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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

19.04.24

Os anos 90 estiveram entre as melhores décadas no que toca à produção de filmes de interesse para crianças e jovens. Às sextas, recordamos aqui alguns dos mais marcantes.

A mistura cinematográfica de acção e aventura com toques de humor e romance foi, desde o início da História da Sétima Arte, uma das mais populares combinações entre o grande público, um paradigma que se mantém até aos dias de hoje – ou não fosse esta a fórmula-padrão para qualquer 'blockbuster' de super-heróis ou ficção científica lançado nos últimos quinze anos. Apesar deste apelo perene, no entanto, o género sofre, como qualquer outro, de 'altos e baixos' de popularidade, e o final dos anos 90 representava um dos períodos 'baixos'. O dealbar da era mais 'futurista', 'extrema' e 'radical' da História da humanidade não tinha lugar para aventuras 'à moda antiga', e a maioria dos filmes mais populares da época iam, propositadamente, na direcção contrária, apresentando estéticas sombrias e heróis sorumbáticos e sem grande apetência para interacções sociais, e menos ainda para ligações românticas - e os que não iam ou se traduziam em, na melhor das hipóteses, entradas menores nas respectivas franquias, ou, na pior, lendários 'flops' . Em meio a este paradigma, no entanto, um filme tentou 'resgatar' o clássico 'cocktail' que produzira, em décadas anteriores, mega-sucessos como a trilogia 'Indiana Jones', e acabou por dar início a, não uma, mas duas franquias distintas em décadas subsequentes.

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Falamos de 'A Múmia', um 'remake' do filme com o mesmo nome lançado pela icónica Hammer em 1932 protagonizado por Brendan Fraser e Rachel Weisz que chegava às salas de cinema portuguesas há quase exactos vinte e cinco anos, a 16 de Abril de 1999 – curiosamente, duas semanas antes da sua estreia em solo norte-americano – e cuja toada ao estilo comédia de acção imediatamente captava o interesse da 'geração Matrix', que crescera a ver a trilogia original de Lucas e Spielberg na televisão, e acolhia de bom grado uma actualização da fórmula 'incrementada' pelos novos recursos tecnológicos. E a verdade é que o primeiro capítulo da nova franquia excedia expectativas, conseguindo 'acertar' tanto no tom leve mas intenso que caracterizara as aventuras de Indy, como também na estética 'anos 30' e até na química do par romântico, que transcende o ecrã, e que apenas se viria a destacar ainda mais na sequela. De facto, só as interpretações de Fraser e Weisz fazem com que valha a pena 'gastar' duas horas de uma noite de final de semana com o filme, ou, melhor ainda, fazer uma Sessão de Sexta dupla com a sua igualmente divertida sequela; no entanto, há muito mais do que gostar nesta nova encarnação d''A Múmia', das paisagens desérticas de Marrocos aos efeitos especiais da lendária Industrial Light & Magic, de George Lucas, passando pela trilha sonora do não menos famoso Jerry Goldsmith.

Dado o envolvimento de todos estes nomes, e a boa recepção de que gozou por todo o mundo aquando da estreia, não é de admirar que este primeiro filme da franquia tenha rapidamente tido direito a uma sequela, com o óbvio título de 'A Múmia Regressa' lançada já no Novo Milénio, e que, apesar da duvidosa adição ao elenco de personagens de um 'puto esperto' – um dos piores personagens-tipo do cinema moderno – e do infame efeito especial durante a batalha climática com o Rei Escorpião (sim, esse mesmo), consegue manter e a até superar o nível do primeiro filme, afirmando-se como um dos melhores 'filmes de família' de inícios do século XXI, e valendo bem a visualização ao lado do seu antecessor.

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Talvez o legado mais importante da sequela, no entanto, tenha sido a personagem do referido Rei Escorpião, interpretada por um lutador da WWF à época acabado de se lançar na carreira cinematográfica, e de quem ninguém esperava mais do que o fraco nível atingido por antecessores como Hulk Hogan – um tal de Dwayne Johnson, conhecido como 'The Rock', e que, em 2002, daria vida à encarnação anterior do Rei Escorpião, um guerreiro residente num mundo de 'espadas e sandálias' puramente fantástico, a remeter às velhas aventuras de Conan, o Bárbaro.

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Este filme, por sua vez, faria tal sucesso entre o público-alvo que se transformaria, ele próprio, no ponto de partida de uma franquia, que renderia nada menos do que mais quatro filmes, embora todos já sem o contributo de 'The Rock', que seria substituído por uma sucessão de lutadores da UFC com talentos dramáticos consideravelmente mais limitados. Escusado será dizer que as restantes aventuras do Rei Escorpião são tão fracas como qualquer outra continuação de baixo orçamento destinada ao mercado do vídeo e DVD, merecendo bem o esquecimento a que são hoje em dia votadas; o mesmo, no entanto, não se pode dizer do original, um filme de aventura familiar 'tão mau que é bom', e que fará certamente as delícias de um público jovem e pouco exigente.

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'A Múmia', essa, voltaria apenas mais uma vez na presente encarnação - já depois de muitos imitadores terem, sem sucesso, tentado ocupar o seu trono nos anos subsequentes - numa aventura que via Jet Li juntar-se a Fraser e Maria Bello (que substituía Weisz), no papel do Imperador Dragão, o novo vilão que o casal deve combater. Apesar de perfeitamente aceitável, no entanto, o nível desta segunda continuação ficava bastante aquém do dos originais, sendo o filme bastante 'esquecido' (porque pouco memorável) e tendo, inadvertidamente, lançado a franquia para um limbo de vários anos, do qual só um 'desastre' encabeçado por Tom Cruise a retiraria – e para muito pior...

Apesar deste desaire, no entanto, os primórdios da franquia continuam a constituir excelentes comédias de acção de índole familiar - os chamados 'filmes de família' de molde clássico – tendo sido responsáveis pela ressurreição, qual múmia do Antigo Egipto, de um género que se julgava morto e enterrado, mas que estes filmes vieram provar ainda ter 'pernas para andar' no panorama cinematográfico da viragem de Milénio. Quanto mais não seja por isso, os filmes de Stephen Sommers merecem ser recordados (e elogiados) por alturas do vigésimo-quinto aniversário da estreia do original...

25.11.22

Os anos 90 estiveram entre as melhores décadas no que toca à produção de filmes de interesse para crianças e jovens. Às sextas, recordamos aqui alguns dos mais marcantes.

De entre os muitos géneros cinematográficos que viveram um 'estado de graça' durante os anos 90, a comédia foi um dos principais; a primeira metade da década, em particular, forneceu uma série de verdadeiros clássicos ao género, muitos deles protagonizados pelo binómio Robin Williams e Jim Carrey, responsáveis por êxitos como 'Doidos À Solta', 'Papá Para Sempre', 'A Máscara', 'A Gaiola das Malucas' ou a duologia 'Ace Ventura', (quase) todos eles tão bem-sucedidos entre o público jovem como entre os mais velhos. Para lá desse eixo, no entanto, existia todo um outro género de filme de comédia, mais declaradamente apontado a um público juvenil, e cujo humor se baseava na falta de inteligência dos seus protagonistas, normalmente adolescentes; era o Mundo das ainda hoje hilariantes duologias 'Bill e Ted' e 'Quanto Mais Idiota Melhor', e é também o 'habitat' natural do filme que hoje abordamos, uma 'cópia' de segunda linha do conceito que conseguiu, ainda assim, afirmar-se como um 'clássico menor' entre os fãs deste tipo de película.

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Falamos de 'O Rapaz da Pedra Lascada' ('Encino Man' no original e 'California Man' em vários pontos da Europa), filme que completa este fim-de-semana trinta anos sobre a sua estreia em Portugal, e que ajudou a revelar ao Mundo aquele que viria a ser outro nome de monta da comédia noventista e dos anos 2000: Brendan Fraser, que surge aqui no seu primeiro papel principal como o cavernícola homónimo, desenterrado de um quintal suburbano (!) e subsequentemente retirado de um bloco de gelo pelo habitual duo de protagonistas desmiolados (no caso Sean Astin, o futuro Sam Gamgee de 'O Senhor dos Anéis', e Pauly Shore, um dos muitos pretendentes falhados ao trono de Mike Myers, Keanu Reeves e Jim Carrey) que prontamente decidem inscrevê-lo na escola secundário que ambos frequentam.

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O trio de protagonistas do filme, dois dos quais se viriam, num futuro próximo, a tornar verdadeiras estrelas de cinema.

É claro que esta decisão rapidamente dá azo ao tipo de peripécias bem típico e esperado neste estilo de filme, e que poderão ou não arrancar uns sorrisos ao espectador, dependendo da sua tolerância para a variante humorística em causa. Isto porque 'O Rapaz da Pedra Lascada' não é mais nem menos do que um filme perfeitamente dentro da média para o estilo em que se insere, e daquilo que a Disney vinha produzindo durante aqueles anos ao nivel dos filmes de acção real - ou seja, longe do nível dos líderes 'Bill e Ted' ou 'Quanto Mais Idiota...' (ou até de 'Jamaica Abaixo de Zero', futuro clássico infanto-juvenil da mesma companhia lançado no ano seguinte) mas passível de proporcionar bons momentos cinematográficos a um espectador menos exigente numa tarde de fim-de-semana de chuva.

Nos dias que correm, no entanto, não há como negar que o principal mérito desta película é o de ter servido de plataforma de impulso para a carreira não só de Fraser (que meia-dúzia de anos depois estaria a combater múmias em CGI e a ser seduzido por uma Elizabeth Hurley em 'fase imperial') e de Astin como também de Robin Tunney, futura protagonista principal feminina de 'Prison Break' e 'O Mentalista' (de entre o restante elenco, destaque ainda para Michael DeLuise, filho do então também hiper-requisitado Dom, e que viria posteriormente a participar em séries como 'Rua Jump, 21' e 'Gilmore Girls'.) Quanto mais não seja pela sua importância enquanto 'trampolim' para estas futuras estrelas do cinema e televisão, 'O Rapaz da Pedra Lascada' merece, no trigésimo aniversário da sua estreia em terras lusas, ser 'desenterrado' (passe a piada) do esquecimento, e 'brindado' com estas breves linhas, à laia de retrospectiva.

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