24.03.23
Os anos 90 estiveram entre as melhores décadas no que toca à produção de filmes de interesse para crianças e jovens. Às sextas, recordamos aqui alguns dos mais marcantes.
Os filmes de animação de finais do século XX tendiam a estar associados a um de três nomes: por um lado, o da tradicional e decana Walt Disney, então a atravessar um 'renascimento' que lhe viria a render um segundo estado de graça, por outro o da 'estreante' Pixar e, apenas um meio passo atrás, o do realizador Don Bluth, o qual, em parceria com a Amblin Entertainment de Steven Spielberg, deixaria um legado de 'clássicos' de animação modernos. E apesar de a melhor fase do criador ter tido lugar entre meados da década de 80 e inícios da seguinte – quando produziu obras-primas como 'Fievel, Um Conto Americano' (e respectiva sequela), 'Em Busca do Vale Encantado' e 'Todos os Cães Merecem o Céu' – os últimos anos do século XX ainda veriam ser lançado pelo menos mais um clássico com o nome de Bluth à cabeça: 'Anastasia', uma versão ficcionalizada, bem ao estilo da concorrente Disney, da história verídica de Anastasia Romanoff, czarina russa que, reza a lenda, terá sobrevivido ao atentado que vitimou a sua família em 1917.
Considerado hoje como o filme que marcou o regresso à forma do realizador norte-americano após obras menos conseguidas como 'Um Duende no Parque', 'Hubie, o Pinguim' ou a sequela de 'O Segredo de Nimh', a animação estreou em Portugal há quase exactos vinte e cinco anos, tendo chegado aos cinemas nacionais a 27 de Março de 1998, e conseguido boa aceitação entre o público infanto-juvenil nacional, apesar (ou talvez por causa) das semelhanças com as obras que a Disney vinha, à época, lançando anualmente. E se é verdade que o filme contém muitos dos elementos que se tornaram sinónimos com as animações da companhia do Rato Mickey – da protagonista que deseja mais da vida ao par romântico 'atrevido' e bem-parecido, sem esquecer os alivios cómicos, o vilão de traços angulares e, claro, as canções - nem por isso o mesmo deixa de ser um exemplo extremamente bem conseguido de um filme de família, capaz de maravilhar e até assustar o público-alvo (muito por conta do vilão Rasputin, uma daquelas criações que a equipa de animadores da Disney talvez desejasse ter concebido) sem descurar o público mais adulto – uma dicotomia que os melhores filmes animados e de família tendem a valorizar, e a saber balancear.
O núcleo central de personagens do filme era bastante bem conseguido, com destaque para o pérfido vilão, Rasputin.
Talvez por isso 'Anastasia' se tenha tornado um dos 'clássicos menores' da animação dos anos 90, que, sem chegar ao nível de notabilidade de um 'Aladino' ou 'O Rei Leão', não deixa ainda assim de fazer parte das memórias nostálgicas de muitas crianças – portuguesas e não só. E a verdade é que tanto a animação quanto a história do filme 'envelheceram' marcadamente bem, afirmando-se como perfeitamente aceitáveis (e até acima da média) mesmo um quarto de século após o seu lançamento, e fazendo de 'Anastasia', ainda hoje, uma excelente proposta para um fim-de-semana chuvoso em família, em frente à televisão – quem sabe, como comemoração da data marcante que ora se assinala...?