12.04.23
Em quartas-feiras alternadas, falamos sobre tudo aquilo que não cabe em nenhum outro dia ou categoria do blog.
Quem nunca?
Num post recente deste nosso blog, abordámos as partidas que a maioria dos 'putos' da geração 'millennial' adorava pregar durante os seus anos formativos; e ainda que, pelo carácter desse texto, o o foco de então tenha sido sobretudo nas brincadeiras de cariz mais físico, não deixámos também de fazer alusão às famosas e saudosas partidas por telefone, que faziam as delícias dos mais novos (e marotos) em finais do século XX e inícios do seguinte. Nada melhor, pois, do que voltar a esse mesmo 'filão' esta Quarta-feira, e relembrar alguns dos mais icónicos 'truques' telefónicos inventados por essa geração.
E a verdade é que, tal como em tantos outros campos, também aqui a imaginação era o limite, sendo que, além das partidas 'clássicas' passadas de boca em boca, cada pessoa ou grupo inventava também os seus próprios dichotes e piadas para 'experimentar' em vítimas insuspeitas, normalmente familiares ou operadoras de números grátis (outra particularidade daquele tempo entretanto desaparecida, e de que aqui paulatinamente falaremos). Qualquer que fosse a abordagem escolhida, no entanto, o 'truque' estava em atingir a 'punchline' e desligar antes que as vítimas tivessem tempo de reagir, sendo que, regra geral, quanto mais longa fosse a partida, menos hipóteses tinha de acabar como desejado – o que não impedia alguns, mais corajosos ou atrevidos, de tentar autênticos 'monólogos' ou 'petas' de vários minutos de duração, alguns dos quais chegavam a ser estranhamente convincentes, pelo menos na óptica dos seus pares. Este tipo de partida tendia, no entanto, a ser excepção à regra, sendo que a maioria dos truques se ficava por um par de frases trocados com o operador ou familiar do outro lado da linha, antes de ser revelado o 'embuste'.
Pior era quando esses mesmos 'alvos' procuravam retaliar, altura em que era necessário desligar rapidamente o telefone, antes que se entrasse em sarilhos (sem nunca pensar que a operadora das transferências internacionais dificilmente poderia conectar MESMO a chamada grátis a um número japonês, quando o mesmo não tinha sequer sido providenciado...) Não menos frustrante era ser colocado numa situação em que a premissa criada não 'pegava', como quando o operador da linha gratuita de 'truques e dicas' do Clube Nintendo (por exemplo) pedia os números de sócio de quem estava a ligar (por exemplo) e não acreditava que os mesmos fossem '0001' e '0002'...
Mesmo quando não chegavam a resultar totalmente, no entanto, estas partidas não deixavam ainda assim de ter a sua graça, e não era um desaire que desalentava os potenciais 'pregadores' de voltar a tentar algum tempo depois. Infelizmente, o advento da conectividade, bem como o desaparecimento de equipamentos como as cabines telefónicas e de muitos dos principais números gratuitos, tornou progressivamente mais difícil levar a cabo este tipo de brincadeira no século XXI (pelo menos na sua vertente telefónica, já que as redes sociais são outra história); ainda assim, não deixa de haver ainda quem tente, aqui e ali, embora com resultados invariavelmente desapontantes – o que não invalida que seja refrescante saber que, entre tantas tradições perdidas aquando do 'salto' entre gerações, há pelo menos uma que ainda não morreu completamente...