Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

19.08.23

Os Sábados marcam o início do fim-de-semana, altura que muitas crianças aproveitam para sair e brincar na rua ou no parque. Nos anos 90, esta situação não era diferente, com o atrativo adicional de, naquela época, a miudagem disfrutar de muitos e bons complementos a estas brincadeiras. Em Sábados alternados, este blog vai recordar os mais memoráveis de entre os brinquedos, acessórios e jogos de exterior disponíveis naquela década.

O Verão em Portugal é, em larga medida, sinónimo de idas à praia, piscina ou parque aquático - e estas, por sua vez, trazem associada toda uma série de brinquedos e produtos específicos. Já há algum tempo aqui falámos de um deles - os colchões insufláveis - e chega, agora, a altura de falarmos de outro, nomeadamente as pranchas de 'bodyboard' concebidas especialmente para crianças.

image.webp

Exemplo moderno dos produtos em causa.

Ainda hoje disponíveis em muitas lojas de praia - embora bastante menos comuns no areal em si do que em tempos já foram - estas pranchas constituíram, para muitas crianças dos anos 90, o primeiro contacto com os desportos aquáticos que tanto fascinavam a juventude da época; e ainda que não fossem, nem de longe, resistentes o suficiente para enfrentarem mesmo as ondas mais pequenas, estavam mais do que à altura da tarefa de emular, na orla da água, os 'verdadeiros' surfistas e 'bodyboarders' que explanavam os seus truques alguns metros mais à frente. Com algum jeito, era até possível fazer estas pranchas deslizar pela areia molhada, ao estilo 'skimboard', algo que não deixava de deliciar a demografia-alvo.

Assim, não é de admirar que estas pranchas se tornassem rapidamente, para quem as tinha, apetrecho indispensável de cada ida à praia - tão impossível de ser esquecido como o balde, as forminhas ou as raquetes - e, para quem não tinha, objecto de cobiça, que fazia sonhar com o momento em que também esses pudessem revoltear sobre a rebentação baixa à beira-mar, a 'treinar' para quando, anos mais tarde, pudessem verdadeiramente tornar-se desportistas radicais marítimos - um objectivo que as escolas de surf tornam, hoje, mais fácil, tornando as pranchas de brincar algo obsoletas. Ainda assim, para quem viveu no tempo em que nem tudo estava, ainda, largamente disponível, estes brinquedos terão, sem dúvida, marcado época, e contribuído para muitos Sábados aos Saltos durante as férias de Verão na praia...

02.05.23

Porque nem só de séries se fazia o quotidiano televisivo das crianças portuguesas nos anos 90, em terças alternadas, este blog dá destaque a alguns dos outros programas que fizeram história durante aquela década.

Qualquer conceito de sucesso – seja um produto ou, como neste caso, uma criação mediática – dará, inevitavelmente, azo a um sem-número de concorrentes e imitadores de índole muito semelhante, mas normalmente sem a qualidade e o factor originalidade que ajudavam a explicar o sucesso do pioneiro original. O Mundo da televisão não é excepção a esta regra - antes pelo contrário – sendo numerosos os exemplos de programas que tentam (com maior ou menor sucesso) replicar as ideias da concorrência, a fim de, idealmente, lhe retirarem uma parte do 'share' de audiências; assim, não é de todo surpreendente constatar que, em meados de 1995, a televisão estatal portuguesa tenha apostado precisamente nessa táctica para tentar 'roubar' espectadores à cada vez mais popular SIC, através de um programa praticamente 'tirado a papel químico' de um dos seus maiores êxitos.

Segundo genérico do programa.

Falamos de 'Sem Limites', um magazine apresentado por uma equipa de jovens entusiásticos, e que procurava divulgar eventos, nomes e técnicas ligados aos desportos radicais, de forma simples, entusiasmante e capaz de agradar ao público mais jovem, principal interessado nessas modalidades. E se este conceito soa estranhamente familiar, é porque o é, não sendo 'Sem Limites' mais do que a resposta da RTP ao mega-sucesso 'Portugal Radical' – embora o facto de, até hoje, muita gente confundir este programa com o 'rival' demonstre cabalmente quem ganhou essa 'batalha' em particular.

Ainda assim, e apesar de ter sido sempre o 'segundo classificado' nas 'competições radicais' dos Domingos de manhã, o 'Sem Limites' conseguiu, ainda assim, 'aguentar-se' no ar durante no mínimo quatro anos, tendo tido as primeiras emissões por volta de 1994 e permanecido na grelha da RTP até pelo menos a 1998, facto que demonstra que, apesar da forte concorrência 'privada', o programa não deixava, ainda assim, de encontrar a sua audiência – algo que, convenhamos, não era difícil naquela que foi a época de maior entusiasmo e interesse em torno dos desportos radicais.

No entanto, ao contrário do seu concorrente directo, o programa teve muito pouco impacto nostálgico na geração nascida e crescida nos anos 80 e 90, não tendo tido direito ao mesmo 'merchandising' oficial, revista e discos de banda sonora do concorrente, e a sua memória sobrevive, hoje em dia, sobretudo na secção de Arquivos do 'site' da RTP, onde se pode encontrar o equivalente a cerca de um ano e meio de episódios completos do programa; ainda assim, não deixa de ser de valor relembrar aquele que foi um dos exemplos mais 'descarados' e 'acabados' de cópia directa de um conceito na História da televisão portuguesa, numa 'jogada' que provou que a guerra das audiências dos anos 90 se desenrolava mesmo 'Sem Limites...'

Um segmento do programa, no caso, alusivo ao 'bodyboard'.

31.03.22

Os anos 90 viram surgir nas bancas muitas e boas revistas, não só dirigidas ao público jovem como também generalistas, mas de interesse para o mesmo. Nesta rubrica, recordamos alguns dos títulos mais marcantes dentro desse espectro.

Já aqui por diversas vezes mencionámos o fascínio que a juventude da década de 90 nutria pelos desportos radicais – perfeitamente ilustrada pelo sucesso não só de meios de locomoção como o skate, os patins em linha ou a BMX, mas também pelo sucesso do primeiro programa nacional inteiramente dedicado a este tipo de modalidade, o lendário Portugal Radical, que teve inclusivamente direito a uma versão em revista e a CD's de banda sonora lançados pelas principais editoras discográficas portuguesas.

Os desportos praticados na água não ficavam, de todo, de fora deste leque – antes pelo contrário, o 'surf', o 'bodyboard' e os seus 'parentes' menos famosos eram tão ou mais aliciantes para os jovens portugueses de finais do século XX e inícios do seguinte como qualquer dos desportos 'terrestres', como o demonstra a popularidade de toda e qualquer  marca de vestuário alusiva a esse tipo de modalidade. Mais - ao passo que estes se tinham de contentar com 'clipes' no Portugal Radical e um ou outro jogo para PlayStation ou Nintendo 64 como forma de se 'mostrarem' ao público-alvo nacional, os desportos aquáticos gozavam, cada um, de várias publicações especializadas, exclusivamente dedicadas a noticiar os mais recentes desenvolvimentos e eventos no seio de cada modalidade.

Surf Mag_Portugal_Surf Magazine_No_028_1994_.jpg

No caso do 'surf', essa tarefa cabia, durante os anos 90, à Surf Magazine, uma daquelas publicações cujo conteúdo ficava bem explícito logo a partir do título: eram páginas atrás de páginas dedicadas à divulgação de novas pranchas, cobertura de eventos especializados, apresentação do perfil de alguns dos principais nomes da modalidade, e, claro, os inevitáveis concursos, ainda e sempre parte integrante de qualquer publicação comercial. Com um grafismo estranhamente sóbrio para uma publicação dedicada ao 'surf' e lançada em inícios de 90 – quando imperavam, na sociedade em geral, os padrões chamativos e cheios de contrastes entre cores pastel e 'neon' de fazer doer os olhos – a Surf afirmava-se, desde logo, como uma publicação sóbria, que tratava tanto os praticantes como os adeptos deste desporto de forma séria, e que não descurava a cobertura de outros elementos culturais populares entre a sua demografia-alvo, como a música; talvez por isso a publicação tenha conseguido ultrapassar a marca da década e meia de vida nas bancas, do seu lançamento em 1987 até à eventual extinção em 2003.

Surf Mag_Portugal_SurfPortugal_No_015_1991_.jpg

Edição de 1992 da Surf Portugal, ainda com o grafismo mais vibrante

Por muito impressionante que essa marca fosse, no entanto – e era – outra ainda mais admirável foi estabelecida pela principal 'concorrente' da Surf Magazine nas bancas noventistas, a Surf Portugal. De conteúdo muito semelhante à da 'rival' (não é, afinal de contas, possível expandir muito sobre o conceito de uma única modalidade desportiva) esta publicação terá, presumivelmente, encetado com a Surf Magazine uma relação semelhante à que, no final da década, se verificaria no mundo da imprensa de jogos de vídeo, com as famosas Mega Score e BGamer – sendo que a 'Surf Portugal' tinha o atractivo extra de, nos primeiros anos, ter lançado calendários anuais, que os fãs da modalidade certamente apreciariam poder ter na parede.

De destacar, ainda, o grafismo mais 'radical' dos primeiros anos desta revista – mais na linha do que se esperaria, tendo em conta o tema e o público-alvo – o qual rapidamente se transmutaria em algo bem mais sóbrio e adulto, presumivelmente como forma de ser levada mais 'a sério', ou apenas de competir com a rival. Fosse qual fosse o motivo, a verdade é que esta abordagem claramente resultou, levando a quase três décadas de publicação ininterrupta – uma marca impensável para a maioria das revistas especializadas, e ainda mais para as que versam sobre interesses 'de nicho'.

Surf Mag_Portugal_SurfPortugal_No_024_1993_Jly-Aug

Número de 1993, já com o grafismo mais sóbrio

No final desta análise, fica a sensação de que, entre elas, as duas revistas de surf portuguesas terão feito as delícias dos adeptos da modalidade, que certamente apreciariam a possibilidade de escolher entre duas fontes de informação sobre o seu desporto favorito.

Não era apenas o 'surf' que tinha direito a representação nos quiosques e tabacarias nacionais, no entanto; o 'irmão pequeno' desta modalidade, o 'bodyboard', também contava com mais do que uma publicação disponível durante a época a que este texto respeita.

LojaVertAntigas.jpg

Exemplo dos diversos grafismos da Vert magazine ao longo das décadas

Destas, a mais famosa era a ainda resistente Vert Magazine, a auto-proclamada 'Bíblia do bodyboard nacional', que continua até hoje a servir como elo de ligação entre os membros da 'triBBo' e a sua modalidade de eleição, apresentando toda a gama de artigos acima discutidos aquando da análise às publicações de 'surf' e – como estas – assentando num grafismo sóbrio e abordagem séria à modalidade, que qualquer entusiasta certamente apreciará – um facto, aliás, corroborado pela longevidade da revista, cujo ciclo de publicação caminha também já a passos largos para as três décadas.

bodyboardportugalmag.jpg

Como acontecia no caso do 'surf', também a referência do 'bodyboard' nacional tinha, na década em causa, concorrência à altura, sob a forma da explicitamente intitulada Body Board Portugal. De conteúdo bastante semelhante ao da rival – como também acontecia com as duas publicações dedicadas ao 'surf' - esta revista destaca-se, no entanto, por ser a única a aderir (ainda que apenas ocasionalmente) aos 'clichés' visuais normalmente associados aos desportos radicais da época – como o comprova a caveira demoníaca e puramente 'heavy metal' que se afadiga a tentar engolir o logotipo da capa do número da revista que abaixo reproduzimos... Ainda assim, tais ocorrências pautavam-se por excepções, sendo o grafismo, no cômputo geral, tão discreto como o de qualquer das outras revistas de que aqui falámos nos parágrafos anteriores.

Capture.PNG

\m/ \m/

Em suma, os adeptos de 'surf' e 'bodyboard' dos anos 80, 90 e 2000 tinham, no que toca a publicações especializadas, tantas e tão boas opções como os entusiastas de carros ou motociclos – e mais do que os da maioria dos outros 'hobbies', como por exemplo a música. Uma situação, aliás, que se manteve no novo milénio, com o aparecimento de ainda mais publicações alusivas a estas duas modalidades – algumas, aliás, ainda existentes - embora nenhuma tão longeva quanto as analisadas neste post; ainda assim, mais uma prova de que a referida era foi mesmo a época de ouro dos desportos radicais...

21.08.21

As saídas de fim-de-semana eram um dos aspetos mais excitantes da vida de uma criança nos anos 90, que via aparecerem com alguma regularidade novos e excitantes locais para visitar. Em Sábados alternados, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos melhores e mais marcantes de entre esses locais.

E numa altura em que se avança a passos rápidos para o fim do Verão, nada melhor do que aproveitar o calor que ainda se faz sentir com umas idas até à praia, ao bom estilo ‘puto dos anos 90’. Ou seja: com as forminhas, as raquetes, as belas das sanduíches, e dinheiro no bolso para uma bola de Berlim ou língua-da-sogra. O ponto de encontro é debaixo da Bola Nivea da Praia dos Pescadores, OK?

Memorias-de-praia-da-nossa-infancia.jpg

Uma praia da Costa da Caparica, Lisboa, nos anos 90, com a tradicional 'bola Nivea' ao centro.

Agora a sério, a experiência de ir à praia enquanto criança não mudou assim tanto nos últimos trinta anos; continua a envolver areia – areia nos pés, nas toalhas, nos calções, no cabelo – água (para tomar umas belas ‘banhocas’ e dar uns ainda melhores mergulhos) bolos e sanduíches à sombra do guarda-sol, brincadeiras com os amigos (ou conversa até anoitecer, no caso dos mais velhos) e aquela sensação de cansaço bom, na volta, que faz adormecer ainda no carro ou na camioneta. Ou seja, todas as peças fundamentais do ‘bolo’ estão lá – o que muda são apenas os enfeites.

Isto porque algumas das principais diversões infantis dos anos 90 caíram um pouco no esquecimento – ou antes, no desuso – nas últimas décadas. Enquanto os jogos de bola ou a construção de castelos de areia ou ‘fossos’ mesmo junto ao mar (que rapidamente se enchem, claro) continuam a ser focos de interesse para os banhistas mais novos, alguns dos apetrechos mais comuns nas praias portuguesas dos anos 90 - as pranchas de bodyboard de tamanho e grafismo infantil, por exemplo, ou os colchões flutuadores, ou ainda as barbatanas e óculos de mergulho para ver debaixo das ondas – desapareceram quase por completo da beira-mar, vivendo, hoje em dia, apenas na memória dos pais e mães das crianças que hoje correm, de peito mais ou menos feito, para a água. Até mesmo as famosas raquetes parecem, hoje em dia, ter significativamente menos praticantes…

Ainda assim, como o regresso da Bola Nivea às praias da Costa da Caparica, em Lisboa parece indicar, existe ainda grande nostalgia por aqueles tempos inesquecíveis, em que cada ida à praia era uma experiência inesquecível, que ajudava a ‘fazer’ o Verão…

Um dia típico numa praia portuguesa dos anos 90, com os cumprimentos do YouTube.

 

Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Arquivo

  1. 2024
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2023
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2022
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2021
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
Em destaque no SAPO Blogs
pub