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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

14.02.24

A banda desenhada fez, desde sempre, parte da vida das crianças e jovens portugueses. Às quartas, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos títulos e séries mais marcantes lançados em território nacional.

O universo 'Star Wars', ou 'Guerra das Estrelas', tem, tradicionalmente, sido um dos que mais se auto-actualiza e expande de entre todos os da cultura 'pop'. Mesmo durante os longos intervalos de quase uma década e meia entre trilogias de filmes, continuam a ser editadas um sem-número de obras paralelas e periféricas, a maioria das quais serve um de dois grandes objectivos: apresentar aos fãs novos personagens dentro da mitologia da série (muitos dos quais são, depois, referenciados nos filmes e séries 'principais') e dar a conhecer eventos no passado ou futuro da cronologia da mesma, sejam referentes aos heróicos Jedi ou aos maléficos Sith, o famoso 'Império' que origina os principais vilões da série.

Por sua vez, grande parte destas 'expansões' e aventuras paralelas desenrolavam-se através de banda desenhada, um meio visual que se insere na mesma categoria de cultura 'pop' que os próprios filmes da série, e que tende a atrair o mesmo público, não sendo, pois, de espantar que sejam inúmeras as séries de BD alusivas à franquia publicadas ao longo das últimas quatro décadas. E se, em Portugal, foi a Planeta DeAgostini a principal responsável pela edição da maioria dos títulos de banda desenhada da 'Guerra das Estrelas', não foi à famosa veiculadora de colecções em fascículos que coube a honra de publicar a primeira aventura da saga a chegar ao território português; esse marco ficou a cargo da inevitável Abril-Controljornal, a qual, em 1997, utilizava a sua ligação ao mercado das revistas de super-heróis para fazer chegar às bancas lusitanas uma mini-série de seis números da Dark Horse Comics, intitulada 'Star Wars: Império das Trevas'.

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Capa do primeiro número da série. (Crédito da foto: Station Comics, no Facebook)

Originalmente publicada no início da década com o título 'Star Wars: Dark Empire', a série a cargo do desenhista Cam Kennedy e do argumentista Tom Veitch (este último conhecido pelo seu trabalho com a DC Comics, algum do qual já então publicado pela Abril no nosso País) a série 'Império das Trevas' relata os acontecimentos imediatamente posteriores ao fim de 'O Regresso de Jedi', e à aniquilação do Império pela Aliança Rebelde. E, ao contrário do que poderia ter sido expectável, não são tempos felizes os que então se vivem, com a República a demonstrar um misto de inexperiência e fragilidade bélica, que motiva os sobreviventes do Império a juntarem-se e assumirem o comando do quarto da Galáxia ainda não dominado pelos seus opositores, dando assim origem a mais uma 'Guerra nas Estrelas'. Numa das batalhas desse novo conflito, Luke Skywalker e Lando Calrissian despenham-se e são capturados, cabendo agora a Han Solo, Leia Organa, Chewbacca e aos inseparáveis dróides R2-D2 e C-3PO salvar os seus companheiros. Um enredo entusiasmante e repleto de possibilidades, que não deixou de entusiasmar os fãs nacionais da saga, como já o havia feito com os seus congéneres norte-americanos.

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Exemplo do argumento e desenhos da mini-série.

O sucesso desta mini-série foi, aliás, tal que não só motivou a edição de novos materiais de 'Star Wars' no nosso País – em banda desenhada e não só – como também uma reedição por parte da Planeta DeAgostini, já no século XXI, quando a editora espanhola detinha já a quase exclusividade sobre os 'comics' da saga. É possível, no entanto, que as condições mais do que favoráveis por detrás desse relançamento (bem como do subsequente livro que reunía esta mini-série e as suas duas sequelas num só volume) nunca tivessem sido atingidas sem o esforço e a coragem da Abril-Controljornal, que – dois anos antes do lançamento da primeira 'prequela' e depois da reedição dos filmes originais em VHS, e durante uma 'fase baixa' para a franquia – utilizou o seu estatuto hegemónico para 'arriscar' na publicação desta aventura, ajudando assim a introduzir os milhares de fãs nacionais de 'Star Wars' (a maioria sem acesso a revistas importadas) ao 'universo paralelo' gizado nas páginas dos 'comics' americanos da saga, e suscitando-lhes o interesse por saber mais sobre o mesmo...

17.01.24

Em Segundas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das séries mais marcantes para os miúdos daquela década, sejam animadas ou de acção real.

A última Quarta aos Quadradinhos foi dedicada à adaptação oficial em BD de 'Indiana Jones – Crónicas da Juventude', a série de TV que serviu, em 1992-93, de prequela às aventuras cinematográficas do arqueólogo e aventureiro Henry Jones Jr.; nada melhor, portanto, do que dedicarmos a edição seguinte desta rubrica à outra adaptação em banda desenhada do personagem de Steven Spielberg e George Lucas, esta directamente relacionada com a trilogia inicial de filmes lançada nos anos 80 e inícios de 90.

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Capa do primeiro dos quatro números da série.

Trata-se de 'Indiana Jones e a Última Cruzada', mini-série originalmente lançada pela Marvel ainda nos anos 80, e que surgia em Portugal nos primeiros meses da década de 90, nos mesmos quatro volumes da edição original e, curiosamente, pela mão da Meribérica-Liber (conhecida, sobretudo, pelos seus álbuns de BD franco-belga) e não da Abril Jovem, que detinha, à época, os direitos de edição nacionais da maioria dos títulos da Marvel e DC. O conteúdo, esse, não deixava margem para quaisquer surpresas, tratando-se de uma recriação do enredo e cinematografia do filme em formato gráfico, que se inseria declaradamente na então bastante popular categoria das adaptações de filmes em banda desenhada, que veria também serem editados em Portugal, na primeira metade dos anos 90, álbuns e colecções alusivas a 'Batman Para Sempre' e 'Parque Jurássico'.

Ao contrário do que acontecia com aquelas obras, no entanto, esta adaptação em BD apresenta uma série de pequenas diferenças, justificadas pelo facto de a adaptação gráfica se basear na novelização oficial do filme, onde se verificavam os mesmos desvios. Nada que prejudique a experiência ou até o desfecho da trama, no entanto, sendo que qualquer fã dos filmes se sentirá em 'território familiar' ao explorar a obra do argumentista David Michelinie (à época um nome sonante no seio da Marvel) e dos artistas Brett Blevins e Gregory Wright. Uma proposta interessante, pois, para quem queira 'mergulhar' no 'Universo circundante' da franquia 'Indiana Jones', e descobrir um pouco do 'merchandising' e produtos complementares que a mesma gerava no auge da sua popularidade – dos quais esta adaptação em 'quadradinhos' está longe de ser a mais inusitada.

02.01.23

Em Segundas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das séries mais marcantes para os miúdos daquela década, sejam animadas ou de acção real.

A transição de conteúdos literários para o ecrã (seja grande ou pequeno) raramente é bem conseguida, e ainda menos em casos em que a popularidade do material original dependia de uma qualquer particularidade difícil de reproduzir em formato audio-visual. Com isto em mente, e tendo em conta a esmagadora quantidade de adaptações de livros para cinema e televisão que falharam redondamente ao longo dos anos, não deixa de ser de admirar que uma das mais bem-sucedidas transições deste tipo tenha sido feita, precisamente, por uma série de livros que não podia nem devia resultar num formato baseado em imagens em movimento.

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Falamos de 'Onde Está o Wally?', a bem-sucedida adaptação para televisão dos não menos bem-sucedidos livros infantis do inglês Martin Handford, cuja premissa implicava precisamente o que o título indiciava, cabendo ao leitor encontrar o personagem homónimo (e, mais tarde, também a sua restante 'entourage') ao longo de uma série de quadros super-povoados, e repletos de 'armadilhas' e 'distracções' visuais destinadas a dificultar a missão em causa. Com base nesta descrição, não é difícil perceber o porquê de 'Wally' (ou 'Waldo', como é conhecido nos Estados Unidos) requerer, forçosamente, um meio visual de carácter estático - e, no entanto, a versão animada do explorador de 'pullover' às riscas e seus amigos é, ainda hoje, tida como uma das melhores adaptações animadas da sua época.

Talvez esse sucesso tivesse estado ligado à qualidade da série, que se posiciona firmemente na parte superior da lista de produções animadas da época, apresentando animação fluida e personagens (se não tanto argumentos) memoráveis para quem com eles tenha convivido. O próprio Wally era um protagonista por demais simpático, muito bem coadjuvado pelo sábio Barba Branca (que o envia em diferentes missões), pela namorada Wenda, pelo cão Woof e, sobretudo, pelo memorável vilão Estranho-À-Lei, uma espécie de 'versão maléfica' do nosso herói (o seu nome original, Odlaw, é, aliás, apenas o nome 'completo' do protagonista escrito ao contrário), com a obrigatória roupa semelhante, mas com o esquema de cores 'trocado', como era apanágio da época.

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O vilão Estranho-À-Lei, talvez o personagem mais memorável do programa.

Juntos, este 'bando' envolvia-se numa série de aventuras vagamente baseada nos cenários do livro (que iam de cenas contemporâneas a locais históricos ou até astrais) em que o 'Onde' do título deixava de dizer tanto respeito à localização do personagem na cena, e passava a referir-se sobretudo ao próprio local onde a aventura se desenrolava. O resultado foi uma série que, sem entrar nos 'Tops' de desenhos animados de ninguém que tivesse a idade certa à época, tão-pouco era ignorado pelo seu público-alvo, que fazia mesmo o esforço de estar frente à televisão à hora certa para ver cada novo episódio - uma marca inegável de sucesso para uma propriedade deste tipo, como o foi o inevitável lançamento dos episódios na habitual série de VHS, pela não menos inevitável Prisvídeo, logo no ano seguinte à exibição do programa na RTP. E, como não podia deixar de ser, ter um daqueles genéricos tão 'trauteáveis' que se 'entranham' no cérebro também não deixava de ajudar com este desiderato, antes pelo contrário...

O inesquecível genérico português da série, talvez o seu elemento mais memorável

Tanto foi o sucesso, de facto, que 'Wally' teve mesmo direito a uma segunda adaptação, em 2017 - agora já com os esperados recursos ao 'Flash' para a animação, e com o casal de personagens transformado em crianças. Quem tenha filhos fãs desta nova série e acesso a episódios do original tem, no entanto, o dever de a apresentar aos mais pequenos, já que (quase exactos trinta anos após a sua estreia em Portugal) a mesma se continua a afirmar como um bom produto de animação infanto-juvenil, bem menos 'datado' do que se possa pensar, e (como tal) bem capaz de entreter toda uma nova geração do seu público-alvo.

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