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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

01.01.25

A banda desenhada fez, desde sempre, parte da vida das crianças e jovens portugueses. Às quartas, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos títulos e séries mais marcantes lançados em território nacional.

Fosse pela novidade de ver os números iniciais mudarem de 19 para 20, pela efeméride histórica de, ao mesmo tempo, passar um ano, um século e um Milénio, ou pelos abundantes rumores sobre vírus de computador e o fim do Mundo, a verdade é que a entrada para o ano 2000 se perfila, ainda hoje, como talvez a mais mediática de sempre. Assim, não é de surpreender que a hegemónica e omnipresente editora Abril/Controljornal - sempre atenta a eventos sobre os quais pudesse capitalizar, de campeonatos de futebol a filmes de grande orçamento - tivesse tirado proveito da icónica data para lançar no mercado nacional mais uma das suas inúmeras revistas 'individuais' alusivas aos personagens Disney.

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De facto, ao contrário do que o título dá a entender, 'Disney Especial Ano 2000' não faz parte da decana série de 'almanaques' temáticos periodicamente lançados pela editora, sendo uma publicação de cariz único, na linha da supramencionada adaptação de Titanic ou de 'experiências' como 'Os Meus Heróis Favoritos' ou 'Arquivos Secretos do Detective Mickey'. Fosse qual fosse o motivo por detrás de tal decisão, a verdade é que a estratégia posicionava a referida edição como um número 'hiper-especial', daqueles que apenas raramente surgem no mercado, o que, aliado à topicidade do tema escolhido, terá sem dúvida ajudado a aumentar as suas vendas. Pena, pois, que o comprometimento por parte da Abril tenha sido apenas parcial, já que a segunda metade das duzentas e sessenta páginas do volume abandona a temática proposta - a de apresentar 'sucedâneos' e antepassados dos personagens em aventuras através dos séculos - transformando-se em 'apenas mais um' amontoado de histórias sem qualquer conexão aparente.

Ainda assim, a primeira metade do volume, aliada à atractiva capa (ainda que algo 'falha' de verdadeiros personagens de 'nome', sendo os sobrinhos de Donald as únicas caras imediatamente reconhecíveis) à percepcionada exclusividade da edição e à topicidade da temática escolhida, terá sido suficiente para cativar muitos jovens leitores da época, a maioria dos quais era, em maior ou menor grau, 'fiel' às revistas Disney da Abril e terá dado por bem-empregue o seu dinheiro. Estes factores são, também, mais que suficientes para justificar algumas linhas alusivas a esta edição, numa altura em que se acaba de celebrar o vigésimo-quinto aniversário da efeméride que lhe serve de tema.

05.12.24

NOTA: Este post é respeitante a Quarta-feira, 04 de Dezembro de 2024.

A banda desenhada fez, desde sempre, parte da vida das crianças e jovens portugueses. Às quartas, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos títulos e séries mais marcantes lançados em território nacional.

Os anos 90 viram surgir nas bancas muitas e boas revistas, não só dirigidas ao público jovem como também generalistas, mas de interesse para o mesmo. Nesta rubrica, recordamos alguns dos títulos mais marcantes dentro desse espectro.

Já aqui em diversas ocasiões falámos do quase total monopólio que a Abril Jovem (ou Abril-Controljornal) tinha sobre o mercado de banda desenhada em português dos anos 80 e 90. Fosse através de títulos próprios, fosse por meio de importações brasileiras, a editora era responsável por grande parte dos lançamentos vistos nas tabacarias ou quiosques do nosso País, sendo a grande e honrosa excepção a Turma da Mônica, que, a partir de 1987 e até aos primeiros anos do século XXI passaria a pertencer à Globo. Tendo em conta todo este domínio e hegemonia, não é de surpreender que a casa editorial em causa tenha querido, em meados da última década do século XX, 'puxar a brasa à sua sardinha' através do lançamento de uma revista própria quase inteiramente dedicada aos títulos do seu catálogo.

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Mais do que um veículo de propaganda, no entanto (que era), 'Heróis' procurava ser uma espécie de versão portuguesa e muito simplificada da lendária 'Wizard', a referência internacional por excelência para quem se interessava por banda desenhada, jogos de vídeo ou figuras de acção naquela época. Face aos preços proibitivos das edições desta última importadas quer da América do Norte, quer da do Sul, não deixava no entanto de constituir um objectivo nobre querer oferecer aos jovens nacionais uma alternativa com talvez menos qualidade, mas também a uma fracção do preço.

E a verdade é que grande parte do público-alvo, já de si habituados a padrões de qualidade pautados pelo mediano, não pareceu importar-se grandemente com os artigos curtos ou a impressão em papel de jornal, aderindo em massa à 'Heróis' durante o curto tempo da mesma nas bancas. E com alguma razão, já que, ultrapassados estes aspectos menos cuidados ou conseguidos, a revista se afirmava como uma fonte bastante razoável de informação sobre assuntos que interessavam à sua faixa demográfica alvo, sobretudo centrados nos super-heróis da Marvel e DC (que a Abril editava à época) mas passando também pelos mundos dos desenhos animados e dos videojogos, incluindo mesmo uma grelha televisiva com destaques para programas potencialmente do interesse dos mais jovens. Um recurso mais valioso do que poderia à primeira vista parecer, portanto, e que justificava bem o investimento de cem escudos – especialmente se trouxesse acoplada uma carta holográfica (ou Holoucura), como aconteceu com os primeiros números.

Tal como referido anteriormente, foi curto o tempo da vida da 'Heróis'. No entanto, mesmo com esse reduzido intervalo, a revista conseguiu deixar a sua marca junto dos jovens fãs das BD's da Abril – mesmo que hoje se encontre algo Esquecida Pela Net (ainda que seja possível encontrar pelo menos uma digitalização de um dos números publicados, no caso o número 4, que ilustra também esta publicação.) Nada mais merecido, portanto, do que dedicar este 'post' duplo a preservar a memória daquela que foi mais uma publicação de (relativa) qualidade dirigida ao público jovem português da geração 'Millennial'.

24.07.24

A banda desenhada fez, desde sempre, parte da vida das crianças e jovens portugueses. Às quartas, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos títulos e séries mais marcantes lançados em território nacional.

É uma verdade inegável que, de entre todos os personagens da Walt Disney, o Rato Mickey goza do estatuto de 'estrela', tendo desde sempre sido a 'cara' da companhia, e contando-se hoje em dia entre os ícones 'pop' mais reconhecíveis a nível mundial; no entanto, não é menos acertado dizer que o Pato Donald ocupa um segundo lugar muito próximo nessa lista, surgindo à frente de Pateta (o terceiro personagem do 'trio maravilha' da BD Disney) e da própria namorada de Mickey, Minnie. Assim, não é de todo de espantar que, aquando dos dois aniversários marcantes que o pato mais famoso do Mundo celebrou durante os anos 90, a sua editora nacional da altura realizasse uma comemoração 'à altura', tal como fizera por ocasião dos aniversários de sessenta e cinco e setenta anos de Mickey. O resultado foram duas edições comemorativas que – ao contrário do que sucedia com pelo menos uma das do Rato Mickey – valia bem a pena ter na colecção para quem fosse fã da irascível ave aquática de fato de marinheiro.

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A primeira destas, que comemora dentro de um par de dias (a 26 de Julho) o trigésimo aniversário da sua chegada às bancas, era alusiva aos sessenta anos de Donald, e trazia quase duzentas e quarenta páginas com quase duas dezenas e meia de histórias protagonizadas pelo pato aniversariante e seu restante núcleo, com especial ênfase para os seus sobrinhos, catalistas da dinâmica familiar presente em muitas histórias do personagem. Infelizmente, das vinte e quatro aventuras que compunham o volume, a esmagadora maioria era de produção (à época) moderna, tendo sido originalmente publicada em meados da década de 80, o que fazia da edição pouco mais do que um Hiper Disney tematizado em torno do aniversário de Donald. Ainda assim, uma edição de valor para quem privilegiasse o coleccionismo, pese embora o proibitivo preço (quase setecentos escudos, uma 'pequena fortuna' em 1994, sobretudo no tocante a banda desenhada).

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Previsivelmente, muitas das falhas dessa primeira edição eram corrigidas na segunda, saída quase exactamente cinco anos depois, no mesmo mês de Julho (embora a data exacta de publicação não se encontre, neste caso, disponível) e que comemorava os sessenta e cinco anos do pato marinheiro. De facto, apesar de contar com apenas dois terços das páginas da 'irmã mais velha' (menos de duzentas), esta edição tirava o máximo proveito do espaço de que dispunha, apresentando não só uma mistura mais equilibrada de histórias antigas e modernas (com mais de metade – cinco em nove – assinadas por Carl Barks) como também uma estrutura seccionada por temas, cada um deles introduzido por uma página de texto informativo, e ainda uma capa e contra-capa dedicadas e devidamente assinaladas. Medidas que, em edições menos especiais, poderiam parecer 'para encher chouriços', mas que, neste contexto, dão ao volume o carácter diferenciado que se espera de uma edição de aniversário – e tudo por menos de quinhentos escudos, o que, em 1999, era consideravelmente menos do que os setecentos de 1994! Estes pequenos mas nada insignificantes ajustes ajudavam a fazer da edição '65 Anos' a melhor das duas, e mais do que colmatavam a redução em conteúdo e número de páginas, tornando-a quase essencial para fãs do temperamental pato.

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De realçar ainda duas edições, ambas de 1994 e ambas publicadas à margem das 'oficiais' da Abril: 'Feliz Aniversário, Donald – O Livro de Ouro das Suas Melhores Histórias', publicada pela RBA Editora como parte da colecção 'Disney em Banda Desenhada', e o livro do mesmo título da colecção 'Clássicos da BD'. Ambas são bem sucedidas em transmitir a sensação de 'edição de luxo', com as suas capas encadernadas e de cuidado desenho, mas (apesar dos títulos quase idênticos) os conteúdos de ambas são vastamente diferentes: o volume da RBA Editora segue, em larga medida, a mesma linha das edições da Abril, abrindo com três páginas dedicadas à génese do personagem e uma quarta com instruções sobre como desenhar Donald, e partindo daí para uma colectânea de histórias de todas as eras do personagem, enquanto o segundo livro foca-se, sobretudo, nas informações sobre a génese e percurso do aniversariante, descurando o aspecto de BD em si (embora contenha ainda duas histórias, nas últimas páginas.) Duas abordagens completamente diferentes, mas que resultam ambas bastante bem, podendo mesmo ser consideradas melhores do que qualquer das propostas da Abril/Controljornal, as quais não tinham quaisquer pretensões a ser algo mais do que revistas aos quadradinhos ligeiramente mais luxuosas do que a média.

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Independentemente do volume em que recaísse a escolha do jovem leitor, no entanto, uma coisa é certa: o sexagésimo e sexagésimo-quinto aniversários de Donald foram celebrados com tanta ou mais pompa e circunstância que o do 'melhor inimigo', e providenciou aos fãs do pato mais famoso do Mundo muito e bom material de leitura durante aqueles Verões de 1994 e 1999. Feliz aniversário, Donald, e que contes ainda muitos.

19.06.24

A banda desenhada fez, desde sempre, parte da vida das crianças e jovens portugueses. Às quartas, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos títulos e séries mais marcantes lançados em território nacional.

Na última semana, temos vindo a focar os nossos 'posts' em produtos alusivos, ou derivados, das séries exibidas, em inícios dos anos 90, pelo espaço Clube Disney; e, depois de termos falado dos diversos videojogos protagonizados por personagens das mesmas, nada melhor do que dedicarmos a nossa atenção ao 'outro' grande meio artístico em que a companhia se movia, além dos desenhos animados – a BD. Isto porque, apesar de a maioria das séries em causa apenas ter direito a tradução em Português 'de Portugal' já vários anos após a sua saída do 'ar' (nomeadamente através de diversas séries de álbuns aparentemente desconexas e algo aleatórias), foram ainda assim feitos alguns esforços para apresentar histórias alusivas a alguns dos personagens ainda durante o apogeu da sua popularidade, nomeadamente por parte da editora por excelência de materiais Disney em Portugal, a então ainda chamada Abril Jovem. De entre estes, destaca-se a edição de um luxuoso álbum encadernado, com centenas de páginas, exclusivamente dedicado à reprodução de histórias com a 'marca' DuckTales, das quais existia já uma vasta selecção do outro lado do oceano, por terras de Vera Cruz.

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Certamente editado em simultâneo com a transmissão da série na RTP, por forma a capitalizar sobre a sua popularidade (embora a data exacta de publicação seja desconhecida), 'DuckTales – Os Caçadores de Aventuras' era uma importação directa do Brasil (o que explica a utilização do título empregue naquele país, por sinal MUITO melhor e mais adequado que o português) e reunía, num só volume, nada menos do que quatro números da revista brasileira do mesmo nome, a qual, mau-grado a profusão de edições transatlânticas no mercado português, nunca chegou a ser distribuída por terras lusas. No total, eram doze histórias, distribuídas ao longo de quase trezentas páginas (!) nas quais cabiam, também, frontispícios informativos e contextualizantes, e até uma página de passatempos. Um verdadeiro 'maná' de material a explorar para fãs da série, e que apenas torna mais deprimente o facto de nenhuma destas histórias alguma vez ter tido uma edição 'a sério' em Portugal.

Ainda assim, este álbum não terá deixado de constituir um verdadeiro 'evento' para quem tinha interesse na série em causa, fazendo por justificar o sem dúvida exorbitante preço de revenda, e destacando-se decididamente da miríade de edições 'normais' deitadas para as bancas pela hegemónica Abril a cada novo mês durante a época em causa.

24.04.24

A banda desenhada fez, desde sempre, parte da vida das crianças e jovens portugueses. Às quartas, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos títulos e séries mais marcantes lançados em território nacional.

Em tempos considerado a personalidade mais conhecida em todo o Mundo (fosse fictícia ou de 'carne e osso') o Rato Mickey continua, até hoje, a ser um ícone verdadeiramente intemporal da cultura popular, presente no imaginário infanto-juvenil de todas as gerações surgidas desde a sua criação em finais dos anos 20, e sempre com o mesmo (alto) nível de popularidade. Assim, não é de surpreender que cada novo aniversário do roedor mais famoso do Mundo seja motivo para celebração, com um sem-número de eventos alusivos à data e transversais a todas as áreas culturais em que o rato de Walt Disney se inseriu; e, sendo a banda desenhada uma das principais de entre elas, tão-pouco é de espantar que se tenham verificado, ao longo dos anos, uma série de edições comemorativas, lançadas um pouco por todo o Mundo.

Enquanto mercado da 'linha da frente' no consumo de banda desenhada em finais do século XX, Portugal não podia, claro, ser excepção a esta regra, tendo visto serem lançadas uma série de especiais alusivos ao aniversário de Mickey, pela mão da Abril, então detentora dos direitos de edição das BD's Disney em Portugal. O primeiro destes, de 1988, era uma verdadeira edição histórica, com vários volumes que traçavam o percurso de Mickey através das décadas; já o segundo pouco passava de uma revista vulgar, com as únicas alusões à efeméride a terem lugar no desenho de capa – e, para cúmulo, lançada com atraso de quase um ano! Um deslize que, crédito lhe seja feito, a editora tentou corrigir com o lançamento seguinte, editado há vinte e cinco anos, por ocasião dos setenta anos de Mickey, que surgia em formato encadernado e dividida em dois volumes, num total de quase duzentas páginas de banda desenhada.

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Capas dos dois volumes do especial, cada um com cem páginas.

Felizmente, tal como acontecera com o especial de 1988, também aqui a qualidade do conteúdo se coadunava com a apresentação, surgindo cada um dos volumes dividido em secções temáticas, cada uma com um respectivo texto introdutório e explicativo. O primeiro volume trazia, assim, uma parte dedicada às tiras diárias de Floyd Gottfredson, outra ao detective Sir Lock e outra à 'Patrulha Estelar' que trazia Mickey e Pateta como astronautas e heróis futuristas; já o segundo tomo trazia secções alusivas aos principais coadjuvantes e personagens secundários do universo de Mickey, como o Capitão Plim, o extraterrestre Esquálidus e o inevitável Pateta – embora, estranhamente, deixando de fora nomes tão icónicos como João Bafo-de-Onça, Mancha Negra e, claro, a namorada do herói, Minnie. Deste volume faziam, ainda, parte um texto genérico sobre outros personagens, um 'cantinho do artista', onde eram publicados alguns desenhos enviados para a editora por fãs do rato e respectivos amigos, e uma história interactiva, em prosa, que convidava os leitores a resolverem o mistério de onde estaria o bolo de aniversário de Mickey.

No cômputo geral, portanto, uma edição que fazia por justificar o (sem dúvida exorbitante) preço de capa, e por 'emendar a mão' após a 'derrapagem' por altura dos sessenta e cinco anos do personagem – objectivos que atingiu com louvor, perfilando-se como uma homenagem tão adequada como justa e sentida a um dos maiores personagens de banda desenhada de sempre, que (aos quase cem anos de 'vida') continua tão relevante como sempre foi.

14.02.24

A banda desenhada fez, desde sempre, parte da vida das crianças e jovens portugueses. Às quartas, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos títulos e séries mais marcantes lançados em território nacional.

O universo 'Star Wars', ou 'Guerra das Estrelas', tem, tradicionalmente, sido um dos que mais se auto-actualiza e expande de entre todos os da cultura 'pop'. Mesmo durante os longos intervalos de quase uma década e meia entre trilogias de filmes, continuam a ser editadas um sem-número de obras paralelas e periféricas, a maioria das quais serve um de dois grandes objectivos: apresentar aos fãs novos personagens dentro da mitologia da série (muitos dos quais são, depois, referenciados nos filmes e séries 'principais') e dar a conhecer eventos no passado ou futuro da cronologia da mesma, sejam referentes aos heróicos Jedi ou aos maléficos Sith, o famoso 'Império' que origina os principais vilões da série.

Por sua vez, grande parte destas 'expansões' e aventuras paralelas desenrolavam-se através de banda desenhada, um meio visual que se insere na mesma categoria de cultura 'pop' que os próprios filmes da série, e que tende a atrair o mesmo público, não sendo, pois, de espantar que sejam inúmeras as séries de BD alusivas à franquia publicadas ao longo das últimas quatro décadas. E se, em Portugal, foi a Planeta DeAgostini a principal responsável pela edição da maioria dos títulos de banda desenhada da 'Guerra das Estrelas', não foi à famosa veiculadora de colecções em fascículos que coube a honra de publicar a primeira aventura da saga a chegar ao território português; esse marco ficou a cargo da inevitável Abril-Controljornal, a qual, em 1997, utilizava a sua ligação ao mercado das revistas de super-heróis para fazer chegar às bancas lusitanas uma mini-série de seis números da Dark Horse Comics, intitulada 'Star Wars: Império das Trevas'.

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Capa do primeiro número da série. (Crédito da foto: Station Comics, no Facebook)

Originalmente publicada no início da década com o título 'Star Wars: Dark Empire', a série a cargo do desenhista Cam Kennedy e do argumentista Tom Veitch (este último conhecido pelo seu trabalho com a DC Comics, algum do qual já então publicado pela Abril no nosso País) a série 'Império das Trevas' relata os acontecimentos imediatamente posteriores ao fim de 'O Regresso de Jedi', e à aniquilação do Império pela Aliança Rebelde. E, ao contrário do que poderia ter sido expectável, não são tempos felizes os que então se vivem, com a República a demonstrar um misto de inexperiência e fragilidade bélica, que motiva os sobreviventes do Império a juntarem-se e assumirem o comando do quarto da Galáxia ainda não dominado pelos seus opositores, dando assim origem a mais uma 'Guerra nas Estrelas'. Numa das batalhas desse novo conflito, Luke Skywalker e Lando Calrissian despenham-se e são capturados, cabendo agora a Han Solo, Leia Organa, Chewbacca e aos inseparáveis dróides R2-D2 e C-3PO salvar os seus companheiros. Um enredo entusiasmante e repleto de possibilidades, que não deixou de entusiasmar os fãs nacionais da saga, como já o havia feito com os seus congéneres norte-americanos.

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Exemplo do argumento e desenhos da mini-série.

O sucesso desta mini-série foi, aliás, tal que não só motivou a edição de novos materiais de 'Star Wars' no nosso País – em banda desenhada e não só – como também uma reedição por parte da Planeta DeAgostini, já no século XXI, quando a editora espanhola detinha já a quase exclusividade sobre os 'comics' da saga. É possível, no entanto, que as condições mais do que favoráveis por detrás desse relançamento (bem como do subsequente livro que reunía esta mini-série e as suas duas sequelas num só volume) nunca tivessem sido atingidas sem o esforço e a coragem da Abril-Controljornal, que – dois anos antes do lançamento da primeira 'prequela' e depois da reedição dos filmes originais em VHS, e durante uma 'fase baixa' para a franquia – utilizou o seu estatuto hegemónico para 'arriscar' na publicação desta aventura, ajudando assim a introduzir os milhares de fãs nacionais de 'Star Wars' (a maioria sem acesso a revistas importadas) ao 'universo paralelo' gizado nas páginas dos 'comics' americanos da saga, e suscitando-lhes o interesse por saber mais sobre o mesmo...

01.11.23

Em quartas-feiras alternadas, falamos sobre tudo aquilo que não cabe em nenhum outro dia ou categoria do blog.

Os anos 90 viram surgir nas bancas muitas e boas revistas, não só dirigidas ao público jovem como também generalistas, mas de interesse para o mesmo. Nesta rubrica, recordamos alguns dos títulos mais marcantes dentro desse espectro.

O cinema de terror foi, a par do de acção, um dos que mais cedo cativou, e mais fortemente marcou, a geração nascida e crescida entre os anos 80 e o Novo Milénio, muito graças à quantidade e qualidade de filmes com que os dois géneros contribuíram para o panorama cinematográfico daquelas décadas. No caso do cinema de terror, além do factor 'cool' que partilhava com os heróis de acção, havia ainda o atractivo adicional do 'fruto proibido', que fazia muitas crianças e jovens (em Portugal e não só) ficar acordado até tarde, ou programar o VHS, para acompanhar os actos de vingança de Jason Voorhees, Michael Myers e Freddie Krueger, as 'brincadeiras' de Chucky, o Boneco Diabólico, ou simplesmente uma das muitas histórias de fantasmas, fenómenos paranormais e casas assombradas que potenciavam, na mesma época, o retumbante sucesso da série 'Ficheiros Secretos'.

Não foi, assim, de surpreender que este interesse dos jovens pelos filmes de 'meter medo' principiasse, rapidamente, a ser explorado para fins comerciais, com vários produtos dirigidos a crianças a contarem com a imagem de um dos ícones oitentistas do género, ou ainda dos mais clássicos monstros da Universal, que serviam inclusivamente de inspiração para uma popular linha de mini-figuras, que contava mesmo com um desenho animado e jogo de computador próprios. Em meio a tudo isto, um autor infanto-juvenil norte-americano viu no paradigma vigente a oportunidade perfeita de explanar a sua ideia de escrever uma série de contos de terror explicitamente dirigidos a um público mais jovem, no caso em idade primária ou secundária; o resultado foi uma colecção que, em meados dos anos 90, colocaria até os leitores mais relutantes de nariz colado às páginas, marcando assim toda uma geração.

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O icónico primeiro volume da colecção, oferecido em conjunto com a revista 'Super Jovem',

Falamos da colecção 'Arrepios', de R. L. Stine, cujo aparecimento em solo lusitano se insere confortavelmente em duas categorias do nosso blog; isto porque, apesar de se tratar de uma colecção de livros (que entraria normalmente nas Quartas de Quase Tudo), os volumes eram vendidos, sobretudo, em bancas de jornais e papelarias, tornando-os também candidatos às Quintas no Quiosque. A icónica série de Stine consegue, assim, o feito de ser tema do primeiro 'post' híbrido de dois dias diferentes da História do Portugal Anos 90, valendo o presente texto pelos dias 1 e 2 de Novembro de 2023 – uma altura, aliás, bastante apropriada para falar de livros centrados no sobrenatural, espíritos e monstros, e que, muito antes de o Halloween ser oficialmente importado e adoptado como festa em Portugal, já causava calafrios (ou, bem, 'Arrepios') nas então crianças nacionais.

Isto porque, apesar de algo básicos pelos padrões de uma demografia que já 'devorava' 'Uma Aventura', 'Viagens no Tempo', 'O Clube das Chaves' ou as obras de Alice Vieira, estes livros conseguiam, dentro da sua 'fórmula', criar uma atmosfera bastante eficaz para as suas histórias, a maioria das quais se baseava em medos primários do público-alvo, como monstros, mutantes, bonecos assassinos, casas assombradas, predadores terrestres ou aquáticos, ou ainda os inevitáveis 'zombies'. E se é certo que nem todos os livros acertavam no 'alvo' ('O Feitiço do Relógio de Cuco' tem mais de comédia involuntária do que de arrepiante experiência de terror) os que atingiam este fim prestavam-se a releituras sucessivas, e tornavam-se assunto de discussão no recreio da escola, algo a que muito poucas colecções além das supracitadas conseguiam almejar.

Grande parte do sucesso dos primeiros vinte volumes da colecção em Portugal pode, no entanto, ser também atribuído ao modelo de venda escolhido pela Abril/Controljornal, que aproveitava a sua hegemonia no campo dos periódicos infantis para lançar 'Arrepios' nas bancas, e a um preço bastante convidativo para as carteiras dos jovens da altura, custando cada livro pouco mais do que uma banda desenhada das mais 'grossas'. A oferta do primeiros volume da colecção na compra da revista 'Super Jovem' (também da editora) ajudou a difundir ainda mais a nova colecção junto do público-alvo, havendo decerto muito poucas crianças daquela época que não tenham tido, pelo menos, este livro na sua estante. As 'letras grandes', linguagem simples e histórias apelativas (apesar dos finais estilo 'Scooby-Doo' e invariavelmente desapontantes) encarregavam-se do resto, tornando 'Arrepios' numa das mais bem sucedidas séries de livros entre quem não gostava de ler.

Infelizmente, a Abril cometeu o erro de saturar o mercado com cada vez mais livros da colecção, além da série-irmã que oferecia uma experiência estilo 'Aventuras Fantásticas' e de outra série de R. L. Stine, 'A Babysitter', sobre uma azarada adolescente que vê todos os seus trabalhos de ama-seca transformarem-se numa perseguição por parte de um tarado ou psicopata. Apesar da relação com 'Arrepios', nenhuma destas colecções (ou até mesmo os livros subsequentes da própria série) conseguiram o mesmo sucesso dos primeiros volumes, não conseguindo crescer com o público-alvo nem tão-pouco competir com o baluarte da literatura infanto-juvenil em Portugal que era (e é) 'Uma Aventura'. Assim, foi sem surpresas que a colecção 'saiu de fininho' de 'cena' ainda antes do Novo Milénio, deixando como legado os volumes arrumados nas estantes do quarto de muitas crianças e uma série televisiva relativamente bem-sucedida, exibida no espaço 'Buereré' da SIC, nas manhãs de fim-de-semana; é possível, no entanto, que esta situação mude, e que o recente (e bem-sucedido) filme com Jack Black venha a suscitar o interesse da Geração Z pelos livros que adornavam a estante dos pais quando estes tinham pouco mais ou menos a mesma idade. Enquanto não assistimos a um ressurgir de 'Arrepios', no entanto, fica a recordação de uma série de livros que acabou por marcar época, e que, apesar dos evidentes defeitos e falhas, merece bem um lugar (duplo!) nestas nossas páginas nostálgicas.

25.10.23

NOTA: Este post foi sugerido pelo leitor Pedro Serra, a quem também devemos as fotos que acompanham o texto. Obrigado, Pedro!

A banda desenhada fez, desde sempre, parte da vida das crianças e jovens portugueses. Às quartas, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos títulos e séries mais marcantes lançados em território nacional.

Já é situação recorrente nesta rubrica falar da hegemonia que a Abril Jovem (mais tarde Abril/Controljornal) detinha sobre o mercado de 'livros aos quadradinhos' nacional, e a oportunidade que essa posição lhe oferecia para levar a cabo 'experiências' sem grandes consequências em caso de 'falhanço', já que até as piores de entre as suas revistas da Disney, DC e Marvel tinham volume de vendas garantido. Ainda assim, e apesar dessa total falta de necessidade de apostar em estratégias de 'marketing' e publicidade, a editora não se mostrava, de todo, aversa a esse tipo de medida, como bem o comprova a série de livros que examinamos nesta Quarta aos Quadradinhos.

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Três dos quatro livros da colecção, parte do acervo pessoal do Pedro Serra.

Lançada algures durante o ano de 1992, esta série de quatro edições especiais da colecção 'As Melhores Histórias Disney' trazia como principal diferencial o facto de as referidas melhores histórias serem (alegadamente) escolhidas a dedo por celebridades de 'primeira linha' na vivência infanto-juvenil da altura, com José Jorge Duarte (por essa altura já no auge da sua fase como apresentador de concursos infantis, mas ainda apresentado sob o nome da personagem com a qual se celebrizara, 'Lecas') à cabeça. Além do 'ídolo' infantil, marcavam presença nas capas destes livros Herman José e Maria Vieira (também em alta após o sucesso de 'Hermanias', no fim-de-ano anterior, além da sempre popular 'Roda da Sorte') e ainda Marco Paulo, que muitas crianças conheciam (e ouviam) por intermédio dos pais. Cada livro vinha, mesmo, acompanhado de um frontispício supostamente escrito (e definitivamente assinado) pela própria personalidade, e que exaltava o contributo da mesma para o seu conteúdo – o qual, de outra forma, pouco se distinguia de um número perfeitamente 'normal' da colecção.

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O frontispício de uma das edições.

E a verdade é que, apesar de, aos olhos dos adultos que entretanto nos tornámos, esta jogada de 'marketing' ser transparente ao ponto de parecer um pouco desesperada, a mesma resultou em cheio junto das crianças que então éramos – lá por casa, por exemplo, existia com cem por cento de certeza o número do 'Lecas' – rendendo à Abril ainda mais um triunfo a juntar à sua já invejável lista naqueles inícios da década de 90. Prova de que, mesmo não sendo necessária, uma boa estratégia de 'marketing' e publicidade nunca cai mal, e rende sempre pelo menos alguns dividendos; aliás, se a mesma estratégia fosse repetida, hoje em dia, com Cristiano Ronaldo ou algum influenciador do Instagram no lugar das celebridades noventistas, talvez se verificasse um renascer (ainda que temporário) do interesse dos jovens por este tipo de banda desenhada...

31.08.23

Os anos 90 viram surgir nas bancas muitas e boas revistas, não só dirigidas ao público jovem como também generalistas, mas de interesse para o mesmo. Nesta rubrica, recordamos alguns dos títulos mais marcantes dentro desse espectro.

As visitas ao médico de família, salão de beleza, ou qualquer outro local dotado de uma sala de espera serviram como principal ponto de contacto entre os jovens dos anos 90 e 2000 e certas revistas que, de outro modo, nunca chegariam necessariamente a entrar no seu 'radar'. Isto porque, se quase todos os lares portugueses da época tinham uma pilha de 'TV Guias' ou 'TV 7 Dias' na sala de estar, tal não era, necessariamente, o caso com revistas mais especializadas, cuja compra requeria um interesse pelo menos passageiro na temática que abordavam, mas que, no contexto acima descrito, ajudavam a passar o tempo, quanto mais não fosse olhando para as fotografias.

A revista de que falamos esta semana integrava esse lote, tendo-se, ao longo dos seus já quarenta anos de publicação, tornado um dos 'clássicos' das salas de espera nacionais.Trata-se de 'Casa Cláudia', a versão portuguesa da revista brasileira do mesmo nome, que chegava às bancas há pouco mais de quatro décadas, em Maio de 1988 – onze anos depois da fundação da sua congénere sul-americana – através da inevitável Abril (ainda longe de ser Controljornal).

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Como o próprio nome indica, a revista tem como principal foco a decoração de interiores, com tudo o que a mesma acarreta – ou seja, muitas (mesmo muitas!) fotografias de casas e acessórios que, hoje, seriam descritos como 'Instagramáveis', naquela espécie de 'catálogo disfarçado de revista' que continua a fazer as delícias de um certo tipo de público. E se, para as crianças e jovens, o tema em causa dificilmente detinha grande interesse, não deixava, ainda assim, de ser divertido ajudar os mais velhos a obter inspiração para potenciais projectos de decoração ou renovação, descobrindo assim, ao mesmo tempo, o gosto pessoal neste campo.

Claro está que o conteúdo da revista não se limitava a esse tipo de artigo, abrangendo ainda a análise a acessórios de exterior, a ocasional visita a casas de famosos, e até algumas peças de índole mais técnica, com instruções para projectos do estilo 'faça-você-mesmo' que permitiam, com algum jeito, poupar algum dinheiro no processo de renovação ou criação do lar. Uma fórmula que, longe de ser inovadora, encontrava tracção entre um determinado público-alvo, que assegurou o sucesso de vendas da revista até ao início da muito anunciada 'morte' da imprensa escrita em formato físico, em finais da década de 2010 – altura em que, aliás, a própria 'Casa Cláudia' havia já seguido o exemplo de outras publicações semelhantes e expandido a sua área de abrangência através de duas revistas-satélite, uma sobre arquitectura e outra dedicada exclusivamente a ideias sobre decoração.

Mesmo a referida transição para formatos digitais, e subsequente quebra nas vendas, não foi, no entanto, suficiente para 'matar' a 'Casa Cláudia', que se mantém nas bancas até aos dias de hoje, num de vários exemplos de resiliência por parte de publicações que, como Astérix, 'resistem ainda e sempre ao invasor' cibernético, e que – por esse mesmo motivo – se tornam merecedoras de destaque nas páginas deste nosso blog.

30.08.23

A banda desenhada fez, desde sempre, parte da vida das crianças e jovens portugueses. Às quartas, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos títulos e séries mais marcantes lançados em território nacional.

É já um tema recorrente nesta rubrica do nosso blog que a Abril-Controljornal gozava, em finais do século XX, de uma hegemonia no mercado nacional de banda desenhada que lhe permitia não só arriscar, como também aumentar progressivamente o número de publicações do seu catálogo, fossem estas referentes aos heróis da Marvel ou DC ou ao principal filão da editora, as revistas Disney. Com isso em mente, não é, de todo, de admirar que, há exactos vinte e cinco anos, surgisse nas bancas portuguesas ainda mais uma revista alusiva a Mickey, Pateta, Donald e restantes personagens já tão conhecidos dos jovens portugueses.

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Capa do número 1, lançado há exactos vinte e cinco anos, em Agosto de 1998.

Tratava-se de 'Série Ouro' (não confundir com a 'Série Ouro Disney' brasileira), uma publicação tematizada, com as histórias seleccionadas para cada número a obedecerem a um conceito central, à semelhança do que já acontecia com o 'Disney Especial'. De facto, a melhor maneira de encarar esta nova série (cujo primeiro número, alusivo ao futebol, era lançado mesmo a tempo de capitalizar sobre a febre do Mundial de França '98) é como uma alternativa mais 'em conta' à referida publicação, com consideravelmente menos páginas mas (em consequência) um preço bastante mais convidativos às carteiras dos jovens 'noventistas' médios – um papel que 'Série Ouro' cumpre com louvor.

Talvez tenha sido graças a esta combinação de factores que a nova publicação tenha conseguido alguma tracção junto do mesmo público-alvo que 'virara, anos antes, as costas' a 'Top Disney', revista sem tema nem orientação discernível, e vendida quase pelo mesmo preço de um 'Disney Especial'; fossem quais fossem as razões por detrás do seu sucesso, no entanto, a verdade é que 'Série Ouro' mostrou ter alguma longevidade, tendo sido editada quase ininterruptamente durante os sete anos seguintes, e sobrevivendo mesmo à passagem da licença Disney da Abril-Controljornal para a Edimpresa, em 2003 – embora, por esta altura, tivesse já periodicidade bimestral, por oposição a mensal.

No total, foram setenta e três números entre Agosto de 1998 e Novembro de 2005, os quais apresentam todas as qualidades e defeitos desta era da BD Disney, não escapando às inevitáveis histórias produzidas em Itália, e ainda menos ao 'aportuguesamento' das falas de Zé Carioca e Urtigão, com resultados perfeitamente risíveis (no mau sentido). Ainda assim, por comparação com outras edições e colecções da mesma altura, 'Série Ouro' constituiu uma adição perfeitamente válida ao catálogo de uma editora que, à época, parecia não conseguir falhar o alvo, e terá deixado memórias nostálgicas a pelo menos uma parte da considerável base de fãs das bandas desenhadas Disney de finais dos anos 90 e inícios do Novo Milénio.

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