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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

05.07.24

NOTA: Este post é respeitante a Quinta-feira, 4 de Julho de 2024.

Trazer milhões de ‘quinquilharias’ nos bolsos, no estojo ou na pasta faz parte da experiência de ser criança. Às quintas, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos brindes e ‘porcarias’ preferidos da juventude daquela época.

Desde a sua massificação em inícios do século XX, o futebol tem sido o desporto mais consensual e com maior base de fãs a nível mundial; Portugal não é, de todo, excepção a esta regra, como se pode facilmente verificar pela existência de nada menos do que três jornais diários dedicados apenas e tão-somente a notícias de cariz desportivo, com natural primazia para o futebol. Não é, pois, de estranhar que cada nova competição internacional, particularmente as disputadas entre selecções de jogadores de cada país, façam 'parar' grande parte do Mundo, e motivem um sem-número de companhias a efectuar promoções alusivas ao certame em causa.

O Euro '96, levado a cabo em Inglaterra, não foi, de forma alguma, excepção a esta regra, tendo vários produtos, companhias e entidades adoptado temporariamente as cores da bandeira do país em que eram comercializados, e oferecido brindes centrados nas equipas presentes no torneio. Em Portugal, uma dessas entidades era o jornal 'A Bola', que, não querendo deixar créditos por mãos alheias no que toca à sua área de especialização, veiculava esse Verão, em conjunto com o seu jornal, figuras em borracha dos jogadores da Selecção Portuguesa da altura.

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Algumas das figuras da colecção, e respectivos cartões de 'identidade'.

Inteligentemente chamados de Figuras da Bola (num trocadilho com o nome do jornal) estes bonecos constituíam, basicamente, caricaturas tridimensionais dos jogadores, cada um dos quais surgia com as feições exageradas daquele estilo de arte, e com cabeças muito maiores do que o 'esquelético' corpo em que assentavam. Ainda assim, e apesar da abordagem 'cartunesca', a maioria dos 'craques' da Geração de Ouro era, ainda, perfeitamente reconhecível, de Fernando Couto e Paulo Sousa com as suas 'melenas' à não menos farta cabeleira loira de Jorge Cadete, o enorme queixo de Sá Pinto ou a cabeça achatada de Luís Figo, entre outras características propositalmente ampliadas para máximo efeito cómico. Juntamente com cada uma das figuras vinha, ainda, um cartão, com uma caricatura do jogador em causa e alguns dados vitais do mesmo – um pormenor cujo valor era apenas aparente, já que o que verdadeiramente interessava era a figura, ideal para colocar na estante, mesa de cabeceira ou secretária (não confundir com Secretário, que também faz parte da colecção...!) e mostrar assim o apoio à Selecção.

Curiosamente, apesar da natureza obviamente atractiva desta promoção (mais próxima de um brinde dos ovos Kinder ou do Happy Meal do McDonald's do que algo oferecido por um jornal), não tornou a haver, em certames subsequentes, qualquer outra promoção deste tipo, deixando a 'Selecção' de Figuras da Bola como uma iniciativa única no panorama promocional português, quer do século XX quer do actual, e bem merecedora de lembrança nas páginas deste nosso blog.

15.05.22

Ser criança é gostar de se divertir, e por isso, em Domingos alternados, o Anos 90 relembra algumas das diversões que não cabem em qualquer outra rubrica deste blog.

Em edições passadas desta rubrica, falámos aqui de algumas das mais emblemáticas linhas de 'bonecos' dos anos 90, dos LEGOs aos Pinypons, passando pelos Playmobil e, já um pouco 'fora' desse espectro, os bonecos de borracha para bebés e as figuras de acção articuladas; no entanto, havia à época um outro tipo de figurino que, embora ocasionalmente abordado em outros 'posts' nas nossas páginas, ainda não tinha sido devidamente explorado – situação que, hoje, aqui corrigimos.

Falamos dos bonecos em vinil, um brinquedo extremamente popular e fácil de adquirir nos anos 90, mas que – como aconteceu com tantos outros produtos já abordados nestas páginas – foi perdendo relevância com o passar das décadas; hoje em dia, embora ainda se vão encontrando (sobretudo nos chamados 'mystery bags' ou 'blind bags') este tipo de figuras já não tem a relevância que outrora teve, tendo o seu título sido transferido para os a dada altura mega-populares Funko Pops, as estátuas 'cabeçudas' e de olhos inexpressivos que, hoje em dia, se encontram também eles em declínio.

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Boneco em vinil do Luzinha, mascote de uma campanha da EDP nos anos 90, e um bom exemplo-padrão deste tipo de brinquedo

O conceito das figuras de vinil dos anos 90 era, aliás, precisamente oposto ao dos Funkos: onde estes consistem de um modelo homogéneo, de proporções exageradas, e que é customizado e adaptado consoante quem se deseje representar, os bonecos dos anos 90 procuravam ser o mais fiéis possível à personagem que procuravam representar, de modo a ser imediatamente possível discernir de quem se tratava.

De igual modo, enquanto os Funkos ficam mais próximos do tamanho de estatuetas, os bonecos dos anos 90 eram feitos para serem seguros na palma da mão e transportados no bolso, não passando normalmente de um tamanho equivalente ao de um Pinypon, por exemplo. Isto permitia que, não obstante a sua postura estática e falta de articulação, estes bonecos fossem incluídos em brincadeiras ao lado de qualquer dos tipos de figura mencionados no início deste texto, sem que parecessem fora do lugar ou descabidos no contexto da mesma, como aconteceria com um Funko na mesma situação.

Não nos equivoquemos, no entanto – a principal função destas figuras, tal como dos seus 'primos' actuais, era decorativa; pura e simplesmente, os bonecos 'ficavam bem' numa prateleira, e era mesmo nesse tipo de ambiente que passavam a maior parte do seu tempo. Ainda assim, quando tocava a integrá-los numa brincadeira, eram poucas as crianças (independentemente do sexo) que hesitavam em os ir buscar à referida prateleira, para ajudar em fosse qual fosse a guerra, missão ou aventura em que os outros brinquedos estavam prestes a embarcar; no fundo, apesar das suas limitações, estes brinquedos eram tratados como quaisquer outros, o que não se pode dizer em relação aos Funko Pops.

Pode considerar-se que talvez o conceito destes pequenos figurinos seja demasiado 'básico' para as crianças de hoje, com a possível excepção das mais pequenas; no entanto, se o sucesso dos referidos 'saquinhos mistério' fôr indicação, é de prever que este tipo de brinquedo continue, em maior ou menor grau, a existir na esfera social infantil durante ainda algumas décadas...

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