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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

22.03.25

NOTA: Este 'post' é respeitante a Sexta-feira, 21 de Março de 2025.

Um dos aspetos mais marcantes dos anos 90 foi o seu inconfundível sentido estético e de moda. Em sextas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das marcas e modas mais memoráveis entre os jovens da ‘nossa’ década.

Já aqui, em tempos, dedicámos uma edição desta rubrica às carteiras da Dunas, acessório obrigatório de qualquer jovem com pretensões de inclusão social em meados dos anos 90. No entanto, apesar de se afirmarem como as mais populares, estas carteiras estavam longe de deter o monopólio quer do mercado, quer das preferências infanto-juvenis; antes pelo contrário, os finais do século XX foram talvez a última era em que verdadeiramente se puderam encontrar carteiras para 'todos os gostos e feitios', tendo a maioria das crianças e jovens uma vasta gama de opções de entre as quais escolher.

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O autor deste 'blog' levou, durante pelo menos um ano, o dinheiro para o bolo na escola numa carteira idêntica à da imagem.

De facto, de logotipos dos clubes favoritos (o autor deste blog levou orgulhosamente consigo, durante alguns anos, uma dos Chicago Bulls, e antes disso uma dos Orlando Magic) aos de marcas (no caso presente, da Street Boy), passando pelas inevitáveis versões alusivas a propriedades populares (o mesmo autor trouxe consigo, durante todo o primeiro ano da escola primária, uma das Tartarugas Ninja, semelhante à que ilustra este 'post') eram inúmeras as possibilidades no tocante a comprar uma carteira, podendo cada indivíduo escolher aquela que combinava precisamente com a sua personalidade ou gostos pessoais. Mais – nem era preciso recorrer a uma loja especializada para conseguir um acessório deste tipo, já que os mesmos se encontravam com relativa facilidade, e por preços acessíveis, tanto em supermercados como em tabacarias e outros estabelecimentos semelhantes, tornando fácil mostrar o 'estilo' sem gastar muito dinheiro.

Infelizmente, a era em causa parece mesmo ter passado, sendo já raro ver carteiras deste tipo à venda no 'mundo real', e ainda menos com a variedade de estilos e motivos patente à época. Quem levou diariamente o seu dinheiro e cartões dentro de um pedaço de tecido com bolsos e dobrável, com a cara do seu personagem favorito ou o logotipo da sua marca de eleição, certamente se lembrará da importância das carteiras na estética infanto-juvenil das últimas décadas do século XX e inícios do XXI, época em que viveram o seu auge enquanto acessório de moda entre a demografia em causa, justificando assim a sua presença nesta rubrica dedicada aos estilos e estéticas de então.

24.01.25

Um dos aspetos mais marcantes dos anos 90 foi o seu inconfundível sentido estético e de moda. Em sextas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das marcas e modas mais memoráveis entre os jovens da ‘nossa’ década.

Marcavam presença na cabeça de quase todas as raparigas portuguesas, variando conforme a faixa etária, mas servindo, essencialmente, a mesma função: a de conter aquilo que eram, na maioria dos casos, cabelos compridos (e, muitas vezes, também com penteados mais volumosos) em situações em que era necessário ter a zona da cara desimpedida, fosse por questões práticas, fosse por recato social. Para lá desta função extremadamente utilitária, no entanto, acabavam também por se tornar adereços de moda, parte quer de indumentárias casuais para uma Saída de Sábado ou Sábado aos Saltos, quer das mais elaboradas para levar para a escola ou para um evento social.

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Falamos, é claro, do 'quarteto fantástico' de acessórios para cabelo das décadas de 80, 90 e 2000, constituído (como qualquer ex-criança ou jovem da época certamente se lembrará) por fitas, bandeletes, 'puxos' e ganchos, sendo os dois primeiros favorecidos por jovens de menor idade – normalmente até cerca dos doze, treze anos, altura em que se passavam a preferir os dois últimos acessórios como forma de agarrar a 'melena'. E se não havia muito por onde inovar ao colocar uma fita ou bandolete, o oposto se passava com os 'puxos' e ganchos, os quais podiam ser colocados em toda uma variedade de posições, desde as mais práticas (como tranças ou 'coques') até às mais 'artísticas', destinadas sobretudo a 'fazer estilo', e normalmente criadas com recurso a ganchos de fantasia, em forma de estrela, ou qualquer outro desenho do tipo, ou a 'puxos' gigantescos, concebidos propositalmente para serem notados, ao contrário do que sucede com os 'normais'.

A configuração destes acessórios na cabeça chegava, aliás, a ser um dos factores divisores e distintivos entre as 'betinhas', as raparigas menos 'estilosas', e aquelas que faziam parte de outras 'tribos', como as góticas ou as 'freaks' da cena alternativa, formando parte da identidade visual de um enorme espectro de jovens portuguesas (e não só) durante os anos finais do século XX e os primeiros do seguinte. É, pois, possível perceber que, muito mais do que acessórios práticos, esta quadrilogia de adereços desempenhava um papel fulcral nas indumentárias das raparigas daquele tempo.

Como é evidente, nenhum destes adereços 'desapareceu de cena', continuando a ser utilizados por indivíduos e famílias com estilos mais clássicos ou 'retro vintage' (algumas até, talvez, formadas por casais da geração que com eles cresceu) ou, no caso dos 'puxos', fazendo ainda e sempre parte das 'quinquilharias' no bolso de qualquer elemento do sexo feminino, e mesmo de muitos homens de cabelo comprido); no entanto, é impossível negar que o auge destes adereços como elementos de moda se deu há entre vinte a trinta anos, formando parte integrante da estética quotidiana da juventude 'millennial' e, como tal, merecendo o seu lugar nas páginas deste 'blog' dedicado a recordações de infância e adolescência dessa geração.

11.01.25

NOTA: Este 'post' é parcialmente respeitante a Sexta-feira, 10 de Janeiro de 2025.

NOTA: Por razões temáticas, este Sábado será de Saídas.

Um dos aspetos mais marcantes dos anos 90 foi o seu inconfundível sentido estético e de moda. Em sextas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das marcas e modas mais memoráveis entre os jovens da ‘nossa’ década.

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Como o jovem médio de finais do século XX se sentia ao regressar às aulas após o Natal, a estrear a roupa nova...

Os primeiros dias do mês de Janeiro marcam, tradicionalmente, o regresso às aulas para o segundo período lectivo, após a paragem, em Dezembro, para o Natal e Ano Novo. E, mais do que assegurar que a matéria está estudada ou os materiais em ordem, o mais importante para qualquer jovem neste recomeço é entrar 'com o pé direito' no novo ano – de preferência, tendo vestido no mesmo o ténis 'da moda' que recebeu no Natal.

Sim, o regresso às aulas após as férias de Inverno sempre foi, e continua a ser, a época por excelência para ser 'vaidoso', e 'exibir' as prendas de vestuário que se receberam no dia 25, fazendo um esforço para combinar, na primeira semana lectiva após a pausa, absolutamente TODAS as roupas novas, por mais 'estrambólicos' que fiquem os conjuntos. Para os jovens dos anos 90 e 2000, era hora de mostrar aos colegas, amigos e até rivais o blusão da Duffy, a 'camisinha' da Sacoor, o 'sweat' da Gap, Gant, Amarras, No Fear ou Quebramar, as calças de ganga da Levi's, Lois ou Charro, os ténis Converse, Redley, Airwalk ou Skechers, as botas Doc Martens, Panama Jack ou Timberland, o boné com a equipa de desporto americana 'da moda', a mochila da Monte Campo, ou mesmo acessórios como brincos, pulseiras, gargantilhas, relógios ou carteiras, artigos que nunca deixavam de causar uma reacção (fosse ela positiva ou negativa) entre os pares em causa.

Ao contrário da maioria das vivências que recordamos neste 'blog', esta continua a verificar-se até aos dias de hoje, mudando apenas as marcas e artigos cobiçados ou exibidos; assim, quem tiver filhos em idade escolar certamente estará por estes dias a viver novamente, através dos seus olhos, uma situação tão familiar quanto intemporal, que eles próprios experienciaram quando tinham a mesma idade...

14.12.24

NOTA: Este 'post' é correspondente a Sexta-Feira, 13 de Dezembro de 2024.

Um dos aspetos mais marcantes dos anos 90 foi o seu inconfundível sentido estético e de moda. Em sextas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das marcas e modas mais memoráveis entre os jovens da ‘nossa’ década.

Já aqui anteriormente mencionámos os anos 90 como a década da chegada a Portugal dos hoje ubíquos produtos baratos vindos da China, na altura veiculados sobretudo através de vendedores de rua, drogarias de bairro e lojas 'dos trezentos'. E de entre os muitos produtos que passaram a circular em massa no seio da sociedade lusitana, um deles tinha um pendor declaradamente natalício, e viria a tornar-se parte integrante da estação em território nacional.

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A sempre popular versão com luzes LED.

Falamos dos chapéus de Pai Natal, antes apenas acessíveis como parte integrante de um fato completo, mas que, nos últimos anos do século XX e primeiros do seguinte, passaram a surgir em bancas de rua natalícias e lojas 'dos trezentos' e 'dos chineses' não só na sua forma original, como também em variantes alternativas, como a que incorporava efeitos LED na 'bainha' do chapéu, ou a preta com texto anti-Natal, para quem queria expressar a sua falta de espírito festivo, em vez do oposto.

Ambos estes chapéus - tal como o original - ainda são, aliás, largamente vendidos em Portugal no último mês de cada ano, e podem ser encontrados nas cabeças de uma porção significativa da população, embora sobretudo em contextos de festa privada. E embora, para as gerações 'Z' e 'Alfa', esta seja só mais uma parte da quadra natalícia, quem é mais velho sabe que a sua adopção pelos portugueses é relativamente recente, e remete à década em que tudo parece ter acontecido, e que mais indelevelmente transformou e moldou o País que hoje conhecemos.

30.11.24

NOTA: Este post é respeitante a Sexta-feira, 29 de Novembro de 2024.

Um dos aspetos mais marcantes dos anos 90 foi o seu inconfundível sentido estético e de moda. Em sextas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das marcas e modas mais memoráveis entre os jovens da ‘nossa’ década.

Um dos aspectos mais memoráveis e marcantes da experiência de ser adolescente em Portugal nos anos de viragem do Milénio foi a vincada demarcação da demografia juvenil nas clássicas 'tribos urbanas' já conhecidas dos filmes americanos, mas apenas então verdadeiramente chegadas a Portugal. Rótulos como gótico, 'dread' ou 'skater' vieram juntar-se aos já existentes 'betos', 'metaleiros' e surfistas, e trouxeram consigo toda uma nova gama de estilos e acessórios de moda, muitos dos quais viriam rapidamente a permear a cultura popular juvenil como um todo. É o caso do acessório de que falamos nesta Sexta com Style, com origem no movimento 'skater' mas que rapidamente se alastrou à moda juvenil 'generalista', sendo visão frequente entre os seguidores dos estilos mais alternativos durante os últimos anos do século XX e os primeiros do seguinte.

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Exemplo do acessório em causa a uso na actualidade.

Falamos dos atacadores largos, normalmente fluorescentes, que qualquer bom adepto do estilo em causa não dispensava nos seus sapatos de ténis Adidas, Airwalk, Skechers ou semelhante. Isto porque, para além da sua função declarada de oferecer maior estabilidade ao sapato e não se desatar tão facilmente (o que não deixava de ser irónico, já que eram maioritariamente usados desamarrados) os acessórios em causa davam um toque de estilo e cor a ténis cujas cores dominantes tendiam a ser o cinzento, o castanho e o preto – característica que ajuda, também, a explicar a popularidade dos mesmos junto do público alternativo feminino.

Ao contrário do que acontece com tantas outras peças de que vimos falando nesta mesma secção, os atacadores largos e fluorescentes nunca desapareceram verdadeiramente dos estilos juvenis, apenas mudando ligeiramente de configuração, e sido aplicados a novos tipos de sapatos; e, com o apreço que a actual geração de adolescentes demonstra pelas cores vivas e 'neon', não se prevê que tal tendência venha a mudar num futuro mais próximo, fazendo destes atacadores um dos poucos e mais inesperados produtos a 'unir' as mais recentes gerações de portugueses.

27.04.24

Os Sábados marcam o início do fim-de-semana, altura que muitas crianças aproveitam para sair e brincar na rua ou no parque. Nos anos 90, esta situação não era diferente, com o atrativo adicional de, naquela época, a miudagem disfrutar de muitos e bons complementos a estas brincadeiras. Em Sábados alternados, este blog vai recordar os mais memoráveis de entre os brinquedos, acessórios e jogos de exterior disponíveis naquela década.

Já aqui por várias vezes realçámos a importância da imaginação e do 'faz-de-conta' no desenvolvimento social e cultural saudável de uma criança ou jovem; e se, durante várias décadas, estes elementos foram, necessariamente, potenciados através de recursos improvisados (alguns dos quais também já aqui mencionados) o rápido desenvolvimento tecnológico verificado em finais do século XX veio permitir às gerações 'X' e 'millennial' estarem entre as primeiras a conseguir dar às suas fantasias mais rebuscadas um toque de realidade. Isto porque, apesar de já ser possível ser 'cowboy', índio ou mesmo astronauta desde meados do século (com recurso a pistolas de fulminantes e outros apetrechos semelhantes) a globalização e redução do preço dos componentes electrónicos verificada durante as décadas de 70, 80 e 90 permitiu levar a última brincadeira, em particular, ao 'nível seguinte', com a introdução de 'pistolas espaciais' futuristas, repletas de efeitos de luz e sonoros adequados a aventuras no espaço sideral.

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Lá por casa, existia um modelo virtualmente idêntico a este...

Normalmente encontradas em lojas de bairro ou lojas de brinquedos tradicionais – não tendo, regra geral, 'categoria' para serem vendidas em hipermercados, 'shoppings' ou mesmo supermercados – este tipo de armas tendia a ser, ainda assim, de qualidade superior à maioria dos brinquedos com que partilhava espaço nos referidos estabelecimentos, sendo feitas de plástico maçico e resistente, capaz de aguentar os saltos, corridas e trambolhões da maioria das brincadeiras em que a arma em causa seria utilizada. As luzes e sons, essas, eram as habituais dos brinquedos feitos na China e Taiwan, com LEDs piscantes a acompanhar as habituais sirenes e sons de tiros laser, activados ao tocar no gatilho da arma. Um mecanismo simples, e baseado em partes electrónicas das mais baratas, mas capaz de fazer a felicidade de qualquer criança com apetência para aventuras 'espaciais' naquela era pré-digitalização globalizada, e de se tornar parte integrante e indispensável de qualquer Sábado aos Saltos a 'brincar aos astronautas', merecendo por isso menção nas páginas virtuais deste nosso blog nostálgico.

12.04.24

Um dos aspetos mais marcantes dos anos 90 foi o seu inconfundível sentido estético e de moda. Em sextas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das marcas e modas mais memoráveis entre os jovens da ‘nossa’ década.

Apesar de algo mais discretos que os seus congéneres da década de 80, os adereços de moda dos anos 90 e inícios dos 2000 não deixaram, ainda assim, de marcar época entre os 'millennials' portugueses mais velhos, tanto aqueles que activamente os usavam na vida quotidiana como os que simplesmente com eles conviviam, através de familiares, amigos ou colegas de escola. Um destes acessórios em particular – uma modesta e simples fita trabalhada em missangas e disponível em qualquer 'banquinha' de rua – fez furor entre os jovens daquela época, sobretudo (mas não só) do sexo feminino.

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O típico e clássico mostruário de 'pulseiras da sorte' visto em tantas bancas e lojas de rua nos anos de viragem do Milénio.

Falamos das famosas pulseiras tantas vezes vistas em mercados de rua, feiras de artesanato ou até lojas dos trezentos (e, mais tarde, chinesas) sob o nome de 'pulseiras da sorte brasileiras' – embora, incongruentemente, o referido texto surgisse no cartão de exposição em outras línguas, como o italiano. Distintivas pelas suas cores vivas e pelo típico padrão 'pontilhado' criado pelas missangas, estas fitas traziam também, normalmente, qualquer tipo de motivo inserido no padrão, normalmente uma bandeira brasileira ou um qualquer dizer de índole positivista, que as tornava ainda mais atractivas para a demografia-alvo, e as tornava omnipresentes, independentemente de 'tribo urbana' ou estatuto social.

De facto, esta era uma daquelas modas que transcendia grupos, sendo presença assídua nos pulsos tanto de 'betinhas' como da faixa mais 'alternativa', e até mesmo de quem não tinha dinheiro, gosto ou apetência para grandes 'estilos'. Efectivamente, no cômputo geral, só mesmo o sector gótico e 'metaleiro' mostrava uma predisposição expectavelmente menor para este acessório; de resto, eram poucas as raparigas portuguesas da época (bem como muitos rapazes) que não usavam pelo menos uma destas pulseiras, normalmente em conjunto com outras fitas (quer obtidas em festivais de Verão, quer de carácter mais religioso) e com um ou outro adereço mais elaborado.

Tal como tantos outros acessórios de que já aqui falámos, no entanto, também o ciclo de vida das pulseiras de missangas chegou, inevitavelmente, ao fim – embora ainda seja possível encontrar este tipo de adereço à venda hoje em dia, o mesmo é praticamente inexistente na cultura social da 'Geração Z', para quem as pulseiras utilizadas pelas suas mães há quase um quarto de século (quando estavam, elas mesmas, em idade adolescente) mais não serão do que uma relíquia cultural, semelhante ao que eram, para os 'millennials', as roupas e acessórios usadas pelos seus próprios progenitores. Para quem viveu aquela época, no entanto, aquela tira de pano e corda com missangas representa, mais do que uma pulseira, um artefacto de 'viagem no tempo', que os remete de volta à sua adolescência, quando uma ou mais das mesmas adornavam o seu pulso, ou o das suas colegas e amigas...

18.01.24

Trazer milhões de ‘quinquilharias’ nos bolsos, no estojo ou na pasta faz parte da experiência de ser criança. Às quintas, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos brindes e ‘porcarias’ preferidos da juventude daquela época.

Uma das mais vivas e nostálgicas memórias de qualquer português nascido entre o final da década de 70 e o início do Novo Milénio é o de enfiar a mão num pacote de batatas fritas ou outros 'snacks' da Matutano para procurar aquele icónico invólucro plástico escondido em meio aos conteúdos. Efectivamente, os brindes 'das batatas' desta época contam-se entre os melhores e mais populares de sempre em Portugal, tendo granjeado à Matutano uma impressionante série de mega-sucessos, com a qual a maioria das outras companhias alimentares da época apenas podiam sonhar: dos Pega-Monstros às Caveiras Luminosas, Tazos, Matutolas, Raspadinhas e mini-filmes, a sucursal portuguesa da Lay's gozou, durante a última década do século XX, de um toque de Midas que lhe permitiu transformar até mesmo um jogo de matemática numa 'febre' de recreio. Basicamente, durante esta época, se algo vinha dentro de um pacote de batatas, transformava-se em sucesso entre a demografia-alvo, deixando todas as outras considerações de ter qualquer importância.

E se a maioria dos brindes acima referidos foram, na medida dos possíveis, assexuados – ainda que, inevitavelmente, acabassem por apelar mais aos 'rapazes' – algures na mesma década, a Matutano decidiu dirigir uma das suas promoções, especificamente, a um público feminino, menos interessado em 'monstrinhos' e caveiras e mais voltado para a estética e moda. Fica, assim, explicada a lógica por detrás da curiosa decisão de oferecer brincos de plástico na compra de um pacote de batatas.

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Em tudo semelhante em termos de 'design' – variando apenas as cores – estes brindes representavam uma clara tentativa por parte da Matutano de atingir uma demografia mais velha, nomeadamente os adolescentes; essa faixa etária, no entanto, encontrava-se demasiado preocupada com o acne para consumir o tipo de produtos que a companhia comercializava, e demasiado atenta às convenções sociais vigentes entre os jovens para ser vista a usar brincos de plástico, sem qualquer esforço estético, e que 'saíam nas batatas'. Assim, os referidos brindes terão encontrado o seu público, inevitavelmente, entre a porção feminina da demografia que ainda se interessava por Pega-Monstros, Tazos e outros brindes 'quejandos', e que experienciava assim, talvez, o seu primeiro assomo estético – um 'tiro' algo ao lado do pretendido pela Matutano, e que terá, sem dúvida, ajudado a encurtar o tempo e abrangência desta promoção, hoje algo esquecida no âmbito das conversas nostálgicas sobre brindes das batatas fritas daquela época.

Ainda assim, e apesar do relativo insucesso da promoção em relação às suas congéneres, não terá, certamente, deixado de haver quem se deliciasse com os brincos 'das batatas', e os tivesse orgulhosamente usado num qualquer dia de escola do sexto ano em que fosse importante parecer (ou sentir-se) algo mais 'crescido' do que o habitual. Para esses, aqui fica uma breve recordação da promoção mais esquecida do período áureo dos brindes da Matutano...

28.12.23

Trazer milhões de ‘quinquilharias’ nos bolsos, no estojo ou na pasta faz parte da experiência de ser criança. Às quintas, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos brindes e ‘porcarias’ preferidos da juventude daquela época.

A cerimónia da passagem de ano, ou 'reveillon', é caracterizada pelo seu ambiente de festa - o qual, tanto em Portugal como um pouco por todo o Mundo, é, por sua vez, marcado pelo barulho, alegria e animação. No caso do Ano Novo, esta atmosfera é grandemente auxiliada por uma série de acessórios, que a festa de 31 de Dezembro partilha com outra celebração portuguesa na 'outra ponta' do Inverno, o Carnaval.

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Exemplos modernos dos acessórios em casa.

De facto, das cornetas com 'serpentinas' e 'línguas da sogra' (não confundir com o bolo do mesmo nome) a adereços como óculos e cartolas, sem esquecer as tradicionais buzinas e tampas de panela, são muitos os acessórios tradicionalmente associados ao 'reveillon', não só em Portugal como um pouco por todo o Mundo, os quais, como é evidente, não deixam de fazer as delícias dos mais novos, sempre prontos a aproveitar qualquer desculpa para fazer 'algazarra' e barulho - situação, aliás, que não deverá apresentar grandes mudanças nos tempos que correm, sendo essa uma daquelas características inter-geracionais que resistem a todo e qualquer aumento da digitalização. Assim, quem tiver filhos, amigos ou parentes menores a festejar consigo o 'reveillon' talvez queira 'apetrechar-se' com um bom sortido dos acessórios em causa, tal como o faziam os seus pais quando eles próprios eram da mesma idade, em finais do século XX...

15.09.23

Um dos aspetos mais marcantes dos anos 90 foi o seu inconfundível sentido estético e de moda. Em sextas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das marcas e modas mais memoráveis entre os jovens da ‘nossa’ década.

Os acessórios e adereços pessoais formam, tradicionalmente, uma parte tão ou mais importante da moda juvenil (e não só) como as próprias peças de roupa envergadas, e cada década tende a ver mais um 'lote' de exemplos desta tendência serem adicionados à consciência popular. Escusado será dizer que os anos 90 não foram excepção, 'apresentando' os jovens portugueses (e não só) a conceitos como as gargantilhas e os tererés, além de verem ter lugar um significativo acréscimo da penetração dos 'piercings' e tatuagens na sociedade 'mainstream' nacional. A juntar a estes adereços e tendências, há, ainda, dois outros, ainda hoje bastante comuns, sobretudo na época estival que ora finda: os anéis para os dedos dos pés e as chamadas tornozeleiras, ou simplesmente 'pulseiras para os tornozelos', ambos os quais tiveram a sua origem na última década do século XX.

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De facto, foi durante estes anos que se começou a ver cada vez mais jovens, sobretudo raparigas, com correntes em volta dos tornozelos – fossem de metais preciosos ou simplesmente de pano ou couro – e com os dedos dos pés adornados da mesma forma que os das mãos, com o mindinho e o segundo e terceiro dedos a serem os que mais frequentemente alojavam anéis, normalmente de metal simples, ou apenas com um friso, não sendo frequente ver anéis de brilhantes nesta zona do corpo.

As duas modas – que atingiam o seu esplendor máximo na época das saias, calções e chinelos – tiveram início, como tantas outras, entre as camadas mais altas da sociedade nacional (as chamadas 'betinhas') e sobretudo entre a demografia ligada ao 'surf', vindo depois a espalhar-se de forma mais generalizada; por alturas da viragem do milénio, não havia já loja de acessórios que não disponibilizasse estes dois tipos de produto a preços relativamente acessíveis. Curiosamente, esta é uma tendência que se mantém até aos dias de hoje, com a geração originadora da mesma a manter o gosto pelos adereços para os pés, e a transmitir esta mesma afinidade à sua sucessora, fazendo com que a mesma se possa já considerar praticamente intemporal – o que torna estas breves linhas sobre a sua origem perfeitamente pertinentes, até porque o calor continua a apertar em Portugal, convidando ao uso destes acessórios durante mais algumas semanas...

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