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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

19.02.23

Ser criança é gostar de se divertir, e por isso, em Domingos alternados, o Anos 90 relembra algumas das diversões que não cabem em qualquer outra rubrica deste blog.

Os jogos de mesa – fossem de tabuleiro ou de qualquer outro tipo – estavam entre as melhores e mais populares diversões para um Domingo Divertido em casa, tendo a década de 90 assistido ao surgimento de vários clássicos nesta categoria, como o Mauzão, Crocodilo no Dentista, Quem é Quem ou o Salta o Pirata, além da consolidação de clássicos como o Monopólio ou o Sabichão. A juntar a esta lista há, ainda, um jogo chegado a Portugal ainda em finais da década de 80: o icónico Tragabolas.

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Lembrado hoje em dia sobretudo pelo seu lendário anúncio televisivo, este jogo da MB, distribuído pela Concentra (quem mais?) tinha por base o não menos icónico original norte-americano, Hungry Hungry Hippos, que vinha já fazendo sucesso entre a juventude daquele país desde a sua implementação, vinte anos antes, e suscitara já um sem-número de imitadores por aquelas paragens (alguns dos quais chegariam, aliás, a surgir em Portugal).

As razões para este sucesso são evidentes, sendo Tragabolas um daqueles jogos de conceito extremadamente simples, mas capaz de suscitar inúmeros momentos de diversão. Essencialmente, cada jogador (até um máximo de quatro) tomava controlo de um dos hipopótamos posicionados em disposição de cruz em torno do tabuleiro, e tentava recolher na boca do mesmo tantas das bolas colocadas ao centro quantas possível (daí o nome em Português e Espanhol), podendo para esse feito 'esticar' o pescoço do seu hipopótamo mediante pressão no respectivo mecanismo; escusado será dizer que ganhava quem tivessse 'tragado' mais bolas, o que levava, invariavelmente, a acirradas disputas, com hipopótamos a 'entrar' e 'sair' rapidamente da zona central do tabuleiro, por forma a antecipar-se aos outros jogadores. Um daqueles conceitos que apelam a todos os instintos-base da criança ou jovem comum, da competitividade à destreza e até ao gosto pela acção frenética e ligeiramente violenta, pelo que o seu enorme sucesso também em Portugal se afirma como nada menos do que natural.

Conforme acima indicámos, uma série de variantes não-oficiais deste jogo chegariam a Portugal ao longo dos anos, incluindo versões 'de viagem' para apenas dois jogadores (ainda que o Tragabolas oficial não tenha sido incluído na linha de jogos de viagem oficial da MB) e outros em que os icónicos hipopótamos eram substituídos por outras criaturas (lá por casa, além de uma versão reduzida com cães em vez de paquidermes, havia ainda uma 'variante' importada em que o jogador controlava um dinossauro que agarrava na mão, podendo assim 'pescar' as bolas do tabuleiro com total liberdade de movimentos – uma mudança que tornava o jogo ainda melhor e mais divertido.)

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Um dos muitos clones do jogo saídos desde o seu período áureo.

Ainda assim, é sem dúvida o original que fica na memória da ex-juventude noventista, quanto mais não seja pelo seu anúncio, um dos mais icónicos da época e que, só por si, já justificaria a publicação deste post; o facto de o jogo que lhe está associado não ser menos memorável nem bem-sucedido é, portanto, apenas a cereja no topo de mais um dos muitos 'bolos' que deliciavam a juventude de finais do século XX.

Anúncios televisivos do Tragabolas de início e finais da década de 90, respectivamente.

05.02.23

Ser criança é gostar de se divertir, e por isso, em Domingos alternados, o Anos 90 relembra algumas das diversões que não cabem em qualquer outra rubrica deste blog.

De entre os muitos brinquedos, jogos e diversões com que uma criança ou jovem tem contacto ao longo da sua vida, existem alguns cuja maior influência ou associação a boas recordações faz com que a sua memória se preserve durante um período maior do que o habitual – e, para muitas crianças portuguesas dos anos 90, o jogo 'Salta o Pirata' (ou 'Pop-Up Pirate', no original) fará, sem dúvida, parte desse lote.

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A meio caminho entre um jogo de perícia, um jogo de tabuleiro e um brinquedo propriamente dito, o carismático pirata dentro de um barril surgiu, durante as últimas décadas do século XX, nas mais diversas formas, e comercializado pelas mais diversas companhias – uma situação que, aliás, se continua a verificar até aos dias de hoje, sendo o jogo ainda relativamente fácil de encontrar nas prateleiras de supermercados, hipermercados e lojas de brinquedos, pronto a ser descoberto e apreciado pela geração digital.

E a verdade é que, ao contrário de outros brinquedos que faziam as delícias dos jovens de fins do Segundo Milénio mas parecem, hoje em dia, ultrapassados, ainda há muito de que gostar em 'Salta o Pirata', sobretudo devido à simplicidade do seu conceito e jogabilidade. O objectivo do jogo, como o próprio nome indica, é fazer com que o pirata 'salte' para fora do seu barril, sendo para isso necessário encontrar a ranhura correcta, de entre as muitas situadas a toda a volta do referido objecto; a única maneira de saber qual a que vai 'picar' o pirata é, por sua vez, inserir as espadas de plástico incluídas com o jogo nas referidas ranhuras, uma de cada vez, até que a acção desejada se proporcione. Um conceito simples, mas que reúne muitas das características que ajudam a 'fazer' um brinquedo de sucesso para o seu público-alvo, não sendo por isso de admirar que se mantenha popular até aos dias de hoje.

De ressalvar que, nos anos 90, parte dessa popularidade esteve relacionada com a omnipresença do brinquedo, um daqueles produtos que tanto fazia bem as vezes de presente de anos ou Natal como de oferta mais 'casual', brinde numa rifa ou sorteio ou até prenda numa festa de Natal empresarial, escolar ou de clube desportivo, forma através da qual foi obtido um dos dois exemplares do jogo existentes lá por casa à época. Fosse qual fosse o meio pelo qual chegava às mãos do seu público-alvo, no entanto, um facto é inegável: 'Salta o Pirata' foi, e continua a ser, um jogo extremamente popular, e capaz de proporcionar Domingos Divertidos a crianças de todas as idades, mesmo na era sumamente digital que atravessamos.

15.12.22

Os anos 90 viram surgir nas bancas muitas e boas revistas, não só dirigidas ao público jovem como também generalistas, mas de interesse para o mesmo. Nesta rubrica, recordamos alguns dos títulos mais marcantes dentro desse espectro.

E numa altura do ano de que é apanágio a caridade e a contribuição para boas causas, nada melhor do que recordar os primeiros anos de três dos poucos jogos 'de sorte' socialmente bem aceites, cujos proveitos revertiam para boas causas, e que – não se tratando de publicações de imprensa – tambem eram 'clássicos' das visitas ao quiosque com os pais ou familiares.

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Os icónicos Totoboletins e o primeiro modelo de Raspadinha a surgir em Portugal, em 1995

Falamos, claro, do binómio Totoloto/Totobola – dois jogos ainda hoje inseparáveis, e normalmente mencionados em conjunto, sobretudo devido às suas semelhanças – e das hoje não menos clássicas 'Raspadinhas', todos três promovidos pela Santa Casa da Misericórdia; e se os dois primeiros já eram, nos anos 90, instituições estabelecidas no cenário social português (tornando desnecessário gastar caracteres a explicar em que consistia cada um deles, o último teve precisamente nessa década (concretamente em 1995) a sua introdução oficial, tornando-a ainda mais relevante para o contexto deste blog.

Isto porque, ainda que estes fossem, nominalmente, jogos dirigidos a adultos, os mesmos encontram-se, ainda assim, indelevelmente ligados às memórias de infância e adolescência de toda uma geração, que tantas e tantas vezes foi ao quiosque do café buscar o Totoloto ou Totobola para os pais (e, em seguida, teve participação activa no esforço mental de escolha dos números ou previsão dos resultados futebolísticos) ou esfregou vigorosamente uma Raspadinha para ver se tinha prémio (e mesmo uns modestos cem escudos já eram suficientes para aguçar o entusiasmo). Também excitante era, depois, ao Sábado, sentar-se com a família em frente à televisão para ver o sorteio dos números, com as icónicas 'tômbolas' giratórias repletas de bolas coloridas, ao estilo 'snooker', e que, só por si, já valiam a experiência. De facto, paradoxalmente, esses factores faziam com que muitas dessas crianças e jovens tivessem participado de forma mais activa nesses jogos naquela época do que mais tarde, depois de 'crescidos'!

Os sorteios eram quase tão entusiasmantes de ver como os boletins eram de preencher.

Grande parte deste entusiasmo infanto-juvenil por jogos que, efectivamente, podem ser qualificados como 'jogos de azar' estava, claro, ligado à 'novidade' - sobretudo das Raspadinhas, que, como acima referimos, faziam por aqueles anos a sua estreia em Portugal, trazendo consigo motivos e temas irresistíveis para qualquer 'miúdo', como tesouros piratas. E se, tecnicamente, não era permitida a venda destes jogos a menores de idade, a verdade é que terá havido, durante aqueles anos, muito 'puto' a entrar em tabacarias por esse Portugal afora, pedir sincera e inocentemente uma raspadinha...e ser atendido em conformidade, sobretudo se na presença dos pais.

Como é evidente, estes jogos constituem exemplos de elementos sociais que se mantiveram nos trinta anos volvidos desde a época de que aqui se fala, tendo sempre gozado de enorme adesão por parte dos portugueses – sobretudo nos sectores de mais idade – e tendo cimentado o seu estatuto de 'clássicos' perenes das tabacarias e quiosques: ainda assim, e conforme acima referimos, para as gerações mais novas estes jogos perderam, ao longo das décadas, alguma da 'mística' que detinham quando, em pequenos, nos afanávamos para 'inventar' um conjunto de números para marcar no boletim, ou procurávamos freneticamente uma moeda para raspar a Raspadinha...

06.11.22

Ser criança é gostar de se divertir, e por isso, em Domingos alternados, o Anos 90 relembra algumas das diversões que não cabem em qualquer outra rubrica deste blog.

Apesar da muito apregoada relutância em desviar a atenção das consolas (ou, na actualidade, dos iPads) a verdade é que há poucas crianças que resistam a uma oportunidade de 'pôr a mão na massa', quer em sentido literal, quer figurado. De facto, a melhor forma de interessar um jovem seja em que tema fôr sempre foi – e continua a ser – dar-lhe a oportunidade de interagir de forma prática com algo relacionado com o mesmo, ao invés de apenas memorizar informação retirada de um livro.

Nos anos 90, uma das principais formas de potenciar essa mesma interacção era através de jogos interactivos de mesa, de pendor educativo, mas onde o mesmo era bem disfarçado ao ponto de convencer o público-alvo de que o interesse pelo tema em foco em cada jogo havia sido totalmente voluntário.

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Exemplo moderno do tipo de jogo a que este post se refere.

E temas eram o que não faltava, sendo que esta série de jogos – um dos raros exemplos importados do estrangeiro durante o período em causa – continha títulos que abrangiam todas as principais áreas de interesse das demografias mais jovens, da escavação de fósseis às estrelas e astros, passando pela modelagem manual, propondo actividades a escala reduzida, mas ainda assim suficientemente abrangentes e desafiadoras para conseguirem manter o interesse dos pequenos utilizadores. É claro que um interesse prévio pelo tema abordado ajudava, mas a verdade é que estes jogos eram, também, exímios em despertar paixões por áreas até então inexploradas, sendo igualmente bem-sucedidas em ambas as funções.

Talvez por isso este tipo de jogo tenha conseguido (ao contrário de muitos outros de que aqui falamos) manter-se nas prateleiras de lojas especializadas, lojas de brinquedossupermercados e hipermercados até aos dias de hoje; afinal, algo que nunca faltará na sociedade são crianças com gosto e curiosidade pelo saber, e pais dispostos a ajudá-los a fomentar essas paixões. Assim, e apesar de a série original de jogos lançada à época ter, infelizmente, sido Esquecida Pela Net, este constitui um dos poucos exemplos de produtos abordados neste blog que se mantêm quase tão populares nos dias de hoje como o eram naquele tempos, como bem o demonstram os exemplos de variantes contemporâneas que ilustram esta publicação.

23.10.22

Ser criança é gostar de se divertir, e por isso, em Domingos alternados, o Anos 90 relembra algumas das diversões que não cabem em qualquer outra rubrica deste blog.

Os jogos e brinquedos didácticos não costumam, regra geral, gozar de grande popularidade entre as crianças e jovens, os quais, normalmente, preferem que exista uma separação bem demarcada entre os seus períodos lectivos e os tempos livres; no entanto, de tempos a tempos, surge no mercado um produto que, pela sua proposta e apresentação, se impõe como alternativa viável de entretenimento, pese embora a vertente educativa. Talvez o melhor exemplo deste fenómeno seja um jogo que, durante várias décadas na segunda metade do século XX, conseguiu simultaneamente entreter e educar diversas gerações de crianças, com a sua proposta original e apelativa.

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Falamos do jogo do 'Sabichão', uma mistura de jogo de tabuleiro e de perguntas e respostas idealizada e comercializada pela Majora que, naturalmente, passou por diversas actualizações ao longo das décadas (tanto gráficas e visuais como de conteúdo) mas sem nunca mudar o seu conceito-base – em qualquer das diferentes edições saídas até ao dealbar do Terceiro Milénio, os jogadores deviam colocar a figura fornecida com o jogo (o 'Sabichão' homónimo) sobre a superfície espelhada e magnetizada no centro do tabuleiro. Depois, era só colocar a folha de perguntas em redor da referida área, apontar o ponteiro do 'Sabichão' para a pergunta que se pretendia ver respondida na metade da folha dedicada a esse propósito, e observar maravilhado quando o boneco girava, automaticamente, para o local exacto onde se encontrava a resposta correcta na metade dedicada às respostas!

É claro que, da perspectiva de inícios do século XXI, este feito não é, nem de longe, tão impressionante como o era naqueles idos de 80 e 90; é, até, bastante fácil perceber o mecanismo que fazia mover o 'Sabichão', e a forma como o mesmo podia ser 'enganado'. No entanto, e algo estranhamente, este não era o tipo de 'truque' que as crianças daquele tempo activamente procurassem engendrar, preferindo – por inocência ou apenas respeito pelo engenho do conceito – deixar que o velhinho fizesse a sua 'magia' sem ser perturbado.

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Uma das edições contemporâneas do jogo

Surpreendentemente, e ao contrário de muitos dos produtos de que falamos nesta e noutras rubricas, o jogo do 'Sabichão' ainda se encontra disponível em plena era do Google e Wikipédia, com a 'cara lavada' (e mais feia, ou pelo menos menos 'clássica' do que as de décadas passadas) e, presumivelmente, com um conjunto de perguntas adaptado ao tempo presente, mas com o conceito e aspectos básicos inalterados; prova, se tal fosse necessário, de que um conceito bem pensado e interessante pode, verdadeiramente, ser imortal...

 

09.10.22

Ser criança é gostar de se divertir, e por isso, em Domingos alternados, o Anos 90 relembra algumas das diversões que não cabem em qualquer outra rubrica deste blog.

Já aqui anteriormente falámos dos jogos de tabuleiro como uma das melhores maneiras de passar um Domingo sem grandes planos tirando estar em casa, com a família; e a verdade é que, nas últimas décadas do século XX e inícios do Terceiro Milénio, esse ponto de vista tinha adeptos suficientes para justificar a existência de toda uma panóplia de jogos deste tipo, muitos deles licenciados e alusivos às principais propriedades intelectuais da época. Mais - longe de apenas aplicarem umas mudanças estéticas superficiais ao Monopólio ou Trivial Pursuit, como acontece como os seus congéneres de hoje em dia, os títulos com licença oficial daquela época esforçavam-se por oferecer a quem os adquiria uma experiência de jogo única, e, se possível, que reflectisse o espírito e ambientação da propriedade licenciada.

Infelizmente, esta vontade de fazer 'mais e melhor' acabava, muitas vezes, por resultar em jogos cujas regras eram complexas ao ponto de inibir a vontade de disputar uma partida, e os tornavam ligeiramente aborrecidos mesmo quando eram retirados da prateleira. Felizmente, havia títulos deste tipo em que esse balanço era bem conseguido, ou em que os restantes atractivos eram suficientes para fazer esquecer essa lacuna – e o jogo de que falamos hoje faz parte desta última categoria.

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A apresentação e regras do jogo eram detalhadas sem deixarem de ser aliciantes

Falamos de 'Astérix e os Romanos', original da Ravensburger (a mesma que, à época, fazia furor com os seus 'puzzles' também licenciados) lançado pela Majora em 1991, numa altura em que o personagem de BD franco-belga criado por Goscinny e Uderzo vivia uma segunda vaga de popularidade, fruto do lançamento no nosso país da aventura animada inédita 'A Surpresa de César' (uns espantosos CINCO ANOS depois da sua produção e lançamento na sua França natal) bem como do primeiro álbum do irredutível guerreiro gaulês em cinco anos, 'A Rosa e o Gládio' – ambos, aliás. temas que abordaremos dentro em muito breve aqui no Anos 90.

De aparência gráfica cuidada (a caixa traz um desenho inédito, e as peças são, elas próprias, recortes cartonados dos personagens de Uderzo, cada um com uma pequena base de plástico que o mantém em pé) 'Astérix e os Romanos' começa, desde logo, por agradar do ponto de vista visual, predispondo positivamente os potenciais jogadores ainda antes de ser lançado qualquer dado – dos quais o jogo tem dois, um branco (numerado apenas de um a quatro) e um preto (numerado apenas de três a seis), cada qual com sua função. Do conjunto fazem, ainda, parte uma série de cartas ao estilo Monopólio, divididas entre Romanos e Penalidades, sendo as segundas exactamente metade das primeiras – dezasseis, contra as 32 de Romanos.

Infelizmente (e algo surpreendentemente) este jogo encontra-se, hoje em dia, algo Esquecido Pela Net, e as nossas memórias do mesmo também não se estendem às regras exactas, pelo que não nos é possível fornecer maiores informações sobre a forma como o mesmo é (era) jogado; de recordação, apenas o facto de essas mesmas regras serem apenas complicadas o quanto-baste para não tornar o jogo propício a partidas rápidas, ou até muito frequentes, sem no entanto causar aversão ao mesmo – um balanço que, conforme atrás indicámos, nem todos os títulos desta índole conseguiam atingir. Mesmo sem essa informação, no entanto, vale a pena reavivar entre os nossos leitores a memória deste jogo, o qual demonstrava mais sofisticação do que seria necessária a um jogo infantil com vendas quase 'garantidas' pela licença oficial, e que, por isso mesmo terá, à época, certamente cativado um sem-número de fãs do pequeno guerreiro gaulês por esse Portugal fora...

 

29.08.22

NOTA: Este post é respeitante a Domingo, 28 de Agosto de 2022.

Ser criança é gostar de se divertir, e por isso, em Domingos alternados, o Anos 90 relembra algumas das diversões que não cabem em qualquer outra rubrica deste blog.

Já por diversas vezes aqui mencionámos os jogos de tabuleiro como sendo uma das principais (e melhores) maneiras de passar um Domingo bem Divertido em família nos anos 90. O que nunca referimos, no entanto, é que – como em todas as áreas – também dentro deste género de passatempo existia uma hierarquia claramente delimitada, com alguns jogos a serem bastante mais bem aceites e apetecíveis para a criança ou jovem médio português do que outros; e, dentro dos primeiros, não podem restar dúvidas de que um dos mais populares era o lendário Quem É Quem?

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A única imagem alusiva à versão portuguesa do jogo descoberta na respectiva pesquisa Google

Embora algo Esquecido Pela Net hoje em dia (pelo menos pela portuguesa, já que é fácil encontrar referências ao mesmo oriundas de outros países) o icónico jogo de adivinhar caras proporcionou muitas horas de diversão a toda uma geração de crianças portuguesas, para as quais o título era presença quase obrigatória na prateleira do quarto, e parte integrante das escolhas para uma tarde de brincadeira com familiares ou amigos.

As razões para tal preferência são simples de explicar, e resumem-se, basicamente, ao equilíbrio perfeito entre simplicidade, interesse e competitividade que o jogo reunia. De facto, apesar de a ideia de um 'interrogatório' destinado a adivinhar a carta detida pelo adversário parecer mais próxima de um teste psicológico do que de um jogo para crianças, a verdade é que o Quem É Quem conseguia fazer este conceito resultar em pleno, sobretudo por dar às crianças liberdade total no respeitante às perguntas, não estando as mesmas restritas às questões sugeridas pelo jogo; uma das vertentes mais divertidas do mesmo prendia-se, aliás, com a criatividade necessária para elaborar novas perguntas após esgotadas todas as mais corriqueiras (uma ocorrência que não era, de todo, infrequente). E havia ainda, claro, o 'frisson' de ver o adversário reduzido a apenas duas cartas (ou caras) e não saber que pergunta efectuar para 'matar' de vez o jogo...

Em suma, um conceito relativamente simples, mas divertidíssimo, e que fomentava a criatividade, imaginação e capacidades de dedução de uma forma que poucos outros jogos não declaradamente educativos conseguiam. Não é, pois, de espantar que se possa encontrar, no mercado actual uma edição actualizada (em formato de viagem) do referido jogo, pronta a conquistar toda uma nova geração; resta, pois, saber se o mesmo terá, para esta, o mesmo interesse que teve para a dos seus pais...

31.07.22

Ser criança é gostar de se divertir, e por isso, em Domingos alternados, o Anos 90 relembra algumas das diversões que não cabem em qualquer outra rubrica deste blog.

Uma criança que, por uma razão ou outra, não pudesse (ou quisesse) sair de casa num fim-de-semana à tarde tinha, nos anos 90, quase tantas opções para se entreter como nos dias de hoje. Isto porque, apesar de a presença dos computadores e da Internet ser, à época, ainda muito reduzida ou até inexistente, havia ainda assim uma vasta panóplia de diversões disponíveis para este tipo de situações, que ia desde os jogos criados à mão com papel e caneta até aos de tabuleiro, passando pelas pistas de carros eléctricas, pelos carrinhos, pelos puzzles e jogos de cubos, pelas sempre populares consolas de jogos e jogos LCD portáteis, pelas figuras de acção, soldadinhos, bonecas, peluches e bonecos de borracha, pelos intemporais LEGOs e pelos conjuntos de 'bonecos' da Pinypon, Playmobil ou Polly Pocket, entre muitas outras. Fora de todos estes grupos, no entanto – de todos, estaria talvez mais próximo dos jogos de tabuleiro, sobretudo dos que incluíam elementos mecânicos – havia um brinquedo que qualquer criança dos anos 90 recorda com afeição como tendo proporcionado muitos e bons momentos de diversão em circunstâncias deste género: o jogo da 'pesca'.

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Uma imagem que causa nostalgia imediata a toda uma geração.

Disponível tanto em tamanho 'de mesa' (adquirível em qualquer boa loja de brinquedos ou secção correspondente de uma loja generalista, supermercado ou hipermercado) como em versão portátil, esta quase elegível como Quinquilharia de bolso, este jogo tinha um daqueles conceitos tão simples, quanto infalíveis: o mecanismo central consistia de uma placa giratória com uma série de buracos embutidos, dentro de cada um dos quais se encontrava um rechonchudo peixe com um íman na boca, pronto a ser 'pescado' com recurso às canas de pesca magnéticas que cada jogador empunhava. Quem acabasse o jogo com mais peixes, ganhava – uma missão que, apesar de parecer fácil, era significativamente dificultada não só pelo movimento constante da placa central (conseguido com recurso a pilhas na versão de tamanho completo, ou simplesmente 'dando corda' à portátil) como também ao facto de que os peixes fechavam periodicamente a boca, escondendo assim o seu íman interior, e obrigando os jogadores a esperar pelo momento certo para os voltarem a alvejar com a cana. O resultado era, simultaneamente, semi-frustrante e extremamente divertido, podendo facilmente ocupar uma ou duas horas durante uma tarde de 'descanso' em casa.

Ao contrário de muitos outros produtos que abordamos nesta e noutras secções do blog, estes jogos ainda continuam a ser produzidos, com muito poucas diferenças em relação aos dos anos 80 e 90, tornando-os um daqueles produtos que permitem às novas gerações descobrir, em primeira mão, exactamente porque é que os seus pais o achavam tão divertido. O mais provável, no entanto, é que os referidos jovens de hoje em dia prefiram simplesmente 'sacar' uma versão virtual com controlos 'touch', perdendo assim o elemento de diversão familiar do jogo original; resta, pois, esperar que não seja esse o caso, e que os 'pequenotes' do novo milénio saibam apreciar a diversão simples que este tipo de brinquedo proporciona, e desfrutem de muitas tardes em família ou com amigos passadas em redor do mesmo...

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