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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

10.06.22

Os anos 90 estiveram entre as melhores décadas no que toca à produção de filmes de interesse para crianças e jovens. Às sextas, recordamos aqui alguns dos mais marcantes.

Os anos 80 e 90 representaram o auge absoluto da carreira do realizador Steven Spielberg, que seria responsável, durante esse período, por uma sucessão de êxitos de bilheteira, a começar em 'Salteadores da Arca Perdida', de 1981, e que se estenderia durante mais de vinte anos, até pelo menos a 'Apanha-me Se Puderes', de 2002. Os filmes dirigidos a um público infanto-juvenil, em particular – 'E.T. - O Extraterrestre', 'Poltergeist', 'Os Goonies', as sagas 'Indiana Jones' e 'Parque Jurássico' – granjearam ao nova-iorquino uma reputação suficiente para que qualquer projecto por ele encabeçado e dirigido a esta demografia se tornasse um sucesso, por mais megalómano ou exagerado que fosse.

Serve este preâmbulo para falar de 'Hook', talvez O mais megalómano e exagerado de todos os filmes infanto-juvenis de Spielberg, que – mesmo com quase duas horas e meia de duração, e apresentando muitos dos piores 'tiques' do realizador – não deixou ainda assim de ser bem acolhido pelas crianças e jovens de inícios dos 90, não constituindo Portugal excepção neste aspecto.

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De facto, aquando da sua estreia em território nacional, a sequela para a clássica história de Peter Pan – que documenta o regresso do herói à Terra do Nunca, décadas depois de finalmente ter sucumbido à maturidade – suscitou considerável interesse entre o público-alvo, a quem nem mesmo a longa duração do filme (quase uma hora mais longo do que a maioria das películas destinadas à mesma demografia) conseguiu refrear o entusiasmo; como consequência, 'Hook' acabou mesmo por se afirmar como mais um na infindável lista de sucessos de Spielberg – mesmo sendo um dos filmes mais fracos do realizador durante esse período.

De facto, conforme referimos acima, a longa-metragem apresenta várias pechas, que não se resumem apenas à longa duração e ritmo algo indulgente; não foi à toa que, por exemplo, Julia Roberts foi nomeada para a Framboesa de Ouro relativa a Pior Atriz Coadjuvante – a sua prestação como Sininho, já de si repleta de todos os mais irritantes clichés da actriz, não sai de todo beneficiada pelos efeitos especiais da época. De igual modo, Williams surge neste filme em modo 'sentimentalão', sem a 'chama' que trazia a papéis sérios como 'O Clube dos Poetas Mortos' nem a veia cómica desenfreada das suas futuras prestações em 'Aladdin', 'Flubber' ou 'Papá Para Sempre'.

Valem, pois, as prestações de Dustin Hoffman como o titular Capitão Gancho – declaradamente e propositalmente afectada e exagerada – e do jovem Dante Basco como Rufio (líder dos Meninos Perdidos e 'substituto' de Peter tanto em idade como em aspecto e atitude) para manter o interesse do espectador comum, não sendo de estranhar que ambas constituam os elementos mais memoráveis da película.

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O Rufio de Dante Basco e o Capitão Gancho de Dustin Hoffman são os elementos mais memoráveis do filme

Em suma, apesar de não constituir de todo uma má opção para uma tarde chuvosa em família – quem conhece o Spielberg deste período sempre soube que estaria em boas mãos – 'Hook' deixa algo a desejar quando comparado com a esmagadora maioria das obras que o rodeiam na filmografia do realizador americano, devendo pois ser recordado (ou apresentado às gerações mais novas) apenas depois de esgotados todos os restantes marcos da filmografia Spielbergiana. Ainda assim, o filme chegou, à época, a ser marcante para um determinado sector da juventude portuguesa, pelo que, qualidade à parte, estas breves linhas em sua homenagem acabam por não ser totalmente descabidas...

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