18.12.21
NOTA: Normalmente, hoje seria Sábado de Saltos: no entanto, dada a relevância temporal deste post, iremos excepcionalmente ter duas Saídas seguidas. Desfrutem!
As saídas de fim-de-semana eram um dos aspetos mais excitantes da vida de uma criança nos anos 90, que via aparecerem com alguma regularidade novos e excitantes locais para visitar. Em Sábados alternados (e, ocasionalmente, consecutivos), o Portugal Anos 90 recorda alguns dos melhores e mais marcantes de entre esses locais.
A época natalícia mudou substancialmente desde os anos 90, com medidas como a redução dos anúncios dirigidos a crianças e o quase desaparecimento dos tradicionais catálogos de brinquedos dos supermercados; no entanto, uma coisa com que qualquer criança ou jovem ainda pode contar por volta desta época do ano é com a chegada de um ou mais circos aos arredores de qualquer cidade ou povoação de suficiente relevância. Para a maioria dos artistas circenses, o Natal continua a ser a principal 'galinha dos ovos de ouro', pelo que não é de admirar que os espectáculos apresentados nesta época sejam ainda mais 'de gala' do que é habitual.
Nos anos 90, esta tendência era ainda mais exacerbada do que o é hoje em dia, com certos circos a terem honras de transmissão televisiva, e muitos a constituirem o destino de uma das últimas visitas de estudo das escolas primárias antes do fim do primeiro período - isto já sem falar das também frequentes distribuições de bilhetes por parte das grandes empresas, algumas das quais chegavam mesmo a organizar sessões especiais apenas para as famílias dos seus empregados. Em suma, os circos eram 'coisa séria', tão simbólicos do Natal infanto-juvenil nacional como o bolo-rei, a saída para ver as luzes ou a peregrinação à secção de brinquedos do hipermercado, para efeitos de prospecção.
É claro que, tal como acontece com outras experiências, como as idas à feira ou a própria saída para ver as iluminações, a ida ao circo assumia caracteristicas diferentes em ambiente citadino ou mais rural. Enquanto que as crianças da cidade podiam normalmente escolher entre os circos Vítor Hugo Cardinali e Chen - bem como as suas diversas 'sucursais' e circos associados - os habitantes de localidades mais pequenas acabavam forçosamente (e naturalmente) por ir ao que 'assentava arraiais' mais perto de sua casa. No demais, no entanto, a experiência não diferia por aí além, começando normalmente já na parte de fora do circo - onde, com sorte, se podiam admirar animais exóticos, numa altura em que os mesmos ainda não haviam sido banidos dos especáculos circenses - e continuava no interior da tenda, onde, além dos referidos animais, se podiam admirar os feitos dos mais diversos tipos de acrobatas, trapezistas, contorcionistas e, claro, os icónicos palhaços, a quem ninguém ficava indiferente - ou se adorava, ou se odiava, pelas mais diversas razões.
Juntamente com as tradicionais (e pouco saudáveis) comidas - como o algodão-doce ou as pipocas - estes elementos ajudavam a criar uma Saída de Sábado de Natal que muitos ex-jovens dos anos 90 ainda hoje relembram com saudade, e procuram na medida do possível transmitir aos seus filhos, para que a magia do circo de Natal possa perdurar para as novas gerações...