27.11.21
NOTA: Este post é respeitante a Sexta-feira, 26 de Novembro de 2021
Um dos aspetos mais marcantes dos anos 90 foi o seu inconfundível sentido estético e de moda. Em sextas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das marcas e modas mais memoráveis entre os jovens da ‘nossa’ década.
Uma das mais perenes e transversais características das sociedades ocidentais modernas é a tendência para ridicularizar as tendências mais populares de décadas anteriores. A atitude 'qual era a deles?' abrange desde comportamentos a termos de linguagem (o chamado 'calão'), iniciativas culturais (como filmes, séries ou arte) e, claro, roupas e adereços visuais, talvez o alvo mais fácil de entre os citados.
E ainda que não seja de todo descabido dizer que muitos destes aspectos não merecem o desdém que lhes é reservado (sendo, pura e simplesmente, produtos de um tempo muito diferente) outros há que verdadeiramente suscitam a pergunta 'como é que isto era permitido?' - como é o caso do 'item' que hoje abordamos.
Uma imagem que deverá evocar muitas memórias
As bolsinhas para trocos de pôr à cintura (as famosas 'fanny packs' dos norte-americanos) nunca foram um paradigma de estilo; aliás, nem sequer foram alguma vez desenhados para o ser. Embora existissem bolsas deste tipo fabricadas pelas grandes marcas da altura, nem mesmo estas tinham a audácia de tentar vender o referido adereço como algo mais do que um produto puramente prático – um sítio para quem não tinha carteira de alças pôr as moedas, notas e cartões, quer à solta, quer no respectivo porta-moedas ou carteira (no sentido de receptáculo de dinheiro e cartões.) As mesmas não eram, de todo, comercializadas como um indicador de moda, ou mesmo algo desejável – e, no entanto, foi exactamente nisso que se tornaram, um pouco por todo o Mundo durante os anos 90.
Estes acessórios eram tão populares que até celebridades como The Rock se deixavam fotografar com elas
Portugal não foi excepção a esta regra, sendo que nos primeiros anos da década, em particular, não havia membro de uma determinada faixa etária que não exibisse orgulhosamente a sua bolsinha de trocos a tiracolo (algumas de padrão bem 'anos 90'), sem que a mesma o tornasse objecto de ridículo – antes pelo contrário. E enquanto os membros mais velhos dessa mesma demografia utilizavam este acessório da maneira correcta, para os mais novos (com menor acesso a dinheiro e ainda muito jovens para usar carteira) o mesmo transformava-se, muitas vezes, num repositório do tipo de quinquilharias de que aqui falamos por vezes às quintas feiras – coisas como berlindes, bolinhas saltitonas, bolas de sabão, Tazos, Matutolas, Pega-Monstros, cartas, cromos, pastilhas, chupa-chupas, bolachas, chocolates ou até figuras de acção, se a bolsa fosse grande o suficiente.
De facto, apesar de do ponto de vista da moda serem mais do que questionáveis, estes acessórios afiguravam-se como uma excelente maneira de transportar este tipo de pequeno objecto que era (e é) parte tão integrante da vida das crianças em idade pré-adolescente; e o mínimo que se pode dizer é que quem foi desta idade nos anos 90 tirou o máximo partido da sua 'bolsinha'...
Claro que uma moda tão 'parola' como esta não podia ter grande longevidade, e menos de uma década depois de terem sido consideradas o supra-sumos da moda, as bolsinhas para trocos tinham sido relegadas a motivo de chacota, e substituídas, no caso do sexo masculino, por um 'item' algo mais aceitável, embora hoje também alvo de ridículo – as bolsas a tiracolo, vulgo 'pochettes'. No entanto, aqueles anos loucos em que as 'fanny packs' foram universalmente aceites como acessórios desejáveis ainda hoje fazem parte da consciência colectiva – e com bom motivo. Afinal de contas, 'qual era a nossa' em usar aquelas coisas?!