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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

01.12.22

Todas as crianças gostam de comer (desde que não seja peixe nem vegetais), e os anos 90 foram uma das melhores épocas para se crescer no que toca a comidas apelativas para crianças e jovens. Em quintas-feiras alternadas, recordamos aqui alguns dos mais memoráveis ‘snacks’ daquela época.

Numa época em que o Inverno já está declaradamente instalado, em que as temperaturas descem e os dias ficam mais curtos (tanto assim que quem tem aulas de tarde, ou trabalha em horário laboral, já regressa a casa de noite) existem certas 'comidas de conforto' a que ninguém, e ainda menos uma criança ou jovem, resiste. Dessas, uma das principais é o bom e velho chocolate quente (que não deve ser confnndido com o também bom e velho leite com chocolate, que serve funções diferentes) o qual, nos anos 90, surgia na consicência popular sobretudo através de três marcas: Suchard Express, Cola Cao e Nesquik.

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As embalagens clássicas dos três achocolados portugueses.

E a verdade é que, embora o produto em si fosse fundamentalmente o mesmo, cada uma destas variedades apresentava um posicionamento de mercado bem distinto, que lhe garantia a fidelização de um determinado segmento de público; o Cola Cao, por exemplo, apresentava-se como uma marca algo mais 'radical' do que as outras duas, apostando numa suposta ligação ao desporto, enquanto que a Suchard apostava no classicismo e reconhecimento do nome, e a Nesquik baseava toda a sua estratégia de mercado em torno da sua memorável mascote, o Coelho Quicky (o sucessor do canguru que, à época, ainda se podia ver em painéis de patrocínio no Jardim Zoológico de Lisboa.)

Exemplos das estratégias comerciais adoptadas por cada uma das três marcas.

Assim, não é de admirar que a primeira e a última fizessem mais sucesso entre o público mais jovem, enquanto a Suchard se afirmava como a bebida achocolatada que se encontrava no armário de casa da avó, e se bebia nesse mesmo contexto. Também não é, de todo, surpreendente – tendo em conta as tendências típicas da infância e juventude – que cada uma das bebidas supramencionadas tivesse os seus 'defensores', prontos a denegrir quaisquer dos nomes concorrentes e a exaltar as virtudes da sua marca de eleição.

O que é, sim, curioso – tendo em conta as tendências de mercado tantas vezes aqui abordadas – é o facto de todas as três bebidas continuarem a constar das prateleiras dos supermercados e hipemercados nacionais, em formatos quase totalmente inalterados em relação aos de há trinta anos atrás (sendo a principal mudança uma lógica e expectável actualização gráfica.) Juntamente com produtos como o Nestum, Cerelac ou Tulicreme (de que aqui paulatinamente falaremos) estas marcas de achocolatados continuam a 'resistir ainda e sempre ao invasor', constituindo um dos poucos elos de ligação restantes a uma época que, cada vez mais, vai desaparecendo da vida quotidiana dos portugueses...

 

13.10.22

NOTA: Por motivos de relevância, esta semana, trocaremos a ordem das Quintas ao Quilo com as do Quiosque; estas últimas voltarão para a semana.

Todas as crianças gostam de comer (desde que não seja peixe nem vegetais), e os anos 90 foram uma das melhores épocas para se crescer no que toca a comidas apelativas para crianças e jovens. Em quintas-feiras alternadas, recordamos aqui alguns dos mais memoráveis ‘snacks’ daquela época.

Reza um velho ditado que 'uma imagem vale mais do que mil palavras', e tal axioma torna-se ainda mais verdadeiro num meio maioritariamente visual, como é o caso da Internet. No entanto, como também  demonstrámos, por experiência própria, nas páginas deste mesmo 'blog', certos itens nostálgicos parecem ter sido Esquecidos Pela Net, sendo praticamente impossível encontrar imagens dos mesmos sem recorrer a meios próprios e mais 'artesanais'. E se, até agora, nos havíamos conseguido 'desenrascar' nesse capítulo, no que toca ao assunto do 'post' de hoje, confessamo-nos derrotados; por mais que se procure, NÃO existem na 'net' quaisquer imagens do artigo em causa.

Falamos do sumo de frutas de Astérix comercializado em Portugal em finais dos anos 90, que apenas a memória de o consumir numa ou outra festa de anos nos impede de classificar como uma memória falsa, ou figmento da imaginação. Essa mesma memória diz-nos, ainda, que o referido sumo era vendido em pacotes 'Tetrapak', ao estilo dos do Um Bongo ou Fresky (bebidas com que muito se assemelhava, até em termos de sabor) ilustrados com a famosa imagem do guerreiro gaulês a beber a poção mágica e a sentir, de imediato, os seus efeitos, ao mais puro estilo Red Bull. Tal como no caso dos concorrentes supracitados, esta imagem era comum aos dois ou três sabores em que o sumo era comercializado (os habituais tutti-frutti, laranja, e possivelmente também de ananás, embora a nossa memória já remota não permita ter a certeza) sendo a cor da 'lombada' a única forma de os distinguir.

Em termos de gosto, conforme já referimos, o sumo Astérix ficava extremamente próximo dos seus congéneres e companheiros de escaparate, não passando de um sumo de frutas industrial mediano, sem nada que o notabilizasse, quer pela positiva, quer pela negativa; o principal aspecto diferenciador era, mesmo, a licença, que apanhava ainda a ponta final do ressurgimento da popularidade de Astérix, Obélix e restantes irredutíveis gauleses. Talvez por isso a longevidade deste sumo no mercado português tenha sido curta, e o seu impacto reduzido o suficiente para o inserir, firmemente, na categoria dos Esquecidos Pela Net. Ainda assim, e pese embora a falta de imagens, não podíamos deixar passar em claro aquele que era ainda outro dos muitos produtos com os personagens de Goscinny e Uderzo a surgir na esteira do 'renascimento' destes últimos – ainda que, neste caso, se tratasse de um dos menos memoráveis...

21.07.22

Todas as crianças gostam de comer (desde que não seja peixe nem vegetais), e os anos 90 foram uma das melhores épocas para se crescer no que toca a comidas apelativas para crianças e jovens. Em quintas-feiras alternadas, recordamos aqui alguns dos mais memoráveis ‘snacks’ daquela época.

Hoje ligados a uma vertente mais dietética e 'fitness', os iogurtes líquidos apontavam, nos anos 90, a um público mais jovem, como aliás acontecia à época com a maioria dos produtos do mesmo tipo; longe dos grafismos sóbrios, adultos e 'chatos' de hoje em dia, produtos como o Yop e o Yoggi – os dois líderes de mercado – apostavam em logotipos atractivos e elementos ligados a uma atitude jovem e até 'radical', com vista a atrair um público que, na verdade, já se rendera à combinação vencedora de sabor, saúde e conveniência apresentada por estes produtos.

A tentativa mais declarada neste sentido, no entanto foi feita por uma das outras líderes de mercado, a Danone, cuja entrada no mercado dos iogurtes líquidos se fez com um produto que, mais do que sugerir uma atitude progressiva e 'cool', a exibia aos quatro ventos, num daqueles exageros de 'marketing' que não mais se veriam após os primeiros anos do novo milénio.

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Um daqueles anúncios modelo 'ver para crer' - e a única prova de que o B Cool existiu disponível na Internet neste momento!

Posicionando-se como uma resposta alternativa e 'fixe' às bebidas 'quadradas' até então disponíveis (representadas nas publicidades por um sumo Tetra-Pak, que fazia as vezes dos verdadeiros alvos, as competidoras) a fabulosamente denominada B Cool apresentava, numa só embalagem, todos os elementos que a cultura popular de hoje em dia associa à primeira metade dos anos 90, do referido nome ao esquema de cores deliberadamente berrante e às designações alternativas dadas a cada um dos sabores disponíveis, como 'Sunrise' – tudo com o âmbito de se fazer valer como mais do que aquilo que era: um bom iogurte líquido, nem pior nem melhor do que os competidores mais estabelecidos, ainda que permitisse provar alguns sabores ligeiramente mais exóticos.

Ironicamente, apesar de todo o 'marketing' e das tentativas quase cómicas de captar a atenção do público-alvo, o B Cool teria uma vida relativamente curta nas prateleiras dos supermercados – tanto assim que, hoje em dia, faz parte do selecto grupo dos Esquecidos Pela Net, tendo sido necessário recorrer a uma captura de ecrã retirada de uma digitalização em PDF para ilustrar este post. Ainda mais ironicamente, o iogurte que tomaria o lugar deste produto (muito) do seu tempo – o delicioso Dan'Up - apresentaria um grafismo muito mais sóbrio, valendo-se, não de quaisquer truques de marketing, mas antes do nome e reputação do fabricante e de uma combinação invulgar e deliciosa de sabores (morango e banana) para encontrar o seu público, não sendo, pois, de surpreender que continue a ser comercializado até aos dias de hoje. Quanto ao seu irmão mais velho, a sua curta e pouco memorável existência serve de advertência a companhias que dêem primazia a um estilo de marketing imediatista e rapidamente datado, sobre outro mais sóbrio e intemporal: embora a táctica tenda a resultar num primeiro momento, o mais provável é que o produto em causa rapidamente caia no esquecimento quando a referida abordagem 'passar de moda' - como foi, claramente, o caso com o B Cool...

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