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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

20.01.22

Trazer milhões de ‘quinquilharias’ nos bolsos, no estojo ou na pasta faz parte da experiência de ser criança. Às quintas, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos brindes e ‘porcarias’ preferidos da juventude daquela época.

Uma das principais características da maioria das crianças e jovens – seja qual for a época em que nascem e crescem – é o gosto pelo coleccionismo. Há algo na perspectiva de acumular todas as variantes disponíveis de alguma coisa que desperta o interesse inato do ser humano em fase formativa, sendo essa predisposição intangível o principal factor por detrás do sucesso de fenómenos como as colecções de cromos, jogos como os Tazos, o Magic the Gathering e conceitos como o do 'franchise' Pokémon.

No entanto, e ainda que todos os produtos atrás enumerados convidem ao coleccionismo parametrizado (no caso, pelo número de cromos, Tazos, cartas ou até monstrinhos virtuais à disposição do utilizador) existe – ou pelo menos existiu – uma vertente bem mais espontânea e anárquica deste passatempo, traduzida no coleccionismo de um determinado tipo de produto ou objecto, independentemente da sua proveniência e sem estar restrito aos moldes artificialmente criados por uma determinada empresa.

Esta vertente do 'hobby' de coleccionar, que encontra raízes em décadas mais ou menos remotas da sociedade ocidental, estava ainda bem viva nos anos 90, sendo que muitas crianças e jovens desse tempo tinham, ainda, o hábito de coleccionar 'quinquilharias', fossem elas selos, autocolantes, seixos da praia, postais, caricas, fotografias de artistas, ou até algo mais inusitado, como Credifones.

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Os porta-chaves eram apenas um dos muitos objectos quotidianos potencialmente coleccionáveis para um jovem dos anos 90

Dependendo da seriedade de cada indivíduo, estas colecções podiam chegar a durar anos, e – pela sua organização e armazenamento tão anárquicos quanto o próprio método de colecção – corriam sério risco de serem deitadas fora, oferecidas a terceiros ou (na melhor das hipóteses) vendidas quando se tornasse necessário desocupar espaço nos armários, juntar dinheiro, ou proceder a uma alteração no estilo de vida. Melhor sorte tinham as que ficavam guardadas na garagem depois de o seu dono perder o interesse, à espera de serem encontradas e nostalgicamente recordadas algumas décadas depois.

Fosse qual fosse o seu fado, no entanto, a verdade é que as colecções eram, nos anos 90, levadas muito a sério pela faixa mais jovem da população – ao ponto de, nas habituais secções de correspondência que eram parte integrante de qualquer revista para jovens da época, aparecerem muitas vezes anúncios relativos à troca de elementos de colecção, fossem essas trocas directas – selos por selos, por exemplo – ou entre elementos de dois tipos distintos (como um coleccionador de caricas que trocasse tampas raras por postais ou autocolantes potencialmente interessantes, por exemplo.) A natureza necessariamente postal destas interacções fazia ainda com que, muitas vezes, aquilo que começava como um 'negócio' de interesse puro e duro se transformasse em algo mais, por força do volume de cartas e encomendas trocadas entre ambas as partes – decerto terá havido muitas amizades a ter início na secção de Trocas do Correio do Leitor de uma qualquer revista dirigida ao público juvenil...

Tal como muitos outros fenómenos de que falamos nestas páginas, no entanto, também o coleccionismo acabou por cair em desuso. Embora o sucesso da série de jogos de 'Pokémon' demonstre que a atracção quase obsessiva pelo coleccionismo não desapareceu por completo entre a demografia mais jovem, os membros da mesma parecem mais interessados em coleccionar seguidores no YouTube ou Instagram do que em juntar paciente e dedicadamente produtos físicos semelhantes ao longo de vários anos; uma pena, pois – além de divertido – o coleccionismo fomenta conceitos tão valiosos quanto as supracitadas dedicação e paciência, a perserverança, o desenvolver de interesses próprios ou o sentido de organização e responsabilidade. Ainda não é, no entanto, demasiado tarde – talvez a última geração a ter crescido a coleccionar 'bricabraques' em caixas e frascos mantidos na prateleira do quarto ainda consiga mostrar à que lhes sucedeu o porquê de este passatempo ter sido, em tempos, a tal ponto popular...

29.12.21

A banda desenhada fez, desde sempre, parte da vida das crianças e jovens portugueses. Às quartas, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos títulos e séries mais marcantes lançados em território nacional.

Os filmes da Disney têm sido, quase desde a sua popularização, sucessos absolutos entre a população infanto-juvenil, seja nas salas de cinema ou no circuito 'home video'; assim, não é de surpreender que rapidamente tenham surgido variações e alternativas a estes mesmos filmes, a maioria das quais oriunda do seio da própria Walt Disney. De adaptações áudio (das quais paulatinamente falaremos) a jogos e programas de computador alusivos aos diferentes filmes, foram muitos os produtos adjacentes lançados pela companhia entre o final da década de 80 e o início do novo milénio - e, de entre estes, um dos filões mais explorados foi precisamente a adaptação em banda desenhada dos filmes e séries animados lançados pela companhia.

A esse propósito, já aqui falámos da colecção ´Álbuns Disney´, que reunia histórias paralelas protagonizadas por alguns dos mais populares personagens áudio-visuais da companhia, publicadas na americana 'Disney Adventures' e subsequentemente traduzidas para português; no entanto, em finais da década a que este blog diz respeito, um dos principais diários portugueses expandiu ainda mais este conceito, apresentando uma colecção de adaptações directas e integrais de cada um dos filmes até então lançados pela Walt Disney Company, que tinham como principal particularidade o facto de serem bilingues, com cada conjunto de duas páginas a conter exactamente as mesmas ilustrações, diferindo apenas o idioma em que o texto estava redigido - de um lado em Português, do outro, em Inglês.

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A colecção integral

Veiculada em conjunto com o Diário ou Jornal de Notícias (embora, conforme era hábito com as colecções e suplementos dos jornais da época, também pudesse ser adquirido separadamente, mediante pagamento de uma quantia fixa) a série de clássicos Disney em banda desenhada bilingue teve ao todo treze volumes, os quais englobavam uma selecção algo anárquica de filmes entre os que haviam sido lançados pela companhia à época, sem lugar a quaisquer considerações cronológicas ou de completismo; para se ter uma ideia, a colecção começava com 'Toy Story - Os Rivais' (o filme mais recente dos incluídos na série), aparecendo 'Branca de Neve e os Sete Anões' (o primeiro filme Disney de sempre) e 'Pinóquio' (o segundo) apenas no terceiro e quarto números, já depois de '101 Dálmatas'. Os restantes volumes seguiam a mesma toada, com 'Aladino' entre 'Peter Pan' e 'Bambi' e 'Pocahontas' antes de 'O Rei Leão', que encerrava a série.

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A lista incluída no verso de cada volume ilustrava bem a ordenação anárquica da colecção

Nada, no entanto, que beliscasse a qualidade da série, que apresentava desenhos ao estilo 'Disney Adventures' e textos que adaptavam fielmente (ainda que por vezes com menos diálogos) os guiões dos filmes em causa. Quando combinados com um grafismo cuidado e encadernação mais próxima dos álbuns franco-belgas do que do habitual formato 'gibi' favorecido pela Editora Abril, estes elementos faziam com que valesse bem a pena investir nesta colecção, especialmente para quem quisesse aprender ou ensinar inglês a um público infanto-juvenil de forma divertida e interessante. De facto, o sucesso desta série poderá ter estado na génese de uma outra empreitada pelo ensino de línguas com chancela Disney, da qual falaremos aqui muito em breve; para já, aqui fica a merecida homenagem a uma excelente colecção de livros infantis, de uma altura em que as colecções oferecidas como brinde pelos jornais eram, por vezes, quase mais interessantes do que os próprios conteúdos dos mesmos...

18.11.21

Trazer milhões de ‘quinquilharias’ nos bolsos, no estojo ou na pasta faz parte da experiência de ser criança. Às quintas, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos brindes e ‘porcarias’ preferidos da juventude daquela época.

Na primeiríssima edição desta rubrica, falámos um pouco sobre os 'Tazos', talvez o brinde alimentício mais recordado e nostálgico dos anos 90; hoje, falamos finalmente da 'febre' que lhes sucedeu, e que atingiu níveis de sucesso quase (QUASE) semelhantes, embora se tenha afirmado como menos icónica a longo prazo.

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Falamos das Matutolas, pequenas figuras de plástico sólido ou translúcido em forma de cabeça (ou se quiserem, 'tola') que, tal como os seus antecessores, fomentavam não só a vertente coleccionista inerente a qualquer criança, mas também a veia competitiva existente dentro dela. Isto porque, como os 'Tazos', as Tolas eram, ao mesmo tempo, objectos de colecção e peças de jogo, destinadas a serem apostadas, ganhas e perdidas nos recreios e pátios por esse Portugal afora – objectivo esse que, previsivelmente, foi mais do que confortavelmente atingido.

Tão-pouco era este o único ponto em comum entre as Tolas e a colecção que lhes antecedera; as próprias regras de como jogas Matutolas eram muito semelhantes às do jogo dos 'Tazos', ainda que esta variante se desenrolasse numa perspectiva vertical, ao invés de horizontal. Como nos 'Tazos', cada jogador apostava as suas Tolas, no caso colocando-as em pé, lado a lado, sobre uma superfície plana; cada participante utilizava, então, outra Tola para tentar derrubar o maior número possível de peças em jogo, passando (ou voltando) cada peça derrubada a ser pertença desse jogador.

Um jogo, no mínimo, tão viciante como o dos 'Tazos', e que veio preencher o 'vazio' que o fim dessa colecção havia deixado no instinto coleccionador das crianças portuguesas – pelo que não é de admirar que a recepção e expansão do mesmo tenham sido tão rápidas, e praticamente tão abrangentes, como as dos seus antecessores. No ano após o fim dos 'Tazos', não havia criança portuguesa que não coleccionasse, trocasse e apostasse as pequenas cabeças grotescas da Matutano com os amigos, e que não tivesse em casa um qualquer recipiente (fosse um Portatolas oficial ou simplesmente um qualquer tubo ou 'tupperware') recheado com as suas várias aquisições, muitas delas com falhas à laia de 'cicatrizes de batalha' (as Tolas de plástico translúcido, em particular) rachavam-se com surpreendente facilidade, e haverá decerto muito poucas que tenham sobrevivido inteiras até aos dias de hoje.)

Menos popular seria a inexplicável caderneta de autocolantes (?!) que servia função dupla como livro de regras - como se um jogo de recreio necessitasse de regras oficiais escritas num livro de instruções...

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Os tubos de transporte 'Portatolas' e a inexplicável caderneta

Um último ponto em comum entre as Tolas e os 'Tazos' prendia-se com o facto de, também aqui, existirem modelos não ligados à Matutano, facilmente adquiríveis se se soubesse onde procurar, e muitas vezes mais esteticamente cuidadas que as próprias originais; no entanto, ao contrário do que acontecia com os 'Tazos', as Tolas 'falsas' eram tão bem acabadas que acabavam por ser poucos os jogadores que não as aceitassem como 'moeda de aposta' em meio às oficiais – o que, simultaneamente, facilitava sobremaneira a vida a quem não tinha por hábito (ou não era autorizado a) comer batatas fritas.

gogos-crazy-bones-nostalgia-anos-90-matutolas.jpgUm pacote de Matutolas 'não-oficiais' - ou antes, de Go Go Crazy Bones, o conceito que havia sido adaptado e renomeado como Matutolas...

Em suma, uma moda que, embora algo derivativa da que a precedera, foi ainda assim uma das três maiores da Matutano durante aquela década - juntamente com os Tazos e os Pega-Monstros, vindo as Caveiras Luminosas ainda um pouco atrás em termos de nostalgia nos tempos que correm - que marcou época tanto quanto qualquer uma delas, e que, como elas, acabou por conseguir lugar cativo no coração de muitas ex-crianças daquele tempo – embora as mesmas apenas tendam a lembrar-se dela após (e geralmente como consequência de) terem recordado os 'Tazos'...

31.10.21

Ser criança é gostar de se divertir, e por isso, em Domingos alternados, o Anos 90 relembra algumas das diversões que não cabem em qualquer outra rubrica deste blog.

O fim dos anos 89 e início da década seguinte viu despontar no mercado infanto-juvenil uma tendência, algo insólita, para figuras moldadas em borracha monocromática e de dimensões extremamente reduzidas. A primeira linha deste tipo a obter sucesso (ainda que nem tanto em Portugal) foram os lutadores de M.U.S.C.L.E., os quais – com os seus modelos baseados em minotauros ou em forma de mão – acabaram por abrir caminho à linha de que falamos hoje: Monsters in My Pocket.

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Algumas das figuras da linha

Lançada pela Matchbox – sim, a dos carrinhos – mesmo no dealbar da década de 90, esta linha de figuras seguia exactamente o mesmo princípio de M.U.S.C.L.E., mas substituindo o tema inspirado na luta-livre daquela série por outro baseado nos monstros clássicos, tanto da mitologia como do cinema. Frankenstein e Drácula conviviam, assim, lado a lado com figuras baseadas na mitologia grega, como a Hidra ou a Medusa, para além de alguns monstros mais 'genéricos' e sem qualquer filiação especial, mas ainda assim muito bem desenhados e moldados, fazendo jus à reputação da Matchbox como fabricante de brinquedos de qualidade.

Também a mecânica de jogo – sim, estas figuras eram criadas para servir como instrumentos de jogo – era semelhante à de M.U.S.C.L.E., com cada figura a ter impresso nas costas um número, correspondente ao seu 'poder'; a vertente competitiva consistia em pôr frente a frente duas figuras e comparar os respectivos números, ganhando – previsivelmente – o jogador que tivesse o número maior. Um processo tão simples que mal contava como 'jogo', mas que era ainda assim suficiente para cativar o público-alvo de rapazes pré-adolescentes, sempre dispostos a 'medir forças' seja sob que pretexto fôr.

Como seria de esperar para qualquer linha infanto-juvenil de sucesso nos anos 90, Monsters in My Pocket (que, estranhamente, nunca viu o seu nome traduzido para português) teve direito a uma série de itens de 'merchandise', dos mais bizarros (um jogo para a Nintendo original, ou NES) aos mais previsíveis, como a obrigatória caderneta de cromos da Panini.

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A inevitável caderneta da Panini

Apesar de tudo, no entanto, a 'febre' das figuras em miniatura em Portugal foi algo menor do que noutros países (incluindo a vizinha Espanha) tendo esta linha, como as suas congéneres, sido algo ofuscada por outras ofertas da altura, como os Pega-Monstro; ainda assim, a mesma afirmou-se como suficientemente memorável para merecer uma menção nas páginas deste nosso blog, ainda que sómente no contexto de um Especial Halloween...

29.10.21

Nota: Este post é relativo a Quinta-feira, 29 de Outubro de 2021.

Trazer milhões de ‘quinquilharias’ nos bolsos, no estojo ou na pasta faz parte da experiência de ser criança. Às quintas, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos brindes e ‘porcarias’ preferidos da juventude daquela época.

Hoje em dia, a Matutano dos anos 90 é, sobretudo, recordada pela febre extrema e até hoje inigualada que foram os Tazos; no entanto, a verdade é que a marca de batatas fritas teve várias outras promoções de sucesso ao longo da década. De uma delas, os Pega-Monstros, já aqui falámos, e das Matutolas, falaremos noutra ocasião; desta vez, e porque é Halloween, vamos falar do brinde que a marca lançou em 1993 – as Caveiras Luminosas.

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Ao contrário dos Tazos e das Tolas, não há muito que saber sobre os pequenos moldes plásticos em forma de esqueleto que passaram a sair nas batatas por volta de 1996 ou 97. De facto, este é daqueles produtos em que a informação está (quase) toda contida no próprio nome; tratam-se de Caveiras que brilham no escuro – portanto, Luminosas. A parte do 'quase' diz respeito ao facto de estes brindes terem, cada um, um capuz ou carapuço distinto – o qual 'servia' a todas as outras figuras da colecção, permitindo assim trocar as caras e criar, essencialmente, Caveiras novas e diferentes, num sistema de constante mutação que tornava a linha essencialmente infinita – bem como um buraco na parte inferior, onde uma cabeça real ligaria ao pescoço. O objectivo deste orifício, e um dos principais pontos distintivos da colecção das Caveiras Luminosas, era permitir às crianças usar as suas caveiras na ponta dos dedos, de um lápis, ou de qualquer outra superfície onde as mesmas coubessem – um toque inteligente, que ajudava a dar alguma versatilidade às Caveiras, e que ajudou a torná-las populares entre a juventude da época.

Não que a colecção precisasse de qualquer ajuda, atenção – com as suas caras ao estilo Skeletor do He-Man, os carapuços estilo Ceifeira da Morte e o esquema de cores estilo álbum de heavy metal clássico da década anterior, as Caveiras eram feitas à medida para o público-alvo (essencialmente rapazes em idade pré-adolescente, embora possam também ter sido do agrado de jovens mais velhos de inclinação gótica) e conseguiram uma recepção previsivelmente positiva por parte do mesmo. Sem chegar ao nível dos Tazos (mas nada, nunca mais, chegou) estes brindes eram também avidamente trocados e coleccionados nos recreios do Portugal de então, e conseguiram afirmar-se como a última de três promoções verdadeiramente bem-sucedidas por parte da Matutano (quatro, se quisermos incluir os Pega-Monstros) durante a década de 90 – além do assunto perfeito para uma viagem nostálgica por brindes e quinquilharias por alturas do Halloween...

 

04.08.21

Em quartas-feiras alternadas, falamos sobre tudo aquilo que não cabe em nenhum outro dia ou categoria do blog...

…como é o caso da literature infantil.

Sim, hoje voltamos a abordar aquele que tem sido o principal tema destas Quartas de Quase Tudo, desta vez, para recordar uma colecção de cariz mais didático do que de entretenimento, mas que mesmo assim, conseguia acertar na ‘fórmula’ certa para cativar o seu público-alvo.

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Falamos da colecção História Júnior, das Edições Asa, uma série de volumes de capa dura alusivos aos principais acontecimentos da História de Portugal e do Mundo, que muitos certamente recordarão pelas suas características e memoráveis capas cor-de-laranja vivo, que tornavam impossível NÃO ver um dos volumes da colecção na prateleira da livraria ou biblioteca. Quando combinada com os desenhos também bastante apelativos – pelo menos para quem gostava de cenas de acção ou batalhas – esta colorização da capa constituía o primeiro ‘chamariz’ para a demografia a quem a série se destinava.

No entanto, nem só de capas vive uma colecção de sucesso, e as Edições Asa sabiam-no; felizmente, a colecção História Júnior não deixava nada a desejar em termos de conteúdo, sendo exímia a transmitir factos e informações de cariz educacional sem, por isso, deixar de apelar aos gostos dos jovens. Teria sido muito fácil para a Asa replicar a abordagem dos livros de História que esses mesmos jovens estudavam na escola, mas tal não teria, decerto, rendido à colecção em causa o sucesso (ainda que relativo) de que conseguiu gozar. A estratégia da Asa – assente em mapas de página inteira, ilustrações, actividades e outros complementos ‘divertidos’ à informação veiculada – rendeu bem mais dividendos, e terá certamente havido quem usasse estes livros como auxiliares de estudo por altura dos testes de História – e com bons resultados!

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Exemplo do conteúdo típico de um livro da colecção

Hoje em dia, com (literalmente) toda a informação do Mundo à distância de uns cliques e uma pesquisa, deixou de haver lugar na sociedade ocidental para este tipo de livros - quem quer estudar História, fá-lo com recurso às fontes quase ilimitadas do Google. Ainda assim, vale a pena recordar esta instância em que uma editora portuguesa conseguiu ensinar ‘a brincar’, ganhando assim o seu lugar no coração nostálgico dos ex-jovens portugueses apaixonados pela História.

21.07.21

Em quartas-feiras alternadas, falamos sobre tudo aquilo que não cabe em nenhum outro dia ou categoria do blog...

…como é o caso da literature infantil.

Quando, há tempos, aqui falámos de séries de livros clássicas da nossa juventude, deixámos criminalmente de fora uma, que divertiu e entreteve tantas crianças como qualquer uma das então faladas, com o atrativo extra de também ter servido de companheira de estudos, devido às secções educativas, recheadas de factos e notas, que cada livro trazia como apêndice, depois do fim da aventura ficcionada. Hoje, procuraremos rectificar esse erro, dedicando algumas linhas àquela que começou por ser a ‘segunda série’ das autoras da famosíssima colecção ‘Uma Aventura’, e acabou por se tornar ela própria um marco da literatura infanto-juvenil, por direito próprio.

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Alguns dos títulos da colecção

Falamos de ‘Viagens no Tempo’, a série que ajudou muitos jovens dos anos 90 a ter boa nota na disciplina de História, ao mesmo tempo que constituía também uma excelente opção para fãs de histórias de mistério e aventura.

Tal como a sua congénere ‘aventureira’, esta colecção ainda hoje figura nos escaparates das melhores livrarias; no entanto, tal como a outra série das mesmas autoras, é inegável que a época áurea desta série se deu no início dos anos 90. Foi neste período que foram editados volumes tão icónicos como ‘Mistérios na Flandres’, ‘O Sabor da Liberdade’, e talvez o título mais famoso de toda a série – e o que mais crianças ajudou na escola – ‘Brasil! Brasil!’. Antes, nos anos 80, já tinha havido ‘O Ano da Peste Negra’ e ‘O Dia do Terramoto’, dois outros titulos memoráveis da colecção.

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Talvez o volume mais famoso de toda a série, e auxiliar precioso para as aulas de História do 8º ano

Depois, ainda viriam a sair volumes como ‘Um Trono Para Dois Irmãos’ e ‘No Coração da África Misteriosa’, este último o derradeiro da ‘série clássica’, ou seja, antes do hiato em que a série entrou em 1998, e do qual só viria a sair por duas vezes desde então - primeiro em 2003, e mais tarde em 2012, para aquele que é, até agora, o verdadeiro último volume da colecção. Sinal dos tempos, talvez....mas quase apostamos que se alguém transformasse esta história de dois jovens ‘aos saltos’ pelo tempo na companhia de um cientista ermitão numa série televisiva, a mesma encontraria o seu público – afinal, uma outra série com um conceito extremamente semelhante (só que com um extraterrestre numa cabine telefónica azul da Polícia britânica) conseguiu manter-se no ar desde os anos 60…

Enfim, oportunidades perdidas à parte, o certo é que – mesmo com alguns aspectos, hoje em dia, questionáveis, como a relação inicial de Orlando com os dois protagonistas – esta colecção é bem merecedora de uma nota aqui no blog, e devia mesmo ter sido incluída na compilação original de séries literárias marcantes daquela época. Falha nossa – mas, pelo menos, conseguimos corrigi-la a tempo, e fazer justiça a mais uma colecção de livros memorável, de uma época que teve muitas…

15.07.21

Trazer milhões de ‘quinquilharias’ nos bolsos, no estojo ou na pasta faz parte da experiência de ser criança. Às quintas, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos brindes e ‘porcarias’ preferidos da juventude daquela época.

E porque em edições passadas desta rubrica já recordamos colecções de cromos promocionais associadas a produtos alimentares (como a das Tartarugas Ninja, veiculada pela Panrico) chegou hoje a vez de falar da série ‘Viaja Com os Looney Tunes’, oferecida em 1992 pela Longa Vida, em conjunção com os seus produtos lácteos, nomeadamente os seus iogurtes de aromas.

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Os 25 cromos que constituíam a colecção

Uma das mais perenes propriedades intelectuais da História (como fica bem provado pela estreia, esta semana, da segunda parte de Space Jam, exactos vinte e cinco anos após o primeiro filme e quase cinquenta (!) após a produção do último ‘cartoon’ da era clássica de Bugs Bunny e companhia) os Looney Tunes são daqueles produtos com os quais nunca se pode errar muito – qualquer que seja a época da História em que estejamos, produtos baseados em torno dos mais famosos personagens da Warner Bros irão, inevitavelmente, encontrar o seu público. Assim, uma colecção de cromos protagonizada pelos mesmos – numa década em que o coleccionismo, e os cromos em particular, estavam em alta – era uma proposta mais que segura por parte da Longa Vida, o que torna algo surpreendente que esta série de autocolantes não seja, hoje em dia, tão lembrada quanto os ‘Tous’ do Bollycao, por exemplo.

A situação torna-se tanto mais surpreendente quando verificamos que a produtora de lacticínios teve, inclusivamente, a inteligência de associar esta colecção a uma promoção, a qual habilitava os participantes a uma viagem para três pessoas aos estúdios da Warner Bros nos Estados Unidos, em troca de cinco ‘costas’ de cromos da colecção e, claro, dos dados pessoais da criança (quem hoje se preocupa tanto com dar os seus dados pessoais à Amazon ou ao Facebook, certamente não se recorda das regras dos concursos do ‘nosso’ tempo…)

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As regras do concurso eram reproduzidas nos versos dos cromos da colecção

Mesmo sem este atrativo extra, no entanto, esta série de cromos fazia o suficiente para justificar a tentativa de coleccionar todos os 25 autocolantes que a compunham; os desenhos, que retratavam os personagens em diversas partes do Mundo e eras da História, eram previsivelmente cuidados, e os produtos a que estavam associados, bastante acima da média do seu campo em termos de qualidade. Assim, não deixa de ser surpreendente que o único vestígio desta colecção, hoje em dia, venha de uma página de leilões espanhola (!), da qual, aliás, foram tiradas as imagens que ilustram este post - daí o estado ‘menos que perfeito’ dos itens representados, que parecem ter passado as duas décadas desde a promoção ao sol.

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Exemplo de embalagem promocional alusiva a esta colecção, representativa do melhor sabor de iogurte de aromas

Mesmo com estas limitações, no entanto, é bem evidente que, no seu tempo (e em bom estado), estes terão sido cromos bastante apetecíveis para o seu público-alvo – o que torna a suscitar a pergunta: porque terão sido tão ‘esquecidos pela Internet’ (e pelas ex-crianças dessa época)? A resposta continuará, por agora, a ser uma incógnita – mas entretanto, e graças aos Anos 90, estes cromos já têm pelo menos uma página de tributo na Internet...

18.06.21

NOTA: Este post corresponde a Quinta-feira, 17 de Junho de 2021.

Trazer milhões de ‘quinquilharias’ nos bolsos, no estojo ou na pasta faz parte da experiência de ser criança. Às quintas, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos brindes e ‘porcarias’ preferidos da juventude daquela época.

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Numa das primeiras edições desta rubrica, falámos das colecções de cromos, um dos mais populares passatempos entre as crianças dos anos 90; e como qualquer pessoa que tenha ‘estado lá’ prontamente admitirá, as colecções mais conhecidas e ferventemente ‘negociadas’ e completadas eram as de futebol.

Destas, havia dois grandes tipos, ambos popularizados pela Panini, e ambos com sensivelmente o mesmo formato: as anuais, relativas às formações dos clubes da Liga Portuguesa da respectiva época, e as alusivas às competições internacionais. Ambas ofereciam aos ‘putos’ da época (quase todos do sexo masculino) a oportunidade de colar as caras dos seus jogadores nacionais e internacionais favoritos nas sempre atractivas cadernetas, e de ‘gabarolar’ junto dos amigos quando completavam as mesmas antes deles.

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...o quê, vão dizer que em 96 não sonhavam ter a cara do Secretário colada em qualquer lado?

A caderneta alusiva ao Euro ’96 não constituía excepção a qualquer destas regras, ficando apenas na memória por ser uma das primeiras a incluir a Selecção Nacional portuguesa - o que a terá, sem dúvida, tornado ainda mais popular junto do público-alvo. De resto, a caderneta era igual a todas as suas congéneres, tanto em formato – além dos jogadores, cada página dedicava um lugar à foto de equipa e outro ao símbolo de cada Selecção – como em aspecto, com as tradicionais ‘molduras’ à volta da imagem de cada jogador, e o não menos característico papel brilhante, que realçava o colorido dos fundos de página alusivos a cada país, ou à competição em geral.

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Uma das páginas da caderneta

Cabe realçar, no entanto, que apesar de os conteúdos serem os mesmos em todos os países onde a caderneta era comercializada, o mesmo não se passava com as capas; Portugal recebeu apenas a variante ‘standard’, mostrada no início deste post, mas a Alemanha, por exemplo, tinha a mesma imagem em fundo vermelho-escuro, enquanto que outra variante encontrada na Internet se destaca por não ter absolutamente NADA a ver com qualquer das outras.

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Capas ‘estranhas’ à parte, no entanto, não há muito mais a dizer sobre os cromos do Euro ’96; tratava-se de uma colecção de futebol perfeitamente vulgar pelos padrões da sempre fiável Panini, que seguia à risca a receita futebolística de ‘em equipa que ganha, não se mexe’ – a qual já havia dado resultado no passado, daria resultado aqui, e voltaria a dar resultado aquando da próxima competição internacional, que renderia à editora uma das suas mais bem-sucedidas cadernetas da década. Quanto a ‘Europa ‘96’, a mesma também se pode inserir nesse leque, como bem atesta a caderneta que por estas bandas se preencheu, e que ainda há pouco tempo ‘morava’ algures na Área Metropolitana de Lisboa…

 

26.05.21

Em quartas-feiras alternadas, falamos sobre tudo aquilo que não cabe em nenhum outro dia ou categoria do blog...

…como é o caso da literatura juvenil.

Sim, hoje chegamos, já com (muito) atraso, à parte final da nossa retrospectiva sobre colecções de livros infanto-juvenis dos anos 90. E se nas duas partes anteriores recordámos alguns dos mais populares títulos totalmente concebidos em Portugal, desta feita, a vez cabe àquelas colecções que, apesar de criadas por autores estrangeiros, estiveram tão indelevelmente ligadas à maioria das infâncias portuguesas da época, que quase poderiam ser produto nacional.

Colecções como, por exemplo, a da Anita, que constituiu uma das primeiras experiências de leitura para grande parte dos ‘80s and 90s kids’, em especial para as raparigas (apesar de o melhor amigo de Anita ser um rapaz, a maioria dos leitores do sexo masculino pouco ou nada queriam ter a ver com uma série cheia de bochechas rosadas e desenhos em tons pastel.)

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Alguns dos muitos títulos da série 'Anita'

Com os seus desenhos e capas ‘fofinhos’, letras gordas e histórias inócuas de todos os dias (o primeiro e mais famoso volume da série chama-se ‘Anita Vai À Escola’, e trata precisamente disso) as aventuras da personagem originalmente criada em França como ‘Martine’ ainda hoje continuam a fazer sucesso entre a faixa etária em idade primária e pré-primária, e a constituir um ponto de partida perfeito para leituras mais a sério.

E para as crianças da (segunda metade da) década de 90, o mais natural era que essa evolução tivesse como próximo passo a colecção Arrepios. Lendária nos Estados Unidos, onde apresentou milhares de crianças à literatura de terror, a série da autoria de R. L. Stine chegou ao mercado português em 1997, num formato de revenda invulgar (os livros eram vendidos exclusivamente nas papelarias e bancas de jornais, não estando disponíveis em livrarias convencionais) e a preço muito convidativo para as escassas economias juvenis – cada volume custava apenas 250$00, aproximadamente o mesmo preço de uma revista de super-heróis ou um exemplar da Bravo ou Super Pop.

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Os dois livros do pack promocional original, de 1997

Assim, não é de estranhar que os primeiros volumes da colecção tenham sido sérios sucessos de vendas entre o público-alvo, com particular ênfase nos dois primeiros, ‘Bem-Vindos À Casa da Morte’ e ‘A Cave do Terror’, que eram vendidos ‘costas-com-costas’ num ‘pack’ promocional, em regime ‘leve 2, pague 1’. As traduções algo ‘manhosas’ – tratavam-se, afinal de contas, de edições da Abril-Controljornal – pouca importância tinham para os jovens leitores, que ‘devoraram’ estas histórias de (muito pouco) terror durante uns largos meses, tempo suficiente para a colecção chegar ao número 20. A partir desse mesmo número (uma imitação infantilizada de ‘Tubarão’, de Spielberg) deu-se uma perda de interesse tão súbita quanto inexplicável, e a colecção Arrepios passou de ser a publicação mais lida do recreio ao quase esquecimento, uma tendência que nem mesmo uma linha de livros ao estilo ‘Escolhe a Tua Aventura’ conseguiu inverter.

E já que falamos em ‘Escolhe a Tua Aventura’, esta é a altura perfeita para falar da colecção Aventuras Fantásticas, mais uma ‘febre’ de recreio que durou vários anos. Estes inesquecíveis livros, a maioria da autoria de Ian Livingstone, tinham como principal atractivo consistirem de uma espécie de jogo RPG de tabuleiro, mas em formato escrito. O jogador utilizava dados para determinar factores como a força, esperteza e capacidade mágica, e era também através de dados que se decidiam as lutas e eventos decisivos da trama – sendo que uma rodada mais desafortunada podia fazer derrocar todo o esforço anterior, e conduzir o jogador a um final infeliz.

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Algumas das muitas 'Aventuras Fantásticas' disponíveis

É claro que nem todas as crianças tinham paciência para jogar com os dados - muitas faziam ‘batota’, atribuindo os pontos aleatoriamente e voltando atrás quando as coisas não corriam bem. Ainda assim, a premissa atraente do conceito, aliada a capas igualmente bem concebidas e chamativas para o público-alvo, fez desta colecção um sucesso durante grande parte da década de 90, e uma das mais duradouras ‘febres’ de recreio da época.

E por falar em ‘febres’ duradouras, o final dos anos 90 viu aparecer uma série que, apesar de o seu maior impacto se vir a verificar na década seguinte, ainda foi a tempo de influenciar muitas crianças daquele tempo. Falamos, é claro, das aventuras de um jovem mago e seus amigos, numa escola de magia na Escócia. Sim, a saga de Harry Potter chegou a Portugal ainda nos 90s, e caivou ‘putos’ e adultos de uma forma que poucos outros livros conseguiram repetir desde então. Na altura, eram apenas três os livros disponíveis (quer em Portugal, quer no estrangeiro), e apesar de muitos dos melhores momentos da saga ainda estarem apenas na mente da autora J. K. Rowling, vale a pena destacar a influência que a série já vinha tendo sobre a juventude da época.

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Capa da primeira edição de sempre de 'Harry Potter e a Pedra Filosofal' em Portugal

E terminamos esta retrospectiva de literatura infanto-juvenil de qualidade com uma série que, apesar de menos massificada do que as outras neste post, tinha ainda assim a sua legião de fãs: os Diários Secretos do neurótico adolescente por excelência, Adrian Mole. À época, eram apenas quatro os livros que narravam as desventuras do jovem intelectual de Leicester, na sua cruzada por ver o seu génio reconhecido e conquistar a rapariga dos seus sonhos; e embora nominalmente dirigidos a um público juvenil, todos os quatro continham momentos de humor multifacetado, em que as crianças se podiam rir das piadas mais directas enquanto os adultos se divertiam com o substrato sarcástico e mordaz que os mais novos não compreendiam.

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As primeiras edições dos livros de Adrian Mole em Portugal

Esta polivalência fez com que Adrian Mole fosse relativamente bem-sucedido em Portugal - apesar de, ao contrário de outra saga de que aqui falámos, não ter sido de todo localizado, e manter muita da sua ‘britanicidade’. Ainda assim, uma série de relativo sucesso, que vale a pena incluir nesta retrospectiva.

E é precisamente com o jovem inglês que fechamos esta viagem pelas séries de livros mais marcantes dos anos 90. Havia outras, é claro, algumas já lidas por jovens de outras décadas (como as diversas séries de aventura de Enid Blyton) mas estas foram as que considerámos terem sido especificamente ‘nossas’, isto é, das crianças daquela época. Concordam? Discordam? Faltou alguma? A mesa é vossa! Entretanto, ‘keep reading’!

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