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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

18.01.23

Em quartas-feiras alternadas, falamos sobre tudo aquilo que não cabe em nenhum outro dia ou categoria do blog.

O período de Natal e o início do ano seguinte eram, por razões óbvias, a altura do ano por excelência para o lançamento e comercialização de agendas – que, neste caso, se referiam não àqueles livrinhos de couro recheados de papel pautado onde se anotavam números de telefone e moradas antes do advento dos 'smartphones', mas sim a verdadeiros tomos encadernados, dirigidos a um público infanto-juvenil, e que combinavam essa vertente com outros conteúdos de interesse para a demografia-alvo, como receitas, passatempos, curiosidades, ou espaços onde anotar os desejos e ambições para o novo ano. E se a rainha indisputada deste tipo de publicação era 'A Minha Agenda', o esforço anual da RTP cujo principal ponto de interesse era o lendário anúncio, também não deixou de haver um ou outro 'concorrente' esporádico, determinado a retirar a 'coroa' à publicação da emissora estadual.

Destes, um dos principais (e que não deixa de ser surpreendente nunca ter almejado mais altos vôos) foram as agendas Disney – volumes em tudo semelhantes a 'A Minha Agenda', mas com o atractivo extra de contarem com a presença (totalmente legal e licenciada) das mais populares personagens de banda desenhada da Disney. Assim, conteúdos que de outra forma teriam de ter sido decorados com desenhos ou motivos genéricos passavam a ter como 'anfitriões' o Tio Patinhas, o Rato Mickey, e as restantes (e bem conhecidas) personagens com que as crianças portuguesas conviviam sempre que abriam uma revista aos quadradinhos da época.

Infelizmente, este é mais um daqueles casos em que o produto em questão foi totalmente Esquecido Pela Net, não havendo mesmo rasto de qualquer dos (pelo menos dois) volumes lançados (relativos aos anos de 1992 e 93) em sites como o OLX. Assim, e perante a impossibilidade de retirar imagens dos nossos exemplares pessoais (há muito arrumados numa de entre muitas caixas com conteúdos semelhantes) vemo-nos forçados a publicar, pela segunda vez, um 'post' sem quaisquer imagens.

Ainda assim, e numa altura do ano em que a maioria das crianças tinha, ainda, motivação para utilizar activamente este tipo de volumes, não queríamos deixar passar em branco este 'conccrrente' d''A Minha Agenda', cujo insucesso é tão difícil de perceber quanto o seu desaparecimento total da consciência nostálgica colectiva portuguesa – algo que pode parecer inimaginável para um produto com uma licença tão popular quanto a dos Estúdios Walt Disney, mas que, no caso destas agendas, é absolutamente verídico...

14.09.22

NOTA: Este post é correspondente a Terça-feira, 13 de Setembro de 2022.

A década de 90 viu surgirem e popularizarem-se algumas das mais mirabolantes inovações tecnológicas da segunda metade do século XX, muitas das quais foram aplicadas a jogos e brinquedos. Às terças, o Portugal Anos 90 recorda algumas das mais memoráveis a aterrar em terras lusitanas.

Os anos 90 e 2000 foram as décadas da inovação tecnológica por excelência, com enormes avanços a terem lugar a toda a largura do espectro no espaço de, muitas vezes, apenas alguns anos – progressos esses, regra geral, muito mais 'visíveis' do que os de hoje em dia, em que tudo parece já estar inventado ou inovado. Como consequência, apesar de a verdadeira transição digital se ter dado apenas na segunda década do Terceiro Milénio, os vinte anos precedentes representavam já uma 'área cinzenta', em que certos trâmites da vida quotidiana se viam 'presos' a meio caminho entre a clássica metodologia analógica e o novo paradigma digital.

Uma dessas áreas era a da organização pessoal, nomeadamente no tocante às clássicas agendas e áquilo a que, à época, se chamava 'organizers'; isto porque, apesar de a maioria dos cidadãos ocidentais (e, em particular, os mais jovens) da época recorrerem ainda aos meios físicos para este efeito, começavam também a aparecer no mercado alternativas electrónicas, as quais (sem que ninguém, à época, ainda o soubesse) acabariam por levar a algo muito mais impactante em anos futuros.

f5271ff35671571e01f7cf0e1c035add1893afdf_hq.jpgO modelo mais comum e conhecido deste tipo de dispositivo.

Nos anos 90, no entanto, as agendas e 'organizers' electrónicos eram apenas mais um daqueles 'brinquedos para gente grande', cujo custo algo proibitivo os mantinha longe do acesso daquela que poderia, potencialmente, ser uma fatia considerável do seu público-alvo, os jovens; a conjunção proibitiva entre preço elevado e relativa falta de interesse (a maioria dos 'organizers' tinham mais em comum com uma calculadora científica do que com uma consola portátil) restringia o mercado destes aparelhos, sobretudo, aos profissionais de sucesso – factor que não impediu que alguns fabricantes se 'aventurassem' pela criação de versões infantis, normalmente marcadas pelos exteriores em cores garridas, e por vezes adornados com personagens licenciados de banda desenhada, nomeadamente a ratinha Minnie, da Disney, ou inseridos em promoções e concursos fomentados por produtos populares entre os jovens, como a Coca-Cola. Enquanto que alguns destes modelos apresentavam interfaces e modos de funcionamento simplificados e adaptados à demografia-alvo, no entanto, muitos deles consistiam precisamente do mesmo produto, apenas com uma 'lavagem de cara' que os tornava mais apelativos para as crianças e jovens – uma táctica cujo sucesso ficou, previsivelmente, aquém do esperado pelos fabricantes e distribuidores.

Apesar de terem sido um interveniente 'menor' na revolução tecnológica de finais do século XX, no entanto, as agendas electrónicas não deixam de ficar nos anais da História por aquilo que tornaram possível, cerca de uma década depois: dispositivos que melhoravam e expandiam as funcionalidades por elas apresentadas, para dar origem, primeiro os chamados 'personal digital assistant' (uma evolução directa, mas bastante mais avançada, das agendas electrónicas) e, mais tarde, aparelhos que combinavam as potencialidades destes com as de outro tipo de 'gadget' em rápida ascensão na altura (o telemóvel), e que ficariam conhecidos como 'smartphones'. É verdade – sem aqueles dispositivos primitivos, que permitiam, com muito esforço, agendar algo no calendário, provavelmente nunca teria havido a corrente gama de telefones 'tudo-em-um'; uma 'pequena' e 'modesta' contribuição para a sociedade actual que, por si só, justifica que dediquemos algumas linhas a um produto que muito poucas crianças portuguesas terão visto 'ao vivo' à época do seu lançamento...



22.12.21

Em quartas-feiras alternadas, falamos sobre tudo aquilo que não cabe em nenhum outro dia ou categoria do blog.

Na era pré-telemóveis, a única maneira de recordar e guardar datas e contactos importantes era registá-los nuns livrinhos especialmente criados para o assunto, em que cada página correspondia a um dia, e continha linhas especiais para anotar todas estas informações.

Isso mesmo - as agendas, um daqueles produtos que, a certo ponto durante os anos 80 e 90, representava um dos marcos da passagem à vida adulta, em que havia a necessidade de manter registos sobre coisas sérias. Talvez por isso tantas crianças quisessem ter o seu próprio exemplar, e talvez por isso a alternativa especificamente dirigida a esta demografia - lançada anualmente pela editorial O Livro, em parceria com a RTP, de meados da década de 80 até aos primeiros anos do novo milénio, e novamente em 2010, numa edição especial alusiva ao programa 'Caderneta de Cromos', apresentado por Nuno Markl - tenha feito tanto sucesso à época do lançamento.

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Capas das edições relativas aos anos de 1994 e 96

De facto, no período a que este blog diz respeito, 'A Minha Agenda', a agenda infantil da RTP - que além dos espaços para registo de informação, continha curiosidades, jogos, receitas e outros artigos de interesse para o público-alvo - tornou-se um verdadeiro marco da época natalícia portuguesa, sobretudo graças ao seu anúncio televisivo, cujo 'jingle' era tão ou mais 'pegajoso' que o actual do Pingo Doce, e terá decerto vindo à cabeça de pelo menos alguns dos nossos leitores assim que foi mencionado.

Por aqui, anda-se há dias a cantarolar isto...

Esse anúncio era, aliás, responsável pela criação de grande parte do desejo pel''A Minha Agenda', que no restante, não passava precisamente disso - de uma agenda, ainda que 'apimentada' pelos referidos conteúdos extra. Aliás, na mesma época, existia pelo menos uma opção tão boa ou melhor do que a publicação da RTP, no caso a Agenda Disney, que aliava um conceito semelhante ao d''A Minha Agenda' ao atractivo extra da licença oficial para uso das personagens Disney (lá por casa, era esta que se tinha, e nunca houve qualquer desejo pela troca).

No entanto, tal como no caso do 'Um Bongo', aqui explorado há algumas semanas, 'A Minha Agenda' era (foi, é) um produto cuja estratégia de vendas assentava, sobretudo, na força do seu 'jingle', que lhe dava uma vantagem em relação à concorrência, por muito forte que ela fosse; que o diga quem ficou quase imediatamente a desejar receber um destes volumes no sapatinho após ter sido sujeito ao anúncio num qualquer intervalo dos desenhos animados...

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