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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

29.04.23

Os Sábados marcam o início do fim-de-semana, altura que muitas crianças aproveitam para sair e brincar na rua ou no parque. Nos anos 90, esta situação não era diferente, com o atrativo adicional de, naquela época, a miudagem disfrutar de muitos e bons complementos a estas brincadeiras. Em Sábados alternados, este blog vai recordar os mais memoráveis de entre os brinquedos, acessórios e jogos de exterior disponíveis naquela década.

Já aqui anteriormente abordámos a enorme panóplia de jogos de rua com que as crianças portuguesas de finais do século XX se entretinham. Numa era em que brincar fora de portas era não só aceite como encorajado, havia tempo para 'inventar' mil e uma brincadeiras, dos tradicionais jogos de rua – como a apanhada, escondidas, eixo ou cabra-cega, entre outros – aos jogos de palminhas, passando pelo elástico, salto com corda, guerras de balões ou pistolas de água e, claro, toda uma gama de jogos com bola.

À margem, e ao mesmo tempo adjacente, a todas estas brincadeiras, havia uma outra, que conseguia inclusivamente 'extrapolar' o ambiente da rua para se tornar um 'clássico', também, das aulas de Educação Física na escola; um jogo que reunía tudo aquilo que a criança média da época procurava numa brincadeira, da enorme competitividade à vertente de jogo em equipa, passando pela possibilidade de humilhar e até magoar os adversários, sem que com isso se extravasassem as regras do jogo.

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Falamos do jogo do 'mata', aquela clássica competição em que duas equipas de jovens procuram ganhar a posse de uma bola de borracha e, uma vez conseguido esse objectivo, eliminar os jogadores da facção adversária mediante contacto directo – ou seja, procurando que a referida bola os atinja, sendo cada jogador atingido prontamente eliminado do jogo. Ganha, obviamente, a equipa que conseguir 'matar' primeiro todos os adversários. Uma premissa simples, mas nada inofensiva, e que dava azo a verdadeiras 'batalhas campais' no recreio, na rua, ou mesmo no ginásio da escola, sob a sanção de um professor – embora sempre de uma perspectiva de sã competição, e de alívio de tensões, objectivo no qual o 'mata' era nada menos que exímio (pelo menos para os jogadores da equipa que tinha a bola, porque para os outros, a situação apenas causava ainda mais nervosismo...)

Infelizmente, numa era em que qualquer tipo de violência é altamente desencorajado, e as crianças e jovens mais protegidos do que nunca, é de duvidar que o 'mata' volte, alguma vez, a gozar da mesma popularidade que teve durante aqueles anos; ainda assim, também não seria de todo descabido ver voltar aos recreios do País este jogo, como alternativa física e presencial às eternas e incessantes 'guerras' de comentários no YouTube ou TikTok. Têm a palavra as novas gerações...

15.04.23

Os Sábados marcam o início do fim-de-semana, altura que muitas crianças aproveitam para sair e brincar na rua ou no parque. Nos anos 90, esta situação não era diferente, com o atrativo adicional de, naquela época, a miudagem disfrutar de muitos e bons complementos a estas brincadeiras. Em Sábados alternados, este blog vai recordar os mais memoráveis de entre os brinquedos, acessórios e jogos de exterior disponíveis naquela década.

O facto de as crianças dos anos 80 e 90 extraírem horas de repetida diversão dos brinquedos ou ideias mais simples já se vem tornando uma espécie de temática deste nosso blog, com publicações anteriores a darem atenção a conceitos tão complexos, sofisticados e elaborados como os berlindes, as bolas saltitonas, os brinquedos de puxar e empurrar, os 'discos voadores', os microfones de eco ou até os tubos giratórios que criavam eco, já para não falar na miríade de jogos (de rua ou de casa) que os 'putos' inventavam ou aprendiam durante as brincadeiras na rua. O objecto sobre o qual nos debruçamos hoje não é excepção a esta regra, podendo tranquilamente ser adicionado a esta lista de diversões simples mas irresistíveis daqueles anos imediatamente pré- e pós-Milénio; de facto, àparte o facto de requerer algum trabalho 'manual' para ser criado, o mesmo pode, até, ser considerado um dos conceitos mais simples da mesma.

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Um baloiço de pneu de formato clássico...

Falamos dos baloiços de pneu, a grande alternativa 'feita em casa' para quem não tinha um parque infantil próximo de casa - e recordemos que, na primeira metade dos anos 90, este era ainda o caso em muitas povoações portuguesas, como nos lembrava Vítor de Sousa num lendário anúncio do Tide Máquina. Assim, muitos dos jovens da referida geração crescidos neste tipo de ambiente mais rural ou suburbano terão, provavelmente, passado significativamente mais tempo a balançar-se num pneu pendurado de uma árvore (quer horizontalmente, quer verticalmente) do que nos baloiços de um parque infantil 'a sério', sendo os mesmos parte integrante da sua memória nostálgica.

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...e a variante mais 'industrial' surgida em muitos parques infantis de meados dos anos 90

Mais surpreendente é o facto de aquilo que era inicialmente uma solução 'de recurso' para colmatar a falta de infra-estruturas ter, eventualmente, sido incorporado a essas mesmas infra-estruturas, sendo que, por alturas de meados da década de 90, muitos parques infantis urbanos começavam, eles próprios, a incluir baloiços de pneu, por vezes lado a lado com os de metal, madeira ou pano, ou por vezes até em lugar dos mesmos; nada que incomodasse muito as crianças urbanas, no entanto, já que as mesmas rapidamente descobriam neste brinquedo rústico, mas extremamente eficaz o mesmo encanto que as suas congéneres mais 'campestres' já sabiam que este possuía – e o qual lhe vale, agora, um bem merecido lugar na galeria de brincadeiras de exterior nostálgicas recordadas nestas nossas páginas...

03.04.23

NOTA: Este 'post' é correspondente a Sábado, 01 de Abril de 2023.

Os Sábados marcam o início do fim-de-semana, altura que muitas crianças aproveitam para sair e brincar na rua ou no parque. Nos anos 90, esta situação não era diferente, com o atrativo adicional de, naquela época, a miudagem disfrutar de muitos e bons complementos a estas brincadeiras. Em Sábados alternados, este blog vai recordar os mais memoráveis de entre os brinquedos, acessórios e jogos de exterior disponíveis naquela década.

No dia 1 de Abril celebra-se, tradicionalmente, o Dia das Mentiras, uma data sem grande significado para os adultos, mas que, para os mais novos, era o pretexto perfeito para contar 'petas' sem por isso se meter em sarilhos, bem como para levar a cabo algumas 'partidas' mais ou menos inofensivas tendo como 'vítimas' os familiares, vizinhos ou amigos. É de algumas das mais clássicas entre essas brincadeiras que falaremos neste 'post'.download.jfif

Uma partida clássica e intemporal

Havia, por exemplo, as clássicas partidas com recurso a balões de água ou estalinhos, que embora tivessem no Carnaval o seu auge, eram também por vezes levadas a cabo em outras alturas do ano. Outro clássico eram os insectos de borracha, à época bem fáceis de arranjar como brinde nas máquinas de bolas ou em qualquer tabacaria, drogaria ou loja de brinquedos, e perfeitos para assustar os familiares à mesa ou 'esconder' num sítio onde causassem o máximo impacto. Havia, ainda, a velha brincadeira de bater à porta ou tocar à campainha e sair em disparada antes que o dono da casa aparecesse, bem como as tradicionais partidas telefónicas, normalmente efectuadas a partir de cabines telefónicas, e tendo como alvo os números gratuitos, caso em que as consequências monetárias eram mínimas (nem sequer era preciso gastar impulsos no Credifone), e a possibilidade de ser descoberto através do número menor ainda.

Estas não eram, claro, as únicas partidas levadas a cabo pelas crianças daquela época; antes pelo contrário, havia um sem-número de outras, de variados graus de 'gravidade' (dos 'nhecos' aos toques nas costas, imediatamente seguidos de um ar inocente, como se não se tivesse tocado) sendo o único limite a imaginação (e, por vezes, os princípios morais). Algumas dessas (e algumas das que acima mencionámos) continuam, mesmo, a divertir a nova geração de crianças nos dias que correm - embora, actualmente, o meio preferencial para pregar 'partidas' seja mesmo a Internet, e o cariz das mesmas se prenda mais com as identidades falsas e o chamado 'catfishing'. Quem viveu a sua juventude em finais do século XX, no entanto, terá - esperemos - chegado a estas últimas linhas deste 'post' com um enorme sorriso, ao recordar as partidas em que tomava parte ao lado dos amigos...

01.04.23

NOTA: Este post é correspondente a Quinta-feira, 30 de Março de 1998.

Trazer milhões de ‘quinquilharias’ nos bolsos, no estojo ou na pasta faz parte da experiência de ser criança. Às quintas, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos brindes e ‘porcarias’ preferidos da juventude daquela época.

O tema de brinquedos ou diversões simples que entretinham durante horas as crianças dos anos 90 é já uma temática recorrente, cujos representantes vão dos balões aos Pega-Monstros. A essa lista, onde já se incluem muitos artigos promocionais recebidos em pacotes de batatas fritas ou Bollycaos, há agora que juntar mais um artigo, que qualquer criança da época terá tido (por vezes até em mais do que uma instância) e que, pela sua omnipresença (até mais do que pelas memórias criadas) se tornou nostálgico: o tradicional 'puzzle de deslizar'.

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Constituído por uma imagem 'cortada' em quadradinhos inseridos num caixilho, do qual também constava um espaço vago, o objectivo destes jogos era precisamente o mesmo dos 'puzzles' de mesa, ou seja, reorganizar as peças de forma a criar um desenho coerente; a diferença prendia-se com o facto de que, neste caso, a solução passava não por adicionar peças recortadas umas às outras, mas em deslizar os diferentes quadrados para a posição correcta. Para tal, era necessário tirar proveito do referido espaço vago, para onde se 'empurravam' as peças desnecessárias que se encontrassem a impedir a 'passagem' das pretendidas, numa mecânica algo semelhante à do popular jogo de computador 'Sokoban'. Esta missão, no entanto, era bem mais difícil do que inicialmente parecia, sendo que apenas os mais pacientes e dedicados tendiam a completar em pleno este tipo de puzzle, enquanto os restantes desistiam após largos minutos de frustração, os quais tendiam a resultar, no máximo, em meia imagem completa, com a metade inferior ainda desorganizada e desordenada.

Ainda assim, pelo desafio que propunham e pelo facto de estarem entre os 'brindes' mais comuns de finais do século XX, estes 'puzzles' não deixaram de marcar a infância e juventude de toda uma geração, a quem este 'post' terá, sem dúvida, trazido memórias de passar 'que tempos' às 'voltas' com os mesmos, sem conseguir perceber como os resolver, antes de a frustração os fazer abandonar o desiderato em favor de uma brincadeira mais simples...

18.03.23

Os Sábados marcam o início do fim-de-semana, altura que muitas crianças aproveitam para sair e brincar na rua ou no parque. Nos anos 90, esta situação não era diferente, com o atrativo adicional de, naquela época, a miudagem disfrutar de muitos e bons complementos a estas brincadeiras. Em Sábados alternados, este blog vai recordar os mais memoráveis de entre os brinquedos, acessórios e jogos de exterior disponíveis naquela década.

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A 'fava' saiu, claramente, ao miúdo de t-shirt laranja...

Já aqui por várias vezes mencionámos que, muitas vezes, as experiências e conceitos mais simples são, também, os mais marcantes, especialmente para a mente algo linear de uma criança; e, para quem nasceu ou cresceu nas últimas duas décadas do século XX e nos primeiros anos do seguinte, um dos melhores exemplos disto mesmo são os jogos tradicionais de rua. Com premissas e objectivos invariavelmente simples, e regras esparsas o suficiente para serem memorizadas e transmitidas oralmente entre grupos de crianças, e até entre gerações, estas brincadeiras não deixam, ainda assim, de ser das mais lembradas ao recordar os tempos de infância – e nenhuma recordação desse tipo fica completa sem lembrar os não menos simples e não menos divertidos métodos de selecção ligados a esses jogos.

Enquanto que o futebol de rua adoptava uma estratégia simples, linear e 'cientificamente' testada por incontáveis gerações de 'putos' (dois capitães auto-seleccionados que escolhiam jogadores à vez até os mesmos acabarem) as brincadeiras que ditavam que apenas uma criança fosse a 'escolhida' (normalmente para o 'coito') faziam uso de métodos bem mais criativos e divertidos, normalmente baseados numa qualquer 'cantilena', semelhante às que inspiravam os jogos de 'palminhas'. E se, em gerações passadas, essa récita foi, invariavelmente, o tradicional 'Um-dó-li-tá', as crianças dos anos 90 e 2000 tinham ao seu dispôr uma outra 'lenga-lenga', não menos memorável e tão ou mais utilizada – o icónico 'aviãozinho militar', que provavelmente seria hoje em dia 'cancelado' por incitar ao bombardeamento de nações ao redor do Mundo, mas que à época era, apenas, um dos sistemas por excelência para escolher quem 'ficava' antes de um jogo de escondidas ou apanhada.

Melhor: este sistema permitia, ainda mais que o 'Um-Dó-Li-Tá', envolver os restantes jogadores, já que a primeira selecção era destinada, não a escolher o jogador que iria 'ficar', mas apenas a apontar uma pessoa para nomear o país em que a bomba do aviãozinho havia caído, e que iria servir de base à segunda parte da escolha, em que as suas sílabas eram separadas, sendo escolhido o jogador para quem o 'seleccionador' apontasse aquando da última sílaba – um sistema que parece complexo ao ser explicado assim, mas que era perfeitamente intuitivo para qualquer criança em situação de pré-jogo.

Existiam, é claro, outras formas de seleccionar um 'contador' para ir para a parede, como o 'par ou ímpar' ou 'pedra, papel, tesoura', ou até o 'cara ou coroa'; no entanto, nenhum destes (com a possível excepção do 'pedra, papel, tesoura', que revisitaremos em tempo) era tão memorável ou nostálgico como os métodos de que falámos atrás, pelo que serão estes os que, inevitavelmente, surgirão na mente de qualquer ex-'puto' daquele tempo que tente recordar os jogos que fazia na rua com os amigos.

 

04.03.23

Os Sábados marcam o início do fim-de-semana, altura que muitas crianças aproveitam para sair e brincar na rua ou no parque. Nos anos 90, esta situação não era diferente, com o atrativo adicional de, naquela época, a miudagem disfrutar de muitos e bons complementos a estas brincadeiras. Em Sábados alternados, este blog vai recordar os mais memoráveis de entre os brinquedos, acessórios e jogos de exterior disponíveis naquela década.

Numa edição passada desta rubrica, abordámos os jogos tradicionais de rua, uma das melhores maneiras de se passar um Sábado aos Saltos em finais do século XX e inícios do seguinte. Existia, no entanto, um outro jogo que, por ter necessariamente de se processar dentro de portas, não entrava para essas 'contas', mas que nem por isso deixava de gozar de enorme popularidade entre os 'putos' da altura: o famoso 'quarto escuro'.

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Por trás do sorriso, o medo de 'levar' com objectos variados na cabeça...

Pautado, como tantos outros jogos daquele tempo, pela simplicidade e flexibilidade em termos de regras, o jogo do 'quarto escuro' era, em essência, uma espécie de variante 'interior' das escondidas, com a diferença de que, em lugar da contagem, a criança a quem coubesse a vez era, simplesmente, obrigada a ficar do lado de fora de uma divisão, enquanto todos os restantes jogadores entravam na mesma, corriam as cortinas e apagavam as luzes, de modo a que o quarto ou sala ficasse na penumbra (daí o nome do jogo). Cabia, depois, a quem tinha ficado 'lá fora' entrar na divisão obscurecida e tentar encontrar os outros participantes, podendo os mesmos 'atrapalhar' este processo atirando objectos ou mesmo procurando o contacto físico com o jogador principal, o que levava, inevitavelmente, a alguns 'sustos'. Estes eram, no entanto, normalmente levados 'a bem', como parte da brincadeira, e só mesmo quem tinha medo do escuro é que acabava por não achar muita graça a este icónico jogo infantil de outros tempos.

Tal como a maioria das restantes brincadeiras da época, também o 'quarto escuro' acabou, infelizmente, por perder preponderância entre a geração seguinte, mais ocupada a fugir de quartos escuros digitais ou dos hoje famosos 'escape rooms'; no entanto, quem foi da idade certa em finais do século XX pode, sem ironia, gabar-se de ter criado os seus próprios 'escape rooms' para si e para os seus amigos, nos quais nem tinha de se pagar entrada...

05.02.23

Ser criança é gostar de se divertir, e por isso, em Domingos alternados, o Anos 90 relembra algumas das diversões que não cabem em qualquer outra rubrica deste blog.

De entre os muitos brinquedos, jogos e diversões com que uma criança ou jovem tem contacto ao longo da sua vida, existem alguns cuja maior influência ou associação a boas recordações faz com que a sua memória se preserve durante um período maior do que o habitual – e, para muitas crianças portuguesas dos anos 90, o jogo 'Salta o Pirata' (ou 'Pop-Up Pirate', no original) fará, sem dúvida, parte desse lote.

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A meio caminho entre um jogo de perícia, um jogo de tabuleiro e um brinquedo propriamente dito, o carismático pirata dentro de um barril surgiu, durante as últimas décadas do século XX, nas mais diversas formas, e comercializado pelas mais diversas companhias – uma situação que, aliás, se continua a verificar até aos dias de hoje, sendo o jogo ainda relativamente fácil de encontrar nas prateleiras de supermercados, hipermercados e lojas de brinquedos, pronto a ser descoberto e apreciado pela geração digital.

E a verdade é que, ao contrário de outros brinquedos que faziam as delícias dos jovens de fins do Segundo Milénio mas parecem, hoje em dia, ultrapassados, ainda há muito de que gostar em 'Salta o Pirata', sobretudo devido à simplicidade do seu conceito e jogabilidade. O objectivo do jogo, como o próprio nome indica, é fazer com que o pirata 'salte' para fora do seu barril, sendo para isso necessário encontrar a ranhura correcta, de entre as muitas situadas a toda a volta do referido objecto; a única maneira de saber qual a que vai 'picar' o pirata é, por sua vez, inserir as espadas de plástico incluídas com o jogo nas referidas ranhuras, uma de cada vez, até que a acção desejada se proporcione. Um conceito simples, mas que reúne muitas das características que ajudam a 'fazer' um brinquedo de sucesso para o seu público-alvo, não sendo por isso de admirar que se mantenha popular até aos dias de hoje.

De ressalvar que, nos anos 90, parte dessa popularidade esteve relacionada com a omnipresença do brinquedo, um daqueles produtos que tanto fazia bem as vezes de presente de anos ou Natal como de oferta mais 'casual', brinde numa rifa ou sorteio ou até prenda numa festa de Natal empresarial, escolar ou de clube desportivo, forma através da qual foi obtido um dos dois exemplares do jogo existentes lá por casa à época. Fosse qual fosse o meio pelo qual chegava às mãos do seu público-alvo, no entanto, um facto é inegável: 'Salta o Pirata' foi, e continua a ser, um jogo extremamente popular, e capaz de proporcionar Domingos Divertidos a crianças de todas as idades, mesmo na era sumamente digital que atravessamos.

21.01.23

Os Sábados marcam o início do fim-de-semana, altura que muitas crianças aproveitam para sair e brincar na rua ou no parque. Nos anos 90, esta situação não era diferente, com o atrativo adicional de, naquela época, a miudagem disfrutar de muitos e bons complementos a estas brincadeiras. Em Sábados alternados, este blog vai recordar os mais memoráveis de entre os brinquedos, acessórios e jogos de exterior disponíveis naquela década.

Como já aqui anteriormente mencionámos, nos anos 90, eram ainda comuns no nosso País brincadeiras clássicas, trazidas de outras décadas e já em fase de 'ocaso', mas ainda populares entre as crianças e jovens. Dos berlindes ou jogo da malha aos tradicionais jogos 'de rua', como a macaca, ou de 'palminhas', eram muitas as diversões que a geração 'noventista' já não conseguiu passar à sua sucessora, sendo uma das principais aquela de que falaremos nas linhas abaixo: o jogo do pião.

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A não confundir com aquilo que nos anos 80 e 90 se entendia como 'pião' (um brinquedo musico-visual 'de chão' que se activava por meio de uma manivela situada no topo, e que atempadamente aqui terá o seu 'momento'), o instrumento de que hoje falamos é mesmo o tradicional 'bojo' de madeira com ponta em bico, vagamente em forma de pêra ou de gota de água, ao qual se atava uma corda que, depois, se soltava, fazendo com que o objecto em causa rodasse sobre si mesmo e se movimentasse numa trajectória errática. O objectivo da brincadeira era, tão simplesmente, conseguir que o pião permanecesse a rodar o máximo de tempo possível, ganhando quem almejasse esse fim. Um jogo por demais simples. mas que exigia muita coordenação e perícia, exigindo um aperfeiçoar técnico constante que era parte do desafio, e que fez as delícias de gerações de crianças nos tempos em que a tecnologia não era tão prevalente, chegando mesmo a inspirar uma popular e conhecida canção infantil.

Convenhamos que não é qualquer brinquedo que inspira uma música inteira...

Foi, aliás, precisamente esse um dos motivos por detrás da 'morte' do pião como entretenimento juvenil após o Novo Milénio: com as novas tecnologias cada vez mais acessíveis, e o surgimento de divertimentos na mesma linha, mas mais elaborados (como o Diabolo) o simples e modesto pião acabou por perder o espaço de que disfrutara durante décadas, sendo hoje em dia praticamente impossível encontrar um destes brinquedos em 'estado selvagem' – apesar de ter ainda chegado a haver, durante a década a que este blog diz respeito, versões electrónicas do brinquedo, equipadas com efeitos de som e luz. Ainda assim, o apetrecho em causa continua a ser um dos principais símbolos de codificação da infância, gozando (merecidamente) do estatuto de brinquedo 'clássico' junto de várias gerações de portugueses, e, como tal, bem merecedor de algumas linhas em sua memória.

 

08.01.23

Ser criança é gostar de se divertir, e por isso, em Domingos alternados, o Anos 90 relembra algumas das diversões que não cabem em qualquer outra rubrica deste blog.

Um dos passatempos favoritos de qualquer criança é mexer em materiais ou substâncias moles ao tacto, as quais surgem, na maioria das vezes, associadas ao conceito de 'sujidade' e 'confusão', e tendem a ser vistas com desagrado pelos adultos; assim, não é de estranhar que a proposta de uma substância com estas características com que os adultos não tinham qualquer problema – e cujo uso até encorajavam – fosse recebida da melhor forma um pouco por todo o Mundo, Portugal incluído.

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Falamos da plasticina, a qual - com ou sem a marca Play-Doh – marcava quase obrigatoriamente presença no quarto de qualquer criança portuguesa nas décadas a que este blog diz respeito, fosse na sua vertente mais simples (um enorme bloco do qual se iam retirando pedaços conforme necessário) fosse através das mais complexas criações da referida Play-Doh, sendo que estas últimas tendiam a incluir também os acessórios necessários à criação do conceito proposto – por exemplo, o 'kit' de cabeleireiro incluía um 'modelo' de cabeça, através do qual se podia fazer passar a plasticina para criar 'cabelo'. Era esta junção perfeita de criatividade e prazer táctil que tendia a tornar os 'kits' de plasticina (ou, simplesmente, os referidos blocos, com a respectiva faca de plástico para cortar e alisar) um dos brinquedos favoritos de quem fazia do balde de LEGOs o centro das suas brincadeiras, e mesmo de quem, sendo menos criativo, gostava de passar uma tarde a amassar e esmagar pedaços de substâncias borrachentas, e ainda nunca tinha ouvido falar do Bostik...

Outra virtude da plasticina, e uma que, muitas vezes, passava despercebida, prende-se com o facto de a mesma preparar as crianças para outra substância semelhante que – pelo menos à época – fazia parte integrante de qualquer currículo de EVT do quinto e sexto ano: o barro. Talvez por isso, e apesar de as escolas primárias portuguesas não incluírem deliberadamente a plasticina no seu acervo de trabalhos manuais como o fazem as norte-americanas, por exemplo, a substância acabasse sempre por surgir, mais cedo ou mais tarde, em qualquer sala de aula do primeiro ciclo, e até do pré-escolar.

Considerações educativas à parte, no entanto, a plasticina era (e talvez ainda continue a ser) apenas e só uma ocupação divertida para fazer passar mais rápido um fim-de-semana de chuva – com a vantagem adicional de, uma vez finalizadas, as 'criações' dessa sessão poderem ser postas em exposição na prateleira, para mais tarde recordar...

07.01.23

Os Sábados marcam o início do fim-de-semana, altura que muitas crianças aproveitam para sair e brincar na rua ou no parque. Nos anos 90, esta situação não era diferente, com o atrativo adicional de, naquela época, a miudagem disfrutar de muitos e bons complementos a estas brincadeiras. Em Sábados alternados, este blog vai recordar os mais memoráveis de entre os brinquedos, acessórios e jogos de exterior disponíveis naquela década.

Numa altura em que a chuva se faz sentir com intensidade na maioria do território nacional, e já há várias semanas, nada parece mais adequado do que lembrar aqueles momentos em que – para horror dos pais – as crianças e jovens dos anos 90 saíam para brincar à chuva, naquela que talvez fosse a única ocasião em que este tipo de tempo era bem-vindo.

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Quem nunca?

Fosse o eterno chapinhar em poças (sempre iniciado, é claro, com um salto a pés juntos que ensopava tudo o que estivesse ao redor de água enlameada), os jogos de futebol que terminavam, invariavelmente, com a roupa suja e os cabelos a escorrer água (por muito que os professores de Educação Física se esforçassem por manter os 'putos' dentro de portas quando chovia...), as 'guerras de água' ou qualquer outra das inúmeras brincadeiras que as sempre criativas mentes juvenis criavam para estes momentos, não havia criança que resistisse a ir para a rua, senão durante a chuvada, pelo menos após a mesma, quando o ar ficava fresco e o chão cheio de poças convidativas...

É claro que, como muitas outras diversões de que aqui falamos, estas são actividades mais ou menos intemporais, que os mais novos de hoje em dia certamente ainda levarão a cabo, se disso tiverem oportunidade; no entanto, numa era em que não só os pais como também as crianças dispõem de bastante mais informação a respeito dos malefícios deste tipo de prática, é de crer que a mesma se venha tornando progressivamente mais rara – até porque quem brincou à chuva naquela época certamente se lembrará das constipações e resfriados que apanhou como consequência, e quererá evitar que o mesmo aconteça às crianças e jovens presentes nas suas vidas...

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