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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

01.07.22

Um dos aspetos mais marcantes dos anos 90 foi o seu inconfundível sentido estético e de moda. Em sextas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das marcas e modas mais memoráveis entre os jovens da ‘nossa’ década.

Na última edição desta rubrica, falámos das tatuagens, e do modo como as mesmas deixaram as 'tribos' de nicho e se transformaram num fenómeno 'mainstream' durante as décadas de 90 e 2000; nada mais apropriado, portanto, do que nos debruçarmos, esta semana, sobre o outro grande elemento da cultura dita 'alternativa' a transpôr essa barreira, sensivelmente na mesma época: os 'piercings'.

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Os 'piercings' no umbigo foram um 'clássico' entre uma determinada demografia nas décadas de 90 e 2000

Até então confinados, sobretudo, a sub-culturas como o punk e o metal (sendo os tradicionais e convencionais brincos a única forma de adorno deste tipo transversalmente aceitável em toda a sociedade) os 'piercings' aproveitaram a 'boleia' das tatuagens para se espalharem um pouco por todos os sectores da cultura jovem da altura, tendo encontrado particular aceitação entre a nova geração de 'alternativos' (que ainda hoje continuam a favorecer as sobrancelhas, nariz e lábios como localização preferencial deste tipo de adorno) e junto das chamadas 'betinhas', para quem as jóias no umbigo ou os pontos ao canto do lábio passaram a ser mais um entre muitos adereços 'da moda', perfeitos para exibir no Verão, quando entravam em cena os tops de 'barriga ao léu' (os quais merecem também, potencialmente, um lugar futuro nesta rubrica.)

Aquilo que anos antes era visto como um 'desvio' das normas convencionais, e conotado com a rebeldia ou até com o perigo, passou, assim, a ser algo significativamente mais normalizado, passando as conotações rebeldes a existir apenas no contexto da demografia mais jovem, para quem este tipo de adorno era um apoio à expressão identitária. Mais de duas décadas depois, e tendo-se esses jovens transformados, eles próprios, em adultos, os 'piercings' (bem como as tatuagens) são um elemento perfeitamente comum e aceite dentro da sociedade ocidental, já muito longe da insurreição que outrora simbolizaram, tendo-se (ainda que involuntariamente) tornado um símbolo tanto da progressão social que se verificou nesse espaço de tempo, como da sanitização e padronização que se vai vivendo no seio da sociedade ocidental actual, já praticamente isenta de elementos verdadeiramente subversivos, como chegaram a ser, na sua época, estes adornos...

27.05.22

NOTA: Este post é respeitante a Quinta-feira, 27 de Maio de 2022.

Trazer milhões de ‘quinquilharias’ nos bolsos, no estojo ou na pasta faz parte da experiência de ser criança. Às quintas, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos brindes e ‘porcarias’ preferidos da juventude daquela época.

O 'instinto' para se adereçar tende, com cada geração que passa, a manifestar-se mais cedo, tendo a geração que cresceu durante os anos 80 e 90 sido a última a conseguir um desenvolvimento relativamente espaçado nesse sentido. Ainda assim, eram muitas as 'quinquilharias' e bugigangas destinadas a fazer as crianças sentirem-se bonitas e bem vestidas, e, dessas, uma tem, ainda hoje, preponderância sobre todas as outras; as pulseiras de estalo.

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Uma daquelas modas que ninguém tem muito bem a certeza de onde vieram, estas pulseiras serviam dupla função como quinquilharia de bolso e adereço de moda, podendo perfeitamente ter figurado numa qualquer Sexta com Style; no entanto, o facto de a maioria das crianças as encarar, acima de tudo, como um brinquedo – ou, pelo menos, um passatempo – justifica a sua presença nesta secção.

Em termos funcionais, estas pulseiras eram do mais simples que havia, consistindo meramente de uma tira de plástico ligeiramente magnetizada que, ao contactar com uma superfície adequada (normalmente, um pulso humano) se fechava sobre si mesma, ficando assim enrolada em torno da mesma; claro que, para muitas crianças e jovens, esta propriedade resultava em vários minutos de diversão, durante os quais se batia com a pulseira com o máximo de força possível no próprio pulso ou no de um colega, sob pretexto de ver se a mesma funcionava, mas por vezes com a segunda intenção de provocar um pouco de dor. Um mecanismo simples, mas que comprova a máxima – já muitas vezes aqui explanada – que diz que as diversões mais populares entre as crianças são, muitas vezes, as mais simples. É, certamente, esse o caso com estas pulseiras, que - tanto na sua versão mais cuidada como na mais 'manhosa', em plástico, e normalmente adquirida nos famosos 'ovos' das máquinas de brinde – conquistaram o coração das crianças daquela década a ponto de serem recordadas afectuosamente pelas mesmas mais de trinta anos depois.

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