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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

05.02.24

Em Segundas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das séries mais marcantes para os miúdos daquela década, sejam animadas ou de acção real.

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A icónica família em versão animada.

As décadas de 80, 90 e 2000 viram chegar e popularizar-se em Portugal a forma de animação japonesa que viria a dominar a cultura 'pop' internacional no século e Milénio seguintes – o famoso 'anime'. Ainda longe da preponderância que obteriam em décadas subsequentes, no entanto, os 'desenhos animados japoneses' surgiam, na época, sob formas bem distantes daquelas por que são hoje conhecidos. Sim, havia meninas da escola com super-poderes, alguns cabelos espetados e a ocasional adaptação de um jogo ou brincadeira popular, mas qualquer destes géneros se encontrava em minoria; a maior parte das produções que chegavam ao nosso País apresentava um formato 'sanitizado' e 'ocidentalizado' da forma de arte em causa, explicitamente destinado a 'cair nas boas graças' de um público menos habituado a personagens de olhos grandes.

Tanto assim era que muitos dos 'animes' concebidos e exibidos durante este período eram co-produções euro-nipónicas, geralmente baseadas numa propriedade ocidental; exemplos desta tendência exibidos em Portugal durante os anos 90 incluem 'As Aventuras do Bocas', 'O Panda Tao-Tao', 'Fábulas da Floresta Verde' e os animes de Nils Holgersson, Tom Sawyer, Mogli, Cinderela, Zorro, Robin dos Bosques, Papá das Pernas Altas (que aqui em breve terá o seu espaço) ou mesmo versões animadas das histórias da Bíblia. A este grupo, há ainda que juntar mais uma produção, talvez ainda mais inesperada que qualquer das mencionadas, mas cujo material de base foi, ainda assim, considerado adequado para adaptação a desenho animado: 'A Família Trapp', o 'anime' baseado no imortal filme de 1966, 'Música no Coração'.

Sim, leram bem – 'Música no Coração' teve uma versão em animação japonesa, transmitida na RTP algures há trinta anos, na obrigatória versão dobrada, que dava à clássica canção de Maria Von Trapp nova letra em português, diferente da tradução já existente e gravada algumas décadas antes. Assim, aqueles que, como o autor deste 'blog', tiverem na cabeça uma letra em português para 'Dó-Ré-Mi' (bem como uma vaga recordação de uma Julie Andrews animada, de olhos grandes e iluminada em 'soft focus') e não souberem de onde provém, poderão ficar descansados, pois não se tratou de uma alucinação nem de um sonho – tal série existiu mesmo, e durou nada menos do que quarenta episódios.

A icónica música cantada por Julie Andrews servia de genérico à série, numa nova adaptação para Português.

Mais – embora este número possa parecer algo excessivo para adaptar um filme de duas horas e meia, o 'anime' é bastante fiel ao material de base, e mantém o espírito original do mesmo, nunca se aventurando pelas 'invenções' que marcavam as restantes adaptações acima mencionadas, o que faz com que valha bem a pena, para quem é fã do filme, procurar alguns episódios na Internet.

Apesar de bem conseguido, no entanto, 'A Família Trapp' é, sem sombra de dúvida, um produto 'do seu tempo', sem lugar na significativamente mais cínica, violenta e adulta cena 'anime' do século XXI; quem cresceu com este tipo de série como sinónimo da animação japonesa, no entanto, talvez desfrute da 'viagem ao passado' que esta e outras produções do mesmo estilo proporcionam, e consiga convencer os mais novos a 'embarcarem' também nela...

04.12.23

Em Segundas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das séries mais marcantes para os miúdos daquela década, sejam animadas ou de acção real.

Os 'animes' baseados em obras clássicas da literatura mundial eram, nos anos 80 e 90, um filão bastante rico e rentável para as companhias de animação japonesas, sobretudo por servirem de 'porta de entrada' do estilo num mercado ocidental muito mais disposto a receber e acolher algo familiar e 'conhecido' do que uma qualquer 'bizarrice' com superpoderes, mundos futuristas, armas 'laser' e naves espaciais.

Assim, não foi de surpreender que, num espaço de menos de vinte anos, a televisão portuguesa tenha exibido duas mãos-cheias de programas deste tipo (normalmente com as versões francesa ou italiana como base) entre os clássicos 'Heidi', 'Marco', 'Nils Holgersson' e 'Tom Sawyer', ainda na década de 80, e a segunda leva de exemplos na década seguinte, de alguns dos quais já aqui falámos. Ainda antes de a trilogia da TVI ('Zorro', 'Cinderela' e 'Robin dos Bosques') ter reavivado o interesse neste tipo de sub-produto da animação japonesa, no entanto, já a SIC tinha deixado, ela própria, a sua marca dentro do estilo, com a exibição, logo nos seu primeiros meses de vida, do 'anime' baseado n''O Livro da Selva', de Rudyard Kipling.

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Originalmente produzido três anos antes, no habitual esquema de co-produção com cadeias italianas que também daria vida às séries acima citadas, 'Jungle Book: Shonen Mowgli' segue uma estrutura narrativa algures entre a duologia de livros original e a versão altamente simplificada produzida pelos estúdios Disney nos anos 60, com natural ênfase nesta última. Trata-se, pois, da bem conhecida história do menino indiano criado por lobos, instruído por um urso e uma pantera-negra, e activamente caçado por um vingativo tigre, do qual os animais seus amigos o devem proteger – uma narrativa que joga, precisamente, com o factor de familiaridade que quase garantia o sucesso de uma animação junto do público ocidental. Sim Mowgli, Bagheera, Baloo, Shere Khan e Akela surgem, aqui, com os traços dinâmicos e 'olhos grandes' típicos da animação japonesa, mas no restante, a série oferece precisamente o esperado, tornando-a aposta segura para quem apenas quer passar meia hora diária na companhia de personagens familiares e bem amados.

Ainda assim, aquando da sua exibição em Portugal – em versão dobrada, algures em 1992 – a série passou algo despercebida, o que não deixa de ser estranho, considerando o sucesso de que os referidos 'Heidi', 'Marco' e 'Tom Sawyer' haviam gozado meia década antes, e que os 'animes' da TVI viriam também a almejar, meia década depois. Entre estas duas 'levas' de adaptações animadas de clássicos da literatura, este 'Livro da Selva' em 'versão japonesa' acabou por se encontrar algo isolado, o que - em conjunção com o facto de a SIC ser, ainda, uma emissora embrionária, com pouca expressão e ainda em busca da sua audiência quando transmitiu a série - poderá ter contribuído para que não seja, hoje em dia, tão lembrado quanto os seus congéneres. Ainda assim, e tendo já abordado a maioria dos ditos-cujos, não poderíamos deixar passar em branco as aventuras de Mowgli, o menino-lobo, que não deixarão, decerto, de ter marcado as manhãs ou tardes livres de muitas crianças portuguesas da época – ainda que, deste lado, não tenha sido o caso...

11.09.23

Em Segundas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das séries mais marcantes para os miúdos daquela década, sejam animadas ou de acção real.

As décadas de 80 e 90 representaram a chegada ao Ocidente, e respectiva expansão na popularidade, de um género televisivo e filmográfico já com cerca de década e meia de vida no seu país natal do outro lado do Mundo, à época designado 'Japanimação' e mais tarde conhecido pelo seu nome original: 'anime'. E se, em anos vindouros, este género viria a contribuir com uma mão cheia de clássicos absolutos para a juventude da geração 'millennial' – do inigualável fenómeno que foi Dragon Ball Z a séries tão nostálgicas como Samurai X, Navegantes da Lua ou Doraemon – os seus primeiros passos, embora mais modestos, também não foram, de todo, falhos em séries marcantes, bastando para esse efeito referir Esquadrão Águia, Capitão Falcão (mais tarde 'Oliver e Benji) ou Cavaleiros do Zodíaco.

A juntar a estas séries há, ainda – sobretudo para os 'millennials' mais velhos – uma outra, que iniciava há quase exactos trinta anos a sua terceira e última transmissão em Portugal e que, apesar de ficar ligada, sobretudo, à década anterior, ainda chegou a tempo de influenciar a grande maioria dos 'putos' lusitanos de inícios de 90; e, tal como sucede com alguns dos outros programas de que aqui falamos, este é daqueles casos em o primeiro passo tem, forçosamente, de passar pela partilha do tema de abertura.

Por esta altura, muitos dos nossos leitores já estarão, decerto, a cantar a plenos pulmões a letra...

Isto porque – apesar de notoriamente incompleta – a música introdutória (adaptada, como em tantos outros casos, da versão espanhola, e cantada por Francisco Ceia) é, sem qualquer dúvida, o elemento identificativo mais icónico de As Aventuras de Tom Sawyer (ou apenas Tom Sawyer), a adaptação livre, em formato animado, do famoso livro infantil do século XIX, da autoria de Mark Twain. Composta de cerca de cinquenta episódios, originalmente produzidos em 1979 e lançados no inícios do ano seguinte (tendo passado a quase totalidade de 1980 em exibição na televisão japonesa), a série chegaria a Portugal logo de seguida, sem a 'décalage' cultural habitual à época, indo pela primeira vez ao ar na RTP1 entre 1981 e 1982, já em versão dobrada, num exemplo de celeridade pouco habitual naqueles anos pré-digitais.

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Imagem promocional da série.

Escusado será dizer (pelo menos a quem faz parte da faixa de leitores deste 'blog') que a série se revelou um sucesso imediato, tendo marcado os jovens portugueses da 'Geração X' – sobretudo, como já referimos, através do seu icónico tema de abertura – e justificando a repetição, já no fim da década, com o intuito de a apresentar a quem não tinha tido oportunidade de a ver da primeira vez. Seria, assim, entre Março de 1989 e Fevereiro de 1990 que os 'millennials' tomariam, pela primeira vez, contacto com o 'anime' que fizera as delícias dos seus irmãos mais velhos anos antes, e que tornaria a 'repetir a dose' com a nova geração – tanto assim que viria ainda a ser exibida uma terceira vez, há cerca de trinta anos, novamente no então Canal 1, e com a mesmíssima dobragem realizada mais de uma década antes pela Nacional Filmes.

Esta última transmissão seria, no entanto, o 'canto do cisne' para Tom Sawyer, um desenho animado que, embora icónico, já pertencia, nessa época, a uma outra 'era' televisiva, algo distante dos produtos que vinham 'enlouquecendo' os jovens daqueles inícios dos anos 90. Para as crianças da década transacta, no entanto – tanto as que haviam seguido a transmissão original como as que tinham 'saltado a bordo' aquando da segunda exibição – a série é, ainda hoje, um dos principais pontos de referência nostálgicos ao falar da infância em Portugal em finais do século XX, ao nível dos referidos Dragon Ball Z e Navegantes da Lua, ou ainda de séries como Dartacão ou Power Rangers. E nunca é demais repetir que grande parte dessa fama se deve à lendária canção de abertura, sem a qual esta adaptação animada de um clássico da literatura talvez tivesse passado tão despercebida quanto as suas congéneres posteriores alusivas a Mogli, Zorro, Cinderela ou Robin dos Bosques – mais um testamento, caso ainda fosse necessário, do poder de um bom tema de abertura; e, no que toca à televisão infantil portuguesa, este talvez seja 'O' tema de abertura, mais icónico ainda do que 'Dragon Ball, de puro cristal', 'Vive a vida, como uma festa', 'Dartacão, Dartacão!' ou mesmo 'Eu quero ser, mais que perfeito, maior do que a imaginação'. Razão mais que suficiente para o recordarmos, e à série que introduzia e ajudou a tornar memorável. 'Tu andas sempre descalço, Tom Sawyer...'

Sim, existe uma letra completa...

 

22.05.23

NOTA: Este 'post' é dedicado ao leitor e colega 'bloguista' Pedro Serra, que deixou a sugestão nos nossos comentários.

Em Segundas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das séries mais marcantes para os miúdos daquela década, sejam animadas ou de acção real.

Embora, hoje em dia, seja conhecida como uma televisão de índole popular (senão mesmo 'popularucha') aquando do seu surgimento há quase exactos trinta anos, a TVI posicionava-se como algo diametralmente oposto: um canal 'bem-comportado', ao estilo RTP2, com uma programação pouco controversa e focada, sobretudo, em conteúdos de índole mais cultural, didáctica e religiosa – ou não fosse a estação de Queluz directamente financiada, em parte, pela Igreja Católica. Naturalmente, esta abordagem estendia-se, também, à programação infantil da emissora, bastando comparar a proposta infanto-juvenil da 'Quatro' nessa primeira fase, 'A Casa do Tio Carlos', com o 'Buereré' da rival SIC para se perceber a diferença de estilos - um paradigma que se manteria, aliás, durante alguns anos, até à chegada de 'Batatoon', esse sim, um concorrente directo ao programa de Ediberto Lima e Ana Malhoa.

De facto, é difícil imaginar a SIC, mesmo a daqueles primeiros tempos, a transmitir algo tão declaradamente pouco laico como 'No Princípio: As Histórias Mais Bonitas', série transmitida pelo quarto canal em 1994 e cuja proposta passava por recontar as histórias do Velho Testamento num formato passível de agradar ao público-alvo – no caso, a animação japonesa, ou 'anime'. Anos antes de 'Zorro', 'Cinderela', 'Robin dos Bosques' e do ex-libris 'Samurai X' – e anos antes de a concorrente de Carnaxide trazer 'Dragon Ball Z' para Portugal e iniciar a maior febre de recreio do século XX no nosso país – já a emissora de Queluz dava os primeiros passos pelo Mundo dos personagens de olhos grandes, embora, novamente, por meio de uma série que os professores de Catequese podiam mostrar aos alunos como complemento educativo, e que contrastava abertamente com os conteúdos comercializantes e voltados à acção exibidos pelas outras televisões.

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Da autoria do mestre Ozamu Tezuka – lenda da primeira 'era' do 'anime', mais conhecido por ter criado os personagens de Astro Boy e Leo, o leão branco, cuja série chegou a passar na RTP e se diz ter inspirado fortemente 'O Rei Leão', da Disney – a série teve co-produção italiana (como acontecia, aliás, com tantas outras no mesmo período) e estreou originalmente em 1991; a Portugal, chegaria apenas três anos mais tarde, em versão dobrada, pela mão da recém-nascida estação independente de Queluz (que a viria, aliás, a repetir dentro de outros três anos, em 1997) tendo mais tarde sido editada, na íntegra, em VHS, pela distribuidora Ediclube, no habitual formato 'um episódio por cassette' que 'estourava' com as finanças de quem procurasse completar a colecção na íntegra – apesar de, neste caso, essa abordagem ser mais justificada do que é habitual, dado cada um dos vinte e seis episódios focar uma história bíblica distinta, podendo a junção de dois ou mais episódios numa só cassette diluir o impacto individual das mesmas.

Independentemente do formato, no entanto, a verdade é que a série chegou a marcar quem a ela assistiu naqueles anos longínquos de infância, possuindo qualidade suficiente para 'converter' até mesmo quem não tinha grande interesse em religião, ou simplesmente não era Católico. Infelizmente, a versão portuguesa transmitida pela TVI encontra-se, hoje, Esquecida Pela Net, encontrando-se os episódios disponíveis no YouTube dobrados em brasileiro ou espanhol; ainda assim, para quem tiver curiosidade ou simplesmente quiser reviver (parcialmente) as manhãs da infância, fica a 'dica...'

14.03.22

Em Segundas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das séries mais marcantes para os miúdos daquela década, sejam animadas ou de acção real.

Embora presente em Portugal desde os anos 80, com séries como 'Tom Sawyer', 'Heidi e Marco' ou 'Bana e Flapy', foi na década seguinte que a animação japonesa – vulgo 'anime' – verdadeiramente se afirmou no nosso país. Séries como 'As Navegantes da Lua', 'Capitão Hawk', 'Esquadrão Águia', 'Os Cavaleiros do Zodíaco' e, claro, o incontornável 'Dragon Ball Z' davam a conhecer a toda uma nova geração de crianças e jovens aquele estilo cheio de 'linhas de velocidade' e caretas exageradas, e com enredos cheios de acção e aventura.

O sucesso foi imediato, e à entrada para a segunda metade da década, os 'animes' eram já parte integrante da vida quotidiana de qualquer criança; não constituiu, pois, qualquer surpresa ver o número de séries deste tipo exibidas nos quatro canais nacionais aumentar exponencialmente durante esses anos, com novas propostas a surgirem regularmente, muitas delas em substituição directa de outras do mesmo tipo.

Foi neste âmbito que, há quase exactamente um quarto de século, acabaram por coincidir na TVI três 'animes' com conceitos e premissas extremamente semelhantes, hoje em dia lembrados por muitas ex-crianças portuguesas como uma espécie de 'pacote 3-em-1', apesar de nem sempre terem sido transmitidos juntos.

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Falamos de 'A Lenda de Zorro' (Kaiketsu Zorro), 'A Cinderela' (Cinderella Monogatari) e 'As Aventuras de Robin dos Bosques' (Robin Fuddo no Daibōken) as três adaptações (extremamente) livres de histórias clássicas para um formato de animação serializada que a TVI foi adquirir a Itália para integrar na sua programação infantil para os anos de 1996 e 97, nomeadamente no âmbito do programa matinal 'Mix Max'.

Apesar de, conforme referimos, tratarem o material original em que eram baseadas com a maior das liberdades, nenhuma das três séries ficava a perder, em termos de qualidade, em relação à média das séries de 'anime' da altura; pelo contrário, todas as três eram bem desenhadas (ainda que sofressem um pouco da síndrome 'orçamento gasto na sequência de abertura'), com Cinderela e Zorro a terem traços algo mais realistas, próximos dos das 'Navegantes' e 'Samurai X', respectivamente, enquanto Robin (talvez por ter protagonistas infantis) contava com um estilo mais caricatural, a lembrar as séries dos anos 70 e 80, como o já referido 'Esquadrão Águia'.

Os méritos dos três programas não se ficavam, no entanto, pelos aspectos técnicos; todas as três contavam, também, com histórias que se desenrolavam a um ritmo dinâmico e conseguiam o balanço perfeito entre a acção, o drama, a comédia, e até alguns momentos mais românticos, especialmente no caso da adaptação de 'Cinderela'. Talvez ainda mais importante, para uma geração que vivia de primeiras impressões, todos os três tinham temas de abertura absolutamente fabulosos; o de Zorro, em particular, ainda hoje se conta entre os melhores de sempre da televisão infantil em Portugal – o que, para um país que conviveu com as aberturas de 'Pokémon', 'Digimon', 'Power Rangers' ou 'Rua Sésamo', não deixa de ser notável! A música de 'Robin dos Bosques', em particular, teve ainda o mérito extra de ensinar a muitas crianças o significado da palava 'liça', utilizada na letra cantada por Helena Isabel, e que muitos jovens da altura pensavam ser a homófona 'missa'.

No fundo, tratavam-se de três séries que, sem quererem ser um fenómeno cultural ou até mesmo revolucionar o género em que se inseriam, não deixavam de ser uma excelente opção para passar uma manhã 'de folga' da escola, a 'preguiçar' em frente à televisão – o que, no fundo, era tudo o que muitas crianças da época pediam no tocante a programação. Mais, odas as três demonstravam qualidade e interesse suficientes para justificarem o regresso, no dia seguinte, para ver outro episódio, algo que era, também, apenas privilégio das melhores séries e desenhos animados da época. Assim, e apesar de algo esquecidas hoje em dia, qualquer das três séries é bem merecedora deste destaque, ficando a sensação de que fazem falta produções cuidadas deste tipo na programação infanto-juvenil de hoje em dia...

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