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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

14.01.24

Aos Domingos, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos principais acontecimentos e personalidade do desporto da década.

Já aqui anteriormente aludimos a jogadores que atingiram o sucesso em dois ou mais dos chamados 'três grandes' portugueses. Apesar de a referida lista não ser, de modo algum, extensa, é ainda relativamente fácil, mesmo para o adepto mais 'distraído', recordar nomes como Simão Sabrosa, Ricardo Quaresma, João Moutinho, Zlatko Zahovic ou – mais distanciados no tempo – João Vieira Pinto, Mário Jardel, Paulo Bento ou Sergei Yuran. O futebolista que abordamos este Domingo – por ocasião do seu quinquagésimo-segundo aniversário – alia a sua presença nessa lista a um estatuto de 'Grande dos Pequenos' que só lhe é negado, precisamente, pelo facto de ter jogado em ambos os lados da Segunda Circular lisboeta.

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Um jovem Rui Bento em início de carreira ao serviço do Benfica.

Isto porque Rui Fernando da Silva Calapez Patrício Bento – médio-defensivo algarvio integrante oficial da Geração de Ouro campeã de sub-20 em 1991 e da equipa Olímpica de Atlanta 1996, e um dos dois 'Bentos' a ganhar fama nessa posição durante a década de 90 – passou a grande maioria da sua carreira, não na Lisboa onde se formara para o futebol, mas na capital rival, onde envergou a 'malha' axadrezada do histórico Boavista, então em meio a uma das melhores fases da sua ilustre História.

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Bento com a camisola que o celebrizou

Contratado ao Benfica no início da época 1991/92após uma temporada em que foi elemento importante do plantel, e que de forma alguma faria prever tal transferência – o médio de 'trunfa' encaracolada apenas viria a deixar o Bessa exactas dez épocas depois, já com estatuto de lenda viva e histórico do clube, para ingressar no terceiro emblema da sua carreira (e segundo 'grande'), onde ainda chegaria a tempo de - ao lado do 'outro' Bento e dos referidos Ricardo Quaresma, Mário Jardel e João Vieira Pinto, além de colegas de Selecção como Dimas e Rui Jorge - ser peça-chave na conquista do segundo título de Campeão Nacional em três anos, ainda hoje o intervalo entre títulos mais curto para o Sporting da era moderna. Curiosamente, Bento chegava a Alvalade já com estatuto de campeão, tendo feito parte integrante do inédito e histórico triunfo do Boavista na época transacta.

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O médio no Sporting.

Seguir-se-iam mais duas épocas em Alvalade, ao longo das quais Rui Bento assistiria em 'primeira mão' ao despontar do maior talento de sempre no futebol português (o médio encontrava-se, aliás, em campo quando Cristiano fez o primeiro, e impressionante, golo da sua carreira sénior, frente ao Moreirense) antes de perder preponderância como consequência da idade, dando lugar a novos talentos na zona central. Para trás ficavam mais de uma dúzia de temporadas como jogador sénior, das quais apenas a primeira e a última não o tinham visto actuar como peça preponderante da equipa em que militava – um registo mais do que honroso para aquele que foi, simultaneamente, um dos principais nomes da Primeira Divisão portuguesa noventista, e um dos seus mais discretos.

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Ao serviço da Selecção Nacional.

Tal como tantos outros nomes que figuram nesta rubrica, também Rui Bento não deixou que o 'pendurar de botas' equivalesse ao seu 'fim' para o futebol, transitando para cargos técnicos após o final da carreira, nomeadamente para o de treinador. Académico de Viseu, Barreirense e Penafiel proporcionaram ao ex-médio defensivo as suas primeiras experiências profissionais nessa categoria, antes de o mesmo ser contactado pelo 'seu' Boavista, no início da época 2008-2009. Infelizmente, a passagem de Bento pelo Bonfim como treinador ficaria muito longe da que fizera enquanto jogador, durando apenas um ano, após o qual o ex-internacional português seria destacado pela Federação Portuguesa de Futebol para o cargo de Seleccionador Nacional sub-17; a estadia neste cargo seria, no entanto, novamente curta, tendo Rui Bento rapidamente regressado ao universo clubístico, para treinar o Beira-Mar.

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Bento na sua posição actual como treinador do Kuwait.

Em Aveiro, o ex-médio mal chegaria a aquecer o banco, antes de embarcar na primeira 'aventura' no estrangeiro de toda a sua vida, assumindo o comando do Bangkok United, do campeonato tailandês; mais uma vez, no entanto, a estadia de Bento na Ásia duraria apenas uma época, tendo o ex-internacional português regressado ao seu país-natal no Verão de 2015 para treinar o Tondela, antes de reassumir o cargo de seleccionador das camadas jovens, em 2016. Durante os seis anos seguintes, Bento trabalharia com todos os escalões entre sub-17 e sub-20, antes de ser promovido a seleccionador sénior...da Selecção do Kuwait, cargo que actualmente desempenha. Um posto algo aquém do que a sua carreira como jogador mereceria, talvez, mas que consegue ser, simultaneamente, discreto e essencial para o desempenho da equipa – precisamente como o era Rui Bento enquanto jogador de campo. Parabéns, e que conte ainda muitos.

10.12.23

Aos Domingos, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos principais acontecimentos e personalidade do desporto da década.

A História da Selecção Nacional Portuguesa, bem como dos três 'grandes' do País, está repleta de nomes sonantes, instantaneamente reconhecíveis para qualquer adepto nacional, e muitas vezes, também para os de fora de Portugal; no entanto, por 'detrás' dessas 'mega-estrelas', existe todo um contigente de outros jogadores que, sem terem tido carreiras ao nível dos seus compatriotas mais ilustres, não deixaram ainda assim de ter impacto no futebol português, tanto a nível interno como internacional. Uma dessas figuras é o homem de quem falamos este Domingo, por ocasião do seu quinquagésimo-quarto aniversário: um avançado suficientemente talentoso para ser opção principal para a linha frontal de um 'grande', mas cuja restante carreira se desenvolveu (quase) exclusivamente como Cara (Des)conhecida. Falamos de Paulo Lourenço Martins Alves, ou simplesmente Paulo Alves, o 'homem do Norte' que se viria a destacar um pouco mais a Sul, em meados dos anos 90.

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Com a camisola do clube ao qual o seu nome ficaria mais ligado, o Gil Vicente. (Crédito da foto: LastSticker.com)

Natural de Vila Real, região na qual iniciou a sua formação, Paulo Alves chegava à idade sénior como mais um dos inúmeros jovens das escolas de um 'grande' (no caso, o Futebol Clube do Porto) sem espaço no plantel principal, e, como tal, forçado a procurar opções alternativas para a sua carreira. Para o jovem Paulo, a solução encontrada foi o ingresso no Gil Vicente, histórico da região Norte onde o avançado principiaria a explanar o seu talento, conseguindo afirmar-se primeiro como opção válida e, mais tarde, como primeira escolha no plantel dos gilistas. O início da década de 90 assistiria, assim, à melhor das três épocas de Alves em Barcelos, com dez golos obtidos em trinta e oito partidas – isto já depois de ter sido Campeão do Mundo de sub-20, em 1989, ao lado de vários jogadores que se viriam a tornar históricos na Selecção Nacional AA ao longo das duas décadas seguintes, como parte da famosa 'Geração de Ouro'.

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Com a malha das Quinas.

Apenas na época de 1991/92 se assistiria, pois, a nova 'mudança de ares' por parte de Paulo Alves, que transitaria para outro histórico nortenho, o Tirsense, onde passaria uma época, jogando ao lado de outro ex-formando do FC Porto quase exactamente dois anos mais velho, Agostinho Caetano, que celebrou também este fim-de-semana o seu quinquagésimo-sexto aniversário. Em Santo Tirso, Alves conseguiria oito golos em trinta e três jogos, sendo sempre opção principal, e impressionando o suficiente para conseguir, na época seguinte, a transferência para o Marítimo, onde passaria a época e meia seguintes.

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Ao serviço dos insulares do Marítimo. (Crédito da foto: Cromo dos Cromos)

Num ambiente marcadamente diferente daquele a que estava habituado, Alves não deixaria, ainda assim, de se afirmar como escolha recorrente na equipa, tendo as suas exibições justificado nova transferência, há quase exactos trinta anos, no defeso de Inverno da temporada 1993/94. O avançado regressava, pois, ao 'seu' norte, para representar o Braga, mas seria 'sol de pouca dura', tendo Alves almejado apenas quatro presenças pelos arsenalistas antes de regressar ao Marítimo, onde faria a melhor época da sua carreira até então, conseguindo dezassete golos em pouco mais de quarenta exibições, e afirmando-se como peça fulcral dos verderrubros insulares.

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No Sporting, o maior clube que representou na sua carreira sénior.

Seria, precisamente, a sua impressionante prestação ao longo da época 1994/95 que valeria a Paulo Alves o primeiro grande 'salto' da carreira, ao ser contratado pelo Sporting. As três épocas seguintes veriam, pois, o avançado alinhar com a 'listada' verde e branca (com excepção de um breve empréstimo ao West Ham, de Inglaterra, que assinalaria a primeira experiência internacional do jogador) quase sempre como opção principal, e conseguindo médias bastante razoáveis de golos, tornando-se assim um dos nomes mais lembrados do ataque leonino da década de 90. As suas boas prestações ao serviço dos 'Leões' suscitariam, também, a sua convocatória para os Jogos Olímpicos de Atlanta '96, bem como o interesse de novo clube internacional – no caso o Bastia, de França, para o qual Paulo Alves se transferiria no início da época 1998/99.

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Durante a aventura em França.

Tal como a primeira 'aventura' internacional do jogador, no entanto, também esta teria curta duração, tendo o avançado regressado a Portugal ainda antes da viragem do Milénio, agora para um patamar bastante mais modesto, ao serviço de outro histórico nacional, o União de Leiria, onde passaria as duas épocas seguintes; o final de carreira, esse, viria a dar-se no mesmo sítio onde a trajectória de Alves havia começado – em Barcelos, onde surgia em 2001/02, com o estatuto de 'veterano famoso', e onde continuaria a 'dar cartas' durante as quatro épocas seguintes, até ao pendurar das botas, no final da temporada 2004/2005, quando contava já trinta e cinco anos.

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Durante um jogo do União de Leiria.

Foi também sem surpresas que os adeptos gilistas viram o seu 'ídolo' enveredar pela carreira de treinador dentro do próprio clube, onde passaria duas épocas antes de regressar à sua 'casa' anterior, o União de Leiria. Seguir-se-ia uma passagem pelo Vizela e uma fugaz nomeação como Seleccionador Nacional sub-20, antes de Alves voltar a Barcelos, para mais quatro épocas - o último período de estabilidade naquela que se viria a tornar uma carreira 'papa-léguas', que veria Alves passar por todos os escalões do futebol nacional e treinar clubes no Irão e Arábia Saudita, além de regressar mais uma vez ao Gil Vicente, para meia temporada, em 2017/2018. O mais recente projecto de Alves foi, no entanto, o Moreirense, que orientou na campanha transacta, na Liga Sagres, provando ter tanta qualidade enquanto treinador como teve dentro das quatro linhas, como Cara (Des)conhecida ou nome algo mais digno de nota. Parabéns, e que conte muitos.

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Na função de treinador.

25.07.21

Aos Domingos, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos principais acontecimentos desportivos da década.

E numa altura em que tem início mais uma edição dos Jogos Olímpicos – embora, tal como o Europeu de Futebol, com um ano de atraso – nada melhor do que recordar um outro evento deste tipo, sobre o qual se celebram agora exactos 25 anos, e que celebrava ele próprio o centenário dos Jogos Olímpicos como hoje os conhecemos.

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Essa prova – a de 1996, realizada em Atlanta, no estado da Geórgia, EUA - não foi especialmente memorável para o publico jovem – especialmente se comparada à de quatro anos antes, realizada em Espanha, cuja mascote teve até direito a uma série animada propria (o que, convenhamos, não é comum para um representante de um evento não especificamente dirigido a crianças.) Para o público jovem português, no entanto, talvez a situação tenha sido um pouco diferente, já que uma das atletas representantes do nosso país conseguiria ganhar a medalha máxima na sua modalidade, afirmando-se como a digna sucessora de uma outra olimpiana, do mesmo desporto, cuja carreira atingia o ocaso.

Falamos, claro, de Fernanda Ribeiro, a segunda maior velocista portuguesa, logo a seguir à mulher de quem recebeu o testemunho – Rosa Mota, claro. Em Atlanta, Fernanda foi porta-bandeira por Portugal na abertura, e não defraudou as expectativas nela colocadas, regressando dos EUA com a medalha de ouro nos 10.000 metros femininos; já Carla Sacramento, a outra esperança no campo do atletismo, foi porta-bandeira no encerramento, mas não conseguiu qualquer meta assinalável na competição em si.

A prova em que Fernanda participava, e que viria a vencer, teve transmissão em directo na RTP

Infelizmente, como Sacramento, a restante comitiva não teve, nem de perto nem de longe, um desempenho tão honroso. Dos 107 atletas, além de Fernanda, apenas o duo da vela masculina saiu de Atlanta medalhado – no caso, o Bronze na classe 470. Dois outros atletas, Luís Cunha e António Abrantes, conseguiram bons tempos nos 100 e 800m, respectivamente, mas os mesmos não foram suficientes para progredir e atingir o pódio.

No restante, umas Olimpíadas desapontantes para o comité português, em transição entre a fase Rosa Mota e Carlos Lopes e o futuro com Patrícia Mamona, Telma Rodrigues e Obikwelu. A Selecção de futebol somava resultados como 5-0 (contra…) e a maioria dos miúdos estaria certamente mais interessada na prova de basquetebol, onde uma equipa americana movida a Michael Jordan, Magic Johnson e outros que tais davam (previsivelmente) cartas, chegando com facilidade à medalha de ouro. Ainda assim, vale a pena assinalar o aniversário de quarto de século da prova – e esperar que a comitiva portuguesa (desfalcada pela primeira vez de Rosa Mota como acompanhante de honra, devido ao COVID-19, faça uma prova um pouco melhor do que então…

 

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