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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

10.02.23

Os anos 90 estiveram entre as melhores décadas no que toca à produção de filmes de interesse para crianças e jovens. Às sextas, recordamos aqui alguns dos mais marcantes.

Há 'blockbusters' mais 'blockbusters' do que outros. Apesar de a maioria dos filmes de grande orçamento ser um sucesso de bilheteira (tanto assim que as excepções entram para a História precisamente por esse facto) há uma categoria 'à parte' dentro dos mesmos, especialmente para aqueles filmes que, para além de terem um bom desempenho financeiro, batem recordes ou são recordados para a posteridade por outros motivos. E apesar de, nesta era de três filmes da Marvel por ano e um novo capítulo dos 'Vingadores' a cada dois ou três, tais métricas e distinções se começarem, rapidamente, a banalizar, tempos houve em que filmes destes apareciam, no máximo, duas a três vezes por década, e se tornavam autênticos fenómenos culturais, não só entre a juventude, mas entre fãs de cinema em geral, suscitando posteriormente reacções do tipo 'Onde é que estavas quando saiu tal filme...?'. A título de exemplo, em todos os anos 90 (uma das melhores décadas de sempre no tocante a cinema) entram para esta categoria não mais do que uma mão-cheia de filmes: 'Exterminador Implacável 2', 'Parque Jurássico', 'Matrix' e a obra que hoje abordamos, e que completou há pouco menos de um mês um quarto de século sobre a sua estreia em Portugal; e porque, nessa altura, estávamos ocupados a celebrar os trinta anos da estreia de 'Quanto Mais Idiota Melhor', vimos agora rectificar essa lacuna, e dedicar algumas linhas a uma das películas mais divisivas (e bem-sucedidas) da História do cinema moderno.

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Falamos, como é evidente, do inevitável e inescapável 'Titanic', o projecto megalómano de James Cameron que conseguiu transformar uma das maiores tragédias reais do século num ícone do cinema romântico, amealhando pelo caminho uma quantia recorde nas bilheteiras de todo o Mundo – incluindo nas portuguesas, onde o filme estreou a 18 de Janeiro de 1998 e de imediato conquistou os corações das cinéfilas femininas.

Fazendo uso explícito do 'sex appeal' de Claire Danes e de um Leonardo DiCaprio em estado de graça, no auge da sua fase de galã pós-adolescente, o filme tornar-se-ia um dos principais exemplos utilizados em qualquer debate sobre as divisões entre sexos; isto porque qualquer elemento do sexo masculino da epoca, especialmente abaixo de uma certa idade, tinha como dever odiar veementemente 'Titanic' - tarefa que, convenhamos, não era difícil, dados os exageros dramáticos a que o filme repetidamente se presta, já para não falar na presença de um dos piores temas de banda sonora de sempre.

NãOoOoOoO...!!!!!

De uma perspectiva mais adulta, é fácil ver que a película de Cameron não deixa de ter pontos fortes – em particular o início, em que DiCaprio se revela mais do que apenas uma 'carinha laroca' dando alguma substância ao simpático burlão Jack, sem falar nos espantosos e avassaladores argumentos técnicos – mas também não deixa de ser fácil admitir que o filme se presta a todos os 'memes', citações e paródias que suscitou nos seus vinte e cinco anos de existência. 'Exterminador 2' e 'Aliens' já tinham deixado bem claro que Cameron não é, exactamente, um cineasta subtil, mas os arroubos presentes em quase todas as cenas entre Jack e a sua amada Rose quase roçam a auto-paródia. De 'sou o rei do Mundo!' a 'estou a voar, Jack', há, de facto, muito com que 'gozar'...mas também muito que recordar, o que talvez tenha sido a intenção de Cameron – e, dessa perspectiva, a estratégia resultou em cheio, sendo este filme, pelo menos, tão 'citado' hoje em dia como os referidos 'Matrix' ou 'Exterminador 2'.

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Uma imagem que dispensa maiores legendas.

Vinte e cinco anos volvidos, e longe de todo o frenesim mediático e cultural em torno do filme, 'Titanic' aparece como aquilo que é: um 'blockbuster' normalíssimo, em que a história é apenas uma desculpa para ver pessoas bonitas em situações românticas – uma espécie de 'Top Gun' com um barco em vez de aviões, e sem final feliz para o casal principal. Uma pena, pois o projecto em si era perfeitamente válido e, com o orçamento megalómano que tinha ao dispôr, Cameron poderia ter feito um belíssimo drama histórico sobre a tragédia do 'Titanic', uma história já de si difícil de 'processar' como sendo real; ESSE filme, no entanto, dificilmente teria batido recordes de bilheteira, posto meio Mundo a suspirar por Leonardo DiCaprio e entrado para a História como um dos maiores 'blockbusters' de sempre, pelo que, de uma perspectiva comercial, não se pode )infelizmente) deixar de considerar que Cameron fez a escolha certa, ainda que a expensas de uma história que não só merecia ser devidamente contada, como também se prestava muito bem a um formato cinematográfico.

16.04.21

Os anos 90 estiveram entre as melhores décadas no que toca à produção de filmes de interesse para crianças e jovens. Às sextas, recordamos aqui alguns dos mais marcantes.

E hoje falamos daquele que é, senão o mais marcante, pelo menos um dos mais marcantes filmes dos anos 90 para todos aqueles que tinham idade suficiente para o ver: o glorioso e inesquecível ‘Parque Jurássico’.

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Lançado em 1993, mas chegado a Portugal com alguns meses de atraso, este filme trazia a chancela, por um lado, de Steven Spielberg – O realizador por excelência de filmes ‘de família’ nos anos 80 e 90 – e, por outro, da Industrial Light and Magic, a lendária companhia de efeitos especiais de George Lucas, que se encarregava dos efeitos e criaturas do filme.

A junção destes dois gigantes da indústria de ‘blockbusters’ para todas as idades só podia mesmo resultar num clássico do género, e foi sem dúvida nisso que ‘Parque Jurássico’ se tornou, cativando crianças e adolescentes um pouco por todo o Mundo, e lançando – ou relançando – o interesse das mesmas nesses seres misteriosos e majestosos chamados dinossauros.

Portugal não foi, é claro, excepção, e naquele ano de 1994 era difícil encontrar uma criança, especialmente do sexo masculino, que não tivesse pelo menos um dinossauro de borracha no quarto. A maioria, além dos brinquedos, tinha também livros explicando a vida destes seres – em maior ou menor detalhe – além de outros objetos alusivos ou à pré-história, ou pelo menos ao filme de Spielberg. O sucesso da temática pré-histórica entre as crianças portuguesas já não era novidade à época – o Museu Nacional de História Natural já tivera enorme sucesso com a sua exposição sobre dinossauros no início da década – mas ‘Parque Jurássico’ veio contribuir para que mesmo quem não tinha qualquer interesse nesse tipo de assunto tentasse descobrir o máximo possível sobre a verdadeira existência das criaturas retratadas no filme.

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Quem era da idade certa e não tinha pelo menos um destes em 1994, que se acuse...

A razão de tal sucesso é fácil de compreender; o filme combina um argumento inteligente ‘para todas as idades’ (cheio de ação e aventura mas com o cuidado de criar personagens memoráveis para alicerçar os momentos mais excitantes) com efeitos especiais que continuam a ser impressionantes quase trinta anos depois, criando uma fórmula vencedora e única que tanto a ‘concorrência’ como os próprios Spielberg e Lucas nunca mais conseguiriam repetir. Certos momentos do filme (como o primeiro contato da equipa de cientistas com um dos dinossauros recriados, a famosa cena com o T-Rex, na floresta, ou a igualmente célebre cena com as duas crianças na cozinha) eram extremamente eficazes em evocar as emoções corretas por parte do público-alvo, fossem elas de fascínio ou de medo – sendo este, aliás, um dos pontos mais fortes de Spielberg como realizador. Os seus filmes tendem a colocar o espectador ‘ali mesmo’, com os personagens, a sentir o que eles sentem – e, nesse aspeto, ‘Parque Jurássico’ não é, definitivamente, exceção. Em suma, o filme merece não só o sucesso de que gozou à época, mas também o estatuto de clássico que adquiriu desde então, continuando a constituir uma excelente escolha para uma tarde de cinema em família.

Com todo o burburinho que causou, e lucro de bilheteira que obteve, não foi de todo de admirar que ‘Parque Jurássico’ fosse alvo de uma sequela ainda na mesma década.

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Lançado nos cinemas quatro anos depois do original, em 1997, ‘O Mundo Perdido’ baseava-se, tal como o original, num romance de Michael Crichton, ele próprio uma sequela do livro em que o primeiro filme se baseara. Infelizmente, tanto o livro como o filme ficaram muito aquém dos seus antecessores, não tendo conseguido causar a mesma sensação do original – talvez por a fórmula já estar gasta, ou talvez por o público que aderira em massa ao filme de 1993-94 ser agora alguns anos mais velho, e ter já ultrapassado a ‘fase’ dos dinossauros.

Apesar deste revés, o ‘franchise’ teria ainda ‘pernas’ suficientes para se esticar a uma segunda (e discretíssima) sequela, já no novo milénio - o estúpido-mas-divertido ‘Parque Jurássico 3’, lançado em 2001, já muito longe do orçamento de produção e ‘glamour’ mediático do primeiro filme da série.

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Ainda assim, o terceiro episódio vale a pena para os fãs do original, já que introduz um novo dinossauro, o estupidamente ‘cool’ Spinosaurus – isto para além de não ser, de todo, um mau filme de aventuras para toda a família, tendo herdado pelo menos essa característica do seu antecessor.

Apesar deste último esforço, no entanto, o ‘franchise’ ‘Parque Jurássico’ ficar-se-ia mesmo por aí…pelo menos até 2015, ano em que – em plena febre dos ‘reboots’ – também esta série seria alvo de um ‘novo início’, com Tom Hardy no papel principal que, em tempos, fora de Sam Neill.

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Agora com o título de ‘Mundo Jurássico’ – porque um ‘remake’ tem sempre de ser maior e mais ambicioso – o filme centrava-se no parque zoológico do mesmo nome, construído no local do parque original, e que também não conseguia evitar alguns dos problemas que assolaram o mesmo – nomeadamente a tendência que criaturas de vários metros de altura e dentes aguçados têm para perseguir visitantes indefesos… Divertido ‘sem mais’, o filme foi no entanto um êxito de bilheteira, dando azo (até agora) a pelo menos uma sequela, que - como já havia sido o caso com ‘O Mundo Perdido’ – foi bastante menos bem recebida que o original.

Nenhum destes filmes, no entanto, consegue superar o original, que continua a afirmar-se como o expoente máximo da franquia, vinte e sete anos após o seu lançamento em Portugal ter tornado toda uma geração de ‘putos’ em maníacos dos dinossauros. E vocês? Contavam-se entre eles? Que pensavam do filme? Deste lado, éramos definitivamente fãs, daqueles que tinham um cesto cheio de replicas de borracha das diferentes espécies, e ‘devoravam’ tudo quanto fossem livros sobre o assunto. Também era o caso convosco? Partilhem as vossas opiniões nos comentários! Entretanto, fiquem com o tema clássico de John Williams, para vos ajudar a reavivar as memórias...

DO-DO-DOOO-DOO-DOO! DO-DO-DOOO-DO-DOO! DO-DO-DOO-DOO!

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