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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

11.05.23

Trazer milhões de ‘quinquilharias’ nos bolsos, no estojo ou na pasta faz parte da experiência de ser criança. Às quintas, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos brindes e ‘porcarias’ preferidos da juventude daquela época.

Qualquer cidadão nacional que tenha tido a sua infância e adolescência entre finais da década de 80 e inícios do Novo Milénio concederá, sem grandes hesitações nem celeumas, o título de 'rainha dos brindes' à Matutano. Com promoções tão memoráveis quanto a das Matutolas, das Caveiras Luminosas, dos Pega-Monstros e, claro, dos lendários Tazos, a companhia de batatas fritas foi responsável por ditar quase todas as 'febres de recreio' daquelas décadas. E dizemos 'quase' porque a Matutano teve, durante esse período, a concorrência constante de três outros tipos de produtos alimentícios: os ovos de chocolate da Kinder, com as suas tradicionais colecções de mini-figuras, os cereais da Kellogg's e Nestlé, e os produtos da panificadora Panrico, responsável por marcas tão populares quanto o Bollycao, os Donuts e as Donettes.

Esta última, em particular, viu várias das suas promoções tornarem-se êxitos entre as crianças e jovens da época, com particular destaque para as icónicas colecções da 'Janela Mágica', na década de 80, e dos 'Tous', no início da seguinte, e para o jogo dos BollyKaos, já nos últimos anos do Segundo Milénio. Pelo meio, no entanto, houve outras promoções que, embora menos memoráveis, não deixaram ainda assim de ter sucesso, sobretudo devido ao seu uso de propriedades licenciadas; destas, destaque para as tatuagens temporárias (as então chamadas 'Decalcomanias') das Tartarugas Ninja, e para o brinde de que falamos hoje – os desdobráveis do Dragon Ball Z.

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(Crédito da foto: OLX)

Oferecidos com os produtos da panificadora algures em 1998 (quando a 'febre' em torno do 'anime' de Akira Toriyama ainda não apresentava sinais de abrandar) os referidos brindes conseguiam a tão almejada união entre custos de produção baixos e grau de apelatividade relativamente alto. Tratavam-se de simples cromos em papel cartonado que eram apresentados dobrados e que, quando abertos, revelavam uma imagem do 'anime', regra geral um 'close-up' de um dos personagens; um conceito tão simples quanto cativante, mas que se via severamente afectado pela fragilidade do material, que começava a rasgar ao mínimo toque mais intenso. Assim, por muito entusiasmante que fosse desdobrar o brinde e ver a imagem na sua plenitude, o processo tornava-se também, inevitavelmente, frustrante, sendo necessário passar quase tanto tempo a tentar que o brinde não se desfizesse quando manuseado como a apreciar a própria imagem.

Por essas e outras razões, torna-se difícil, à distância de um quarto de século e num contexto social completamente distinto, perceber como algo tão 'mal-amanhado' e básico conseguiu entreter e até entusiasmar fosse quem fosse; na conjuntura do ano em que o brinde foi lançado, no entanto – com a 'febre' do Dragon Ball Z ainda ao rubro e as novas tecnologias ainda numa fase muito mais incipiente – estes quadrados de frágil cartolina eram mesmo capazes de proporcionar alguns minutos de lazer, após o consumo de um Bollycao, a mostrar aos amigos, familiares ou colegas de escola o cromo adquirido, e a admirar a imagem nele impressa. Um bom exemplo de como a sociedade mudou nas últimas três décadas, e que certamente trará memórias nostálgicas a quem alguma vez tentou (ou conseguiu!) coleccionar os quarenta desdobráveis da série, á base de muitas semanadas repetidamente gastas em 'calorias más' no café do bairro ou bar da escola.

 

26.01.23

Trazer milhões de ‘quinquilharias’ nos bolsos, no estojo ou na pasta faz parte da experiência de ser criança. Às quintas, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos brindes e ‘porcarias’ preferidos da juventude daquela época.

De entre todos os produtos industrializados com oferta de brindes na embalagem comercializados em Portugal nos anos 90, o Bollycao (e outros produtos da Panrico) estiveram entre os mais consistentemente populares, ocupando um honroso e bem cimentado segundo lugar, atrás da 'criadora de febres' Matutano. E apesar de nunca ter conseguido concorrer, em termos de popularidade, com os Tazos, as Matutolas, as Caveiras Luminosas e os Pega-Monstros, a panificadora não deixou de ser responsável por algumas linhas de brindes bem memoráveis para quem cresceu naquele tempo, como os lendários autocolantes dos 'Tou's, as Janelas Mágicas, os cromos e tatuagens temporárias das Tartarugas Ninja, ou o jogo de que se fala hoje, os Bollykaos.

2014951481-cromo-nixi-o-diabo-bollykaos-the-legendUma das cartas da colecção

Lançado já na segunda metade do século XX, e contando com duas 'séries' - subituladas 'The Game' e 'The Legend' - respectivamente este jogo mais não era do que uma versão graficamente mais interessante das icónicas 'Super Cartas' da Majora, que substituía os motivos de motas, aviões, carros de corrida ou jipes por monstros e criaturas alienígenas, bem ao gosto do público-alvo.

 

Havia, ainda, uma tentativa de diversificar um pouco a forma de jogar, através do uso da chamada 'Pirâmide de Poder' - na verdade, um dado losangular, ao estilo dos usados no famoso 'Dungeons and Dragons', cujo suposto objectivo era ditar qual das quatro características de cada criatura (Ataque, Defesa, Inteligência ou Velocidade) deveria ser comparado; o vencedor deveria, ainda, gritar 'Kao' como forma de declarar o seu direito às restantes cartas em jogo (um pouco ao estilo do que acontecia no 'Uno!'), sendo que só após este acto poderia recolher os seus 'ganhos'.

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As regras do jogo e as 'Pirâmides de Poder' (crédito das imagens: OLX)

Estas regras, que procuravam dar ao jogo um carácter diferenciado, sucumbiam, no entanto, à tendência das crianças para adoptar, instintivamente, fórmulas conhecidas, sendo que a maioria dos jogadores se limitava a utilizar as regras das referidas 'Super Cartas' (ou do muito semelhante, jogo com temática do Dragon Ball Z oferecido pela Matutano alguns anos antes), dispensando o uso da tal 'Pirâmide do Poder' – um brinde que, apesar de grátis (tal como a caixa para guardar as cartas – ou antes, 'Kartas') poucas crianças tinham (ou, pelo menos, se davam ao trabalho de carregar consigo, no bolso.)

Assim, para quem era fã das cartas, esta foi uma colecção 'gira', mas sem grande novidade, enquanto que quem era um pouco mais novo, ou nunca tinha tido contacto com os baralhos da Majora, terá tido por meio deste brinde a sua introdução a esse tipo de jogo. Fosse qual fosse a circunstância, no entanto, os Bollykaos deixaram a sua marca entre a juventude da época, merecendo o seu lugar no panteão de promoções e brindes memoráveis dos anos 90 e 2000.

 

19.08.21

Todas as crianças gostam de comer (desde que não seja peixe nem vegetais), e os anos 90 foram uma das melhores épocas para se crescer no que toca a comidas apelativas para crianças e jovens. Em quintas-feiras alternadas, recordamos aqui alguns dos mais memoráveis ‘snacks’ daquela época.

E numa altura em que o assunto do dia é a retirada das cafetarias das escolas de certos ‘clássicos’ (os pães com chouriço) e outros produtos que nunca nenhum bar de escola teve (se a vossa escola servia pizzas, tiveram mais sorte do que nós...) nada melhor do que prestar homenagem a esses indispensáveis espaços, tal como eles eram na ‘nossa’ década – verdadeiros repositórios de tudo o que era apetecível para as crianças em termos de comida, desde os clássicos bolos (poucos outros países rivalizam com Portugal nesse aspecto) passando por snacks tradicionais como os Bollycaos ou as batatas fritas, até guloseimas como chocolates, pastilhas elásticas ou chupa-chupas, ou ofertas um pouco mais elaboradas, como as sandes de ovo, os rissóis ou os referidos pães com chouriço) isto sem, claro, esquecer os sumos e refrigerantes).

Em suma, qualquer que fosse a opinião de um jovem sobre o que se devia ou não comer no intervalo, era (quase) certo e sabido que o encontraria no bar ou cafetaria da escola; só não havia mesmo sanduíches feitas em casa pela Mãe…

É, assim, mais que merecida esta nossa homenagem a esses espaços que alimentaram milhões de crianças durante toda uma década, fornecendo-lhes sempre aquilo de que elas mais gostavam. Por isso, o nosso obrigado, cafetarias de escola!

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26.03.21

NOTA: Este post corresponde a quinta-feira, 25 de Março de 2021.

Todas as crianças gostam de comer (desde que não seja peixe nem vegetais), e os anos 90 foram uma das melhores épocas para se crescer no que toca a comidas apelativas para crianças e jovens. Em quintas-feiras alternadas, recordamos aqui alguns dos mais memoráveis ‘snacks’ daquela época.

E começamos por um que, embora exista até aos dias de hoje, marcou verdadeiramente época para a primeira geração de ‘millennials’ – o Bollycao.

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A tradicional embalagem do Bollycao nos anos 90, antes da mudança para vermelho.

Um forte candidato ao prémio de ‘melhor campanha de marketing para um alimento pouco excitante’ de sempre, o Bollycao – introduzido no mercado português em 1985, mesmo ano do aparecimento dos Donuts - era, pura e simplesmente, um pãozinho com chocolate, semelhante ao que se podia adquirir em qualquer supermercado ou padaria (ou até fazer em casa, usando outro alimento marcante dos anos 90, o Tuli-Creme) só que menos fresco, e mais processado. E sabendo que o produto em si não era mais do que isto, fica a pergunta: porquê tanto sucesso?

A resposta, como sempre, está numa estratégia comprovadamente eficaz, e já testada em outros alimentos, como os cereais – a inclusão de brindes com cada embalagem do produto. No caso do Bollycao, esses brindes consistiam, entre outros, da ‘Janela Mágica’ - pequenos mini-diapositivos com ‘animações’ simples - dos famosos cromos, primeiro da lendária colecção ‘Tou’ e, mais tarde, alusivos aos ‘franchises’ mais popular da altura (sim, houve do Dragon Ball Z. CLARO que houve do Dragon Ball Z!) e do jogo de cartas BoliKaos, semelhante aos da Top Trumps. Estes cromos e brindes (semelhantes, aliás, aos dos Donuts e Donettes, que também eram da Panrico) eram mesmo, para muitos, o principal incentivo para comprar ou pedir aos pais um Bollycao, em vez de uma alternativa que todos sabíamos ser mais fresca e saborosa, como um bolo do dia.

Basicamente, a Panrico não só soube ‘vender’ o seu produto como algo diferente das múltiplas outras alternativas disponíveis, como também percebeu quais os elementos-chave para obter sucesso de vendas junto do público infanto-juvenil. Foi essa combinação de fatores que rendeu ao Bollycao o posto de honra na lista dos ‘snacks’ embalados favoritos de muitas crianças, e que o faz ser recordado até hoje por toda uma geração.

Foi tanto o sucesso do humilde pãozinho com chocolate que a Panrico arriscou mesmo, em meados dos anos 90, o lançamento de ‘variantes’, das quais a mais conhecida é o Bollycao Mix, cujo recheio combinava pasta de chocolate normal e chocolate branco. No entanto, como acontece na maioria dos casos deste tipo, estas variantes nunca chegariam sequer perto do sucesso do Bollycao original, acabando por desaparecer discretamente das prateleiras ao fim de algum tempo.

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E como não podia deixar de ser, tal como qualquer outro produto de sucesso, o Bollycao também teve os seus imitadores e ‘sósias’, determinados a roubar algum do ‘market share’ da Panrico. O primeiro desafio veio da Bimbo, através do imaginativamente chamado BimboCao, cuja embalagem era, digamos, ‘inspirada’ no snack da Panrico – que mais tarde viria a ‘retribuir o favor’ com a embalagem do Bollycao Mix, que copiava explicitamente o design da embalagem da concorrente. No entanto, embora em Espanha a ‘luta’ entre estas duas marcas tenha sido bastante acirrada, em Portugal, o Bollycao saiu como claro vencedor, com a Panrico, inclusivamente, a assimilar a Bimbo, que hoje em dia produz…Bollycaos!

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Se o Bollycao fosse a Barbie, o BimboCao seria a Sindy...

Assim, de longe o concorrente mais bem sucedido neste aspeto foi o Chipicao, importado para Portugal pela Chipita em 1995 como resposta direta ao sucesso de vendas da Panrico, e que. mesmo com 10 anos de atraso em relação ao principal concorrente, se conseguiu ainda assim estabelecer no mercado, onde aliás sobrevive até hoje.

Talvez a raiz do sucesso do Chipicao se deva ao facto de (ao contrário do malogrado BimboCao) ele não ser uma cópia EXACTA do Bollycao. Efetivamente, onde este tinha um formato tipo cachorro-quente, o Chipicao apresentava-se em formato ‘croissant’, o que era já de si um diferencial. A embalagem era, também, bastante diferente da do Bollycao, apostando também na cor amarela, mas apresentando um aspeto gráfico muito mais cuidado, inclusivamente com recurso a uma mascote ‘radical’ (e em 3D!), como era apanágio da época.

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A primeira embalagem portuguesa do Chipicao, com a sua mascote totalmente anos 90.

No entanto, enquanto produto comestível, o Chipicao era algo inferior ao Bollycao, mais fofo mas com uma distribuição de chocolate muito menos generosa do que a da sua congénere da Panrico (sendo que, muitas vezes, tanto o pão como a própria pasta de chocolate se apresentavam ressequidos, tornando o bolo praticamente incomestível.)

Isto seria, talvez, desculpável se este concorrente do Bollycao trouxesse brindes à altura do seu rival direto; no entanto, mais uma vez, a Chipita não estava à altura do desafio, sendo que os cromos do Chipicao (quando os havia) não eram nem de longe tão memoráveis quanto os do pão com chocolate da Panrico (o mesmo se passando, aliás, com o BimboCao). O bolo da Chipita ainda tentou aproveitar a onda dos ‘Tazos’, mas partiu com demasiado atraso para ter qualquer impacto nesse aspeto – para além do facto de os seus Tazos serem muito pouco memoráveis quando comparados aos da Matutano ou a outros, como os dos Power Rangers.

Ainda assim, tanto o Bollycao como o Chipicao (que também chegou a ter variantes, com recheio de morango ou baunilha, entre outros) marcaram uma época, e ambos tiveram os seus fãs – e é muito provável que os continuem a ter. Afinal, como referimos acima, qualquer dos dois produtos continua disponível nas prateleiras, e qual é a criança que não gosta de um bolo processado, com recheio de creme, brindes ‘à maneira’, valor nutritivo nulo, e a que a maioria dos pais torce o nariz? Esta combinação era praticamente garantia de vendas nos anos 90, e as crianças, ainda que tenham mudado desde então, também não mudaram assim tanto…

E vocês? Quais as vossas memórias destes dois bolos clássicos dos cafés e supermercados portugueses? De qual gostavam mais? Digam de vossa justiça nos comentários! Entretanto, fiquem com um anúncio clássico para vos reavivar a memória...

               

 

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