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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

29.08.22

NOTA: Este post é respeitante a Sábado, 27 de Agosto de 2022.

NOTA: Dado o carácter temporalmente relevante deste post, o Sábado aos Saltos programado foi adiado uma semana. Assim, os próximos dois Sábados serão ambos de Saltos.

As saídas de fim-de-semana eram um dos aspetos mais excitantes da vida de uma criança nos anos 90, que via aparecerem com alguma regularidade novos e excitantes locais para visitar. Em Sábados alternados (e, ocasionalmente, consecutivos), o Portugal Anos 90 recorda alguns dos melhores e mais marcantes de entre esses locais.

Apesar da enorme diversidade de títulos de qualidade para crianças e jovens, a leitura nunca foi, e continua a não ser, um passatempo consensual entre esta demografia: no entanto, para quem gosta de ler, há um evento anual que vem, desde há décadas, constituindo um dos pontos altos do calendário de cada ano: a Feira do Livro, o tradicional certame que, durante duas semanas de cada ano, reúne num só local todas as principais editoras nacionais, cada uma numa das tradicionais e icónicas 'barraquinhas', e todas oferecendo promoções e preços exclusivos para visitantes do referido evento.

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A Feira do Livro do Porto

Com lugar, habitualmente, de finais de Maio a meados de Junho (apesar de este ano terem sido adiadas um par de meses, tendo finalmente aberto na semana que ora finda, especificamente a 25 de Agosto) as Feiras do Livro de Lisboa e Porto podem já não ter o atractivo que outrora tiveram – na de Lisboa, por exemplo, sente-se a falta das tradicionais barracas coloridas, tendo a opção por um esquema de cores uniformizado em preto e castanho retirado ao certame muito do seu 'charme' visual – mas continuam a ser ponto de passagem obrigatório, a cada Verão, para os fãs de leitura (e intelectuais em geral) das duas principais cidades do País, oferecendo uma excelente oportunidade de colmatar lacunas na biblioteca pessoal, descobrir novos títulos em negócios de ocasião ou contactar em primeira mão com autores e editores. Assim, não é de todo de admirar que ambos os eventos continuem a ter níveis de adesão bastante consideráveis por parte das respectivas populações locais – até porque a localização de cada Feira (em bonitos parques do centro de ambas as cidades) propicia, e até convida, a um passeio, mesmo que não se tenha grande interesse em livros...

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O Parque Eduardo VII, a icónica localização da Feira do Livro de Lisboa

Conforme referido, no entanto, as Feiras do Livro perderam algum do charme e individualismo de que gozavam em finais do século XX e inícios do Terceiro Milénio, seguindo hoje um formato bastante mais padronizado e, como tal, menos interessante; ainda assim, a relevância e interesse deste certame no calendário cultural português continua a justificar plenamente a sua realização, que – espera-se – continuará em anos vindouros; afinal, qualquer incentivo à leitura, principalmente entre os jovens, apenas poderá ser considerado positivo...

 

21.05.22

As saídas de fim-de-semana eram um dos aspetos mais excitantes da vida de uma criança nos anos 90, que via aparecerem com alguma regularidade novos e excitantes locais para visitar. Em Sábados alternados (e, ocasionalmente, consecutivos), o Portugal Anos 90 recorda alguns dos melhores e mais marcantes de entre esses locais.

Quando se fala em marcos da História de Portugal na década de 90, há um evento que, de imediato, se sobrepõe à maioria dos acontecimentos concorrentes: a Expo '98. Aquele que foi, até pouco antes da inauguração, considerado um projecto megalómano e pouco exequível (e transformou o nome de António Mega Ferreira num remate de anedota) acabou por se traduzir numa Feira Mundial notavelmente bem sucedida, tendo inclusivamente superado a antecessora Expo '92, organizada pela vizinha Espanha.

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Subordinada ao tema 'Oceanos: Uma Herança Para o Futuro', a Feira Mundial portuguesa abriu há exactos 24 anos – a 21 de Maio de 1998 – no antigo hidroporto hoje conhecido como Parque das Nações, em Lisboa, tendo-se de imediato afirmado como um estrondoso sucesso junto do público jovem, por razões mais do que evidentes; a Expo oferecia muitos e variados pontos de interesse para os jovens, fossem eles o espectáculo audio-visual do Pavilhão do Conhecimento, o Pavilhão da Realidade Virtual (consistentemente 'dono' de uma das maiores filas do certame), o muito badalado Pavilhão de Macau, também alvo de filas constantes para ver a sua réplica de um jardim chinês, ou simplesmente as fatias de pizza ao estilo americano, cada uma do tamanho de meia pizza 'normal' portuguesa. As próprias mascotes – Gil e Docas, duas ondas do mar antropomorfizadas – estavam desenhadas à medida para agradar a esta demografia, a quem o 'merchandising' alusivo às mesmas muito agradava; isto para não falar do desafio de 'preencher' o passaporte com carimbos do máximo de países possível, uma tentativa declarada (e relativamente bem sucedida) por parte da organização para assegurar que os países com menor expressão ou menos 'truques na manga' de entre os 143 presentes não ficavam esquecidos.

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Gil e Docas, as memoráveis mascotes do evento.

Não se ficavam por aí os atractivos da Expo, no entanto; a Feira dispunha, ainda, de um ecrã gigante, onde muita gente viu os jogos do não menos lendário Mundial de futebol de França, de um aquário de vida marinha (o famoso Oceanário) e de um espaço comercial adjacente, o famoso 'shopping' Vasco da Gama, ainda hoje existente e em franca concorrência com o pioneiro Colombo, situado no outro extremo da cidade.

De facto, são ainda hoje várias e de significativa monta as alterações trazidas pelo evento à cidade de Lisboa, a começar pelo espaço: ao contrário do que acontecera com a referida Expo '92, cujo terreno ainda hoje se encontra vago e sem utilização todos os edifícios e estruturas construídos para a exposição mundial portuguesa eram alvo de um pré-acordo de reaproveitamento no final da exposição, precisamente para evitar uma situação semelhante à do certame espanhol. O resultado foi o referido Parque das Nações, hoje a área escolhido por várias companhias para instalação das respectivas sedes (todas as operadoras móveis, por exemplo, lá 'residem') bem como a localização de infra-estruturas como a Gare do Oriente, importante pólo de transportes da zona, a Altice Arena (antes MEO Arena, antes ainda Pavilhão Atlântico e, durante a exposição, Pavilhão da Utopia), a 'realojada' Feira Internacional de Lisboa (vulgo FIL) ou os referidos Oceanário e Shopping Vasco da Gama; Vasco da Gama foi, também, o nome da nova ponte construída sobre o Tejo, entre a zona Oriente de Lisboa e o Montijo, e inaugurada com uma feijoada comunitária da qual algum dia aqui falaremos.

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O Parque das Nações, ainda hoje um dos principais pólos da cidade de Lisboa, foi um dos vários legados deixados pela Expo '98 na capital portuguesa.

Por fim, o simpático Gil continua 'vivo' na imaginação dos lisboetas como embaixador da Fundação com o seu nome, que apoia crianças em risco, encontrando-se a última das suas estátuas situada à entrada da respectiva Casa, situada no bairro de Alvalade, no centro de Lisboa. Uma influência, portanto, que transcendeu o próprio evento, mudando indelevelmente a 'face' e estrutura da capital portuguesa muito para lá do apoteótico e recordista espectáculo de fogo de artifício de 30 de Setembro de 1998 – o que é mais do que se pode dizer sobre o impacto da exposição de 1992 sobre a cidade de Sevilha.

A Expo '98 foi, pois – ou, pelo menos, pareceu a quem a visitou em idade mais 'influenciável', individualmente ou com a escola – um retumbante sucesso a todos os níveis, com tanto para ver e fazer que um só dia nunca chegava; de facto, o jovem médio português da época terá visitado a feira pelo menos duas a três vezes, por forma a experienciar tudo o que a mesma oferecia. As memórias, essas, perduram quase um quarto de século depois, não sendo de prever que este evento verdadeiramente único se venha, tão depressa, a apagar da memória colectiva nacional, para a qual ainda é (ou deveria ser) motivo de enorme orgulho.

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