06.01.24
Os Sábados marcam o início do fim-de-semana, altura que muitas crianças aproveitam para sair e brincar na rua ou no parque. Nos anos 90, esta situação não era diferente, com o atrativo adicional de, naquela época, a miudagem disfrutar de muitos e bons complementos a estas brincadeiras. Em Sábados alternados, este blog vai recordar os mais memoráveis de entre os brinquedos, acessórios e jogos de exterior disponíveis naquela década.
Já aqui falámos, em ocasiões passadas, de algumas das brincadeiras mais 'físicas' a que a última geração a verdadeiramente brincar 'na rua' se dedicava. Entre pinos, cambalhotas, rodas, jogos de futebol humano ou concursos de braço-de-ferro, no entanto, havia sempre tempo para um clássico da geração 'millennial': o famoso 'moche', em que uma pobre vítima se via, subitamente e sem qualquer motivo aparente, 'soterrada' por uma literal 'montanha' de amigos.
Com etimologia derivada da palavra 'mosh' – a designação geral para uma série de movimentos baseados no choque tipicamente efectuados nas filas da frente de concertos de rock pesado – a brincadeira em casa tem, no entanto, um carácter algo diferente do da sua 'raiz'. Isto porque, no 'moche' com 'ch', o objectivo não é simplesmente empurrar ou chocar contra outra pessoa, mas sim efectivamente derrubá-la por intermédio de contacto físico, normalmente na forma de uma colisão voadora - baseada, não no 'mosh', mas sim no 'stage diving', um movimento presente no mesmo contexto, mas de características distintas, que é frequentemente confundido com o primeiro. Na prática, algo muito semelhante ao que sucede quando um lutador de luta-livre americana se lança por cima das cordas contra um grupo de adversários – e com resultados bastante semelhantes, embora com dinâmica oposta, ou seja, com apenas uma pessoa a 'levar' com o peso de muitas.
Tendo em conta este factor, não é de admirar que o 'moche' fosse, e continue a ser, uma brincadeira controversa, nomeadamente junto dos adultos (isto já para não falar da ainda mais controversa variante aquática, a infame 'amona'). Nada que impeça, no entanto, gerações de crianças de se lançarem alegremente para cima dos colegas, enquanto gritam a plenos pulmões o famoso (e obrigatório) bordão: 'ao moooocheeeee!!!'