos colegas decidir 'mandar' um directamente nas suas costas para os fazer dar um 'salto' – uma prática que, aliás, estava longe de ser incomum nesta época do ano. Apesar da tentação (e aparente facilidade) em criar um 'mega-estalinho' feito de vários outros, no entanto, tal experiência era desencorajada pela existência de 'mitos urbanos' sobre a perda de dedos derivada, precisamente, da execução dessa ideia – num exemplo perfeito do modo como a população infantil garante a sua auto-sobrevivência e estabelece limites para a sua audácia, ainda que de forma ingénua e quase inconsciente.

Nestes tempos em que a sociedade ocidental está mais ciente dos perigos e questões de segurança em torno de várias práticas anteriormente comuns, é com naturalidade que vemos os 'estalinhos' perderem preponderância no contexto das celebrações de Carnaval; quem cresceu ainda no século XX, no entanto, certamente terá recordado a sua ubiquidade nos Fevereiros daqueles tempos, e quiçá até 'ouvido' mentalmente o característico estampido assim que leu o título deste post...

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