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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

29.10.22

As saídas de fim-de-semana eram um dos aspetos mais excitantes da vida de uma criança nos anos 90, que via aparecerem com alguma regularidade novos e excitantes locais para visitar. Em Sábados alternados (e, ocasionalmente, consecutivos), o Portugal Anos 90 recorda alguns dos melhores e mais marcantes de entre esses locais.

Nos anos 90, quando as viagens internacionais estavam longe de apresentar as mesmas facilidades do que na actualidade, umas férias no estrangeiro pouco passavam de uma ambição (ou miragem) para muitas crianças e jovens portugueses; os mais 'sortudos' talvez fossem até Espanha, os mais ricos esquiar a França, mas no cômputo geral, os períodos de lazer da geração que cresceu em finais do século XX tendiam a desenrolar-se 'dentro de portas', em destinos como a Serra da Estrela, o Alentejo ou o sempre popular Algarve. Tal não impedia, no entanto, a dita geração de sonhar, e um dos maiores sonhos para qualquer 'puto' que tivesse a idade certa em inícios dos anos 90 era visitar um dos dois grandes parques temáticos da altura, curiosamente, ambos localizados em França; e se de um deles (o Parque Astérix) já aqui falámos na última Saída de Sábado, chega esta semana a altura de recordarmos o outro, talvez 'O' destino de sonho por excelência dos jovens portugueses da época – a Eurodisney.

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Fundado com 'pompa e circunstância' há pouco mais de trinta anos, a 12 de Abril de 1992, o parque hoje conhecido como Disneyland Paris foi um sucesso quase instantâneo, quer entre a juventude local, quer entre as dos países vizinhos, para quem a ligação à perenemente popular companhia do Rato Mickey, aliada à variada gama de atracções e 'zonas' propostas pelo recinto, serviam como principal chamariz. Em Portugal, em concreto, esse desejo foi, ainda, exacerbado por um conjunto de artigos incluídos, no ano seguinte, nos primeiros números da recém-lançada revista Super Jovem, em que os apresentadores do também mega-popular programa 'Clube Disney' visitavam as diferentes áreas (uma por edição) dando a conhecer as suas principais atracções.

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Ilustração de época que dava a conhecer todas as diferentes zonas e atracções do parque

A verdade, no entanto, é que o preço proibitivo não só da viagem até França como também da própria entrada na Eurodisney – ou não fosse a mesma um parque Disney, categoria conhecida pelas quantias exorbitantes pedidas por todo e qualquer bem ou serviço – colocavam uma ida à mesma fora do alcance da maioria das crianças portuguesas, sendo poucas (ainda que existentes) as famílias dispostas a fazer o sacrifício económico necessário para proporcionar essa experiência aos seus filhos; assim, para a quase totalidade dos jovens da época, a Eurodisney continuava (e continuou) a resumir-se a um simples sonho, representado em fotografias, alguma ou outra peça videográfica mostrada na televisão - a única maneira de ver imagens em movimento na época pré-YouTube – e ocasional brinde ou produto licenciado. Já quem foi, não deixou certamente de ser alvo de inveja extrema por parte dos colegas, e 'rei' (ou 'rainha') do recreio durante pelo menos o tempo que levou a resumir e relatar a experiência.

Hoje em dia – graças quer à relativa liberdade de movimentos descrita no início deste texto, quer ao próprio declínio de popularidade do parque – a Eurodisney é 'apenas' mais um destino de férias, muito longe da desejabilidade dos seus congéneres norte-americanos, ou de outros parques em outros locais do planeta; quem 'esteve lá' durante os primeiros anos da atracção, no entanto, decerto se recordará do entusiasmo que a mesma causava entre toda uma geração de jovens fãs dos eternos personagens de desenhos animados e BD da Disney, para quem poucas coisas se afiguravam tão desejáveis como uma semana de férias naquele local de sonho nos arredores de Paris...

21.08.22

NOTA: Este post é respeitante a Sábado, 20 de Agosto de 2022.

As saídas de fim-de-semana eram um dos aspetos mais excitantes da vida de uma criança nos anos 90, que via aparecerem com alguma regularidade novos e excitantes locais para visitar. Em Sábados alternados (e, ocasionalmente, consecutivos), o Portugal Anos 90 recorda alguns dos melhores e mais marcantes de entre esses locais.

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Para muitas crianças e jovens das últimas décadas do século XX, o período de férias de Verão (as chamadas 'férias grandes') era sinónimo com uma mudança de paradigma, ou pelo menos com uma mudança de 'ares', normalmente como consequência de uma viagem ou deslocação para um ambiente diferente daquele que experienciavam todos os dias - fosse dentro do País ou no estrangeiro.

De facto, apesar de a maioria das crianças portuguesas da altura ir, de uma maneira ou de outra, passar o Verão 'fora', o leque de experiências e vivências dessa mesma geração nos meses de maior calor dividia-se, pelo menos, nas duas grandes categorias mencionadas no final do parágrafo anterior, as quais, por sua vez, se dividiam em diversas sub-categorias; quem 'ia para fora cá dentro', como rezava um famoso 'slogan' turístico da altura, tanto podia fazê-lo na sua casa de férias própria (sendo as zonas 'da moda' da altura, além do Algarve, áreas como o Baleal, a Ericeira ou a barragem de Castelo de Bode) como em casa de familiares - normalmente os avós ou tios - usufruir do conforto alugado de um andar, hotel, ou 'resort' 'da moda', ou até ir passar uma quinzena numa colónia de férias, longe da família mas na companhia de dezenas de outras crianças da mesma idade.. De igual modo, quem decidia ir para o estrangeiro tanto podia optar por destinos puramente veranis, como o 'corriqueiro' Sul de Espanha, como aproveitar para visitar família emigrada, e com eles passar uns dias ou semanas.

Experiências, no fundo, não muito diferentes das dos jovens de hoje em dia, mas que se desenrolavam numa conjuntura bastante diferente, com poucas ou nenhumas soluções tecnológicas, e com bastante menos facilidade de deslocação - o que apenas ajudava a tornar aqueles períodos de férias ainda mais valiosos; afinal, na época em que as férias eram caras e as chamadas telefónicas primavam por esporádicas, após terminado o interregno, era sempre uma incógnita se, ou quando, o mesmo se tornaria a repetir, e quando se voltaria a conviver ou até falar com os familiares visitados.

Isto, claro, sem falar na miríade de novas vivências que umas férias proporcionavam, desde as novas amizades (e reencontro com os amigos 'de férias') até às brincadeiras impossíveis no meio de origem, passando pelos sempre apetecíveis dias de praia, pelas aventuras 'geográficas' em países desconhecidos, ou simplesmente pela comida da avó; factores que, em conjunto ou por si só, contribuíam para fazer daqueles últimos anos de férias 'pré-tecnológicas' uma memória para a vida, e uma daquelas experiências que - infelizmente - as novas gerações já só conhecerão em 'segunda mão'...

06.04.22

Em quartas-feiras alternadas, falamos sobre tudo aquilo que não cabe em nenhum outro dia ou categoria do blog.

Na última edição desta rubrica, falámos de uma das instâncias mais desagradáveis da vida escolar dos anos 90, nomeadamente a inspecção aos piolhos; para contra-balancear esse post, esta semana, vamos falar de uma das mais agradáveis: a chegada das férias da Páscoa.

desenhos-para-colorir-da-pascoa-feliz-pascoa.jpgUm desenho para pintar bem típico da época

E se os principais atractivos da época natalícia eram os presentes, a boa comida e o tempo passado em família (isto sem contar com a inevitável ida ao hipermercado), já a Páscoa 'conquistava' os corações dos mais novos com uma mistura de chocolate (o 'rei' das guloseimas), bom tempo (QUASE sempre...), brincadeiras como a caça aos ovos e, claro, também a oportunidade de celebrar junto da família o feriado, quer de forma religiosa, quer laica.

Fosse qual fosse o motivo, a verdade é que as férias da Páscoa causavam, na mente de uma criança em idade de instrução primária, um alvoroço tão grande quanto as do Natal, e apenas excedido pelas férias grandes; por este motivo, poucos eram os docentes que procuravam ensinar matéria nova no final do segundo período, preferindo as habituais actividades de trabalhos manuais relacionadas com a Páscoa, ou a pintura de desenhos, sempre tão do gosto dos mais novos – sendo, em ambos os casos, os motivos voltados à festa da Primavera, com coelhinhos e ovos à cabeça. Os mais sortudos poderiam, até, esperar um pacotinho de amêndoas doces na sua carteira nos últimos dias antes das férias...

E embora nas escolas 'dos grandes' este 'feeling' se perdesse um pouco – entre testes de fim de período e o 'stress' de saber as notas – a verdade é que, para os estudantes primários dos anos 90 (e talvez também um pouco hoje em dia) a Páscoa era uma época de sensações especiais, combinando a alegria da Primavera com a de duas semanas de férias que se esperam cheias de chocolates e tempo passado em família – uma combinação que, espera-se, essas mesmas ex-crianças tentem, hoje, transmitir aos respectivos filhos...

Feliz Páscoa, caros leitores!

26.02.22

As saídas de fim-de-semana eram um dos aspetos mais excitantes da vida de uma criança nos anos 90, que via aparecerem com alguma regularidade novos e excitantes locais para visitar. Em Sábados alternados (e, ocasionalmente, consecutivos), o Portugal Anos 90 recorda alguns dos melhores e mais marcantes de entre esses locais.

Os Sábados marcam o início do fim-de-semana, altura que muitas crianças aproveitam para sair e brincar na rua ou no parque. Nos anos 90, esta situação não era diferente, com o atrativo adicional de, naquela época, a miudagem disfrutar de muitos e bons complementos a estas brincadeiras. Em Sábados alternados, este blog vai recordar os mais memoráveis de entre os brinquedos e acessórios de exterior disponíveis naquela década.

Sim, leram bem – o 'post' de hoje é uma combinação estilo '2-em-1' dos nossos dois tipos de posts de Sábado. Isto porque a festa que se celebra deste fim-de-semana até à próxima quarta-feira – o Carnaval – envolve tanto Saídas (para que o Mundo possa ver a nossa bela fatiota de máscara) e Saltos (ou não fosse esta, em anos 'normais', uma semana de férias da escola, em que o tempo parece interminável.) Falemos, pois, do modo característico como esta festa era celebrada em Portugal nos anos 90, e de tudo aquilo que, em criança, lhe tendia a estar associado.

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E começamos, precisamente, pelo factor mais comummente associado ao Carnaval – as máscaras. Enquanto que hoje estas se cingem quase exclusivamente a propriedades intelectuais populares – não se pode ser 'apenas' uma princesa, tem de se ser uma princesa DISNEY, de preferência a Elsa – nos anos 90, havia ainda uma mistura saudável entre este tipo de fatos (com destaque para as Tartarugas Ninja, Homem-Aranha, Super-Homem e Power Rangers) e os mais 'clássicos' disfarces de cowboy, princesa, palhaço, monstro, ou o que mais se conseguisse imaginar sem ter que gastar muito dinheiro.

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O disfarce de Tartaruga Ninja era um dos mais populares nos anos 90

No entanto, mesmo com esta vasta gama de disfarces à disposição, havia um que suplantava todos os outros, senão em popularidade, pelo menos em frequência: o de Zorro. Não havia, à época, praticamente nenhum Carnaval em que não se vissem pelo menos uns dois ou três Zorros, fosse na rua, na escola ou no clube desportivo. A popularidade do herói mascarado era tão indisputável quanto inexplicável, já que o mesmo estava ainda a alguns anos do seu 'renascimento' às mãos de Antonio Banderas, e era apenas vagamente conhecido da maioria das crianças; a verdade, no entanto, é que – vá-se lá saber porquê... - a sua característica roupagem era mesmo uma das escolhas mais populares no que tocava a fatos de máscara.

Os fatos completos não eram, no entanto, a única opção no tocante a disfarces de Carnaval; pelo contrário, a maioria das crianças via-se mesmo restrita às chamadas 'caraças', aquelas máscaras de cara completa, com elástico, que se podiam comprar em qualquer drogaria, loja de brinquedos ou até dos trezentos, por um preço relativamente acessível – o que ajudava, talvez, a explicar a popularidade. Curiosamente, estas máscaras eram perfeitamente bem aceites entre o normalmente hiper-crítico público infantil, e embora um fato fosse mais admirado e invejado, a criança que se disfarçava apenas com uma máscara não seria alvo da chacota dos colegas, como se poderia talvez pensar, tornando-as uma boa alternativa para quem tinha menos dinheiro.

Nem só de máscaras e disfarces, no entanto, vivia o Carnaval – e, aqui, há que falar da enorme panóplia de acessórios associados à celebração desta festa pelas crianças e jovens, que ajudava a dar vigência à expressão 'BRINCAR ao Carnaval'. À época, a gama de diversões de Carnaval ia das mais inócuas - como as serpentinas que se penduravam das grades da janela ou varanda e que acabavam invariavelmente na rua, a dar trabalho aos lixeiros – às irritantes (como os martelinhos, as pistolas de água ou os balões de água atirados de andares altos para quem passava cá em baixo) ou activamente perigosas, como os inenarráveis estalinhos ou as sempre populares pistolas de fulminantes. Alguns destes acessórios tinham uma ligação mais óbvia ao Carnaval que outros, mas a verdade é que todos eles fizeram parte da infância de qualquer português que tenha celebrado esta festa nos anos 90 – senão a título próprio, pelo menos manuseados por alguém nas proximidades.

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Alguns dos mais populares brinquedos do Carnaval português dos anos 90

No cômputo geral, todos estes elementos – as máscaras, as partidas, os brinquedos, até mesmo as férias da escola - contribuíam para moldar a experiência do Carnaval português dos anos 90; e embora, hoje, as regras mais apertadas de segurança tenham tornado esta festa significativamente diferente, quem a viveu nos anos 90 certamente nunca vai esquecer as emoções, sensações e brincadeiras daquela última semana de Fevereiro. Feliz Carnaval!

06.09.21

NOTA: Este post é relativo a Sábado, 04 de Setembro de 2021.

As saídas de fim-de-semana eram um dos aspetos mais excitantes da vida de uma criança nos anos 90, que via aparecerem com alguma regularidade novos e excitantes locais para visitar. Em Sábados alternados, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos melhores e mais marcantes de entre esses locais.

E naquela que talvez seja a última Saída de Sábado do Verão, nada melhor do que recordar algo que fazia – e, felizmente, continua a fazer – parte do quotidiano de muitas crianças durante esta época do ano: as colónias ou campos de férias.

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Uma cena típica de uma iniciativa deste tipo.

À época – como nos dias de hoje – estas dividiam-se, essencialmente, em dois tipos distintos. Por um lado, havia as do tipo ‘férias desportivas’, em que as crianças participavam diariamente, durante um determinado período de tempo, mas que não implicavam qualquer tipo de deslocação aparte a chegada ao local onde as mesmas se desenrolavam; por outro, havia as colónias de férias propriamente ditas, que – essas sim – representavam uma ou duas semanas longe de casa, invariavelmente num ambiente controlado e especialmente preparado para o efeito, e sob supervisão adequada. Qualquer das duas terá, sem dúvida, deixado óptimas e duradouras memórias a quem delas tenha disfrutado, bem como uma vontade de proporcionar aos próprios filhos o mesmo tipo de experiência, para que também eles se possam familiarizar com o sentimento muito próprio que tais actividades criavam entre os participantes.

Parte integrante desse mesmo sentimento eram, sem dúvida, os programas de actividades, cuidadosamente elaborados pelos responsáveis pela supervisão das crianças – os chamados animadores, ou monitores, jovens não muito mais velhos do que os próprios participantes, mas a quem cabia o papel, não tanto de pais, como de irmãos mais velhos. Num ambiente sempre descontraído e natural, estes jovens eram, além de responsáveis pelo planeamento e dinamização de jogos e actividades, também os principais responsáveis por assegurar que as coisas nunca ‘descambavam’, e que uma certa ordem era mantida entre as crianças, sem nunca se imiscuir entre elas e o ambiente divertido que uma colónia de férias idealmente proporciona. E apesar de ser preciso algum esforço da parte dos pais para confiar os seus filhos a estes (muitas vezes) ainda adolescentes, a verdade é que a maioria deles cumpria com brio o seu trabalho, ajudando a fazer daquele período de férias algo ainda mais inesquecível.

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Outra cena bem típica deste tipo de actividade.

Em suma, fosse através da escola, da Junta de Freguesia, da paróquia ou de uma entidade privada (normalmente o local de trabalho dos pais) as colónias de férias eram – e são – locais de criação de memórias por excelência, proporcionando a um jovem tudo aquilo que ele ou ela espera dos seus meses de Verão, de jogos a amizades indeléveis e até alguns ‘namoricos’, sempre muito controlados, claro… Por isso mesmo, e numa altura em que o Verão se vai encerrando, estes espaços mais do que merecem a presença neste blog, cujo fim, afinal de contas, é precisamente enaltecer e homenagear os melhores momentos da infância e adolescência…

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