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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

22.09.24

NOTA: Este post é respeitante a Sábado, 21 de Setembro de 2024.

Os Sábados marcam o início do fim-de-semana, altura que muitas crianças aproveitam para sair e brincar na rua ou no parque. Nos anos 90, esta situação não era diferente, com o atrativo adicional de, naquela época, a miudagem disfrutar de muitos e bons complementos a estas brincadeiras. Em Sábados alternados, este blog vai recordar os mais memoráveis de entre os brinquedos, acessórios e jogos de exterior disponíveis naquela década.

Apesar da percepção generalizada de que cada nova geração de crianças e jovens se torna progressivamente mais sedentária e preguiçosa que a anterior, continua a haver pretextos, contextos e motivações irresistíveis para qualquer criança entrar em movimento. De uma simples bola de futebol a um insuflável, são inúmeros os exemplos de brinquedos e jogos que continuam a exercer uma atracção indelével sobre os mais novos, e a esta lista há ainda que juntar um brinquedo popularizado durante os anos 90 e que continua a fazer enorme sucesso – o chamado 'saltitão'.

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Mais frequentemente utilizado no contexto de aulas de ginástica para adultos, as tradicionais bolas gigantes vêm, desde há várias décadas, tendo também versões infantis, em tamanho reduzido e muitas vezes decoradas com autocolantes ou desenhos apelativos para a demografia-alvo. E se os adultos encontram uma série de usos distintos para estes equipamentos, entre os mais novos, os mesmos são utilizados para um único fim: sentar-se e, através da impulsão do corpo, fazer 'saltar' a bola, criando um efeito 'cavalgante'.

Uma daquelas brincadeiras básicas, intemporais e absolutamente irresistíveis, das quais uma criança da geração Z ou Alfa conseguiria, tendo a oportunidade, retirar tanto proveito quanto os seus pais, na mesma idade. Talvez por isso este tipo de brinquedo continue – ao contrário de tantos outros de que aqui falamos – a ser comercializado, uma situação que deverá manter-se até que o apelo de passar um Sábado (literalmente) ao saltos pelo jardim ou sala de estar, montado numa enorme bola de borracha maleável, deixe de se fazer sentir entre os humanos de uma certa idade.

08.10.21

Nota: Este post é relativo a Quimta-feira, 7 de Outubro de 2021.

Trazer milhões de ‘quinquilharias’ nos bolsos, no estojo ou na pasta faz parte da experiência de ser criança. Às quintas, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos brindes e ‘porcarias’ preferidos da juventude daquela época.

Qualquer criança ou jovem que se aproximasse de uma daquelas máquinas de bolas com brindes (aquelas em que se rodava o manípulo para fazer cair pela ranhura, directamente para a nossa mão, um dos ‘ovos’ contidos no interior) esperava que lhe saísse um dos prémios ‘bons’ que se podiam vislumbrar através do vidro. E apesar de todos sabermos que a colocação dos receptáculos no interior da máquina não era aleatória, e que o mais provável era que nos saísse um puzzle de cartão rasca em que as peças não encaixavam, essa esperança mantinha-se de toda e qualquer vez que utilizávamos estas máquinas, das quais paulatinamente falaremos neste nosso blog.

À falta de melhor, no entanto, a maioria das crianças contentava-se com um prémio que se inserisse no ‘meio termo’ entre o referido puzzle, ou a aranha de plástico duro sem um mínimo de realismo, e aquele iô-iô que espreitava pelo vidro, como que troçando da nossa ingenuidade; e um dos melhores prémios a que se podia aspirar nesta categoria intermédia eram as bolas saltitonas.

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Um exemplo acabado de produto auto-descritivo, as bolas saltitonas (que também se podiam comprar nas tabacarias e lojas de brindes, em diferentes tamanhos) eram precisamente isso: bolas de borracha, normalmente entre o tamanho de um berlinde ‘abafador’ (com os quais, aliás, tinham algumas semelhanças estéticas) e o de uma bola de golfe, às quais era dado um tratamento especial para que tivessem uma reacção de ricochete acima da média. Na prática, isto traduzia-se em brinquedos que, ao mínimo contacto directo com uma superfície, disparavam em vôo picado e errático, o qual só parava quando a bola deixava de encontrar superfícies das quais ressaltar, ou quando era travada em pleno vôo por uma mão certeira; ou seja, uma receita perfeita para deliciar as crianças, mas também para criar ódio entre os adultos, especialmente aqueles que tivessem amor ao mobiliário ou objectos que os rodeavam.

De facto, de uma perspectiva adulta, não é difícil perceber porque é que as bolas saltitonas eram tão frequentemente confiscadas nas escolas daquele Portugal dos 90s, e porque é que quem com elas jogava em casa era inevitavelmente repreendido pelos pais – tratavam-se de brinquedos com alta propensão para causar acidentes, especialmente dada a tendência da criança comum da época para não refrear o seu entusiasmo, e atirar as referidas bolas contra a superfície mais próxima com quanta força conseguisse. Do ponto de vista das crianças, no entanto, esta aversão dos adultos a um brinquedo tão ‘fixe’ e caótico não era mais do que ‘caretice’ da parte deles, e incentivo adicional para se continuar a brincar com o mesmo - pelo menos enquanto o plástico não começasse a lascar em sulcos por embater tantas vezes no chão. Talvez fosse por isso (ou talvez pela facilidade em obter este tipo de brinde) que não havia, nos anos 90, criança que não tivesse pelo menos duas ou três destas bolinhas de conceito extremadamente simples, mas suficientemente bem logrado para causar uma ‘febre’ em Portugal (e não só) durante mais de uma década.

Hoje em dia, continuam a existir bolinhas saltitonas, embora já não com a expressão que outrora tiveram; tal como tantas outros de que já falamos (e falaremos)  aqui no blog, no entanto, esta é daquelas brincadeiras em que é difícil ver a geração Alfa, criada na era da Internet e viciada em Fortnite e Candy Crush, a ter qualquer tipo de interesse. No entanto, trata-se também de um daqueles brinquedos que é verdadeiramente preciso ‘ver para crer’ – e só quem lá esteve naquela época sabe o grau de diversão e ‘vício’ que uma simples bolinha de borracha podia, verdadeiramente, proporcionar…

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