10.04.21
Os Sábados marcam o início do fim-de-semana, altura que muitas crianças aproveitam para sair e brincar na rua ou no parque. Nos anos 90, esta situação não era diferente, com o atrativo adicional de, naquela época, a miudagem disfrutar de muitos e bons complementos a estas brincadeiras. Em Sábados alternados, este blog vai recordar os mais memoráveis de entre os brinquedos e acessórios de exterior disponíveis naquela década.
E se no primeiro episódio desta rubrica falámos dos patins em linha, hoje vamos falar de outro equipamento, não menos popular entre as crianças da época: a bicicleta BMX.
Os anos 90 – não só em Portugal como em outros países, como o Brasil – foram uma época estranha para estas bicicletas de rodas pequenas e guiador alto. Isto porque, enquanto que em outras décadas este tipo de veículo ficava mais ou menos restrito ao mundo dos desportos radicais, durante os anos 90, o mesmo tornou-se quase o padrão de bicicleta para crianças de uma certa idade – nomeadamente, aquelas que já eram muito grandes para bicicletas infantis, e não eram ainda grandes o suficiente para ‘biclas’ de montanha, as chamadas BTT. Enquanto que hoje em dia vemos crianças em idade de instrução primária ou preparatória já montadas em bicicletas quase maiores do que elas, naquele tempo, a bicicleta BMX servia como uma espécie de etapa ou degrau intermédio, que ganhava pontos extra entre a miudagem por ter uma aura desejável e ‘fixe’ - à conta da referida associação aos desportos radicais, que estavam na altura em alta entre os jovens portugueses, mas também dos seus designs atraentes e cores arrojadas. Assim, onde hoje se vêm BTTs, viam-se, na altura, muitas BMX, a maioria pilotada por crianças e adolescentes entre os 8 e os 14-15 anos.
Um facto curioso em relação a estas bicicletas, e potencial motivo de orgulho para os ‘putos’ portugueses daquele tempo, prende-se com o facto de vários dos mais populares modelos de BMX serem feitas no nosso país. As marcas Esmaltina e Orbita, duas das mais populares entre os miúdos dos 90s, eram de fabrico cem por cento nacional, tendo ambas as marcas um elevado padrão de qualidade que as colocava entre as melhores disponíveis no setor na época. O facto de estas marcas estarem disponíveis não só em lojas de bicicletas, mas também em hipermercados e grandes superfícies – sendo mesmo a presença deste tipo de produtos uma das principais e mais excitantes novidades desse tipo de espaços – também assegurava que estas bicicletas de alta qualidade mas preço mais ou menos acessível estava facilmente disponível a quase todas as crianças portuguesas, garantindo assim vendas e popularidade para ambos os fabricantes.
Um dos modelos da Órbita da época
Conforme referido acima, com o passar dos anos, a popularidade das bicicletas tipo BMX foi decaindo, ao ponto de hoje em dia as mesmas se encontrarem, novamente, restritas ao nicho de praticantes de desportos radicais. No entanto, durante um breve período em finais do século XX e inícios do XXI, este tipo de veículos foi parte integrante da infância de muitas crianças, não só em Portugal como um pouco por todo o Mundo, tendo mesmo chegado a inspirar o lançamento de videojogos baseados no seu uso. Justifica-se, portanto, a sua presença nas páginas deste blog, ao lado de outros ‘fads’ de exterior daquele tempo, como os referidos patins em linha ou ainda os carros elétricos, de que também falaremos aqui paulatinamente.
Para já, no entanto, a praça é vossa – venham de lá essas memórias sobre a ‘bicla’ da infância, ou sobre aquela que queriam ter e nunca tiveram. Da nossa parte, fica a memória de muitas e boas horas passadas ao selim do modelo cá de casa, uma Orbita vermelha e amarela, que ainda existe, e que por cá continua, à espera de novos ‘vôos’…
Não era esta, mas quase... (crédito da imagem: Ciclovintage)