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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

28.10.22

Os anos 90 estiveram entre as melhores décadas no que toca à produção de filmes de interesse para crianças e jovens. Às sextas, recordamos aqui alguns dos mais marcantes.

Apesar de não serem totalmente verídicos – havendo vários exemplos que justificam a ida ao cinema – os axiomas de que 'as sequelas nunca são tão boas como os originais' e 'as terceiras partes de filmes nunca são boas' têm o seu quê de verdade, havendo igualmente vários exemplos demonstrativos disso mesmo; é, pois, fácil de perceber que, quando a terceira parte de uma popular (e, até então, excelente) série de filmes é anunciada mais de cinco anos após a primeira sequela, o sentimento vigente entre os fãs da referida franquia seja um misto de entusiasmo pelo regresso de uma das suas propriedades intelectuais favoritas e apreensão pela projectada perda de qualidade do filme.

Imagina-se, pois, que terá sido sensivelmente esta a reacção dos fãs de 'Alien – O Oitavo Passageiro', ao saberem que estava em preparação uma segunda sequela das aventuras de Ellen Ripley na sua luta continuada contra os aterrorizantes Xenomorphs, as criaturas que tornaram famoso o artista H. R. Giger, e que ainda hoje continuam a constituir um dos melhores exemplos de efeitos práticos do cinema moderno. E se o nome de David Fincher ao comando dava algumas garantias de qualidade – mesmo estando o realizador ainda longe do renome que ganharia com 'Fight Club' e 'Se7en – Sete Pecados Mortais', meia década mais tarde – a verdade é que este acabou, mesmo, por ser um dos 'exemplos de capa' da 'maldição das terceiras partes', ficando 'Alien 3' muito aquém das expectativas dos aficionados do 'Alien' de Ridley Scott e de 'Aliens', a sequela bem mais 'bombástica' e 'explosiva' dirigida por James Cameron.

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A responsabilidade por este fracasso não foi, no entanto, totalmente do realizador, tendo Fincher (ele próprio uma 'segunda escolha' após o abandono de um tal Vincent Ward, algo impensável hoje em dia) sofrido com a interferência constante dos produtores e do estúdio que financiava o projecto, bem como com um processo de filmagens, ele próprio, algo tumultuoso, e que incluiu mesmo dias de filmagens sem argumento!

Tendo tudo isto em conta, é, pois, um milagre que 'Alien 3' tenha feito sucesso por toda a Europa (incluindo em Portugal, onde se completaram há precisamente um mês trinta anos sobre a sua estreia) e sido mesmo nomeado para um Óscar (no campo dos efeitos visuais) e vários prestigiosos prémios do campo da ficção científica, como os Saturnos e os Hugos, além de um MTV Movie Award para melhor sequêmcia de acção. A verdade, no entanto, é que – visto como um filme por si só – a obra de Fincher até tem algum mérito recuperando e exacerbando o tom de ficção científica pura e dura do primeiro 'Aliens', e conseguindo dar a cada um dos três primeiros filmes da série uma identidade própria (uma versão alternativa, conhecida como Assembly Cut e lançada em 2003, é, aliás, bastante do agrado dos fãs); no entanto, não é menos verdade que a terceira parte da franquia representa, também, o início do seu declínio, o qual se viria a confirmar de forma retumbante com o filme seguinte da série.

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De facto, se 'Alien 3' havia dado algumas indicações de que a franquia 'Alien' talvez não voltasse aos seus tempos áureos, 'Alien - A Ressurreição' (que completa em fins do próximo mês de Fevereiro vinte e cinco anos sobre a sua estreia em solo nacional) serve de confirmação a esse mesmo facto. Mal recebido tanto pelos fãs como pela crítica especializada, o filme apresenta, pela primeira vez, um tom declaradamente comercial, de 'blockbuster', e sem um pingo da identidade que os seus três antecessores haviam almejado – isto apesar da presença do francês Jean-Pierre Jeunet na cadeira de realizador, ele que se notabilizaria anos depois com o muito aclamado 'O Fabuloso Destino de Amélie Poulain', e de Joss Whedon (ele mesmo, de 'Buffy, A Caçadora de Vampiros') como argumentista.

Dado este notório decréscimo de qualidade, não é, pois, de admirar que a terceira sequela de 'Alien' tenha também sido a menos bem sucedida até então, o que não invalida que tenha feito 161 milhões de dólares no mercado global, e sido nomeada para vários prémios Saturno; a enorme distância a que ficou dos Óscares, no entanto, revelava que a franquia perdera o respeito dos 'decision-makers' da indústria cinematográfica, uma tendência que apenas se viria a exacerbar com os capítulos seguintes da série. Esses já ficam, no entanto, fora do âmbito deste nosso blog, pelo que (felizmente) podemos deixar a franquia 'Alien' num ponto ainda relativamente digno da sua trajectória, e fingir que a terceira e quarta partes foram mesmo os piores dissabores que a mesma sofreu. Oxalá tal fosse verdade...

12.07.21

Em Segundas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das séries mais marcantes para os miúdos daquela década, sejam animadas ou de acção real.

 

Este é mais um daqueles posts que se podia perfeitamente ficar pelo vídeo reproduzido acima, e decerto não deixaria de ter impacto junto dos leitores deste blog; este tema, como os de Dragon Ball Z ou Power Rangers, é daqueles que é ASSIM TÃO icónico para a nossa geração, e que fará qualquer jovem dos anos 90 recordar onde e quando o ouviu pela primeira vez.

A série a que pertence (ou pertencia) não é, no entanto, menos lendária ou memorável – pelo contrário, o tema e o programa estavam bem um para o outro. Tratava-se, como é evidente, de ‘Ficheiros Secretos’, a série que apresentou ao mundo o duo de David Duchovny e Gillian Anderson, duas estrelas em potência que, infelizmente, nunca confirmaram o potencial que demonstravam como co-estrelas deste lendário programa.

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A icónica dupla de protagonistas da série

Criada em setembro de 1993 por Chris Carter – um nome, a dada altura, não menos mítico do que o da própria série – ‘Ficheiros Secretos’ demorou menos de um ano a chegar a Portugal (uma raridade à época), tendo estreado na TVI em 1994, a tempo de cativar toda uma geração de jovens com a sua mistura de enredos sobrenaturais e de terror a uma típica série policial e de mistério – uma mistura que ajudava, e muito, a tornar o programa original, e a fazê-lo destacar-se de uma concorrência que, já na altura, jogava demasiado pelo seguro. Mulder e Scully viam-se, semanalmente, a braços com estranhas ocorrências, as quais, invariavelmente, acabavam por envolver fantasmas e/ou extraterrestres – por muito que a Scully de Anderson teimasse em manter o seu cepticismo empedernido, mesmo depois de duas temporadas inteiras de fenómenos deste tipo. Já o Mulder de David Duchovny seria, hoje, inevitavelmente tachado de ‘teórico da conspiração’ – ainda que os seus palpites e o seu ‘querer acreditar’ se acabassem sempre por revelar acertados. Junte-se a esta interessante dicotomia a óbvia química exibida pelos dois actores (que chegaram mesmo a ser um casal em consequência do seu trabalho na série) e o que temos é mesmo uma grande maneira de passar uma noite de sexta-feira.

E sim, dissemos ‘noite’, pois embora ‘Ficheiros Secretos’ fosse extremamente popular entre crianças e jovens, a verdade é que era transmitido já depois da ‘hora da cama’, obrigando muito do seu público a ficar acordado – aberta ou clandestinamente – para conseguir ver cada novo episódio. Valia o facto de no dia seguinte ser fim-de-semana…

E como qualquer programa de sucesso entre a miudagem, ‘Ficheiros Secretos’ deu origem a variado ‘merchandise’, de filmes originais (lançados no cinema!) à inevitável reedição de episódios em DVD, e das habituais t-shirts a números especiais de revistas como a ‘Super Jovem’, e até – famosamente – um daqueles jogos de cartas que, não se chamando ‘Magic: The Gathering’, nunca eram coleccionados (e muito menos jogados) seja por quem fosse. Em suma, sem ser uma força da natureza como os outros programas referidos no início deste texto, ‘Ficheiros Secretos’ tinha um lugar confortável nas preferências dos jovens (fossem portugueses ou estrangeiros) tendo, inclusivamente, ajudado a lançar a ‘febre’ dos extraterrestres, e a reavivar a dos fantasmas.

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Um dos muitos livros inspirados pelo sucesso da série

Infelizmente, mais uma vez, a velha máxima de que ‘tudo o que é bom acaba’ se provou acertada em relação a esta série, a qual – a partir da quarta temporada – decidiu retirar o foco do sobrenatural para se transformar em ‘só mais uma’ série sobre traições e espionagem; e o mais irónico é que o ‘arauto’ dessa viragem foi um personagem que muitos estavam desejosos por conhecer, após a série ter criado um enorme e aliciante mistério à sua volta. Infelizmente, quando se revelou a Mulder e Scully, o ‘Cigarette Smoking Man’ acarretou consigo o início do fim daquela que houvera sido uma série excelente, precisamente, por ser original. Daí para a frente, foi sempre a decrescer em termos de interesse, até já ninguém sequer saber que ‘Ficheiros’ ainda estava no ar, e muito menos se interessar. Uma pena, visto a série ter potencial para se ter tornado ainda mais lendária entre a geração que entrava na adolescência em finais dos anos 90. Mesmo com este desaire, no entanto, não a podemos considerar menos do que histórica entre a juventude portuguesa – e, como tal, bem merecedora de um lugar na rubrica sobre séries deste blog explicitamente nostálgico…

 

04.07.21

NOTA: Este post corresponde a Sexta-feira, 2 de Julho de 2021.

Os anos 90 estiveram entre as melhores décadas no que toca à produção de filmes de interesse para crianças e jovens. Às sextas, recordamos aqui alguns dos mais marcantes.

E porque se celebra, este fim-de-semana, o famoso Dia da Independência norte-americano, nada melhor do que recordar o filme que colocou essa data (ainda mais) nas bocas do resto do Mundo – Portugal incluído – e que foi lançado há quase exactamente 25 anos, a 3 de Julho de 1996.

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Falamos de ‘O Dia da Independência’, o filme-evento realizado por Roland Emmerich que transformou Will Smith de actor de ‘sitcom’ em herói de acção, com resultados surpreendentemente convincentes.

Não que Smith fosse a única ‘estrela da companhia’ – longe disso. Além do eterno ‘Príncipe de Bel-Air’, o elenco reunido por Emmerich contava ainda com Jeff Goldblum, Bill Pullman, Randy Quaid ou Harvey Fierstein, entre outros – isto, claro, sem falar do verdadeiro centro das atenções: os efeitos especiais.

De facto, ‘O Dia da Independência’ é quase mais um espectáculo visual do que um filme; ainda que as prestações dos principais actores sejam fortes, a história é o típico exagero absurdo característico deste tipo de produção, e que fornece bastas oportunidades para Emmerich e companhia utilizarem efeitos de computador absurdamente avançados para a época. Sejam as naves dos extraterrestres ou as habituais explosões, há (havia) muito com o que ficar de boca aberta nas quase duas horas e meia de duração do filme (também aqui Emmerich foi visionário, afirmando-se como precursor da tendência para filmes mais longos do que a média que se verificaria alguns anos depois.)

Os efeitos visuais do filme eram nada menos do que impressionantes, e extremamente avançado para a época.

O resultado foi um sucesso absoluto de bilheteira, tendo-se ‘O Dia da Independência’ tornado o filme mais lucrativo do ano, e o segundo mais lucrativo de sempre até então, apenas atrás do outro grande filme-evento da década, o ainda mais nostálgico ‘Parque Jurássico’. E apesar de essa marca ter sido, desde então, largamente ultrapassada (basta recordar os absurdos números de bilheteira de ‘Vingadores: Endgame’), a verdade é que ‘O Dia da Independência’ conseguiu manter-se marcante e relevante o suficiente para justificar uma sequela celebratória das suas duas décadas de vida, lançada em finais de Junho de 2016; o impacto desta última esteve, no entanto, longe do conseguido pelo seu precursor, um filme-espectáculo numa época em que os mesmos ainda eram a excepção, e não a regra. Nada melhor, portanto, do que celebrar o 25º aniversário deste marco do cinema dos anos 90 relembrando o furor que o mesmo causou à época…

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