13.07.22
Em quartas-feiras alternadas, falamos sobre tudo aquilo que não cabe em nenhum outro dia ou categoria do blog..
...como é o caso da mudança de atitudes na sociedade.
Provavelmente, acabam de ofender vários grupos minoritários sem sequer o saberem...
Muito se fala, hoje em dia, do 'politicamente correcto', e do impacto (por vezes excessivo) que o cuidado (por vezes extremo) para não ofender vem tendo na vida quotidiana. Quer se goste ou não, a sociedade ocidental avançou consideravelmente, a nível de mentalidades, nos últimos trinta anos, e para se perceber isso basta lembrar as anedotas que todos contávamos no recreio da escola, ainda antes de a nossa idade atingir os dois dígitos, e que seriam, hoje, suficientes para nos 'cancelar' social e culturalmente.
Mais do que os próprios dichotes – contados, afinal de contas, por crianças – é a atitude indiferente e casual da sociedade de então em relação aos mesmos que verdadeiramente choca hoje em dia; ainda que pais ou professores pudessem repreender ou tentar corrigir quem era apanhado a contar esse tipo de anedotas, o próprio facto de elas existirem era olhado com naturalidade e descontracção pelo mundo 'adulto', não sendo o potencial ofensivo das mesmas tido em conta, excepto em contextos muito específicos (como a presença de um elemento de uma minoria étnica no momento em que a anedota era dita, por exemplo). Uma atitude que é, hoje em dia, diametralmente oposta - e ainda bem, pois fica aí demonstrado o crescimento exponencial da sociedade neste parãmetro específico.
Precisamente por este motivo, dificilmente ouviremos uma criança actual contar aos amigos da mesma idade este tipo de anedota; na verdade, até mesmo os adultos evitam dizê-las hoje em dia, por respeito a quem possa ser ofendido. No entanto, isso está longe de constituir um ponto a desfavor da sociedade do novo milénio – pelo contrário, pode ser considerado um dos casos em que o 'politicamente correcto' não só tem razão de ser, como beneficia activamente o 'clima' social quotidiano.