10.06.25
Porque nem só de séries se fazia o quotidiano televisivo das crianças portuguesas nos anos 90, em terças alternadas, este blog dá destaque a alguns dos outros programas que fizeram história durante aquela década.
Os anos 90 representaram, na televisão portuguesa, a era por excelência dos programas de variedades para crianças. Já parte integrante da cultura infantil em outros países, foi apenas nos últimos anos do século XX que este tipo de programas verdadeiramente penetrou na consciência colectiva juvenil do nosso País, muito graças a uma série de icónicos e ainda hoje saudosos representantes, com os 'rivais' da SIC e TVI – 'Buereré' e 'Batatoon' – à cabeça, mas também 'A Casa do Tio Carlos', 'Mix Max', 'A Hora do Lecas', 'Clube Disney', 'Oh! Hanna-Barbera', 'Um-Dó-Li-Tá' ou as diversas permutações de 'Brinca Brincando' a conseguirem captar a atenção do público-alvo.
Com tanta e tão ilustre concorrência, não é, no entanto, de admirar que alguns programas deste tipo tenham acabado por 'perder a corrida' pelos corações dos jovens lusitanos, e ficado um pouco mais 'esquecidos' na memória nostálgica dos 'millennials' nacionais. É, precisamente, sobre um desses programas, estreado há pouco mais de três décadas na RTP1, que versam as próximas linhas.
Emitido pela primeira vez a 5 de Junho de 1995, 'Sempre A Abrir' tinha tudo para agradar à sua demografia, do título 'radical' (ou não estivéssemos em meados da década 'bué da fixe' por excelência) a um apresentador carismático, no caso Victor Emanuel, e uma selecção apelativa de desenhos animados, com destaque para a insólita adaptação em 'anime' de 'Música No Coração', à qual já aqui dedicámos espaço. O horário das tardes era, também, conducente ao sucesso, sendo ideal para quem chegava da escola e procurava desenhos animados para acompanharem o seu pão com Tulicreme e copo de leite com chocolate.
É, pois, difícil de perceber a razão pela qual 'Sempre A Abrir' falhou enquanto espaço infantil na era pré-hegemonia de Ana Malhoa e Batatinha. O programa tinha tudo para 'dar certo', e, no entanto, é hoje muito menos lembrado pela demografia que então constituía o seu público do que qualquer dos exemplos acima elencados – isto apesar de se ter logrado manter no ar durante três anos, uma eternidade no contexto em causa, e ocupado tanto a faixa das tardes de semana quanto o não menos apetecível bloco dos Sábados de manhã. A verdade, no entanto, é que, seja por que razão fôr, este bloco infantil se encontra, hoje, praticamente Esquecido Pela Net, sendo difícil conseguir informações ou material relativo ao mesmo, ou mesmo uma imagem ou vídeo para complementar este 'post'; de facto, passe o trocadilho, quase parece que o programa foi 'Sempre A Abrir' rumo ao esquecimento total. Nada que invalide que, na medida do possível, lhe procuremos dedicar algumas linhas nesta nossa rubrica dedicada à televisão nacional noventista.