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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

02.11.25

NOTA: Este 'post' é parcialmente respeitante a Sábado, 01 de Novembro de 2025.

Os Sábados marcam o início do fim-de-semana, altura que muitas crianças aproveitam para sair e brincar na rua ou no parque. Nos anos 90, esta situação não era diferente, com o atrativo adicional de, naquela época, a miudagem disfrutar de muitos e bons complementos a estas brincadeiras. Em Sábados alternados, este blog vai recordar os mais memoráveis de entre os brinquedos, acessórios e jogos de exterior disponíveis naquela década.

Ser criança é gostar de se divertir, e por isso, em Domingos alternados, o Anos 90 relembra algumas das diversões que não cabem em qualquer outra rubrica deste blog.

Já aqui em ocasiões passadas falámos dos 'bonecos' (ou figuras de acção, para lhes dar a denominação moderna), das variantes maiores dos mesmos (como os Action Man) e das tradicionalíssimas e ainda hoje comercializadas bonecas Barbie (e respectivas 'imitadoras'). E apesar de termos também devotado algum espaço a 'castelos' e outros cenários para os mesmos, ficou por abordar uma outra vertente bastante frequente e popular em linhas deste tipo, e que tanto podia proporcionar aos donos um Sábado aos Saltos como um Domingo Divertido – os veículos.

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O jipe do Action Man era um dos melhores exemplos deste paradigma.

Isto porque, apesar de muitos brinquedos deste tipo serem meramente 'decorativos', não tendo qualquer função especial, outros havia que podiam ser utilizados fora do contexto das brincadeiras; os veículos com rodas, em particular (como o famoso carro da Barbie ou o jipe do Action Man) tendiam a ser grandes o suficiente para poderem também ser utilizados no exterior, quer puxados por um fio, quer simplesmente empurrados com a mão por sobre um muro ou parapeito, tal como seriam no chão do quarto. Assim, quem possuísse estes brinquedos podia, facilmente, incorporá-los nas brincadeiras de rua de um fim-de-semana de sol, ou levá-los de 'passeio' até à mercearia ou supermercado – embora, neste caso, fosse necessário ter cuidado para evitar danos causados por terrenos mais acidentados. Não admira, pois, que este tipo de brinquedo estivesse entre os mais cobiçados no tradicional catálogo de Natal, como presente de anos, ou simplesmente numa visita 'de circunstância' ao hipermercado; afinal, apesar de consideravelmente caros, os mesmos serviam uma função 'dois-em-um' a cujas potencialidades que nenhuma criança (da época ou mesmo dos dias de hoje) era capaz de ficar indiferente...

 

01.11.25

Os anos 90 estiveram entre as melhores décadas no que toca à produção de filmes de interesse para crianças e jovens. Às sextas, recordamos aqui alguns dos mais marcantes.

Apesar de não ter, historicamente, tradição em qualquer outro país que não os Estados Unidos, o 'Halloween' é, já, parte integrante do calendário festivo de vários países (Portugal incluído) servindo de pretexto para as crianças se disfarçarem, comerem doces e brincarem na rua, e para os mais graúdos se 'aninharem' no sofá com um bom filme de terror temático. E porque este 'post' deveria ter sido publicado na própria noite (e surge no rescaldo da mesma) nada melhor do que nos debruçarmos sobre um filme que faz, sem dúvida, parte das escolhas para uma Sessão de Sexta em família, e que comemorou recentemente as três décadas da sua estreia em Portugal.

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Adaptação em acção real de um desenho animado e banda desenhada já pouco ou nada relevante (mas ainda conhecido dos jovens portugueses, graças à ocasional exibição televisiva dos episódios em domínio público e à inevitável continuação da banda desenhada por parte de estúdios brasileiros), 'Casper' (ou 'Gasparzinho', como era conhecido no mundo lusófono) chegava às salas de cinema nacionais não no Dia das Bruxas, ou mesmo na estação fria que evoca, mas em pleno Verão, a 21 de Julho de 1995 – uma altura em que a maioria das crianças portuguesas se encontraria, mais que provavelmente, em férias, e sem vontade de ver um filme que evoca ambientes mais lúgubres e invernais.

Isto porque, apesar de ser um mais do que declarado filme infantil, 'Casper' não 'poupa' na atmosfera 'fantasmagórica', bem a condizer com os personagens e o ambiente onde vivem. Junte-se a esta equação a presença de Christina Ricci (por esta altura já bem versada em papéis mais góticos, após a estreia como Wednesday na franquia 'A Família Addams') e o que resulta é um filme bastante bem-sucedido na criação do seu mundo e do respectivo ambiente, mas que estreava na altura totalmente errada do ano, pelo menos num país do Sul da Europa, com temperaturas elevadas nos meses de Verão e com não um, mas dois mares a banhar o seu território!

Não admira, pois, que a passagem de 'Casper' por Portugal tenha sido discreta, pese embora uma campanha de divulgação de monta, com a habitual caderneta de cromos, adaptação do filme em banda desenhada e outros 'artefactos' promocionais. Nada, infelizmente, que pudesse mudar o destino do filme, que nem sequer se logrou tornar um 'clássico' do VHS, tendo desaparecido relativamente rápido e sem deixar rasto – uma situação oposta à que viveu no mercado norte-americano, onde, apesar de ter estreado em Maio, logrou facturar quase trezentos milhões de dólares, contra um orçamento de pouco mais de cinquenta, um lucro correspondente a seis vezes o investimento, e que justificou a realização, nos dez anos seguintes, de mais quatro (!) filmes e uma série animada, nenhum dos quais com qualquer presença em Portugal.

Ainda assim, e apesar do sucesso, a opinião crítica em relação ao original era (e permanece) mista, com o filme a posicionar-se como o típico 'seis em dez' quer junto da crítica especializada, quer do próprio público. Nada melhor, pois, do que procurar o filme na Net, organizar uma Sessão de Sexta com amigos, familiares ou filhos, e tirar conclusões próprias quanto ao mesmo, como forma de celebrar (ainda que com atraso) não só o Dia das Bruxas, como o trigésimo aniversário do mesmo.

31.10.25

NOTA: Este 'post' é respeitante a Quinta-Feira, 30 de Outubro de 2025.

Os anos 90 viram surgir nas bancas muitas e boas revistas, não só dirigidas ao público jovem como também generalistas, mas de interesse para o mesmo. Nesta rubrica, recordamos alguns dos títulos mais marcantes dentro desse espectro.

Na última Quarta aos Quadradinhos, falámos das bandas desenhadas importadas, e de como era difícil ao comum bedéfilo português adquiri-las, ou sequer encontrá-las, nos anos da viragem de século e Milénio; nada melhor, pois, do que abordarmos agora as restantes revistas estrangeiras disponíveis no mercado nacional da época, relativamente às quais o problema se atenuava, ainda que não completamente.

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As revistas de música estavam entre as que mais frequentemente chegavam ao mercado português oriundas de outros países.

De facto, apesar de ser necessário encontrar uma tabacaria ou quiosque que as tivesse disponíveis (os quais rareavam), a variedade de revistas especializadas estrangeiras no mercado periódico português de finais do século XX e inícios do seguinte era consideravelmente maior que o de bandas desenhadas, tendo quase todos os nichos de interesse pelo menos uma publicação deste género trazida do estrangeiro. E se muitos desses mesmos campos eram de pouco ou nenhum interesse para as crianças e jovens que perfaziam as demografias 'X' e 'millennial', não deixava ainda assim de haver, entre o acervo de publicações do género, alguns focos de interesse. Já aqui falámos, por exemplo, da Bravo e Super Pop e das revistas de 'tricot' alemãs e francesas, mas podemos ainda falar, por exemplo, das várias revistas espanholas, francesas ou inglesas de videojogos, informática, música ou moda, ou da mítica 'Hola!', para dar apenas alguns exemplos do que os jovens podiam encontrar em bancas ou estabelecimentos mais especializados e de distribuição mais alargada.

De ressalvar que, pelo volume de publicações que enviava para Portugal mensalmente, o Brasil se afirma como um caso um pouco à parte deste paradigma – embora, curiosamente, a tendência fosse, nesse caso, inversa, com as bandas desenhadas brasileiras a ocuparem um volume de mercado maior ou igual às nacionais, mas as especializadas a ficarem consideravelmente atrás, surgindo a 'Wizard' e a 'Super Gamepower' como os únicos exemplos disponíveis com algum tipo de regularidade nos escaparates nacionais, por oposição ao muito maior número de revistas oriundas da Europa. Tal não significa, no entanto, que estas fossem, de todo, fáceis de encontrar (já para não falar no atraso de meses que apresentavam quando chegavam ao nosso País, algo particularmente inexplicável no caso de publicações oriundas de Espanha), sendo provável que o adolescente médio de finais dos anos 90 e inícios dos 2000 apenas tivesse uma ou duas mãos-cheias de revistas oriundas de fora de Portugal – isto quando, como foi o caso do autor deste blog, sabia (ou tinha) sequer onde as encontrar. Talvez por isso, ou talvez pelo estilo diferente das congéneres nacionais, as revistas importadas ocupam espaço próprio na memória nostálgica das gerações daquele tempo, muitos membros das quais já terão, mesmo, ido ao armário ou sótão procurar os exemplares que ainda guardam daquele período da sua vida...

29.10.25

A banda desenhada fez, desde sempre, parte da vida das crianças e jovens portugueses. Às quartas, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos títulos e séries mais marcantes lançados em território nacional.

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Hoje em dia, o acto de comprar banda desenhada importada encontra-se, como tantos outros, trivializado, bastando encomendar os volumes desejados pela Internet, numa loja especializada ou até mesmo numa boa livraria – isto, claro está, para quem não queira partir 'à aventura' no quiosque de alfarrabista mais próximo. Tal facilidade e conforto pode, no entanto, fazer esquecer que, há um mero quarto de século, quem quisesse ler 'comics' americanos (ou, horror dos horrores, 'manga') estava à mercê do que conseguisse encontrar no quiosque ou tabacaria local, ou, quando muito, de uma tradução em francês, espanhol ou brasileiro de um qualquer volume japonês, tipicamente a preços exorbitantes.

De facto, apesar de álbuns de BD franco-belga serem relativamente fácil de adquirir em Portugal nas suas versões originais desde pelo menos os anos 70, para as bandas desenhadas americanas e japonesas de carácter serializado, esse processo apenas se deu já nos anos de viragem do Milénio, com a abertura das primeiras lojas especializadas e dedicadas à venda de BD em Portugal. Antes disso, era necessário possuir nas redondezas uma tabacaria com excelentes contactos entre os importadores, e mesmo essa apenas possuiria uma mão-cheia de titulos da Marvel, DC ou, com alguma sorte, da Image ou Archie Comics.

Os bedéfilos lusitanos que devoravam mensalmente a 'Wizard' brasileira (ou a 'sucedânea' nacional 'Heróis') ficavam, assim, em larga medida restritos à sua imaginação no que tocava aos potenciais conteúdos dos volumes ali abordados - até porque mesmo os poucos números que logravam transpôr o oceano o faziam a preços acima da média para a 'carteira' de um jovem português médio. Um paradigma que, partindo de algo específico e quase insignificante, serve como reflexo da enorme progressão vivida pela sociedade portuguesa no primeiro quarto do século XXI, não apenas a nível de periódicos ou lojas especializadas, mas da própria abertura ao restante Mundo ocidental e respectiva cultura – a qual, por vezes, pode ser transmitida por meio de algo tão singelo como um simples 'livro aos quadradinhos'.

28.10.25

A década de 90 viu surgirem e popularizarem-se algumas das mais mirabolantes inovações tecnológicas da segunda metade do século XX, muitas das quais foram aplicadas a jogos e brinquedos. Às terças, o Portugal Anos 90 recorda algumas das mais memoráveis a aterrar em terras lusitanas.

Na última quinta-feira, falámos da linha de iogurtes Uaga, lançada pela Danone em inícios do século XXI, e acompanhada de uma campanha de 'marketing' que incluía a criação de todo um conceito ficcional, centrado num grupo de extraterrestres do cremoso planeta Gute (os Uaganos) cujos poderes especiais eram activados por uma proteína, coincidentalmente, encontrada nos iogurtes da gama em causa. Um 'truque' publicitário bem típico da época, e que, apesar de não ter rendido os resultados esperados, deu ainda assim azo a pelo menos dois tipos de artefactos licenciados – por um lado, os bonecos de vinil das personagens, oferecidos em conjunto com os próprios iogurtes (e que mencionámos no referido artigo) e, por outro, dois CD-ROM que procuravam aprofundar a mitologia ligada a Gute e aos seus habitantes. Ambos conseguem, ainda, ser encontrados em recantos nostálgicos da Internet, permitindo a quem os teve recordar as sensações da juventude, e a quem nunca o conheceu descobrir o que continham.

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Um dos dois CDs oferecidos pela gama.

Infelizmente, como sucede por vezes com propriedades e produtos de décadas transactas, o resultado desse processo é, à luz actual, desapontante. Isto porque, pelo menos no caso de 'Uaga – Viagem ao Centro de Gute', a 'atracção principal' pouco passa do nível de qualidade de um qualquer jogo 'Flash' encontrado num site promocional da altura. Este facto torna-se ainda mais desapontante se se tiver em conta que o grande público já tinha, por esta altura, sido habituado a jogos e programas de qualidade como oferta de produtos alimentícios, pelo que um jogo de plataformas de ecrã único e com controlos, no mínimo, duvidosos dificilmente conseguiria provocar a mesma reacção, por exemplo, dos jogos de corridas licenciados da Kellogg's ou dos títulos alusivos à gama LEGO Bionicle oferecidos pela Nestlé.

Junte-se a isto um desenvolvimento de personagens por demais desinteressante (todos os quatro protagonistas e respectivas mascotes são 'clichés' dos típicos heróis 'radicais' da época, e os nomes e trocadilhos utilizados para nomear o planeta, os seus elementos e os próprios iogurtes oscilam entre o ridiculamente básico e o basicamente ridículo) e um vídeo em ecrã minúsculo (aceitável para a época, mas hoje quase caricato) e o que resta é um CD-ROM pouco mais que adequado até mesmo para a altura em que saiu, e a que só os jovens mais 'desesperados' por materiais interactivos inéditos dariam mais que cinco minutos de atenção (ainda que o disco conte, ainda, com materiais de algum interesse para os mais jovens, como fundos e protectores de ecrã com os personagens). Prova acabada de que 'nostalgia' nem sempre é sinónimo de 'qualidade', que demonstra que a atenção dada à campanha Uaga talvez tenha sido menos aprofundada do que parecia à primeira vista – o que pode explicar o porquê de estes iogurtes terem desaparecido rapidamente das prateleiras portuguesas. Ou isso, ou foi o próprio Uaga quem os 'extraviou' todos do camião em que se logra infiltrar no final do anúncio contido neste CD...

27.10.25

Em Segundas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das séries mais marcantes para os miúdos daquela década, sejam animadas ou de acção real.

Na sua coluna no jornal Público, algures nos primeiros meses do Novo Milénio, Eduardo Cintra Torres – uma das mais proeminentes e preeminentes figuras no espectro da crítica e análise mediática em Portugal – acusava os telespectadores portugueses de não conseguirem 'acompanhar uma boa série, mesmo divertida e electrizante', 'preferindo ver as telenovelas e outros programas' como 'as Noites Marcianas e o Big Brother', rematando com um acintoso 'que façam bom proveito'. A série que tanta bílis desencadeava ao catedrático e colunista, acabada de estrear na RTP2 (há quase exactos vinte e cinco anos, a 16 de Outubro de 2000, dois dias após a estreia na SIC da primeia série d' 'Uma Aventura') e que vivenciava enormes dificuldades para encontrar o 'seu' público e replicar o sucesso obtido nos seus EUA natais, era tão-sómente uma série de culto, que alguns dos nossos leitores talvez conheçam, chamada 'Os Sopranos'.

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Sim, antes de ser unanimemente considerada uma das melhores produções televisivas de sempre, 'Os Sopranos' passava de forma discreta, quase desapercebida, pela televisão generalista e estatal portuguesa, no caso pela mão da inevitável RTP2, a televisão que já era 'culta e adulta' antes de o assumir no seu 'slogan', e que já começava a ser conhecida (como ainda o é) por 'importar' e exibir séries algo mais 'fora da caixa' que o habitual, e mais densas no tocante ao conteúdo. O êxito da HBO encaixava, pois, na perfeição na linha editorial do canal; o problema é que, como televisão mais intelectual e 'de culto', a RTP2 sofria, por definição, de um défice de audiências relativamente aos outros canais nacionais, ficando a visibilidade do novo programa assim automaticamente reduzida - um paradigma ainda mais agravado pela falta de promoção ao mesmo por parte do próprio canal. E embora seja discutível se 'Os Sopranos' teria singrado na grelha de uma SIC ou TVI (muiro superiores, no campo do 'marketing' e publicidade, à televisão estatal) é ainda assim impossível contornar o facto de que quase ninguém, à época, estava a ver a série, pura e simplesmente, porque quase ninguém, à época via a RTP2, por comparação com os canais concorrentes.

Curiosamente, um mesmo fenómeno viria a ocorrer, anos depois, com uma outra série hoje elevada a obra-prima – no caso, 'Breaking Bad', que passou totalmente despercebida na SIC Radical de inícios dos anos 2000 (algo que parecia impossível para aquele canal naquela época), perdendo assim os jovens portugueses uma oportunidade de dizer que haviam visto a nova 'coqueluche' mundial vários anos antes de a mesma 'estourar' – situação análoga à vivida em relação a 'Os Sopranos' aquando da sua transmissão na 'Dois'. E apesar de ambas as séries virem a ser 'vingadas' junto da opinião pública portuguesa, anos mais tarde, a verdade é que poucos serão os 'X' e 'millennials' nacionais que se lembrem de ter acompanhado os 'primórdios' de Tony Soprano e restante família em emissão 'aberta', no primeiro Inverno do século XXI, num dos mais flagrantes casos de um programa estar 'à frente do seu tempo' já vividos na televisão portuguesa.

26.10.25

Aos Domingos, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos principais acontecimentos e personalidade do desporto da década.

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A mais icónica imagem associada a estas provas.

Sendo o atletismo um dos desportos com maior expressão em Portugal, logo atrás do futebol e ao mesmo nível do hóquei em patins, e tendo em conta a quantidade de atletas de topo que representaram o País na modalidade ao longo dos anos – de Rosa Mota e Carlos Lopes a Fernanda Ribeiro ou, mais recentemente, o 'adoptivo' Francis Obikwelu – não é de admirar que as provas de corrida sejam das que mais adesão e consenso reúnem entre os fãs nacionais de desporto, fazendo 'parar' (por vezes, literalmente) as ruas do País aquando da sua realização. E porque este 'post' será publicado no rescaldo de mais uma Meia-Maratona de Lisboa, e no mês em que a Meia-Maratona e Portugal completa vinte e cinco anos de existência, seria impossível deixar passar em claro esta oportunidade de falar sobre as duas grandes provas de atletismo surgidas em finais do século XX e inícios do seguinte.

Destas, a mais famosa é, claro, a Maratona de Lisboa, organizada desde 1986, sempre no mês de Outubro (tendo a última edição tido lugar no dia em que este 'post' é publicado) e sempre com o patrocínio da EDP. Trata-se de uma corrida disputada em estrada, e que se desenrola, historicamente, na zona ribeirinha da capital, com passagem para a Margem Sul (sobre o tabuleiro da Ponte 25 de Abril!) incluída, obrigando a uma interdição ao tráfego naquela zona da cidade, e atraindo, naturalmente, largas centenas de espectadores à mesma, na esperança de verem, ou pelo menos vislumbrarem, os atletas, e de disfrutarem da música ao vivo que também caracteriza a prova.

Das três provas em destaque neste 'post', esta é a que mais diversidade reúne em termos de nacionalidades dos vencedores, tendo mesmo havido uma certa hegemonia lusófona (com vencedores portugueses e brasileiros) ao longo dos anos, bem como uma certa prevalência de vencedores do Centro Europeu em finais dos anos 90, antes da previsível 'invasão' de atletas da Etiópia, Quénia e outros países africanos, que se vêm desde então sagrando campeões da quase totalidade das provas.

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Em segundo lugar da lista, e com quase tanta importância e visibilidade como a 'irmã mais velha', surge a Meia-Maratona de Lisboa, organizada desde 1991 pela World Athletics (principal entidade global para a modalidade) primeiro no mês de Março e, mais recentemente, em Setembro. Trata-se de uma corrida de pouco mais de dois quilómetros, com partida da Ponte Vasco da Gama e que, sem render imagens tão icónicas como a prova de maior distância, não deixa ainda assim de atrair a sua quota-parte de interessados sempre que atravessa a cidade.

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Em termos de vitórias, é sem surpresas que se constata que a larga maioria das mesmas foi para atletas africanos, com particular ênfase para o Quénia. Destaque, no entanto, para Rosa Mota, que venceu a metade feminina da primeiríssima edição da prova, afirmando-se como um dos dois únicos nomes portugueses na lista de vencedores, sendo o outro António Pinto, o vencedor masculino em 1998. O nome mais dominante durante os anos 90 seria, no entanto, o da queniana Tegla Louroupe, que venceria seis das nove corridas realizadas entre a edição inaugural da prova e o Novo Milénio – incluindo vitórias consecutivas entre 1994 e 1997 - tendo a sua hegemonia neste período sido interrompida apenas pela irlandesa Catherina McKiernan, uma de apenas quatro vencedoras europeias da prova, que sairia vitoriosa em 1998, constando hoje como o único outro nome a sagrar-se campeão na categoria feminina entre 1994 e 2000. Já do lado masculino, a liderança era mais disputada e renhida, não tendo existido qualquer bicampeão até ao início da década de 2010, quando Zersenay Tadese, da Eritreia, venceria três provas seguidas. Destaque, ainda, para Mo Farah, vencedor masculino em 2015 pela Inglaterra e, a par de Rosa, talvez o mais famoso atleta a participar na prova.

De menor dimensão, mas ainda assim atractiva para os entusiastas do desporto, é a Meia-Maratona de Portugal, a qual, apesar do nome, se desenrola também apenas em Lisboa. Inaugurada nos primeiros meses do Novo Milénio (a primeira edição desenrolou-se em Outubro de 2000) e organizada pelo Maratona Clube de Portugal, esta prova é, como a sua congénere, realizada sob a égide da World Athletics, inserindo-se na sua série 'Road Race Label Events', na categoria 'Gold', e reúne anualmente cerca de quinze mil participantes.

E se a Meia-Maratona de Lisboa apresenta forte domínio de atletas africanos, nesta prova, os mesmos são ainda mais hegemónicos, com particular ênfase para dois países, o Quénia e a Etiópia. que reúnem a quase totalidade dos vencedores tanto da prova masculina como da feminina – em vinte e cinco anos, apenas uma participante feminina (a italiana Valeria Straneo, em 2013) e dois masculinos (o sul-africano Hendrick Ramaala, em 2003, e o eritreano Nguse Amsolom, em 2015) não foram oriundos de uma dessas duas nações!

Ainda assim, e apesar desta hegemonia, a Meia-Maratona de Portugal não deixa, como a de Lisboa, de suscitar emoções suficientemente fortes para atrair espectadores a cada nova edição, desde há já um exacto quarto de século, merecendo – como a sua congénere e a Meia-Maratona do Porto, inaugurada mais tarde, em 2007 – a distinção como uma das principais provas de atletismo portuguesas desde os finais do século XX e inícios do XXI até aos dias que correm.

25.10.25

NOTA: Este 'post' é parcialmente respeitante a Sexta-feira, 24 de Outubro de 2025.

Um dos aspetos mais marcantes dos anos 90 foi o seu inconfundível sentido estético e de moda. Em sextas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das marcas e modas mais memoráveis entre os jovens da ‘nossa’ década.

As saídas de fim-de-semana eram um dos aspetos mais excitantes da vida de uma criança nos anos 90, que via aparecerem com alguma regularidade novos e excitantes locais para visitar. Em Sábados alternados (e, ocasionalmente, consecutivos), o Portugal Anos 90 recorda alguns dos melhores e mais marcantes de entre esses locais e momentos.

Já aqui anteriormente falámos da 'fast fashion', a tendência para comercializar artigos de vestuário baratos e descartáveis que 'invadiu' Portugal algures nos anos 90, para não mais o abandonar. E apesar de as principais proponentes deste tipo de comércio no nosso País serem estrangeiras – tendo à cabeça as lojas do famoso grupo espanhol Inditex – houve também, ao longo dos anos, tentativas bem-sucedidas de criar cadeias de 'fast fashion' dentro de portas. Uma das mais famosas, e ainda hoje presente um pouco por todo o território, teve a sua génese em 1993, quando um grupo de importadores do ramo do vestuário decidiu criar a sua própria cadeia de lojas para comercializar os artigos importados, ao invés de os vender a outras companhias.

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Nascia assim a Shop One (ou, como é normalmente estilizada, Shop1One), inicialmente apenas um pequeno e discreto estabelecimento na Rua Morais Soares, ao Chile, em Lisboa, mas cujo sucesso rapidamente obrigou a uma mudança de instalações – no caso para um espaço diametralmente oposto, com três pisos, e situado na Praça do Rossio, em plena zona nobre de Lisboa. Esta loja, que ainda hoje se encontra em actividade precisamente no mesmo local, vir-se-ia a tornar a mais conhecida de entre as 'sucursais' da marca, afirmando-se até aos dias que correm como estandarte da mesma.

A Shop One não se ficaria, no entanto, pela influência regional, procurando, de forma natural, expandir a sua base de operações para fora da capital. Também naturalmente, foi a 'segunda capital' portuguesa, o Porto, a localidade escolhida para acolher a primeira loja deste processo de expansão, a qual abria em 1998. Seguir-se-iam, já no Novo Milénio, uma loja na terceira maior cidade do País, Braga, um 'outlet' na zona dos Anjos, em Lisboa (denominado Klear) e, ao longo dos mais de vinte anos seguintes, quase mais três dezenas de lojas, com uma média de mais de um novo estabelecimento por ano que faz da Shop One um dos melhores exemplos de sucesso para uma empresa de vestuário nacional – sobretudo por a marca não contar com o renome ou popularidade de concorrentes como a Mango, a Primark ou as referidas lojas do Grupo Inditex – e. por isso, bem merecedora desta presença nas nossas páginas.

24.10.25

NOTA: Este 'post' é respeitante a Quinta-feira, 23 de Outubro de 2025.

Todas as crianças gostam de comer (desde que não seja peixe nem vegetais), e os anos 90 foram uma das melhores épocas para se crescer no que toca a comidas apelativas para crianças e jovens. Em quintas-feiras alternadas, recordamos aqui alguns dos mais memoráveis ‘snacks’ daquela época.

Trazer milhões de ‘quinquilharias’ nos bolsos, no estojo ou na pasta faz parte da experiência de ser criança. Às quintas, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos brindes e ‘porcarias’ preferidos da juventude daquela época.

Já aqui referimos, ao falar dos brindes dos ovos Kinder, de como uma figura em vinil ou borracha era um dos melhores tipos de brinde que se podiam adquirir, fosse nos referidos ovos, nos cereais, ou em qualquer outro tipo de produto alimentar. A francesa Danone – cuja presença e influência sobre a juventude dos anos 90 era tão grande ou maior do que a que detém sobre a mesma demografia nos dias de hoje – estava, aparentemente, bem ciente deste facto, pelo menos a julgar pelos brindes que incluiu em alguns dos seus produtos nos primeiros meses do novo século e Milénio, como forma de promover a sua nova linha de iogurtes líquidos dirigidos aos mais novos.

l.kdf3 009.jpgA linha completa.

Sob o estranho mas divertido nome de Uaga, a produtora de iogurtes propunha uma colecção de sete figuras, distribuídas por um total de quatro personagens distintos – no caso, um grupo de alienígenas de pele azul e visual 'radical', tão típico do período como as 'pranchas de surf' (ou, mais concretamente, 'skimboard') em que metade dos elementos do grupo surgiam 'empoleirados'. Curiosamente, um dos personagens, Uto (o 'brutamontes' de alivio cómico, de fisionomia e musculatura menos juvenil), surgia apenas numa 'pose para a fotografia', não dispondo da variante 'radical' a que os outros tinham direito; ainda mais curioso é o facto de não se tratar do vilão, Ruffo, que tinha as duas variantes 'da praxe'.

Por oposição à maioria das linhas de brindes do mesmo tipo (a começar pelas dos próprios Kinder Surpresa) os 'aliens' da 'família' Uaga (o herói homónimo, a 'namorada' Uaganni, e os supracitados Uto e Ruffo) dispunham de toda uma mitologia, criada – tal como os próprios personagens – pela filial portuguesa da agência de 'marketing' Young & Rubicam. No caso, os três heróis eram descritos como tendo super-poderes (entre eles a capacidade de falar com os animais ou atravessar objectos) derivados do consumo de uma 'protamina cósmica' nativa do seu planeta, Gute – e que, claro, eram motivo de inveja de Ruffo,o rival de Uaga, justificando assim o conflito entre as duas partes.

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O vilão da linha, aqui 'montado' na sua prancha de 'surf aéreo'.

Este enredo, que era apresentado nos primeiros anúncios relativos à gama de iogurtes, desdobrava-se, ainda, num jogo de computador (um brinde cada vez mais comum à época) o qual aqui terá direito a análise na próxima Terça Tecnológica. Para já, ficamo-nos pela apresentação das figuras e do próprio iogurte em si, naquele que, quase sem querer, acabou por se transformar num 'post' de Quinta-feira de vertente dupla, abrangendo tanto esta imaginativa mas esquecida linha de figuras como o produto alimentar que foram criadas para representar.

23.10.25

NOTA: Este 'post' é respeitante a Quarta-feira, 22 de Outubro de 2025.

Em quartas-feiras alternadas, falamos sobre tudo aquilo que não cabe em nenhum outro dia ou categoria do blog.

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Hoje em dia, o direito das crianças e jovens a serem tratados com justiça e equanimidade, e protegidos de abusos morais, físicos ou psicológicos, é um dado tão adquirido no seio da sociedade portuguesa (e do Mundo ocidental em geral) que é genuinamente surpreendente constatar que este paradigma é consideravelmente mais recente do que inicialmente se poderia pensar. De facto, foi apenas há exactos trinta e cinco anos que Portugal revogou o documento criado pela Organização das Nações Unidas no ano anterior, e que pretendia, precisamente, salvaguardar os cidadãos menores de idade contra um sem-número de situações a que estes se podiam, potencialmente, ver expostos, proporcionando-lhes um enquadramento legal no qual se resguardarem.

O calendário marcava, efectivamente, a data de 21 de Outubro de 1990 - dez meses depois de o País ter assinado o documento, e exactos trinta dias após o ter ratificado - quando as cerca de cinco dezenas e meia de estatutos e medidas delineadas na carta legal designada por Convenção Sobre os Direitos das Crianças entravam oficialmente e legalmente em vigor em Portugal, salvaguardando os menores de idade residentes no território nacional de situações de violência doméstica, tráfico, abusos psicológicos, repressão ou negligência, que passavam, a partir desse momento, a ser puníveis por lei. E apesar de esse tipo de acção não ter, infelizmente, desaparecido como consequência da carta em questão – nem em Portugal nem, infelizmente, em qualquer outro país do Mundo – a mesma ajudou, ainda assim, a garantir aos menores de idade o estatuto de sujeitos de direito (e jurídicos) aos olhos do Estado, atribuindo-lhes, senão paridade com os adultos, pelo menos um grau subtancial de protecção, de que até então não dispunham, e que viria a informar as )(até agora) três décadas e meia desde a sua assinatura. Razão mais que suficiente, pois, para celebrarmos nas nossas páginas (tantas vezes dedicadas a produtos ou programas dirigidos a crianças e jovens) o aniversário dessa marcante efeméride, que permitiu às gerações 'X' e 'millennial' viverem uma infância e adolescência seguras, alegres e despreocupadas.

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