07.09.23
Todas as crianças gostam de comer (desde que não seja peixe nem vegetais), e os anos 90 foram uma das melhores épocas para se crescer no que toca a comidas apelativas para crianças e jovens. Em quintas-feiras alternadas, recordamos aqui alguns dos mais memoráveis ‘snacks’ daquela época.
Hoje em dia, quando se fala em bolachas cobertas de chocolate, a mente da maioria dos portugueses vira-se, quase de imediato, para as Oreos (chegadas a Portugal em 1995, e que aqui terão, paulatinamente, o seu espaço) ou para as não menos icónicas Belgas de chocolate; para a geração nascida e crescida nos anos 80 e inícios de 90, no entanto, a referência a este tipo de bolachas evoca um outro nome, tão icónico como saudoso – o das Belinhas.
A única imagem das Belinhas disponível na Internet.
Fabricadas pela hoje desaparecida Aliança e vendidas num icónico pacote vermelho e prateado, as Belinhas consistiam, basicamente, de um misto entre 'wafer' e bolacha Maria recoberto de cacau, criando uma dicotomia que, como qualquer criança atestará, resulta sempre extremamente bem. Talvez por isso estas bolachas fossem das mais populares e cobiçadas nos recreios lusos dos anos 80 e inícios da década seguinte, onde a sua designação se tornou, inclusivamente, num sinónimo de 'calão' para o bom e velho 'calduço', neste caso acompanhado da expressão 'toma lá Belinhas!º
O aspecto pelo qual estas bolachas eram mais conhecidas, e se tornaram icónicas, era o facto de as bolachas das pontas gozarem, regra geral, de uma cobertura de cacau mais densa e espessa, que as tornava preferidas em relação às suas congéneres do meio do pacote, normalmente mais parcas nesse particular. Assim, qualquer criança ou jovem confrontado com um pacote de Belinhas não hesitaria a escolher uma das da ponta – até porque, se não o fizesse, alguém o faria por si...
Toda esta popularidade não foi, no entanto, suficiente para evitar que as Belinhas fossem retiradas do mercado algures na primeira metade dos anos 90, por motivos e sob circunstâncias ainda hoje pouco conhecidas, até por estas bolachas se contarem entre os muitos produtos da época hoje Esquecidos Pela Net. Esta saída de cena 'pela porta do cavalo' não significou, no entanto, a perda total de relevância das Belinhas entre as gerações 'X' e 'millennial' – antes pelo contrário, o desaparecimento das bolachas da Aliança das prateleiras dos supermercados apenas veio dar razão ao ditado que afirma que 'a ausência faz o amor aumentar', já que as mesmas estão entre os produtos mais saudosamente recordados por quem alguma vez as comeu. E depois de as contemporâneas 'Joaninhas', da Triunfo, terem mesmo acabado por ser relançadas no mercado (e com algum sucesso), quem sabe não serão as Belinhas as próximas a gozar de uma 'segunda vida', e a conquistar os corações de toda uma nova geração de pequenos consumidores?