11.10.23
NOTA: Este post é respeitante a Terça-feira, 10 de Outubro de 2023.
A década de 90 viu surgirem e popularizarem-se algumas das mais mirabolantes inovações tecnológicas da segunda metade do século XX, muitas das quais foram aplicadas a jogos e brinquedos. Às terças, o Portugal Anos 90 recorda algumas das mais memoráveis a aterrar em terras lusitanas.
Formava parte integrante da decoração da grande maioria dos quartos de crianças e jovens dos anos 80 e 90, normalmente colocado a um canto, onde pudesse facilmente ser usado sem estorvar quem mais quisesse usufruir da divisão; por ocasião da visita de amigos, era uma das primeiras posses a ser orgulhosamente exibida, logo a seguir a qualquer consola que residisse ali por perto. Falamos, é claro, do órgão electrónico (da Casio ou qualquer outra marca), cuja entrada na consciência popular colectiva não só serviu para demonstrar que os avanços tecnológicos verificados naqueles anos podiam ser aplicados a outras áreas que não apenas a da informática e computadores, como também terá contribuído para despertar em muitos jovens o gosto pela música, e quiçá pelo próprio teclado enquanto instrumento de eleição.
Os teclados Casio estavam entre os mais populares, a ponto de quase se tornarem sinónimos do produto em questão.
Já populares nos quartos de adolescentes norte-americanos e de outros países desde a década transacta, foi, no entanto, na década de 90 que os órgãos electrónicos começaram a formar parte integrante dos catálogos de Natal de supermercados e hipermercados, e a ocupar lugar de destaque no tipo de loja de brinquedos onde, anos antes, seria praticamente impensável ver ser vendido um instrumento 'a sério'. Escusado será dizer que este tipo de exposição não tardou a despertar a cobiça de toda uma geração de mini-aspirantes a músicos, que rapidamente passaram a incluir este instrumento em listas de presentes de anos e Natal, pesasse embora o preço algo proibitivo da maioria dos exemplares.
Isto porque, embora existissem modelos mais básicos e condicentes com o poder de compra da maioria dos portugueses à época, era aplicado a este instrumento o mesmo princípio usado com as calculadoras e agendas electrónicas – ou seja, quantas mais funções, melhor. Os órgãos mais cobiçados eram aqueles que, além das funcionalidades básicas, contavam ainda com sons programáveis (alguns bastante estranhos, e bem ao gosto da juventude da época), faixas de acompanhamento electrónicas, compatibilidade com microfones, e outros extras por demais aliciantes, e considerados quase indispensáveis – mesmo que o limite da capacidade musical de muito do público alvo começasse e acabasse nos 'Martelinhos'. Quem tinha um aparelho destes mais 'apetrechados' passava, pois, a contar com um motivo de 'gabarolice' imediata, enquanto os restantes se viam obrigados a continuar a utilizar a versão mais simples de que dispunhavam, e a sonhar com o modelo desejado.
Tal como muitas outras 'febres' de que falamos nesta e noutras rubricas do nosso 'blog', também os órgãos electrónicos acabaram por perder preponderância na vida dos jovens das gerações Z e 'millennial', substituídos pela mais recente 'engenhoca', brinquedo 'da moda', consola ou telemóvel na lista de prioridades; ainda assim, quem tomou parte naquele breve mas marcante período em que toda a gente tinha um instrumento desses, ainda hoje sentirá, possivelmente, vontade de ir à garagem buscar o seu e 'dar uns toques', tal como fazia no seu quarto de juventude, há coisa de trinta anos...