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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

23.04.23

Aos Domingos, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos principais acontecimentos e personalidade do desporto da década.

Apesar de o futebol dominar, indubitavelmente, a grande maioria dos debates sobre actividades competitivas de cariz físico em Portugal, houve, ao longo dos tempos, outros desportos que conseguiram captar a imaginação dos aficionados deste tipo de competição, do basquetebol americano introduzido pelo lendário 'NBA Action' aos jogos de andebol e hóquei em patins tradicionalmente transmitidos pela RTP2. No entanto, talvez o segundo desporto mais popular no nosso país durante a última década do século XX fosse aquele cuja época tinha início por alturas das férias da Páscoa, e que passava a ocupar 'religiosamente' as tardes de fim-de-semana de muitas crianças e jovens até quase ao Natal: a Fórmula 1.

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Isto porque, à entrada para os anos 90, a 'rainha' dos desportos automóveis vivia a sua 'fase áurea', com corridas e campeonatos acirradamente disputados por três construtores – McLaren, Ferrari e Williams – soberbamente representados por um verdadeiro rol de nomes lendários para qualquer fã da competição: Alain Prost, Mikka Hakkinen, Nigel Mansell, Michael Schumacher, Nelson Piquet, Rubens Barrichello, Damon Hill, Jacques Villeneuve (filho de Gilles Villeneuve, falecido no início da década anterior) e, claro, Ayrton Senna, o grande 'conquistador' desta época da F1, pelo menos até ao trágico acidente que o vitimaria, há quase exactos vinte e nove anos, a 1 de Maio de 1994. Isto sem esquecer, claro, o motivo mais pessoal para os 'tiffosi' portugueses da época seguirem as provas – a presença do 'nosso' Pedro Lamy, condutor sem qualquer esperança de ganhar fosse o que fosse, mas cuja nacionalidade lhe garantia o carinho e simpatia dos seus compatriotas.

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O 'Rei' e o representante português.

Não eram, no entanto, apenas os pilotos que eram célebres; também as pistas da época se afirmavam como icónicas, tendo à cabeça o lendário percurso pelo centro da cidade do Mónaco, notável pela sua dificuldade, e incluindo ainda circuitos como Monza, em Itália, Silverstone, em Inglaterra, Interlagos, no Brasil, Suzuka, no Japão e, claro, o Autódromo do Estoril, em Portugal. Era nestas pistas que os referidos pilotos se digladiavam, durante várias horas todas as semanas, pela honra de conquistar os três primeiros lugares, em corridas que nunca deixavam de incluir picardias, rivalidades pessoais e, claro, aparatosos acidentes, que apenas ajudavam a conferir mais emoção e entusiasmo a cada prova, e mantinham muitos jovens (e não só) portugueses (e não só) absolutamente colados à televisão todos os fins-de-semana.

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O circuito do Estoril, parte do calendário de provas da época.

Ao contrário de muitos dos temas que aqui abordamos, a Fórmula 1 nunca chegou a 'sair de moda' entre os adeptos do desporto automóvel; é, no entanto, inegável que a sua popularidade decresceu consideravelmente, muito por conta dos avanços tecnológicos, que tornaram as corridas do Novo Milénio demasiado 'mecanizadas' e tácticas, sem a emoção dos erros e despiques individuais e pessoais de finais do século passado - uma situação, aliás, análoga à que se fez – e faz – sentir também em desportos como o basquetebol ou o próprio futebol. Quem teve a sorte de viver a época de ouro das provas de F1, no entanto, não esquecerá as emoções daquelas tardes de fim-de-semana passadas em frente à transmissão da RTP, a 'puxar' pelo seu condutor ou marca favoritos – uma daquelas experiências contextualmente irrepetíveis que quase faz pena não poder partilhar com a nova geração.

01.05.22

NOTA: Por se celebrar hoje um marco importante do desporto da década de 90, alterámos a ordem dos 'posts' deste fim-de-semana. Os Domingos Divertidos regressarão para a semana.

Aos Domingos, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos principais acontecimentos desportivos da década.

Qualquer 'puto' dos anos 90 fã de Fórmula 1 (ou de desporto em geral) se lembra daquela tarde de feriado em 1994: uma corrida como qualquer outra, com emoções fortes como qualquer outra, que acabou com emoções ainda mais fortes (embora também bastante mais negativas) após um dos pilotos encontrar problemas com o seu carro ao atacar uma curva, e acabar de encontro a um 'railing' e com o carro em chamas.

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Esse piloto era Ayrton Senna, o prodígio brasileiro que, naquele dia 1 de Maio de 1994, no lendário circuito de Imola, vinha fazendo uma prova tipicamente e previsivelmente brilhante (disputava o recorde de tempo por volta com Michael Schumacher), que o destino tratou de transformar na sua última: levado de emergência para o hospital, o piloto da Williams acabaria mesmo por perder a vida como consequência do despiste e embate, transformando-se na primeira vítima mortal da curva Tamburello, que também já trouxera 'sustos' aos não menos lendários Nelson Piquet e Gerhard Berger em anos anteriores, e numa espécie de 'Kurt Cobain' do desporto – um nome recordado tanto pelo seu génio diferenciado no seu campo de especialização, como por ter falecido jovem (Senna tinha completado 34 anos há sensivelmente um mês) no auge das suas faculdades profissionais, e com muito ainda para dar ao Mundo. Ao contrário de Cobain, no entanto, Senna nunca quis morrer, tendo o fim da sua vida surgido, puramente, como capricho do destino – o que torna ainda mais dolorosa a memória do sucedido.

Até àquele fatídico dia 1 de Maio, Ayrton Senna da Silva (nascido em São Paulo a 28 de Março de 1960) era, com justiça, visto como um dos nomes maiores da 'nova geração' do desporto automóvel, a par de Michael Schumacher. Entrado na Fórmula 1 em 1984 (após as habituais passagens pelo mundo dos karts e por competições menores, como a Fórmula 3, de onde também emergiria, cerca de uma década depois, o representante português no desporto automóvel, Pedro Lamy) o piloto brasileiro não tardaria a sagrar-se tri-campeão da categoria ao serviço da McLaren, marca à qual é ainda hoje mais fortemente associado na mente dos 'tiffosi'.

Mais do que os títulos, no entanto, era a capacidade que Senna tinha de se adaptar às condicionantes que o rodeavam – fossem as condições atmosféricas, o estilo de condução dos seus adversários, ou até problemas técnicos que experienciava – que diferenciavam Senna dos pilotos 'apenas' bons, e o tornavam extraordinário. Até mesmo a instantes de um acidente que acabaria por resultar na sua morte, o brasileiro teve presença de espírito suficiente para reduzir a velocidade ao seu carro, evitando assim um choque ainda pior; infelizmente, esta reacção de último momento já não foi suficiente para evitar o pior, fazendo com que, nos vinte e oito anos subsequentes, a memória daquele génio da Fórmula 1 surja, dolorosa, na mente dos 'tiffosi' um pouco por todo o Mundo, a cada Primeiro de Maio. Que descanse em paz.

Montagem de notícias sobre a morte de Senna na TV portuguesa.

NOTA: As imagens do acidente, conforme transmitidas pela RTP2, encontram-se bloqueadas para uso fora do Youtube, mas podem ser encontradas escrevendo 'ayrton senna acidente portugal' na barra de pesquisa do YouTube.

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