29.11.24
NOTA: Este 'post' é respeitante a Quinta-feira, 28 de Novembro de 2024.
Trazer milhões de ‘quinquilharias’ nos bolsos, no estojo ou na pasta faz parte da experiência de ser criança. Às quintas, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos brindes e ‘porcarias’ preferidos da juventude daquela época.
As caretas são, desde sempre, uma das maneiras mais simples e eficazes de fazer rir (ou chorar) um ser humano de tenra idade, vindo apenas a perder efeito já perto da adolescência, quando todos os elementos ligados à infância são quase automaticamente rejeitados. Não é, pois, de surpreender que um brinquedo baseado no acto de criar e fazer caretas conseguisse alguma tracção entre o público infanto-juvenil da sua época, vindo a tornar-se uma Quinquilharia de relativo sucesso durante alguns anos em finais da década de 80 e inícios da seguinte.
De conceito tão simples quanto divertido, estes brinquedos, que nunca chegaram a ter nome oficial. consistiam de literais 'cabeças ocas' (já que a parte de trás era aberta) pertencentes a indivíduos de feições grotescas, as quais podiam ser alteradas em algo ainda menos estético por intermédio dos buracos na parte traseira, destinados a encaixar nos cinco dedos de uma mão. Com um dedo em cada um dos referidos orifícios, e a cabeça enfiada sobre a mão, quase como uma luva, a criança podia, então, distorcer as feições da cabeça, bastando para isso mexer os dedos, individualmente ou em conjunto. Uma vez apanhado o 'jeito', era possível criar deste modo um número surpreendentemente alargado de caretas, já que as diferentes partes da carantonha podiam ser manipuladas individualmente, permitindo, por exemplo, 'esbugalhar' ou revirar os olhos ao boneco. Esta versatilidade será, aliás, um dos principais factores por detrás do sucesso almejado por estes 'caretas', já que prevenia que a experiência de brincar com os mesmos se tornasse repetitiva e, por isso, aborrecida, incentivando assim a criança a pegar na referida Quinquilharia com maior regularidade, na esperança de criar novas expressões ainda mais grotescas que as anteriores.
Tal como a maioria dos brinquedos mais baratos e corriqueiros de qualquer época, também estes 'caretas' acabaram por desaparecer do mercado, substituídos por novos conceitos e produtos mais apelativos. Quem chegou a manipular uma destas caras, no entanto, sabe o quão divertida essa experiência podia ser – e, quiçá, ainda 'vista' a sua cabeça de tempos a tempos e entretenha os filhos com algumas divertidas caretas 'borrachentas'...