27.01.24
As saídas de fim-de-semana eram um dos aspetos mais excitantes da vida de uma criança nos anos 90, que via aparecerem com alguma regularidade novos e excitantes locais para visitar. Em Sábados alternados (e, ocasionalmente, consecutivos), o Portugal Anos 90 recorda alguns dos melhores e mais marcantes de entre esses locais e momentos.
Já aqui mencionámos anteriormente que, apesar de serem locais de visita assídua durante uma Saída de Sábado, os museus dos anos 90 nem sempre tinham especial interesse para as demografias mais jovens; a apresentação 'à antiga', em particular, tornava o sucesso da visita directamente proporcional às áreas de interesse do próprio visitante, sendo que um museu sem grandes motivos de fascínio constituía uma experiência algo aborrecida. Foi, talvez, com isso em mente que, ainda durante a referida década, uma instituição tentou marcar a diferença, e afirmar-se como Saída de Sábado privilegiada para todos os jovens nacionais; a 'dica' estava no próprio nome – Museu da(s) Criança(s).
As instalações actuais do museu, no recinto do Jardim Zoológico de Lisboa.
Inaugurado há cerca de trinta anos – algures em 1994 – num anexo do Museu da Marinha, na zona de Belém, em Lisboa, o Museu da Criança (ou 'das Crianças', dependendo da fonte) almejava a mais do que apenas uma experiência museológica tradicional, procurando fundir essa vertente com um aspecto de descoberta e interacção por parte dos próprios visitantes, o qual fomentava a pedagogia activa, por oposição à abordagem mais passiva dos museus tradicionais. Significava isto que quem visitasse o espaço, ou uma das exposições temporárias que ali se fixavam periodicamente, era encorajado a mexer, experimentar e interagir com os diferentes expositores e áreas que constituíam cada mostra, ao invés de apenas admirar objectos dispostos em configurações pré-definidas – um estilo de aprendizagem, tradicionalmente, bem mais apetecível para o público mais jovem do que o seu oposto. Assim, não é de surpreender que uma visita àquele espaço se parecesse, na maior parte das vezes, mais com uma tarde de brincadeira do que com a típica 'ida ao museu', deixando vontade de regressar e repetir a experiência num futuro próximo.
Tal foi o seu sucesso, de facto, que o Museu da Criança acabou mesmo por deixar as suas humildes instalações iniciais em favor de uma localização ainda mais apetecível, na 'zona franca' adjacente ao Jardim Zoológico de Lisboa, onde decerto continuará a fazer as delícias dos mais pequenos, contribuindo para aquela que é já, por si só, uma das melhores experiências disponíveis para uma criança ou jovem residente na zona da capital. Mesmo na sua forma original, no entanto, o museu em causa destacava-se já pela tentativa bem-sucedida de apresentar algo diferente do habitual, que o ajudava a conquistar o seu público-alvo e fazia com que valesse bem a pena uma visita – um paradigma, aliás, que se continua a verificar até aos dias de hoje...