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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

19.12.22

Em Segundas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das séries mais marcantes para os miúdos daquela década, sejam animadas ou de acção real.

Na edição passada desta rubrica, mencionámos que, de entre todas as séries animadas produzidas nos anos 80 e 90, apenas uma era, declaradamente, tematizada em torno do Natal, e ambientada na época do ano e localização geográfica normalmente associadas com a mitologia do mesmo; agora, na última Segunda de Séries antes do Natal - e última deste ano 2022 - chega a altura de nos debruçarmos, precisamente, sobre essa produção.

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Trata-se de Noeli, um 'anime' produzido em meados dos anos 80, mas que se encontrava ainda em rotação na grelha da RTP no final do primeiro ano da década seguinte, datando a sua segunda e última exibição em Portugal, precisamente, de Dezembro de 1990 e inícios de Janeiro de 1991. Com um total de vinte e três episódios, e um estilo de animação bem típico das produções japonesas da época (ainda que algo mais 'suave' que o de contemporâneos como 'Cavaleiros do Zodíaco', 'Oliver e Benji' ou mesmo a lendária adaptação em 'anime' de Tom Sawyer) a série tem como objectivo declarado seguir o quotidiano do Pai Natal (aqui conhecido como 'Noeli'), da sua mulher Maria (presumivelmente, a Mãe Natal) e dos respectivos duendes, à medida que todos se preparam para mais uma noite de Natal; pelo meio - e porque seguir a premissa à risca tornaria a série algo aborrecida - os elfos assistentes do bom velhinho (aqui conhecidos como Tontos, a palavra japonesa para 'Elfos' que, pelos vistos, ninguém se deu ao trabalho de traduzir) vivem ainda uma série de peripécias na floresta que rodeia a oficina de São Nicolau, no coração da Finlândia remota.

Uma premissa que limita bastante a abrangência da série, mas que, inversamente, a torna perfeita para exibição na época festiva, quando o público-alvo se encontrava de férias, e com tempo livre de sobra para seguir as aventuras desta família de simpáticos duendes. E a verdade é que 'Noeli' nunca mostra pretender ser mais do que aquilo que é - uma série simpática, sem a acção violenta ou as aspirações épicas demonstradas pela maioria das produções japonesas, da época e não só. E se esta intenção declarada a poderá ter tornado algo 'fofinha' em demasia para um determinado sector do público infanto-juvenil, para outros tantos, esta série terá sido tão sinónima da experiência televisiva de certas épocas festivas da infância como 'O Natal dos Hospitais' ou o Circo de Natal - e esses terão, sem dúvida, apreciado esta pequena homenagem à única série animada verdadeiramente natalícia do período a que este blog diz respeito.

05.12.22

Em Segundas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das séries mais marcantes para os miúdos daquela década, sejam animadas ou de acção real.

Apesar de inspirar e servir de tema a inúmeros filmes e especiais televisivos, o Natal teve, ao longo dos anos, muitíssimo poucas séries completas a ele dedicadas; talvez pela dificuldade em manter o interesse das audiências nesta época muito específica do ano em meses menos festivos, escasseiam os exemplos de programas – sejam de acção real ou em desenho animado – com o Pólo Norte ou a época das festas como pano de fundo. Mesmo a época 'áurea' para este tipo de conteúdo a que este blog diz respeito apenas rendeu um exemplo totalmente tematizado no período natalino (de que falaremos na Segunda de Séries mais próxima da festa em si) e um outro que, sem ser dedicamente natalício, tinha o Pai Natal como personagem recorrente, e um antagonista que pretendia tomar o lugar do bom velhinho; é sobre esta última que nos debruçaremos esta semana.

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Trata-se de 'Bebés em Festa' (no original, 'Baby Folies') série animada francesa produzida em 1993 e transmitida nos dois canais da televisão estatal, em versão dobrada, a partir de 1996. Como o próprio nome indica, o programa debruça-se sobre as aventuras e desventuras dos habitantes de Vila Bebé, a localidade onde os bebés esperam pela cegonha que os levará aos futuros pais; no entrementes, os rebentos (que, apesar de ainda não terem tecnicamente nascido, já andam e falam, entre outras acções) desfrutam de uma sociedade totalmente funcional, com presidente da câmara, bares de 'leitinho', forças da lei, empresários, tecnocratas, detectives privados e até 'gangsters' ao estilo Al Capone, sem esquecer a 'menina' da praxe (a série segue, aliás, a 'fórmula Estrumpfe', sendo a Bebé Lauren uma das poucas personagens femininas, a par da Bebé Executiva.) E como se este conceito não fosse, já em si, suficientemente bizarro, os bebés têm, ainda, interacções frequentes com o Pai Natal (que surge mesmo 'fora de época') e com o malvado Scrogneugneu, um mago cujo objectivo máximo é tornar-se 'Pai Natal em vez do Pai Natal' - uma mistura algo aleatória de elementos que acaba, no entanto,por resultar.

Não que 'Bebés em Festa' seja uma série de particular destaque a nível técnico ou de enredos – pelo contrário, muitas das aventuras vividas pelos personagens (como a que apresentamos abaixo) poderiam perfeitamente ser transpostas para um contexto adulto sem que nada excepto alguns elementos superficiais se alterasse; nesse aspecto, o programa fica muito atrás do concorrente mais directo, 'Rugrats – Os Meninos de Coro', que tira o máximo proveito das potencialidades de um elenco composto por bebés (e a vontade de ver 'Rugrats' fica, ainda, exacerbada pela presença de algumas das vozes que davam vida a Tommy, Chucky e amigos em Portugal, aqui em papéis bem menos desafiantes, interessantes ou memoráveis.)

No entanto, para aquilo que é - entretenimento infantil descartável e sem pretensões à imortalidade nostálgica - 'Bebés em Festa' resulta, ainda que (como o excerto abaixo também demonstra) não seja tão inocente quanto à primeira vista parece, contendo elementos que apenas uma companhia europeia se atreveria a inserir num programa infantil – como se não bastasse o 'rebolado' da Bebé Lauren, o único excerto disponívell no YouTube mostra um enredo focado no vício do jogo (!) com personagens supostamente honestos a roubarem cofres (!!) e até uma cena que se pode interpretar como levemente racista para com o único bebé negro (!!!). Detalhes que terão, decerto, 'passado por cima da cabeça' do público-alvo da época, mas capazes de arrepiar qualquer produtor televisivo dos dias que correm.

Excerto de um episódio que apresenta alguns elementos surpreendentemente 'adultos'

Em última instância, no entanto, nem mesmo estes pormenores algo inesperados e chocantes chegam para tirar 'Bebés em Festa' da mediania, sendo o único elemento verdadeiramente longevo o tema de abertura, um daqueles que ainda se recordam literais décadas depois de o programa sair do ar; no restante, a série merece destaque apenas por ser uma das poucas que incorpora o Natal no seu conceito-base a tempo inteiro, ficando bastante aquém da maioria dos outros produtos nostálgicos de que aqui vimos falando desde o início deste 'blog' – bem como de outro, de conceito semelhante, que aqui paulatinamente abordaremos. Ainda assim, numa época que peca pela falta de foco ao nível das séries, esta produção francesa sempre vai sendo das poucas a 'dar o corpo à causa', fazendo assim por merecer estas breves linhas de destaque neste início de época festiva.

O contagiante genérico da série sobrevive mesmo a uma qualidade de som praticamente inexistente.

 

 

07.11.22

Em Segundas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das séries mais marcantes para os miúdos daquela década, sejam animadas ou de acção real.

E porque na semana transacta se celebrou o Halloween, e na última Segunda de Séries (na semana anterior) falámos de um programa de teor educativo de grande sucesso em Portugal, porque não abordar, desta feita, uma série que combina precisamente o didatismo com uma estética de fantasia, repleta de morcegos, bruxas, gigantes e dragões?

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O logotipo tal como surgia nas transmissões portuguesas, estranhamente sem o nome do programa ao centro.

Trata-se de 'O Castelo da Eureeka', importação americana que – sem ter sido tão bem sucedida ou ser hoje tão lembrada como as lendárias 'Rua Sésamo' e 'Carrinha Mágica', com ambas as quais partilha alguns elementos – conseguiu ainda assim captar o interesse e cativar a parcela mais nova da demografia infanto-juvenil aquando das suas duas transmissões em Portugal. A razão para tal é simples – tal como qualquer das suas duas antecessoras, trata-se de um programa cuidado, que não descura a componente lúdica e humorística na sua missão de ensinar valores ao público-alvo (um dos co-criadores da série é, aliás, R. L. Stine, ele que, na mesma altura, se notabilizava como autor de uma das mais populares séries de livros infantis a nível mundial, a colecção 'Arrepios', que chegaria às bancas portuguesas já depois de Eureeka se ter despedido das ondass televisivas.)

Conceptualmente, 'Eureeka' aproxima-se bastante do formato da 'Rua Sésamo' (quer da original americana, quer da versão portuguesa) embora, ao contrário desta, com uso exclusivo de fantoches – as únicas pessoas de 'carne e osso' a surgir no programa eram os participantes em segmentos de entrevista, um dos muitos tipos de conteúdo apresentado em meio ao conflito central de cada episódio, numa abordagem, também ela, semelhante à da congénere em causa.

E, também como a Rua Sésamo, 'Castelo da Eureeka' tinha a sua quota-parte de personagens memoráveis, a começar na desenvolta 'dona' do castelo, uma jovem bruxa de penteado imponente, e passando pela fonte viva e cantante, pelo tímido e atrapalhado dragão Magalhães (um personagem muito semelhante ao Pateta, da Disney) pelo desastrado (e estrábico) morcego Cai-Cai, de quem o nome diz tudo, e por uma dupla de 'criaturas do pântano' de enormes braços e pernas e voz esganiçada, que podia ter saído da famosa oficina de criaturas de Jim Henson para fazer parte de um dos grupos de monstros da Rua Sésamo. Juntamente com outros personagens residentes no castelo-caixa-de-música pertencente a um gigante (e que, como eles, ganhavam vida quando o mesmo dava corda ao seu 'brinquedo') este núcleo procurava lidar da melhor maneira com pequenos problemas do dia-a-dia, num formato 'slice-of-life' que, quando bem feito, é sempre bem do agrado das crianças.

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O elenco do programa tinha algumas personalidades memoráveis.

Talvez por isso – ou talvez por causa do seu contagiante genérico, num daqueles casos em que a música de abertura é mesmo o melhor elemento de um todo já de si forte – Eureeka e os seus amigos tenham conquistado pequenos fãs aquando das suas passagem por Portugal - a primeira, que completa trinta anos a de 31 de Dezembro de 1992, bem cedo, no bloco das manhãs de fim-de-semana do então Canal 1, e a segunda, alguns anos mais tarde, na 'irmã' mais 'culta e adulta' – embora, conforme já referimos, tivesse ficado muito longe dos níveis de penetração social das suas concorrentes directas, não chegando a merecer a transmissão de todas as seis temporadas de que gozou nos EUA. Apesar disso, no entanto, esta divertida série não deixa de ser um exemplo válido do chamado 'edutenimento' dirigido a crianças e jovens produzido durante a década de 90, e parte integrante (e nostálgica) da infância de muitos ex-'putos' da época.

O contagiante genérico de abertura da série, talvez o seu elemento mais memorável

O genérico final do programa.

Um excerto ilustrativo do tipo de abordagem a cada episódio.

 

26.04.22

NOTA: Este post é respeitante a Segunda-feira, 25 de Abril de 2022.

Em Segundas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das séries mais marcantes para os miúdos daquela década, sejam animadas ou de acção real.

A programação de teor ou conteúdo educativo tende, tradicionalmente, a ser rejeitada pela grande maioria das crianças, precisamente pela sua intenção declarada de não só entreter, mas também ensinar, algo a que esta demografia já é diariamente sujeita, contra vontade, no contexto da escola; por sua vez, este paradigma também não é minimamente beneficiado pelo facto de grande parte dos conteúdos desta índole adoptarem um tom excessivamente simplista ou condescendente, não dando ao seu público-alvo o devido crédito, e tratando-o como se fosse menos inteligente do que de facto é.

Talvez seja por isso que, quando surge um programa educativo verdadeiramente bem-feito e cuidado, o mesmo é capaz de atingir tanto sucesso junto da demografia-alvo como qualquer 'anime' ou série de acção. Foi assim com a excelente versão portuguesa da Rua Sésamo – ainda hoje recordada com afecto pela geração para quem foi auxiliar de estudo nos primeiros anos de aprendizagem – e é assim, também, com a série de que hoje falamos, para a qual este ano de 2022 marca, simultaneamente, a sua última temporada 'no ar' e um exacto quarto de século desde a sua estreia em Portugal.

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Criada pela PBS, a cadeia de televisão norte-americana especializada em conteúdos educativos também responsável pela criação da 'Sesame Street' original, e baseada na série de livros do mesmo nome, criada por Marc Brown, 'Artur' (ou 'Arthur') tornou-se conhecido, em Portugal, sobretudo pelo seu tema de abertura, um concentrado de alegria em ritmo 'reggae' que rivaliza com a lendária canção da Rua Sésamo pelo título de melhor música de abertura de uma série educativa, e tem também definitivamente lugar entre os melhores da década em geral.

Há outra abertura posterior, mas sejamos realistas - esta é a única que conta. POR ISSO; HEI!

Felizmente, os atractivos de 'Artur' não se ficam pelo tema de abertura; a própria série em si é extremamente bem pensada, com personagens e temas memoráveis, e sem medo de abordar assuntos controversos ou delicados (dos medos de infância e problemas cognitivos e educativos ao racismo, tolerância, trauma e até morte de alguém chegado ou querido) sempre de forma frontal, mas também com grande sensibilidade.

E o mínimo que se pode dizer é que este esforço em tratar as crianças como elas querem e merecem ser tratadas rendeu dividendos – nos seus EUA natais, 'Artur' foi transmitido durante mais de um quarto de século (e em Portugal, ficou próximo, tendo passado impressionantes dezoito anos na grelha de programação da RTP2), sempre com o mesmo grau de sucesso entre as diversas gerações de crianças. E a verdade é que não é preciso ver mais do que um ou dois episódios da série para perceber porquê; esta é daquelas séries que não só conseguem ser intemporais, como também conciliam de forma perfeita objectivos aparentemente díspares, como são a educação e o entretenimento, e o mundo da programação infantil ficará mais pobre sem ela. 'Por isso, HEI!'

29.11.21

Em Segundas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das séries mais marcantes para os miúdos daquela década, sejam animadas ou de acção real.

Numa edição recente desta mesma rubrica, abordámos a série animada dos Pequenos Póneis, transmitida pela RTP em meados da década de 90; hoje, é a vez de focarmos a outra grande representante dos desenhos animados 'fofinhos' e inofensivos a passar naquela época em Portugal, e que partilha muitos aspectos com a nossa primeira visada: os Ursinhos Carinhosos.

As semelhanças entre as duas séries – que são daquelas que costumam ser mencionadas juntas na mesma frase, à semelhança de outros binómios famosos como 'Survivor e Europe' ou 'FIFA e PES' – começam logo no seu intuito puramente comercial; como tantas e tantas outras séries daquela época, 'Os Ursinhos Carinhosos' (no original, 'Care Bears') destinava-se sobretudo a criar a vontade, entre o público-alvo, de adquirir os adoráveis bichinhos de peluche homónimos. No entanto, pelo menos em Portugal, esse objectivo saiu algo 'furado', já que a série (e respectivos filmes) era bem mais conhecida entre a miudagem do que os brinquedos em si, cujo principal mercado eram os seus Estados Unidos natais.

Também como 'Pequenos Póneis', esta era daquelas séries que, sendo do sexo masculino e tendo mais do que uma certa (pouca) idade, não se podia sob circunstância nenhuma admitir que se via; como os póneis de cor pastel, os ursinhos risonhos e amigos de ajudar com casa nas terra das nuvens e arco-íris eram do domínio exclusivo das raparigas, reunindo num só programa absolutamente TODOS os ingredientes para se tornarem objecto de escárnio de qualquer 'macho' que se prezasse – fosse o dito escárnio mais ou menos sincero.

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Menos másculo do que isto, era difícil...

Não que a referida reacção não fosse, em parte, justificada – como 'Pequenos Póneis', 'Ursinhos Carinhosos' contentava-se em oferecer o mínimo possível para agradar ao seu público-alvo. Embora a animação fosse bastante razoável (e bem melhor que a dos póneis) o teor simplista e moralista das histórias de cada mini-episódio reduzia o interesse da série estritamente ao sector menos exigente do público infantil, preferindo a maioria dos restantes dedicar o seu tempo a concorrentes como 'Tartarugas Ninja', 'Moto-Ratos de Marte' ou até 'Garfield'.

Ainda assim, os ursinhos multi-cores com tatuagens na barriga conseguiram ter impacto suficiente no nosso país para justificarem TRÊS transmissões da série original de 1985, no espaço de apenas 16 anos, das quais duas na década que nos concerne: primeiro na RTP (1990) e mais tarde na TVI (1996). Em 2006, o Canal Panda viria a completar esta tríade, apresentando os Ursinhos a toda uma nova geração de crianças e assegurando que os mesmos se mantinham relevantes duas décadas depois da sua criação e transmissão nos seus EUA natais. E se é verdade que existirão decerto séries menos merecedoras deste ciclo de vida artificialmente prolongado, também é inegável que mesmo o mais distraído seguidor da produção animada internacional das décadas de 80 e 90 conseguirá nomear, em questão de segundos, cinco ou seis séries que fazem muito mais por justificar o mesmo tratamento...

18.10.21

Em Segundas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das séries mais marcantes para os miúdos daquela década, sejam animadas ou de acção real.

Hoje em dia, os Anos 90 são infames na cultura 'pop' por terem sido a década, por excelência, dos desenhos animados 'fofinhos' – aqueles em que nunca ninguém se magoava, eram todos amigos e aprendiam juntos lições de vida, normalmente 'recicladas' de outros programas semelhantes. Este tipo de série era quase tão comum como os desenhos animados de acção, e tinha como fim expresso servir como antítese aos mesmos, a fim de tentar minorar o seu efeito entre a população jovem; e embora este objectivo nem sempre tivesse sido atingido, a verdade é que este tipo de desenho animado fazia sucesso suficiente para continuar a ser produzido, e exibido lado a lado com as Tartarugas Ninja e Moto-Ratos desta vida. E de entre os muitos (demasiados) exemplos deste fenómeno, destacam-se (pelo menos para as crianças portuguesas) dois: por um lado, os Ursinhos Carinhosos, de quem paulatinamente aqui falaremos, e por outro, o tema do post de hoje – os Pequenos Póneis.

Os leitores mais jovens que tenham acabado de ler a referência acima feita a desenhos animados dos Pequenos Póneis certamente estarão já a pensar na série contemporânea, que fez grande sucesso entre o público adolescente; no entanto, quem é mais velho certamente se terá lembrado, em primeira instância, da tentativa anterior de produzir uma série animada baseada no 'franchise', e que chegou a passar em Portugal na RTP2. E dado o tema deste nosso blog, é mesmo desta última que falaremos.

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Lançada nos EUA em 1992, mas exibida no nosso país apenas três anos mais tarde, 'Histórias dos Pequenos Póneis' (no original, 'My Little Pony Tales') faz jus à descrição que acima fizemos deste tipo de série; todos os elementos estão presentes, das histórias inofensivas aos personagens sempre sorridentes e compreensivos – com excepção, claro está, dos póneis do sexo masculino, que correspondem exactamente ao estereótipo que o público-alvo associa ao mesmo, sendo jocosos e vagamente rufias para com as delico-doces meninas pónei, que nada fazem para justificar tal tratamento. Tudo, portanto, muito simplista, preto-no-branco, politicamente correcto, e muito, MUITO '90s'.

Ainda assim, talvez devido ao sucesso continuado e perpétuo dos brinquedos que tentava vender, a série ganhou tracção suficiente para justificar uma temporada inteira (13 episódios) e até um lançamento em DVD (pela Prisvídeo, quase 15 anos depois da emissão da série em Portugal!) – embora, admitidamente, o seu legado não passe muito daí. Hoje em dia, a série é quase risível de tão 'fofinha', embora seja de prever que não deixe de agradar à demografia equivalente àquela que a acompanhou nos anos 90, ou seja, raparigas em idade pré-escolar e primária – as mesmas que acompanharam, também, a série mais moderna. Para os mais velhos – potencialmente já pais dessas mesmas crianças – fica a memória, ainda que vaga, de uma série que se adorava ou com que se gozava (dependendo do sexo) e cujo elemento mais duradouro foi mesmo a música de abertura...

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