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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

21.04.24

Aos Domingos, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos principais acontecimentos e personalidade do desporto da década.

Em qualquer colectivo desportivo, seja uma equipa de futebol ou de qualquer outra modalidade, existem, inevitavelmente, dois tipos de jogadores: os que se destacam pela técnica e talento inato, e fazem a diferença a ponto de rapidamente serem cobiçados por outros clubes, e os chamados elementos 'de equipa', 'de plantel' ou 'de balneário', que, sem chegarem aos níveis de qualidade das mega-estrelas, mantêm um padrão consistente, e acabam por cumprir sempre que solicitados. A equipa do Sporting que quebrou o jejum de dezoito anos, nos últimos meses do Segundo Milénio e primeiros do seguinte, não era excepção a esta regra, e para cada André Cruz, Acosta ou Jardel havia um jogador mais discreto, mas não menos importante na forma de jogar da equipa. Um desses jogadores - que até viria mesmo a perder o lugar, durante essa época, para um concorrente 'fora de série' chegado em Janeiro – era um defesa-esquerdo internacional marroquino, então com vinte e cinco anos, e que chega este Domingo, dia 21 de Abril, ao exacto dobro dessa idade.

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Em acção pelo Sporting

Falamos de Abdelilah Saber, contratado dois anos antes ao seu primeiro clube, o local Wydad Athletic Club, de Casablanca, onde se estreara na equipa principal com apenas dezanove anos, e pelo qual realizara mais de uma centena de jogos, deixando indicações suficientes para lhe permitirem esse primeiro 'salto' para a Europa, no defeso de Inverno da época 1996/97, para integrar o Sporting de Octávio Machado. E se aqueles primeiros meses até correram de forma positiva, rapidamente o que parecia ser um sonho, se revelaria um pesadelo, já que o Sporting entraria em fluxo, ocasionando a famosa época dos quatro treinadores, durante a qual Saber trabalharia, no espaço de poucos meses, com Octávio, o seu adjunto Vital, o italiano Vicente Cantatore e, finalmente, José Couceiro, o nome que voltaria a trazer estabilidade ao Sporting.

Para o jovem marroquino, no entanto, este autêntico 'vendaval' pouco ajudava à sua adaptação a uma nova realidade e às distintas filosofias dos diferentes treinadores, causando alguns problemas de afirmação durante as temporada 97/98. Uma vez ultrapassado esse obstáculo, no entanto, Saber seria finalmente capaz de 'agarrar' a titularidade do lado direito da defesa, partindo para uma segunda temporada completa a bom nível, que o veria cimentar o seu lugar não só no plantel do Sporting mas também no da Selecção Nacional marroquina, que representava no Mundial de França '98, e pela qual conseguiria nesta fase o seu primeiro e único golo, num amigável frente ao Senegal que terminaria, precisamente, com um resultado de 1-0.

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Ao serviço da Selecção Nacional marroquina.

Esse momento de forma manter-se-ia, aliás, durante o que restava do século XX, sendo apenas já nos primeiros dias do Novo Milénio que o lateral perderia o estatuto de titular que a tanto custo conquistara, passando a actuar como suplente de um dos reforços de Janeiro – um brasileiro de nome César Prates, que os sportinguistas ainda hoje recordam com carinho pelas suas prestações ao serviço do clube e, sobretudo, pela forma letal como batia livres, muitos deles traduzidos em golos. Subitamente sem espaço no clube que representava há já três épocas, Saber viu por bem aceitar a proposta que lhe chegava de Itália, para um empréstimo ao Nápoles. Após uns primeiros meses bem sucedidos, no entanto, a proposta tornou-se permanente, encerrando o ciclo do marroquino no Sporting, que duraria quase exactamente quatro anos e se saldaria em cerca de seis dezenas de jogos.

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Com a camisola do Turim.

O resto da (surpreendentemente curta) carreira de Saber seria passado na Série B italiana, primeiro com duas temporadas em bom plano ao serviço do Nápoles, por quem contabilizaria quase cinquenta jogos, e depois com uma última como segunda linha do Turim; nesse mesmo Verão, com apenas trinta anos, o antigo internacional marroquino daria por encerrada a carreira como futebolista profissional, efectuando a inevitável transição para cargos técnicos, a qual o levaria de volta ao seu Marrocos local para treinar o Union Ait Melloui, clube formado poucos anos antes, em 1999.

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No Turim, onde faria a última época como profissional.

Seguir-se-iam períodos como treinador adjunto e interino do clube que o vira despontar para o futebol, o Wydad Casablanca, e onde ainda hoje actua como adjunto técnico – cargo, aliás, que combina com a personalidade consistente, competente e discreta que revelou durante o tempo nos relvados, e que o tornou elemento acarinhado, ainda que não idolatrado, dos plantéis do Sporting de finais do Segundo Milénio. Parabéns, e que conte muitos mais.

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