20.05.21
Trazer milhões de ‘quinquilharias’ nos bolsos, no estojo ou na pasta faz parte da experiência de ser criança. Às quintas, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos brindes e ‘porcarias’ preferidos da juventude daquela época.
E depois de na edição inaugural desta rubrica termos falado do mais famoso brinde de sempre da Matutano – os lendários Matutazos – hoje vamos falar de outro item promocional, ainda anterior a esse, mas que gerou quase o mesmo nível de furor entre a pequenada (bem como algumas dores de cabeça à maioria dos pais): os Pega-Monstro.
Oferecidos com cada pacote de ‘snacks’ Matutano no início da década, este era daqueles brindes com um conceito tão simples quanto infalível para agradar ao público-alvo; tratavam-se de pedaços de borracha multicoloridos, moldados na forma dos titulares ‘Monstros’ - ou, em alternativa, de mãos – e revestidos com material aderente, que os fazia colarem-se a qualquer superfície (pelo menos enquanto a ‘cola’ não secasse, o que normalmente acontecia ao fim de dois ou três usos.) O longo 'fio’ com uma anilha na ponta, que representava quase metade da superfície total do brinquedo, permitia à criança atirá-los contra a parede, vidro, porta ou até mesa mais próxima, podendo depois vê-los ‘escorregar’ pela referida superfície, até caírem e se reiniciar o processo. Em alternativa, a criança podia manter o Pega-Monstro preso na mão, e puxá-lo para o descolar da superfície, ao estilo iô-iô. Qualquer das opções fazia as delícias do público-alvo, que as alternava indiscriminadamente conforme as circunstâncias, e arriscava danificar irreversivelmente qualquer superfície com que o brinquedo contactasse - daí a aversão de muitos pais a estes aparentemente inofensivos brindes das batatas fritas…
(E ainda bem que no nosso tempo não havia YouTube, porque assim nunca nenhum de nós viu este vídeo e decidiu tentar a gracinha...)
Os Pega-Monstros em forma de mão eram menos interessantes em formato, mas colavam ainda melhor que os restantes.
O desprazer parental não era, no entanto, suficiente para abafar a ‘febre’ dos Pega-Monstro; pelo contrário, estes brindes eram tão populares que chegavam a ser utilizados como ‘recompensa’ de incentivo em escolas e atividades extra-curriculares. E vendo bem, isso até nem é tão estranho; afinal, estes brinquedos simples, mas estranhos reuniam todas as características necessárias para apelarem ao seu público-alvo - implicavam o consumo de ‘snacks’ salgados para coleccionar, eram vagamente ‘nojentos’, divertidos, chateavam os adultos, e consistiam literalmente de colar coisas a paredes, um dos maiores e mais inexplicáveis fascínios infantis. Em suma, uma receita que tinha tudo para resultar, e resultou mesmo, originando um dos brindes mais memoráveis dos Anos 90.
Eles bem lhes chamam 'Animal Toys', mas não enganam ninguém...
Ao que parece, apesar de já não verem o interior de um pacote de batatas há praticamente duas décadas, ainda há Pega-Monstros à venda em certas lojas hoje em dia; no entanto, os mesmos não parecem ter a mesma adesão entre a miudagem que tinham na altura – talvez por não terem ligação Bluetooth nem permitirem Deathmatch Multiplayer. O conceito em si, esse, permanece sólido como sempre, e passível de agradar a qualquer pré-adolescente, de qualquer dos sexos, tal como agradou aos seus pais quando eles eram daquela idade. Portanto, se têm filhos, e não se importam de ter uns móveis e paredes cheios de cola de vez em quando, iniciem-nos no maravilhoso mundo dos Pega-Monstro; quem sabe esse esforço não acabe numa ‘segunda vida’ para estes monstrinhos pegajosos?