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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

16.10.22

Aos Domingos, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos principais acontecimentos e personalidade do desporto da década.

Uma das narrativas mais frequentes e típicas do futebol moderno é a do jovem que, após demonstrar talento acima da média durante os seus anos formativos, é incapaz de dar o 'salto' para um nível competitivo mais exigente. De facto, esse percurso verifica-se vezes suficientes para se poder considerar o seu oposto como a excepção, ao invés da regra; por outras palavras, por cada jogador que atinge um patamar superior na sua carreira, há múltiplos (provavelmente seus colegas nas sempre enganadoras selecções jovens) que 'ficam pelo caminho', tendo de se contentar com um percurso honrado nas divisões inferiores, ou – na melhor das hipóteses – em clubes de meio da tabela do escalão principal.

Nos anos 90, a situação não era, de todo, diferente, estando também reunidas as condições para que um jovem que se destacava nas selecções 'Sub' acabasse como 'andarilho' por entre clubes históricos da I e II Divisão portuguesas da época, sem nunca conseguir almejar a mais após a transição para sénior. Foi esse o caso – entre tantos outros – de Luís António Soares Cassamá (vulgo Bambo), ponta-de-lança guineense naturalizado português que, após uns primeiros anos auspiciosos, acabou por embarcar na inevitável trajectória descendente.

20245_bambo.jpg

Produto das academias do Boavista, responsáveis pela revelação de nomes como João Vieira Pinto, Nuno Gomes, Ricardo ou Bosingwa, Bambo parecia, inicialmente, capaz de seguir a mesma trajectória do que qualquer destes, tendo sido presença assídua nas Selecções de formação entre os escalões de sub-16 e sub-21 (as então chamadas 'esperanças'); a passagem para sénior, no entanto, viu ter início a habitual 'dança' entre emblemas secundários, com o avançado a almejar apenas onze jogos com a camisola dos axadrezados antes de transitar, primeiro, para a União de Leiria (onde realizou dezassete jogos e marcou um golo durante a época 1994-95) e depois para o Estrela da Amadora, primeira equipa onde verdadeiramente se impôs, jogando vinte e três partidas e conseguindo três golos na época e meia que ali passou.

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O inevitável cromo da Panini do jogador, aqui nos tempos da União de Leiria

O mercado de Inverno de 1996 traria, no entanto, nova mudança, embarcando o guineense em nova aventura, agora no Farense, para apenas seis meses (e outros tantos jogos) depois se mudar para Felgueiras, onde registou a sua melhor fase em termos de golos, com sete em dezoito partidas; estes números valeram-lhe, no final da época 96/97, nova mudança, desta feita para a Madeira, mas a sua incapacidade de se impôr no Nacional insular (conseguindo apenas sete jogos no decurso de uma época) forçaram a nova 'descida de nível', passando o avançado a representar o Esposende. Mais uma época (com vinte partidas e um golo) e mais uma mudança para Bambo, que regressava aos escalões profissionais com a camisola da Naval; no entanto, o ano e meio seguinte apenas 'rendeu' dúzia e meia de partidas, e o dealbar do novo milénio via Bambo 'tropeçar' novamente para os escalões inferiores, como um dos novos membros do plantel do Ribeira Brava.

Uma última tentativa de se impôr via, na época seguinte, o avançado rumar a França, para representar o Grenoble Foot, antes de a falta de sucesso também no estrangeiro o levar a pendurar definitivamente as botas no final da época 2000/01, pondo, com apenas vinte e sete anos, um ponto final numa carreira que nunca conseguiu chegar a cumprir aquilo que parecia prometer nos seus primórdios – narrativa, conforme já referimos, desapontantemente frequente no Mundo do futebol.

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O avançado chegou a alinhar pela equipa de jogadores desempregados do Sindicato da FPF.

Tal como muitas outras que lhe são semelhantes, no entanto, a história de Bambo tem final feliz – terminada a carreira, o jogador foi ao encontro da irmã, em Inglaterra, e acabou por encontrar uma nova vocação como...designer de moda, tendo a sua primeira colecção sido lançada durante a estação Outono/Inverno de 2015. Um desfecho que, longe de ser o idealizado por Bambo vinte anos antes, não deixa no entanto de ser honroso, permitindo-lhe brilhar por mérito próprio, e afastar definitivamente o estigame de ser apenas mais uma 'promessa adiada' do futebol nacional. Que a actual carreira lhe traga o sucesso que o futebol nunca lhe proporcionou, são os votos do Anos 90!

 

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