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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

12.04.24

Um dos aspetos mais marcantes dos anos 90 foi o seu inconfundível sentido estético e de moda. Em sextas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das marcas e modas mais memoráveis entre os jovens da ‘nossa’ década.

Apesar de algo mais discretos que os seus congéneres da década de 80, os adereços de moda dos anos 90 e inícios dos 2000 não deixaram, ainda assim, de marcar época entre os 'millennials' portugueses mais velhos, tanto aqueles que activamente os usavam na vida quotidiana como os que simplesmente com eles conviviam, através de familiares, amigos ou colegas de escola. Um destes acessórios em particular – uma modesta e simples fita trabalhada em missangas e disponível em qualquer 'banquinha' de rua – fez furor entre os jovens daquela época, sobretudo (mas não só) do sexo feminino.

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O típico e clássico mostruário de 'pulseiras da sorte' visto em tantas bancas e lojas de rua nos anos de viragem do Milénio.

Falamos das famosas pulseiras tantas vezes vistas em mercados de rua, feiras de artesanato ou até lojas dos trezentos (e, mais tarde, chinesas) sob o nome de 'pulseiras da sorte brasileiras' – embora, incongruentemente, o referido texto surgisse no cartão de exposição em outras línguas, como o italiano. Distintivas pelas suas cores vivas e pelo típico padrão 'pontilhado' criado pelas missangas, estas fitas traziam também, normalmente, qualquer tipo de motivo inserido no padrão, normalmente uma bandeira brasileira ou um qualquer dizer de índole positivista, que as tornava ainda mais atractivas para a demografia-alvo, e as tornava omnipresentes, independentemente de 'tribo urbana' ou estatuto social.

De facto, esta era uma daquelas modas que transcendia grupos, sendo presença assídua nos pulsos tanto de 'betinhas' como da faixa mais 'alternativa', e até mesmo de quem não tinha dinheiro, gosto ou apetência para grandes 'estilos'. Efectivamente, no cômputo geral, só mesmo o sector gótico e 'metaleiro' mostrava uma predisposição expectavelmente menor para este acessório; de resto, eram poucas as raparigas portuguesas da época (bem como muitos rapazes) que não usavam pelo menos uma destas pulseiras, normalmente em conjunto com outras fitas (quer obtidas em festivais de Verão, quer de carácter mais religioso) e com um ou outro adereço mais elaborado.

Tal como tantos outros acessórios de que já aqui falámos, no entanto, também o ciclo de vida das pulseiras de missangas chegou, inevitavelmente, ao fim – embora ainda seja possível encontrar este tipo de adereço à venda hoje em dia, o mesmo é praticamente inexistente na cultura social da 'Geração Z', para quem as pulseiras utilizadas pelas suas mães há quase um quarto de século (quando estavam, elas mesmas, em idade adolescente) mais não serão do que uma relíquia cultural, semelhante ao que eram, para os 'millennials', as roupas e acessórios usadas pelos seus próprios progenitores. Para quem viveu aquela época, no entanto, aquela tira de pano e corda com missangas representa, mais do que uma pulseira, um artefacto de 'viagem no tempo', que os remete de volta à sua adolescência, quando uma ou mais das mesmas adornavam o seu pulso, ou o das suas colegas e amigas...

27.10.23

Um dos aspetos mais marcantes dos anos 90 foi o seu inconfundível sentido estético e de moda. Em sextas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das marcas e modas mais memoráveis entre os jovens da ‘nossa’ década.

Qualquer que seja o período temporal, a moda tende a ir muito além das marcas ou combinações de peças de roupa; pelo contrário, os acessórios e opções estéticas afirmam-se normalmente como tão ou mais importantes do que os conteúdos do armário. Como já aqui anteriormente ficou provado, os anos 90 não foram excepção a esta regra; tanto assim que, para cada peça de vestuário icónica (como as 'sweats' da Gap, Quebramar, No Fear e Mad/Bad, camisas da Sacoor e Amarras, calças da Resina, blusões da Duffy ou calçado Airwalk, Skechers, Redley, Timberland ou Dr. Martens) existe um acessório, adereço, estilo de penteado ou até padrão de tatuagem que é, hoje em dia, tão ou mais lembrado. A este lote há, ainda, que juntar os estilos de pintura e arranjo das unhas, um elemento algo mais subtil, mas não menos importante do 'look' feminino.

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Um dos estilos de pintura mais populares nos anos 90 e 2000.

Isto porque o período em causa foi, talvez, o primeiro em que verdadeiramente se começaram a ver jovens do sexo feminino fazer experiências e 'aventuras' com os estilos das unhas; embora este hábito se perca em décadas imemoriais, até pelo menos aos anos 80 o arranjo e escolha dos vernizes era algo mais simples e tradicional, normalmente com todas as unhas pintadas da mesma cor uniforme, residindo o arrojo, simplesmente, na escolha do tom. Já os anos 90 viram surgir, entre as jovens adolescentes, tendências como as unhas multicoloridas (uma de cada cor, fazendo um efeito de 'arco-íris' ao esticar a mão) e, principalmente, a unha de cor diferente de todas as outras, normalmente num tom marcadamente contrastante ou com 'efeitos' como riscas ou pintas, que a ajudavam a destacar-se ainda mais do ponto de vista visual.

A origem destas tendências era, e continua a ser, pouco clara (pelo menos para alguém do sexo masculino) mas a verdade é que estes estilos 'pegaram', continuando a ver-se ainda hoje – mais comummente, nas unhas de mulheres da geração 'millennial', ou seja, que foram jovens durante aqueles anos de finais do século XX. E apesar de o arranjo das unhas caminhar, actualmente, cada vez mais para o uso de unhas de gel para a criação de efeitos visuais, por oposição ao tradicional verniz (e apesar de os estilos referidos já terem, há muito, sido suplantados e substituídos por outros) a verdade é que quem 'navega' no Instagram, Pinterest e TikTok à procura das mais recentes tendências para as unhas, aos anos 90 o deve, já que se pode considerar essa década o início dos estilos e escolhas menos convencionais nesse campo – o que o torna digno de celebração neste nosso blog nostálgico dedicado à referida era.

15.09.23

Um dos aspetos mais marcantes dos anos 90 foi o seu inconfundível sentido estético e de moda. Em sextas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das marcas e modas mais memoráveis entre os jovens da ‘nossa’ década.

Os acessórios e adereços pessoais formam, tradicionalmente, uma parte tão ou mais importante da moda juvenil (e não só) como as próprias peças de roupa envergadas, e cada década tende a ver mais um 'lote' de exemplos desta tendência serem adicionados à consciência popular. Escusado será dizer que os anos 90 não foram excepção, 'apresentando' os jovens portugueses (e não só) a conceitos como as gargantilhas e os tererés, além de verem ter lugar um significativo acréscimo da penetração dos 'piercings' e tatuagens na sociedade 'mainstream' nacional. A juntar a estes adereços e tendências, há, ainda, dois outros, ainda hoje bastante comuns, sobretudo na época estival que ora finda: os anéis para os dedos dos pés e as chamadas tornozeleiras, ou simplesmente 'pulseiras para os tornozelos', ambos os quais tiveram a sua origem na última década do século XX.

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De facto, foi durante estes anos que se começou a ver cada vez mais jovens, sobretudo raparigas, com correntes em volta dos tornozelos – fossem de metais preciosos ou simplesmente de pano ou couro – e com os dedos dos pés adornados da mesma forma que os das mãos, com o mindinho e o segundo e terceiro dedos a serem os que mais frequentemente alojavam anéis, normalmente de metal simples, ou apenas com um friso, não sendo frequente ver anéis de brilhantes nesta zona do corpo.

As duas modas – que atingiam o seu esplendor máximo na época das saias, calções e chinelos – tiveram início, como tantas outras, entre as camadas mais altas da sociedade nacional (as chamadas 'betinhas') e sobretudo entre a demografia ligada ao 'surf', vindo depois a espalhar-se de forma mais generalizada; por alturas da viragem do milénio, não havia já loja de acessórios que não disponibilizasse estes dois tipos de produto a preços relativamente acessíveis. Curiosamente, esta é uma tendência que se mantém até aos dias de hoje, com a geração originadora da mesma a manter o gosto pelos adereços para os pés, e a transmitir esta mesma afinidade à sua sucessora, fazendo com que a mesma se possa já considerar praticamente intemporal – o que torna estas breves linhas sobre a sua origem perfeitamente pertinentes, até porque o calor continua a apertar em Portugal, convidando ao uso destes acessórios durante mais algumas semanas...

25.08.23

NOTA: Este post é respeitante a Quinta-feira, 24 de Agosto de 2023.

Trazer milhões de ‘quinquilharias’ nos bolsos, no estojo ou na pasta faz parte da experiência de ser criança. Às quintas, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos brindes e ‘porcarias’ preferidos da juventude daquela época.

O Verão é tempo de partidas para novos destinos, de idas para casa dos avós ou dos tios, de dias na praia, de actividades desportivas no bairro e de colónias de férias - tudo situações que resultam em novas amizades, ainda que, provavelmente, apenas com a duração correspondente à das férias em questão. Ainda assim, enquanto as mesmas duram, há que cultivá-las - e, para as raparigas dos anos 90 e 2000, uma das muitas maneiras de o fazer era através da construção de colares e pulseiras com contas e missangas.

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Facilmente adquríveis em todo o tipo de estabelecimentos, e a um preço irrisório, este tipo de adereço era muito popular junto dos jovens, por permitir - com a adição de um pedaço de cordel, fio ou corda - a criação de todo o tipo de acessórios de moda totalmente 'DIY' - e, como tal, significativamente mais baratos do que os comprados pré-feitos, em lojas. Não era, por isso, de todo incomum ver jovens de ambos os sexos com adereços feitos por eles mesmos nos pulsos, tornozelos ou em volta do pescoço, por vezes com padrões e 'designs' tão ou mais criativos do que os que as próprias lojas ofereciam. As missangas não eram, aliás, o único tipo de material usado para este efeito, sendo as pulseiras entrançadas e os tererés, possivelmente, ainda mais populares enquanto criações 'feitas em casa' pela demografia em causa.

Ao contrário de muitos dos produtos e acessórios de que falamos nesta secção, as pulseiras, colares e outros adereços feitos a partir de contas e missangas nunca saíram de moda, e embora a sua preponderância e prevalência entre a juventude já não seja o que outrora foi, é fácil de acreditar que as jovens da Geração Z se continuem a entreter a criar adereços e acessórios 'feitos à mão' a partir deste tipo de material, da mesma forma que o fizeram as 'millennial'...

01.07.22

Um dos aspetos mais marcantes dos anos 90 foi o seu inconfundível sentido estético e de moda. Em sextas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das marcas e modas mais memoráveis entre os jovens da ‘nossa’ década.

Na última edição desta rubrica, falámos das tatuagens, e do modo como as mesmas deixaram as 'tribos' de nicho e se transformaram num fenómeno 'mainstream' durante as décadas de 90 e 2000; nada mais apropriado, portanto, do que nos debruçarmos, esta semana, sobre o outro grande elemento da cultura dita 'alternativa' a transpôr essa barreira, sensivelmente na mesma época: os 'piercings'.

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Os 'piercings' no umbigo foram um 'clássico' entre uma determinada demografia nas décadas de 90 e 2000

Até então confinados, sobretudo, a sub-culturas como o punk e o metal (sendo os tradicionais e convencionais brincos a única forma de adorno deste tipo transversalmente aceitável em toda a sociedade) os 'piercings' aproveitaram a 'boleia' das tatuagens para se espalharem um pouco por todos os sectores da cultura jovem da altura, tendo encontrado particular aceitação entre a nova geração de 'alternativos' (que ainda hoje continuam a favorecer as sobrancelhas, nariz e lábios como localização preferencial deste tipo de adorno) e junto das chamadas 'betinhas', para quem as jóias no umbigo ou os pontos ao canto do lábio passaram a ser mais um entre muitos adereços 'da moda', perfeitos para exibir no Verão, quando entravam em cena os tops de 'barriga ao léu' (os quais merecem também, potencialmente, um lugar futuro nesta rubrica.)

Aquilo que anos antes era visto como um 'desvio' das normas convencionais, e conotado com a rebeldia ou até com o perigo, passou, assim, a ser algo significativamente mais normalizado, passando as conotações rebeldes a existir apenas no contexto da demografia mais jovem, para quem este tipo de adorno era um apoio à expressão identitária. Mais de duas décadas depois, e tendo-se esses jovens transformados, eles próprios, em adultos, os 'piercings' (bem como as tatuagens) são um elemento perfeitamente comum e aceite dentro da sociedade ocidental, já muito longe da insurreição que outrora simbolizaram, tendo-se (ainda que involuntariamente) tornado um símbolo tanto da progressão social que se verificou nesse espaço de tempo, como da sanitização e padronização que se vai vivendo no seio da sociedade ocidental actual, já praticamente isenta de elementos verdadeiramente subversivos, como chegaram a ser, na sua época, estes adornos...

27.05.22

NOTA: Este post é respeitante a Quinta-feira, 27 de Maio de 2022.

Trazer milhões de ‘quinquilharias’ nos bolsos, no estojo ou na pasta faz parte da experiência de ser criança. Às quintas, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos brindes e ‘porcarias’ preferidos da juventude daquela época.

O 'instinto' para se adereçar tende, com cada geração que passa, a manifestar-se mais cedo, tendo a geração que cresceu durante os anos 80 e 90 sido a última a conseguir um desenvolvimento relativamente espaçado nesse sentido. Ainda assim, eram muitas as 'quinquilharias' e bugigangas destinadas a fazer as crianças sentirem-se bonitas e bem vestidas, e, dessas, uma tem, ainda hoje, preponderância sobre todas as outras; as pulseiras de estalo.

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Uma daquelas modas que ninguém tem muito bem a certeza de onde vieram, estas pulseiras serviam dupla função como quinquilharia de bolso e adereço de moda, podendo perfeitamente ter figurado numa qualquer Sexta com Style; no entanto, o facto de a maioria das crianças as encarar, acima de tudo, como um brinquedo – ou, pelo menos, um passatempo – justifica a sua presença nesta secção.

Em termos funcionais, estas pulseiras eram do mais simples que havia, consistindo meramente de uma tira de plástico ligeiramente magnetizada que, ao contactar com uma superfície adequada (normalmente, um pulso humano) se fechava sobre si mesma, ficando assim enrolada em torno da mesma; claro que, para muitas crianças e jovens, esta propriedade resultava em vários minutos de diversão, durante os quais se batia com a pulseira com o máximo de força possível no próprio pulso ou no de um colega, sob pretexto de ver se a mesma funcionava, mas por vezes com a segunda intenção de provocar um pouco de dor. Um mecanismo simples, mas que comprova a máxima – já muitas vezes aqui explanada – que diz que as diversões mais populares entre as crianças são, muitas vezes, as mais simples. É, certamente, esse o caso com estas pulseiras, que - tanto na sua versão mais cuidada como na mais 'manhosa', em plástico, e normalmente adquirida nos famosos 'ovos' das máquinas de brinde – conquistaram o coração das crianças daquela década a ponto de serem recordadas afectuosamente pelas mesmas mais de trinta anos depois.

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