01.10.22
As saídas de fim-de-semana eram um dos aspetos mais excitantes da vida de uma criança nos anos 90, que via aparecerem com alguma regularidade novos e excitantes locais para visitar. Em Sábados alternados (e, ocasionalmente, consecutivos), o Portugal Anos 90 recorda alguns dos melhores e mais marcantes de entre esses locais.
Numa das primeiras edições desta rubrica falámos dos 'shoppings', conceito 'importado' dos EUA que chegou a Portugal em meados da década a que este blog diz respeito; nesse artigo, falámos também, de passagem, dos 'Playcenters', espaços de lazer que algumas das referidas grandes superfícies incluíam entre as suas atracções. Esta semana, chega a vez de nos debruçarmos mais a fundo sobre esse autêntico 'chamariz' de 'malta jovem' existente em espaços como o Colombo e Vasco da Gama, em Lisboa, ou NorteShopping, no Porto.
A entrada do mítico Funcenter do Centro Comercial Colombo, em Lisboa
Inspirados, como os próprios espaços que os albergavam, num conceito estrangeiro – no caso, oriundo da América do Sul, onde vinham fazendo sucesso há já mais de uma década – os 'Playcenters' portugueses funcionavam de forma muito semelhante a esses seus antecessores: os visitantes adquiriam, à entrada, um cartão, o qual era carregado com um valor monetário e utilizado para aceder a qualquer atracção do parque, fosse uma máquina de 'arcade' ou a famosa pista de 'karts' do Playcenter do Colombo. Quando o dinheiro acabava, bastava voltar à recepção, efectuar novo carregamento, e continuar a divertir-se. Um conceito que, por vezes, fazia sentir a falta das tradicionais moedas (sobretudo para jogar nas 'máquinas') e 'fichas de carrossel' ao estilo das que se compravam nos divertimentos tradicionais, mas ao qual a juventude acabou por se adaptar, até por ser um sacrifício justo face ao que a maioria destes espaços oferecia.
E essa oferta era, precisamente, o grande motivo pelo qual qualquer jovem de finais da década de 90 queria visitar um 'Playcenter'. Das referidas máquinas de arcada aos 'karts', 'bowling' (também em alta à época) e até montanhas-russas (sim, dentro de portas!) estes espaços pareciam combinar o melhor dos salões de jogos e feiras populares, criando uma experiência que ninguém abaixo de uma certa idade queria deixar de viver em primeira mão.
Tal como tantos outros locais de 'romaria obrigatória' em finais do século XX e inícios do seguinte, no entanto, também os 'Playcenters' e 'fun centers' (a outra designação por que eram conhecidos) foram perdendo a sua relevância ao longo dos anos, não resistindo às mudanças no estilo de vida e interesses sociais das novas gerações, menos propensas a este tipo de Saída ao Sábado do que os seus pais ou irmãos mais velhos; ainda assim, o 'Funcenter' do Colombo (talvez o mais famoso exemplo deste tipo de espaço, e 'ex libris' de toda uma geração de jovens lusos) conseguiu aguentar-se até 2013, sendo um dos últimos espaços deste tipo a extinguir-se, após mais de década e meia de diversão. Apesar de totalmente desaparecidos, no entanto, este tipo de espaços ficará para sempre na memória de toda uma geração, que ali viveu momentos de emoção e diversão que tornavam a já de si entusiasmante ida ao shopping ainda mais aprazível.