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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

29.02.24

Trazer milhões de ‘quinquilharias’ nos bolsos, no estojo ou na pasta faz parte da experiência de ser criança. Às quintas, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos brindes e ‘porcarias’ preferidos da juventude daquela época.

O dicionário Priberam de língua portuguesa define 'quinquilharia' como 'objecto de pouco valor, geralmente de pequena dimensão, como brinquedos de criança' – e poucas coisas se encaixam tão bem nessa definição como o tema do nosso 'post' de hoje. Isto porque o referido objecto era, de facto, de valor negligenciável – sendo, inclusivamente, prémio habitual das máquinas de brindes de finais do século XX – e adequado a apenas uma função, ela mesma praticamente inútil; e, no entanto, não haverá criança dos anos 90 (nem, a julgar pelos resultados de uma rápida pesquisa na Net, dos dias de hoje) que não tenha tido, e apreciado, pelo menos um exemplar do mesmo.

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Versões modernas do intemporal artigo.

Falamos dos enfeites para lápis, muitas vezes designados informalmente como 'cabeças' – aquelas pequenas figuras ou formas com um buraco na base, através do qual se inseria o lápis, criando assim uma pequena decoração para o mesmo – sendo este o único objectivo a que se destinavam tais 'bugigangas' (embora, indirectamente, ajudassem também a prevenir que os 'roedores' de lápis, como o autor deste 'blog' quando criança e adolescente, danificassem a zona da borracha ou mesmo a madeira do velho HB.) Disponíveis numa grande variedade de materiais – borracha mole, borracha dura, plástico ou madeira – e num número quase infinito de motivos e padrões, estas literais 'quinquilharias' não deixavam, pese embora a sua inutilidade, de fazer as delícias das crianças como elemento puramente estético, particularmente quando combinados com um lápis com padrão e cores semelhantes ao da 'cabeça'.

Mesmo nos mais 'básicos' lápis ´às riscas´ ou de cor sólida, no entanto, estas decorações ajudavam a dar um toque de interesse e originalidade, tornando a experiência de tirar notas, fazer um ditado ou cópia ou preencher um teste ligeiramente mais agradável e divertida. Talvez por isso, ou talvez pela sua alta disponibilidade e preço relativamente baixo, as 'cabeças' de lápis fossem presença assídua, e quase obrigatória, ao lado da caneta multicores e da borracha de cheiro, nos estojos dos alunos do ensino básico daqueles finais de Segundo Milénio – um estatuto de que, presumivelmente, continuarão a desfrutar até o uso de 'tablets' e portáteis substituir, e tornar definitivamente obsoletas, as notas escritas à mão. Ou seja, enquanto houver lápis nos estojos escolares de crianças pré-adolescentes, haverá grandes probabilidades de, algures no interior dos mesmos, se encontrar também uma versão moderna do mesmo objecto que adornou, há duas ou três décadas atrás, as pontas dos lápis dos então jovens 'millennials'...

01.07.22

Um dos aspetos mais marcantes dos anos 90 foi o seu inconfundível sentido estético e de moda. Em sextas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das marcas e modas mais memoráveis entre os jovens da ‘nossa’ década.

Na última edição desta rubrica, falámos das tatuagens, e do modo como as mesmas deixaram as 'tribos' de nicho e se transformaram num fenómeno 'mainstream' durante as décadas de 90 e 2000; nada mais apropriado, portanto, do que nos debruçarmos, esta semana, sobre o outro grande elemento da cultura dita 'alternativa' a transpôr essa barreira, sensivelmente na mesma época: os 'piercings'.

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Os 'piercings' no umbigo foram um 'clássico' entre uma determinada demografia nas décadas de 90 e 2000

Até então confinados, sobretudo, a sub-culturas como o punk e o metal (sendo os tradicionais e convencionais brincos a única forma de adorno deste tipo transversalmente aceitável em toda a sociedade) os 'piercings' aproveitaram a 'boleia' das tatuagens para se espalharem um pouco por todos os sectores da cultura jovem da altura, tendo encontrado particular aceitação entre a nova geração de 'alternativos' (que ainda hoje continuam a favorecer as sobrancelhas, nariz e lábios como localização preferencial deste tipo de adorno) e junto das chamadas 'betinhas', para quem as jóias no umbigo ou os pontos ao canto do lábio passaram a ser mais um entre muitos adereços 'da moda', perfeitos para exibir no Verão, quando entravam em cena os tops de 'barriga ao léu' (os quais merecem também, potencialmente, um lugar futuro nesta rubrica.)

Aquilo que anos antes era visto como um 'desvio' das normas convencionais, e conotado com a rebeldia ou até com o perigo, passou, assim, a ser algo significativamente mais normalizado, passando as conotações rebeldes a existir apenas no contexto da demografia mais jovem, para quem este tipo de adorno era um apoio à expressão identitária. Mais de duas décadas depois, e tendo-se esses jovens transformados, eles próprios, em adultos, os 'piercings' (bem como as tatuagens) são um elemento perfeitamente comum e aceite dentro da sociedade ocidental, já muito longe da insurreição que outrora simbolizaram, tendo-se (ainda que involuntariamente) tornado um símbolo tanto da progressão social que se verificou nesse espaço de tempo, como da sanitização e padronização que se vai vivendo no seio da sociedade ocidental actual, já praticamente isenta de elementos verdadeiramente subversivos, como chegaram a ser, na sua época, estes adornos...

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