25.04.22
NOTA: Este post é respeitante a Sábado, 23 de Abril de 2022.
As saídas de fim-de-semana eram um dos aspetos mais excitantes da vida de uma criança nos anos 90, que via aparecerem com alguma regularidade novos e excitantes locais para visitar. Em Sábados alternados (e, ocasionalmente, consecutivos), o Portugal Anos 90 recorda alguns dos melhores e mais marcantes de entre esses locais.
Na vida de uma criança (seja dos anos 90 ou contemporânea) o dia dos anos perde apenas para o Natal como evento mais importante do ano; afinal, são essas as duas datas em que se recebem, sem quaisquer condições de reciprocidade, presentes de todos os tamanhos e feitios, em que se comem sem quaisquer restrições toda a espécie de doces e iguarias, e em que (não menos importante) se recebe em casa os amigos, para uma tarde de diversão.
Sim, nos anos 90 (como agora) a festa de anos era um dos pontos altos do ano para uma criança, e o ritual organizativo de que esse evento se revestia apenas servia para o tornar ainda mais entusiasmante. Isto porque, enquanto alguns países tornaram tradição celebrar a data no McDonald's ou semelhante, Portugal continua a ser das nações que opta pela via mais tradicional e económica da festa em casa, com uma mesa cheia de bolos, batatas fritas, sumos, gasosas e outras iguarias à disposição do aniversariante e convidados, e quiçá, à saída, um saquinho com Smarties, Sugus, rebuçados e outras lembranças para agradecer a presença dos mesmos.
Esta opção, por sua vez, apenas fazia com que a perspectiva de ir à festa de um amigo ou colega de escola (especialmente se o mesmo fosse mais chegado) fosse quase tão entusiasmante para a maioria das crianças como a ideia do seu próprio aniversário; da excitação de receber o tradicional envelope com o convite no recreio (um ritual a que a era da Internet veio tirar a magia) à descoberta de todas as possibilidades oferecidas pela casa do aniversariante, uma festa de anos representava, para um pré-adolescente da época, a garantia de um dia bem passado a 'fazer asneiras' com outras crianças da sua idade. E, claro, toda a experiência se tornava ainda melhor se o colega fosse daqueles poucos cujos pais estavam dispostos a alugar um espaço especialmente para a festa, ou a convidar artistas para animar a mesma, como os tradicionais palhaços.
Mesmo depois de chegada a adolescência, o apelo de uma festa de anos para o 'puto' médio português não esmorecia; isto porque, nessa altura, as festas em casa eram, progressivamente, substituídas por saídas com os amigos, primeiro às 'pizzas' e ao shopping, cinema ou feira de diversões, e mais tarde para uma jantarada e saída à noite. E apesar de este tipo de festas nem sempre envolver (ou mesmo requerer) presente, as mesmas tinham, ainda assim, uma série de atractivos extra, que as tornavam não menos entusiasmantes ou antecipadas do que as suas congéneres dos tempos de infância – mesmo que, agora, os convites fossem enviados por SMS, em vez de entregues em mão na sala de aula.
Em suma, para um jovem dos anos 90, os anos (próprios ou dos amigos) estavam, sem dúvida, entre os acontecimentos mais aguardados do ano – um paradigma que, queremos acreditar, nem mesmo a tendência crescente para o isolamento digital terá conseguido contrariar. Afinal, seja qual fôr a altura da História, uma festa é sempre uma festa...