Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

23.10.24

A banda desenhada fez, desde sempre, parte da vida das crianças e jovens portugueses. Às quartas, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos títulos e séries mais marcantes lançados em território nacional.

De entre as inúmeras máximas populares da língua portuguesa (e não só), 'as aparências iludem' ou 'nem tudo o que parece, é' são duas das que mais frequentemente se demonstram correctas, em todos os aspectos da vida quotidiana, incluindo no tocante à produção criativa e artística. Algo que, à primeira vista, parece inocente ou inofensivo pode, de facto, ser significativamente diferente do que aparenta, sem que tal se torne evidente até depois de o 'mal' já estar feito. O panorama mediático português dos anos 80, 90 e 2000, por exemplo, esteve repleto de exemplos deste paradigma, sendo sobretudo graças ao mesmo que os jovens da época puderam ter contacto com produtos que tinham toda a aparência de lhes serem dirigidos, mas que, de facto, se destinavam a um público decididamente adulto - subterfúgio esse que permitiu a muitas crianças e adolescentes ficar a conhecer séries como 'Os Simpsons' ou 'South Park', e bandas desenhadas como 'Condorito' (uma BD estilo 'brejeiro' importada da América do Sul) ou aquela de que falamos neste 'post', e que, ao contrário dos restantes exemplos, nada tem de divertido, devendo mesmo ter traumatizado a sua quota-parte de jovens à época de lançamento.

image.webp

Isto porque 'Maus', de Art Spiegelman (produzido em duas partes entre 1986 e 1991, e lançado em Portugal pouco depois, já com honras de vencedor do Pulitzer) utiliza a imagética tipicamente infantil de canídeos, felinos e roedores antropomórficos – estes últimos os 'Ratos' do título, que nada tem a ver com malfeitores, e reflecte apenas a palavra alemã para designar essa espécie animal – para abordar os horrores do Holocausto em primeira pessoa, através de declarações do próprio pai de Spiegelman, sobrevivente dos campos de concentração da II Guerra Mundial. Os judeus são, assim, transformados em ratos, os Nazis (inevitavelmente) em gatos e os americanos em cães, com a parcela não-judaica da população polaca a ser retratada, pouco honrosamente, como integrante da raça suína. Com estes elementos alegóricos se desenrola, então, uma narrativa que tem tanto de realista quanto o cenário tem de absurdista, numa dicotomia que poderá bem ter deixado os leitores mais incautos (e mais novos), que esperavam uma 'história de ratinhos', com os cabelos em pé. Quem sabia, de antemão, ao que ia não terá, no entanto, deixado de apreciar a mestria com que esse recurso é aplicado à narrativa, a qual valeu ao livro o bem merecido prémio de literatura.

image020.webp

O impacto de 'Maus' não diminuiu, aliás, com a passagem do tempo. Ao contrário da maioria das obras que aqui abordamos, a duologia de Spiegelman continua não só disponível como presente na memória cultural portuguesa, tendo inclusivamente sido re-traduzida e condensada num só volume, formato no qual se encontra actualmente à venda. Oportunidade perfeita, pois, para quem leu à época apresentar à nova geração esta magnífica obra – desta vez, de preferência, com pré-aviso quanto à natureza da mesma, para evitar os equívocos e potenciais traumas derivados da sua própria abordagem ao trabalho...

24.07.24

A banda desenhada fez, desde sempre, parte da vida das crianças e jovens portugueses. Às quartas, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos títulos e séries mais marcantes lançados em território nacional.

É uma verdade inegável que, de entre todos os personagens da Walt Disney, o Rato Mickey goza do estatuto de 'estrela', tendo desde sempre sido a 'cara' da companhia, e contando-se hoje em dia entre os ícones 'pop' mais reconhecíveis a nível mundial; no entanto, não é menos acertado dizer que o Pato Donald ocupa um segundo lugar muito próximo nessa lista, surgindo à frente de Pateta (o terceiro personagem do 'trio maravilha' da BD Disney) e da própria namorada de Mickey, Minnie. Assim, não é de todo de espantar que, aquando dos dois aniversários marcantes que o pato mais famoso do Mundo celebrou durante os anos 90, a sua editora nacional da altura realizasse uma comemoração 'à altura', tal como fizera por ocasião dos aniversários de sessenta e cinco e setenta anos de Mickey. O resultado foram duas edições comemorativas que – ao contrário do que sucedia com pelo menos uma das do Rato Mickey – valia bem a pena ter na colecção para quem fosse fã da irascível ave aquática de fato de marinheiro.

pt_pdan60_1a_001.jpeg

A primeira destas, que comemora dentro de um par de dias (a 26 de Julho) o trigésimo aniversário da sua chegada às bancas, era alusiva aos sessenta anos de Donald, e trazia quase duzentas e quarenta páginas com quase duas dezenas e meia de histórias protagonizadas pelo pato aniversariante e seu restante núcleo, com especial ênfase para os seus sobrinhos, catalistas da dinâmica familiar presente em muitas histórias do personagem. Infelizmente, das vinte e quatro aventuras que compunham o volume, a esmagadora maioria era de produção (à época) moderna, tendo sido originalmente publicada em meados da década de 80, o que fazia da edição pouco mais do que um Hiper Disney tematizado em torno do aniversário de Donald. Ainda assim, uma edição de valor para quem privilegiasse o coleccionismo, pese embora o proibitivo preço (quase setecentos escudos, uma 'pequena fortuna' em 1994, sobretudo no tocante a banda desenhada).

pt_pdan65_1a_001.jpeg

Previsivelmente, muitas das falhas dessa primeira edição eram corrigidas na segunda, saída quase exactamente cinco anos depois, no mesmo mês de Julho (embora a data exacta de publicação não se encontre, neste caso, disponível) e que comemorava os sessenta e cinco anos do pato marinheiro. De facto, apesar de contar com apenas dois terços das páginas da 'irmã mais velha' (menos de duzentas), esta edição tirava o máximo proveito do espaço de que dispunha, apresentando não só uma mistura mais equilibrada de histórias antigas e modernas (com mais de metade – cinco em nove – assinadas por Carl Barks) como também uma estrutura seccionada por temas, cada um deles introduzido por uma página de texto informativo, e ainda uma capa e contra-capa dedicadas e devidamente assinaladas. Medidas que, em edições menos especiais, poderiam parecer 'para encher chouriços', mas que, neste contexto, dão ao volume o carácter diferenciado que se espera de uma edição de aniversário – e tudo por menos de quinhentos escudos, o que, em 1999, era consideravelmente menos do que os setecentos de 1994! Estes pequenos mas nada insignificantes ajustes ajudavam a fazer da edição '65 Anos' a melhor das duas, e mais do que colmatavam a redução em conteúdo e número de páginas, tornando-a quase essencial para fãs do temperamental pato.

2012020820484200001[1].jpeg

De realçar ainda duas edições, ambas de 1994 e ambas publicadas à margem das 'oficiais' da Abril: 'Feliz Aniversário, Donald – O Livro de Ouro das Suas Melhores Histórias', publicada pela RBA Editora como parte da colecção 'Disney em Banda Desenhada', e o livro do mesmo título da colecção 'Clássicos da BD'. Ambas são bem sucedidas em transmitir a sensação de 'edição de luxo', com as suas capas encadernadas e de cuidado desenho, mas (apesar dos títulos quase idênticos) os conteúdos de ambas são vastamente diferentes: o volume da RBA Editora segue, em larga medida, a mesma linha das edições da Abril, abrindo com três páginas dedicadas à génese do personagem e uma quarta com instruções sobre como desenhar Donald, e partindo daí para uma colectânea de histórias de todas as eras do personagem, enquanto o segundo livro foca-se, sobretudo, nas informações sobre a génese e percurso do aniversariante, descurando o aspecto de BD em si (embora contenha ainda duas histórias, nas últimas páginas.) Duas abordagens completamente diferentes, mas que resultam ambas bastante bem, podendo mesmo ser consideradas melhores do que qualquer das propostas da Abril/Controljornal, as quais não tinham quaisquer pretensões a ser algo mais do que revistas aos quadradinhos ligeiramente mais luxuosas do que a média.

IMG_5929.jpeg

Independentemente do volume em que recaísse a escolha do jovem leitor, no entanto, uma coisa é certa: o sexagésimo e sexagésimo-quinto aniversários de Donald foram celebrados com tanta ou mais pompa e circunstância que o do 'melhor inimigo', e providenciou aos fãs do pato mais famoso do Mundo muito e bom material de leitura durante aqueles Verões de 1994 e 1999. Feliz aniversário, Donald, e que contes ainda muitos.

19.06.24

A banda desenhada fez, desde sempre, parte da vida das crianças e jovens portugueses. Às quartas, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos títulos e séries mais marcantes lançados em território nacional.

Na última semana, temos vindo a focar os nossos 'posts' em produtos alusivos, ou derivados, das séries exibidas, em inícios dos anos 90, pelo espaço Clube Disney; e, depois de termos falado dos diversos videojogos protagonizados por personagens das mesmas, nada melhor do que dedicarmos a nossa atenção ao 'outro' grande meio artístico em que a companhia se movia, além dos desenhos animados – a BD. Isto porque, apesar de a maioria das séries em causa apenas ter direito a tradução em Português 'de Portugal' já vários anos após a sua saída do 'ar' (nomeadamente através de diversas séries de álbuns aparentemente desconexas e algo aleatórias), foram ainda assim feitos alguns esforços para apresentar histórias alusivas a alguns dos personagens ainda durante o apogeu da sua popularidade, nomeadamente por parte da editora por excelência de materiais Disney em Portugal, a então ainda chamada Abril Jovem. De entre estes, destaca-se a edição de um luxuoso álbum encadernado, com centenas de páginas, exclusivamente dedicado à reprodução de histórias com a 'marca' DuckTales, das quais existia já uma vasta selecção do outro lado do oceano, por terras de Vera Cruz.

pt_dt_01a_001.jpeg

Certamente editado em simultâneo com a transmissão da série na RTP, por forma a capitalizar sobre a sua popularidade (embora a data exacta de publicação seja desconhecida), 'DuckTales – Os Caçadores de Aventuras' era uma importação directa do Brasil (o que explica a utilização do título empregue naquele país, por sinal MUITO melhor e mais adequado que o português) e reunía, num só volume, nada menos do que quatro números da revista brasileira do mesmo nome, a qual, mau-grado a profusão de edições transatlânticas no mercado português, nunca chegou a ser distribuída por terras lusas. No total, eram doze histórias, distribuídas ao longo de quase trezentas páginas (!) nas quais cabiam, também, frontispícios informativos e contextualizantes, e até uma página de passatempos. Um verdadeiro 'maná' de material a explorar para fãs da série, e que apenas torna mais deprimente o facto de nenhuma destas histórias alguma vez ter tido uma edição 'a sério' em Portugal.

Ainda assim, este álbum não terá deixado de constituir um verdadeiro 'evento' para quem tinha interesse na série em causa, fazendo por justificar o sem dúvida exorbitante preço de revenda, e destacando-se decididamente da miríade de edições 'normais' deitadas para as bancas pela hegemónica Abril a cada novo mês durante a época em causa.

24.04.24

A banda desenhada fez, desde sempre, parte da vida das crianças e jovens portugueses. Às quartas, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos títulos e séries mais marcantes lançados em território nacional.

Em tempos considerado a personalidade mais conhecida em todo o Mundo (fosse fictícia ou de 'carne e osso') o Rato Mickey continua, até hoje, a ser um ícone verdadeiramente intemporal da cultura popular, presente no imaginário infanto-juvenil de todas as gerações surgidas desde a sua criação em finais dos anos 20, e sempre com o mesmo (alto) nível de popularidade. Assim, não é de surpreender que cada novo aniversário do roedor mais famoso do Mundo seja motivo para celebração, com um sem-número de eventos alusivos à data e transversais a todas as áreas culturais em que o rato de Walt Disney se inseriu; e, sendo a banda desenhada uma das principais de entre elas, tão-pouco é de espantar que se tenham verificado, ao longo dos anos, uma série de edições comemorativas, lançadas um pouco por todo o Mundo.

Enquanto mercado da 'linha da frente' no consumo de banda desenhada em finais do século XX, Portugal não podia, claro, ser excepção a esta regra, tendo visto serem lançadas uma série de especiais alusivos ao aniversário de Mickey, pela mão da Abril, então detentora dos direitos de edição das BD's Disney em Portugal. O primeiro destes, de 1988, era uma verdadeira edição histórica, com vários volumes que traçavam o percurso de Mickey através das décadas; já o segundo pouco passava de uma revista vulgar, com as únicas alusões à efeméride a terem lugar no desenho de capa – e, para cúmulo, lançada com atraso de quase um ano! Um deslize que, crédito lhe seja feito, a editora tentou corrigir com o lançamento seguinte, editado há vinte e cinco anos, por ocasião dos setenta anos de Mickey, que surgia em formato encadernado e dividida em dois volumes, num total de quase duzentas páginas de banda desenhada.

pt_ma70_1a_001.jpegpt_ma70_2a_001.jpeg

Capas dos dois volumes do especial, cada um com cem páginas.

Felizmente, tal como acontecera com o especial de 1988, também aqui a qualidade do conteúdo se coadunava com a apresentação, surgindo cada um dos volumes dividido em secções temáticas, cada uma com um respectivo texto introdutório e explicativo. O primeiro volume trazia, assim, uma parte dedicada às tiras diárias de Floyd Gottfredson, outra ao detective Sir Lock e outra à 'Patrulha Estelar' que trazia Mickey e Pateta como astronautas e heróis futuristas; já o segundo tomo trazia secções alusivas aos principais coadjuvantes e personagens secundários do universo de Mickey, como o Capitão Plim, o extraterrestre Esquálidus e o inevitável Pateta – embora, estranhamente, deixando de fora nomes tão icónicos como João Bafo-de-Onça, Mancha Negra e, claro, a namorada do herói, Minnie. Deste volume faziam, ainda, parte um texto genérico sobre outros personagens, um 'cantinho do artista', onde eram publicados alguns desenhos enviados para a editora por fãs do rato e respectivos amigos, e uma história interactiva, em prosa, que convidava os leitores a resolverem o mistério de onde estaria o bolo de aniversário de Mickey.

No cômputo geral, portanto, uma edição que fazia por justificar o (sem dúvida exorbitante) preço de capa, e por 'emendar a mão' após a 'derrapagem' por altura dos sessenta e cinco anos do personagem – objectivos que atingiu com louvor, perfilando-se como uma homenagem tão adequada como justa e sentida a um dos maiores personagens de banda desenhada de sempre, que (aos quase cem anos de 'vida') continua tão relevante como sempre foi.

13.09.23

A banda desenhada fez, desde sempre, parte da vida das crianças e jovens portugueses. Às quartas, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos títulos e séries mais marcantes lançados em território nacional.

No início dos anos 90, o suplemento de banda desenhada era apenas mais um dos muitos 'extras' oferecidos na compra de uma qualquer edição de fim-de-semana de um jornal português, tão comum como a inevitável revista ou o caderno de classificados. Entre os periódicos nacionais da época a contar com este tipo de suplemento contavam-se o Expresso, cujo suplemento era composto por histórias da Disney, o Diário de Notícias e ainda o Público, ambos os quais se focavam sobretudo sobre a BD franco-belga. E porque já no passado dedicámos 'posts' neste nosso blog aos dois primeiros exemplos mencionados, chega agora a altura de completar a 'trilogia' e falar do suplemento Público Júnior.

202004291006.jpeg

O único vestígio deste suplemento existente na Net permite verificar a tendência mais artística das suas capas por comparação com o 'rival' BDN.

Semelhante, em conceito e estrutura, ao 'rival' BDN, do Diário de Notícias, o Público Júnior destacava-se, sobretudo, pelo grafismo, que o fazia parecer um suplemento bem mais 'adulto' do que qualquer dos dois concorrentes – o que acabava por ser uma 'faca de dois gumes', pois a falta de uma imagem de capa que atraísse a demografia-alvo podia, facilmente, redundar na ausência de interesse por parte do mesmo; ainda assim, o Público escolheu manter-se fiel à sua identidade, e as capas do suplemento raramente deixaram de ter um conceito gráfico único e distinto da concorrência.

No tocante ao conteúdo, passava-se algo semelhante, já que o Público Júnior oferecia o mesmo tipo de BD franco-belga veiculada pelo BDN, com heróis como Spirou e Fantasio, mas também outro tipo de artigos, quer de índole mais recreativa, quer mais educativa, o que o ajudava a afirmar-se como um suplemento mais completo do que o 'rival', e mais próximo de uma 'verdadeira' revista infantil, do género que, à época, fazia furor entre os jovens. De facto, apesar de, hoje em dia, se encontrar significativamente mais Esquecido Pela Net do que o concorrente – e de o mesmo ter, potencialmente, agregado a preferência das crianças e jovens da altura – pode dizer-se que o Público Júnior é, objectivamente, o melhor dos dois suplementos, o que constitui apenas mais uma razão para preservarmos a sua memória neste nosso 'blog' nostálgico.

12.07.23

A banda desenhada fez, desde sempre, parte da vida das crianças e jovens portugueses. Às quartas, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos títulos e séries mais marcantes lançados em território nacional.

Uma das muitas tradições, entretanto perdidas, dos tempos áureos dos 'livros aos quadradinhos' eram os super-almanaques de Verão – edições especiais, normalmente em formato A4, com mais páginas do que as vulgares revistas quinzenais ou mensais (e mais conteúdo que os almanaques e edições 'grossas' normais, visto o formato ser maior) e, muitas vezes, complementados com várias páginas de passatempos, sendo a ideia permitir aos jovens leitores terem não só o que ler, mas também com que entreter o cérebro durante as férias na praia ou no estrangeiro. E se o mais famoso exemplo deste tipo de formato foi o 'Almanacão de Férias' da Turma da Mônica de Mauricio de Sousa, não deixaram de haver, ao longo dos anos, outras tentativas, nomeadamente por parte da Editora Abril, embora nunca com o mesmo sucesso.

pt_dg_01a_001.jpeg

Uma dessas tentativas, lançada há exactos trinta e dois anos (em Julho de 1991) foi o 'Disney Gigante', uma publicação que – à excepção da ausência de passatempos – segue à risca a fórmula para um almanaque deste tipo, apresentando onze histórias e cerca de cento e trinta páginas em formato A4, como forma de justificar o ainda hoje exorbitante preço de 600 escudos (mais tarde 750-800). E a verdade é que, ao contrário de algumas das outras edições da Abril do mesmo período, estes títulos esforçam-se por apresentar aventuras transversais a todo o elenco de personagens habituais nos 'quadradinhos' Disney da altura, extravasando os habituais e inevitáveis núcleos de Mickey e Pato Donald; na primeira edição, por exemplo, couberam histórias de Tico e Teco, Havita, Quincas, Banzé, a dupla de bruxas Maga Patalójika e Madame Min (coadjuvantes frequentes na banda desenhada, embora nem tanto no cânone cinematográfico ou televisivo), e até dos Três Porquinhos e de Dumbo, que contracena com os sobrinhos de Donald (!) em 'Viagem ao Espaço', um daqueles 'crossovers' aleatório e sem grandes alardes frequentes nas revistas Disney da época. Só faltaram mesmo Urtigão e Zé Carioca, o que até acaba por ser positivo, dado poupar os jovens leitores às horríveis versões 'saloia' e 'brazuquesa' dos personagens.

Reside, aliás, precisamente na selecção de histórias o principal ponto de interesse de 'Disney Gigante'; isto porque, além das habituais produções nórdicas, holandesas ou latinas, estes livros incluem, também, pelo menos uma produção do período clássico dos Estúdios Disney, originalmente publicada em 1936 (!!) e criada por dois nomes sonantes da BD Disney da época, o argumentista Ted Osborne e o desenhista Al Taliaferro. No caso, trata-se de uma história com Lobão e os Três Porquinhos que, apesar de destoar notoriamente do estilo gráfico das restantes, acaba por valer o investimento para quem tenha curiosidade em ler produções daquele período (a esses, recomenda-se também a compra do 'Álbum Disney' de Mickey, editado pela Verbo no ano anterior a este 'Disney Gigante', em que todas as histórias incluídas são do período clássico.)

Apesar dos pontos de interesse acima salientados, no entanto, foi curto o tempo de vida de 'Disney Gigante' - o que não deixa de ser surpreendente, dada a margem de manobra da hegemónica Abril à época, que lhe permitia fazer todo o tipo de experiências, muitas delas bem menos válidas do que este almanaque. Ainda assim, para aquilo que foi, 'Disney Gigante' teve o mérito de, pelo menos, se colocar no percentil mais alto da escala de qualidade da Abril, fazendo com que ainda valha a pena adicionar estes volumes à colecção, mesmo três décadas após o seu lançamento – algo de que muito poucos 'livros aos quadradinhos' publicados pela Abril à época (sejam da Disney ou da Marvel e DC) se podem hoje gabar.

28.06.23

A banda desenhada fez, desde sempre, parte da vida das crianças e jovens portugueses. Às quartas, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos títulos e séries mais marcantes lançados em território nacional.

Nos quase cem anos desde a sua criação, o Rato Mickey tornou-se não apenas o símbolo e mascote da companhia que o concebeu, mas um dos mais populares e instantaneamente reconhecíveis personagens da cultura popular moderna. Tendo feito história desde a sua primeira aparição (o seu desenho animado de estreia, 'Steamboat Willy', assinalaria a primeira tentativa de sincronização de som e imagem neste tipo de conteúdo), o rato que originalmente seria um coelho viria, ao longo ds décadas, a tornar-se protagonista de inúmeros programas televisivos, obras cinematográficas e, claro, de um número astronómico de artigos de merchandising e tiras e histórias de banda desenhada. Assim, não é de admirar que a editora oficial das revistas Disney em solo lusitano tenha querido marcar as efemérides dos sessenta, sessenta e cinco e setenta anos da criação do mais ilustre de todos os ratos com edições especiais comemorativas da ilustre trajectória do personagem no campo da BD.

Mas se 'Mickey 60 Anos', lançado em 1988, foi a verdadeira definição de uma edição de luxo – com três volumes encadernados, cada um deles respeitante a duas das então seis décadas de vida do personagem, oferecendo uma visão verdadeiramente global da sua evolução – o mesmo não se pode, infelizmente, dizer a respeito da edição lançada seis anos depois, que pouco mais foi do que um lançamento perfeitamente normal com uma capa mais 'bonita', não tendo a Abril tido, sequer, o cuidado de a lançar no ano correcto!

pt_ma65_1a_001.jpeg

De facto, enquanto que as seis décadas e meia da criação de Mickey se haviam celebrado em 1993, a revista alusiva aos mesmos seria lançada apenas a 28 de Junho do ano seguinte (há exactos vinte e nove anos), vários meses após a comemoração da efeméride! Mais: apesar de contar com o mesmo tratamento 'encadernado' do seu antecessor, este lançamento não contava com qualquer do material informativo típico deste tipo de publicação, e as histórias de que se compunha eram maioritariamente modernas, sendo a mais antiga de 1979, e a maioria de entre 1980 e 1986. E, claro, muitas delas com os horríveis traços italianos que começavam, cada vez mais, a 'infestar' as publicações Disney portuguesas daquela época.

Ainda assim, nem tudo é negativo: além de ter muito que ler (são 260 páginas e nada menos que vinte e quatro histórias), este livro é um 'prato cheio' para fãs das aventuras mais detectivescas de Mickey e do seu inseparável amigo Pateta, que constituem a grande maioria do conteúdo desta publicação. Fica, no entanto, a sensação de 'oportunidade perdida' por parte da Abril Jovem, que já havia demonstrado ser capaz de editar algo verdadeiramente especial, mas que, nesta instância, não apresenta nada que o leitor comum da época não pudesse encontrar num qualquer volume da série Hiper Disney, e que justificasse os quase setecentos escudos (quase três semanadas ou dois-terços de uma mesada da maioria do público alvo!) que custava. De relevo, portanto, apenas a própria natureza comemorativa do livro, bem como a coincidência de ter sido lançado há precisamente vinte e nove anos aquando da escrita deste 'post'.

Felizmente, a Abril 'emendaria a mão' (ainda que apenas parcialmente) com o lançamento comemorativo dos setenta anos da 'cara' da Walt Disney, que seria dividida em dois volumes e contaria com secções informativas e até tiras antigas do personagem. Desse lançamento, no entanto, falaremos no próximo ano, aquando do quarto de século da sua edição...

30.11.22

NOTA: Por motivos de relevância temporal, o post de hoje voltará a ser sobre banda desenhada. As Quartas de Quase Tudo voltam para a semana.

A banda desenhada fez, desde sempre, parte da vida das crianças e jovens portugueses. Às quartas, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos títulos e séries mais marcantes lançados em território nacional.

No mesmo dia em que publicávamos a nossa mais recente edição das Quartas aos Quadradinhos, falecia o último nome restante da chamada 'Era de Ouro' da BD em Portugal; e apesar de o auge da sua carreira se ter dado em outras décadas que não aquelas a que este blog respeita, não podíamos ainda assim deixar passar em claro a perda do ilustrador por excelência de bandas desenhadas históricas em Portugal, José Ruy.

download.jpg

Nascido em 1930, e aluno, como tantos da sua geração, da Escola António Arroio (ainda hoje um dos estabelecimentos vocacionais de referência na área das Belas-Artes) José Ruy seguiu um percurso sensivelmente semelhante aos seus contemporâneos, evoluindo dos primeiros esboços, ainda adolescente, para colaborações com quase todas as publicações de referência na área publicadas em Portugal, d''O Mosquito' a 'Tintin' e 'Spirou'. Ao contrário da maioria dos aspirantes a 'cartoonistas', no entanto, Ruy não enveredou pelos ramos da BD de aventuras ou cómica, preferindo afirmar-se como um dos principais criadores nacionais de banda desenhada de teor educativo e didáctico, com particular ênfase para trabalhos sobre factos históricos, 'biografias' de localidades e adaptações de grandes obras portuguesas (o seu mais famoso e reconhecido trabalho é, aliás, a adaptação em BD da obra maior da literatura portuguesa, 'Os Lusíadas') das quais cerca de uma dúzia veria a luz durante os anos 90, com destaque para a adaptação do conto 'Como Surgiu o Medo', de Rudyard Kipling, de 1990, que chegou a sair no suplemento BDN do 'Diário de Notícias', e para a homenagem à sua Amadora natal, lançada pelas Edições Asa dois anos depois.

1507-1.jpg

Uma das mais relevantes obras do autor durante a década de 90.

A produção prolífera era, aliás, um dos principais aspectos da carreira de Ruy, a quem nem a idade abrandou – tanto assim que os seus últimos trabalhos datam da década transacta, quando o argumentista e ilustrador contava já mais de oitenta anos – os mesmos que viria a dedicar, no total, à criação e publicação de banda desenhada. Assim, e apesar de constituir uma perda de vulto para o cenário bedéfilo nacional, aquele que quase pode ser visto como o equivalente português a Stan Lee pode descansar em paz, sabendo que deixou às gerações futuras um vasto, respeitado e importante legado, através do qual inscreveu, indelevelmente, o seu nome na História de Portugal que tanto apreciava. Que descanse em paz.

 

12.10.22

A banda desenhada fez, desde sempre, parte da vida das crianças e jovens portugueses. Às quartas, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos títulos e séries mais marcantes lançados em território nacional.

Numa semana que temos vindo a dedicar exclusivamente ao mais popular herói de BD franco-belga em Portugal, Astérix, seria quase insultuoso deixarmos de analisar as adições feitas durante a 'nossa' década ao meio que o tornou conhecido; como tal, e porque a popularidade do pequeno gaulês durante a referida década não foi apenas retroactiva, dedicaremos as próximas linhas a uma breve visão geral dos dois álbuns alusivos ao mesmo lançados durante a última década do século XX.

Da autoria exclusiva de Albert Uderzo (que havia acumulado funções desde a morte do seu parceiro de criação, René Goscinny, uma década antes) qualquer destes álbuns constitui uma adição honrosa à colecção de aventuras do guerreiro gaulês e do seu rechonchudo melhor amigo, Obélix – ainda que o segundo dos dois volumes assinale, também, os primeiros vestígios do ligeiro decréscimo de qualidade que se faria sentir nos últimos dois álbuns assinados pelo ilustrador.

po-29-mer.jpg

Antes, porém, havia ainda tempo para um último clássico, sob a forma de 'A Rosa e o Gládio', de 1991, que vê Astérix a braços com uma admiradora furiosamente feminista, e a ter que rever os seus conceitos sobre o lugar da mulher na sociedade, enquanto procura adaptar a sua linguagem e personalidade para não ofender ninguém. Uma premissa, ao mesmo tempo, divertida e relevante, que antecipa o movimento 'woke' com cerca de três décadas de antecedência, e cuja mensagem é transmitida de forma suficientemente caricatural para nunca parecer forçada ou piegas, tornando o álbum digno de figurar ao lado de outros clássicos da era pós-Goscinny, como o também excelente 'O Filho de Astérix', de 1983.

6924341136-asterix-o-pesadelo-de-obelix-portes-gra

O mesmo não se pode, infelizmente, dizer de 'O Pesadelo de Obélix', lançado cinco anos depois e que, longe de ser mau, é no entanto menos memorável do que os seus antecessores directos. A trama não deixa de ser interessante, permitindo descobrir quão nefastos podem ser os efeitos da poção mágica de Panoramix sobre o perpetuamente 'super-poderoso 'Obélix, mas não chega, infelizmente, para elevar o álbum além daquele contingente de títulos de Astérix que tendem a ficar esquecidos por entre os clássicos absolutos, a exemplo de 'Astérix e o Caldeirão', 'Astérix e os Godos' ou 'O Grande Fosso'. Ainda assim, uma aventura bem divertida (embora se sinta a falta do sarcástico e inocente Obélix) e que vale a pena ter na colecção, quanto mais não seja em nome do completismo.

Infelizmente, e como já acima indicámos, estes dois álbuns representam o fim da 'época áurea' de Astérix; os dois primeiros livros do novo milénio (e últimos dois da 'era Uderzo', antes de a série ser 'cedida' a dois perfeitos desconhecidos), embora ainda de qualidade acima de qualquer suspeita, já revelam alguma falta de inspiração e ideias, ficando bem abaixo do que o universo cinematográfico do herói gaulês vinha produzindo ('Astérix e Obélix: Missão Cleópatra' é tão bom ou melhor do que qualquer álbum da fase clássica, e altamente recomendado a qualquer fã dos personagens de Goscinny e Uderzo). Quem deixou de ler a série nos anos 90, no entanto (fosse por decréscimo de interesse ou simplesmente pela entrada na idade adulta) teve a sorte de ainda se conseguir 'despedir' da série com a mesma em alta, através de dois bons livros que, ainda hoje, vale bem a pena tentar adicionar à colecção.

11.10.22

A década de 90 viu surgirem e popularizarem-se algumas das mais mirabolantes inovações tecnológicas da segunda metade do século XX, muitas das quais foram aplicadas a jogos e brinquedos. Às terças, o Portugal Anos 90 recorda algumas das mais memoráveis a aterrar em terras lusitanas.

Na última semana, temos aqui vindo a abordar a popularidade de que o herói franco-belga Astérix gozava durante os anos 90, década que viram o guerreiro gaulês entrar na meia idade da melhor forma possível, revitalizado e pronto a aliciar toda uma nova geração de jovens quer com as suas clássicas aventuras em banda desenhada, quer através dos seus filmes animados ou até de artigos licenciados ou promocionais, entre os quais se incluíam os inevitáveis jogos de vídeo, principal sinal de uma propriedade intelectual verdadeiramente bem sucedida naqueles finais do século XX.

De facto, a relação do personagem de Goscinny e Uderzo com o mundo digital é praticamente simultânea com a popularização dos aparelhos de jogos e máquinas de arcada, surgindo os primeiros títulos licenciados logo no início dos anos 80, durante o reino da Atari 2600. Escusado será dizer que, nestes jogos, a alusão a Astérix e ao seu rechonchudo companheiro Obélix era meramente estética e cosmética, sendo a restante jogabilidade genérica e típica daquela era dos videojogos; de facto, tal era a importância (ou falta dela) do personagem para estes jogos que o primeiro destes jogos seria, mais tarde, relançado, agora com o Diabo da Tasmânia dos Looney Tunes no lugar de Astérix!

A primeira tentativa de verdadeiramente recriar o mundo de Uderzo no ecrã do computador só viria, pois, a surgir com os dois títulos do herói lançados em meados da década de 80 para os computadores caseiros da altura, no caso duas aventuras gráficas, cuja natureza era bastante mais conducente à referida recriação do ambiente da aldeia gaulesa e respectivos habitantes. A distribuição limitada de que estes títulos gozavam ditava, no entanto, que seria apenas nos anos 90 que Astérix entraria na consciência popular dos 'gamers', no caso da mesma forma que dezenas de outros heróis licenciados – através de uma série de jogos de plataformas, quiçá 'O' género por excelência da primeira metade da década (havia, também, um jogo de arcada, ele próprio adstrito ao género mais popular nos salões de jogos, o 'beat-'em'up, mas cuja presença nos salões de jogos portugueses da época era totalmente nula).

De facto, uma análise individual aos diversos títulos do herói que saíram nesta época torna-se redundante, já que todos eram não só muito semelhantes, como extremamente típicos da oferta para consolas da época, residindo a única diferença no facto de os dois jogos da Sega, programados pela própria, permitirem escolher com que herói se desejava jogar no início de cada nível (excepto os dois primeiros) enquanto que nos da Nintendo, Obélix encontrava-se captivo dos romanos, pelo que o jogador apenas podia controlar Astérix. De resto, era tudo como seria de esperar: saltos, poderes, itens para reunir, vidas extra e, claro, muitos romanos para esbofetear a preceito; nada de muito especial para a época, portanto, e longe de ser suficiente para evitar que qualquer dos seis (!) jogos do herói da fase 8 e 16-bits se perdesse nas vastas 'bibliotecas' de títulos das respectivas consolas.

hqdefault.jpg

AsterixEuropeEnFrDeEs_00001.png

Os jogos de Astérix para as consolas de 8 e 16-bits seguiam um formato extremamente tipico para a época (em cima, Master System; em baixo, Super Nintendo)

Mais digno de nota, até por ser talvez o título mais memorável para os jovens portugueses da época, é 'Astérix e Obélix', a segunda incursão dos heróis gauleses no mercado dos jogos para PC do ano de 1995, após um algo surpreendente jogo de tabuleiro interactivo intitulado 'Astérix: Caesar's Surprise' (apesar de não ter qualquer relação com a película do mesmo nome lançada uma década antes), também disponível para Phillips CD-i. Inserido numa série de jogos alusivos a heróis da banda desenhada franco-belga, todos eles de qualidade uniformemente alta (mas dos quais talvez seja mesmo o melhor) esta divertidíssima mistura de Super Mario com Rayman e os próprios títulos anteriores do herói consegue recriar perfeitamente o ambiente visual e clima das bandas desenhadas, através de gráficos cuidados (as animações são hilariantes) e pequenos toques de 'fan-service' que demonstram respeito por parte da francesa Infogrames, não só pela própria licença, mas pelo público-alvo do jogo; não é, pois, de surpreender que, mais de um quarto de século após o seu lançamento, este título continue a constituir o auge dos jogos de vídeo de Astérix.

Screenshot-5.png

Para além de divertidíssimo, o excelente 'Astérix & Obélix', de 1995, recriava na perfeição o ambiente das bandas desenhadas.

Também longe de ser surpreendente é o facto de Astérix ter dado o natural 'salto' para o 3D ainda antes do final do milénio, aparecendo com uma dimensão extra no seu jogo homónimo para PlayStation, lançado em 1999; a surpresa estava, apenas, no género escolhido para o referido título, o qual, longe de ser apenas uma transposição para 3D dos seus bem-sucedidos antecessores, misturava estratégia com esporádicos mini-jogos e curtas secções de acção e plataformas, um 'cocktail' de elementos que nunca se incorporavam da melhor maneira, fazendo com que o jogo fosse mal recebido pela crítica especializada da época, e rapidamente esquecido pelos fãs da consola da Sony.

asterix_01.jpg

40344.jpg

As potencialidades de Astérix em 3D não seriam devidamente aproveitadas nem pelo primeiro jogo para Playstation (em cima) nem tão-pouco pela adaptação oficial do primeiro filme 'live action' (em baixo).

Este não seria, ainda assim, o momento mais 'baixo' de Astérix no mundo dos videojogos; essa honra cabe a 'Asterix & Obelix Take On Caesar', jogo oficial da primeira adaptação 'live action' do duo gaulês, ;lançado no primeiro ano do novo milénio (já depois de um par de novos títulos para Game Boy Color) e cuja recepção foi tão (ou mais) pobre do que a daquele – e com boas razões. Além dos horríveis gráficos foto-realistas ao estilo 'Street Fighter: The Movie – The Game', o título mais não é do que um gigantesco mini-jogo, desperdiçando mais uma soberana oportunidade para criar um jogo de plataformas de Astérix em ambiente 3D – uma receita que, apesar de aparentemente básica ao ponto de quase ser insultuosa, só viria a ser devidamente explorada já na década seguinte.

Desde então, os heróis gauleses de Goscinny e Uderzo têm continuado a figurar em jogos digitais com relativa frequência, tendo quase todos os sistemas até hoje lançados (incluindo os telemóveis) tido direito a pelo menos um jogo alusivo aos personagens – com destaque para a bem-sucedida trilogia 'Astérix & Obélix XXL', da era PS2/Gamecube; é, pois, seguro afirmar que Astérix e o seu rotundo melhor amigo continuam bem vivos na memória colectiva mundial, e gozam de popularidade suficiente para continuarem a justificar o licenciamento, tendo transitado de forma natural e fluida para a nova era digital, e continuando a afirmar-se tão apelativos para os filhos da geração dos anos 80 e 90 como, na altura, o foram para os seus pais. Nada mau para dois personagens que, na vida real, seriam já da idade do concidadão Agecanonix...

 

Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Arquivo

  1. 2024
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2023
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2022
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2021
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
Em destaque no SAPO Blogs
pub