Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

13.11.23

Qualquer jovem é, inevitavelmente, influenciado pela música que ouve – e nos anos 90, havia muito por onde escolher. Em segundas alternadas, exploramos aqui alguns dos muitos artistas e géneros que faziam sucesso entre as crianças daquela época.

O fim de uma banda icónica nem sempre garante o sucesso de seja qual for o projecto a que os músicos se dediquem em seguida; antes pelo contrário, esse tipo de 'sequela' musical tende, na maioria dos casos, a ser algo ignorada pelos fãs do grupo original, que desejam apenas mais um álbum da sua banda favorita. Assim, qualquer músico que embarque neste tipo de 'aventura' tem pela frente uma série de obstáculos, a começar por essa mesma aceitação dos fãs, e que passa também pela vontade, bastante frequente, de se demarcar do som do seu grupo de origem, o que ainda ajuda a reduzir mais o interesse da 'massa adepta' pelo novo projecto.

Foi, precisamente, esse o paradigma com que se depararam Rui Pragal da Cunha e Paulo Gonçalves, dos efémeros mas icónicos Heróis do Mar, banda que marcou a cena pop-rock nacional durante os anos 80, mas que não sobreviveu ao dealbar da nova década, encerrando actividades logo nos primeiros meses da mesma. Não demorou, no entanto, até que os dois músicos demarcassem novo objectivo musical, e, menos de um ano após a dissolução dos Heróis, via a luz o primeiro (e único) registo do projecto LX-90.

R-3392210-1609289214-6240.jpg1677921

As capas das duas versões (nacional e internacional) do único álbum do projecto.

Com um nome que consiste, simplesmente, das formas abreviadas do ano e localidade de formação da banda (mas que consegue, mesmo assim, soar 'cool' e misterioso q.b.), este projecto vê Rui e Paulo juntar-se a DJ Vibe e aos desconhecidos Nuno Miguel e Nini Garcia para desenvolver um som dançante e psicadélico, alicerçado em estilos como o 'trip-hop', e pautado pelas vocalizações dramáticas e por vezes quase declamadas de Rui Pragal da Cunha; no fundo, uma espécie de versão mais 'pesada' e alternativa do 'synth-pop' dos Heróis, que não tentava sequer agradar aos fãs dos mesmos, e apontava, em vez disso, a uma demografia totalmente nova que começava a dealbar entre as gerações mais novas.

Talvez tenha estado aí a razão do insucesso do projecto: sem a ligação sonora aos Heróis do Mar, Rui e Paulo alienaram uma base de fãs antes de terem conseguido conquistar outra, e acabaram por se perder nas 'malhas' das cenas pop-rock e alternativa nacionais. O grupo ainda tentou um 'ataque' internacional, através de uma versão do álbum com músicas em Inglês, mas ficou mesmo por aí a sua discografia, tendo os músicos encerrado actividades pouco tempo depois.

Em anos subsequentes, no entanto, o projecto LX-90 atingiu um certo estatuto de culto, que motivou mesmo, já neste ano de 2023 (concretamente a 13 de Julho) uma reunião, para participar no festival Super Bock Super Rock. Desta nova formação fazem parte, além dos dois ex-Heróis do Mar e de DJ Vibe, Nuno Roque, João Gomes e Samuel Palitos, este último um ex-membro dos ícones do punk nacional Censurados. Resta saber se este foi um reencontro esporádico ou se haverá planos para prosseguir com a carreira de um nome que merecia mais do que a carreira breve e discreta de que gozou, e a audiência de culto que logrou angariar durante a mesma.

05.11.23

Ser criança é gostar de se divertir, e por isso, em Domingos alternados, o Anos 90 relembra algumas das diversões que não cabem em qualquer outra rubrica deste blog.

Quando se fala em jogos de tabuleiro ou sociedade do 'período áureo' dos anos 80 e 90, vários nomes vêm à memória, dos clássicos Monopólio e Trivial Pursuit ao Quem É Quem e Operação, passando pelos mais 'elaborados', como o Mauzão, Crocodilo no Dentista ou Tragabolas. Já o Pictionary, um jogo cujo conceito gira em torno do desenho, surge um pouco mais atrás, sendo, curiosamente, mais conhecido em Portugal pela versão Júnior, lançada pela MB em 1991.

images.jpg

Em tudo semelhante ao jogo 'para adultos', embora com tópicos mais interessantes para a demografia-alvo, o Pictionary Junior propunha uma única alteração ao modelo de jogo, a saber, a introdução de um membro fixo de cada equipa como desenhista, por oposição à rotação do jogo para os mais 'graúdos'; de resto, o objectivo continuava a passar por adivinhar a palavra ou conceito que esse mesmo desenhista tentava retratar antes que o tempo da ampulheta se esgotasse, de modo a poder avançar no tabuleiro de jogo e completar a 'volta' necessária para ganhar. Escusado será dizer que esta fórmula dava azo a muitos momentos de 'nervosismo divertido', com os desenhistas a darem largas a todos os seus dotes enquanto os colegas de equipa tentam freneticamente adivinhar o que os seus rabiscos representam.

Apesar de mais conhecido (pelo menos no nosso País) do que a versão 'graúda', no entanto, o Pictionary não estava entre os jogos mais populares ou frequentes no quarto do jovem português médio da época; quem o tinha, no entanto, sabe o potencial que o jogo tinha para proporcionar uma tarde bem passada em 'jogatanas' com a família ou amigos, acabando por conquistar o direito a figurar nestas páginas ao lado dos seus contemporâneos mais 'famosos'.

24.10.23

Em Segundas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das séries mais marcantes para os miúdos daquela década, sejam animadas ou de acção real.

O ambientalismo e a ecologia foram, a par da luta contra as drogas e da informação sobre o flagelo da SIDA, dois dos principais temas para os quais qualquer jovem português dos anos 90 foi extensivamente sensibilizado, quer pelos próprios pais, quer pelos educadores e até pelos 'media' de informação e entretenimento. De facto, além de constituírem assunto frequente nos noticiários dos 'graúdos', estes temas 'infiltraram' a grande maioria da programação infanto-juvenil da época, com quase todas as séries dirigidas a um público menor de idade lançadas à época a terem direito ao 'episódio especial' em que os protagonistas tentam evitar que um amigo experimente drogas, ou travar um industrialista malvado que pretende arrasar uma floresta.

No dealbar dos anos 90, uma companhia decidiu levar este conceito ainda mais longe, e dedicar toda uma série animada a um super-herói defensor da ecologia e do planeta; o resultado foi uma das séries mais meméticas de sempre, e a primeira a 'vir à baila' sempre que se tentam recordar exemplos de produtos mediáticos descaradamente destinados a educar sobre um único tema, de forma totalmente falha de qualquer subtileza.

18583762_33gjV.jpeg

Criado por Ted Turner – patrão da Turner Entertainment e principal responsável pela divulgação da maior concorrente da WWF no mercado da luta-livre americana, a WCW – o Capitão Planeta e os seus fiéis ajudantes, os Planeteiros, começaram por 'condicionar' para a ecologia as crianças norte-americanas, em 1990, antes de, no ano seguinte, atravessarem o Atlântico para surgir nos écrãs dos jovens lusitanos, pela mão da RTP, e em versão legendada, dado estar-se, ainda, nos primórdios da dobragem 'made in Portugal'. As crianças portuguesas da época puderam, assim, desfrutar precisamente da mesma experiência dos seus congéneres norte-americanos, com todos os elementos hoje amplamente parodiados, como as frases de efeito – 'by your powers combined, I am Captain Planet!', 'the power is YOURS!', 'GOOOO PLANET!' - e o irresistível tema-título, a marcarem presença sem qualquer 'localização' para a língua-pátria. E se, nos Estados Unidos, 'Capitão Planeta' beneficiou, sobretudo, do horário único, sem a oposição de qualquer outro conteúdo infantil, em Portugal, a vantagem veio da inclusão no popular bloco 'Brinca Brincando', da RTP, que quase garantia o visionamento por parte de uma percentagem significativa da população jovem nacional.

E a verdade é que 'Capitão Planeta' bem pode agradecer por essa 'benesse', dado tratar-se de uma série do mais 'azeiteiro', que apenas seria possível naqueles últimos anos do século XX – cuja estética, aliás, permeia cada 'frame' de animação. A premissa até não é má, e chega para cativar qualquer criança fã de super-heróis, mas as constantes 'lições' sócio-ecológicas do herói de cabelo verde (e também, diga-se de passagem, dos seus mini-coadjuvantes) são tão forçadas quanto se poderia pensar, e claramente dirigidas ao espectador para lá da 'quarta parede', em vez de inseridas nos episódios de forma natural e subtil; subtileza, aliás, é coisa que não existe em 'Capitão Planeta', o tipo de série que conta com vilões denominados 'Capitão Poluição' – uma versão maléfica do protagonista, naturalmente – e Looten Plunder.

download (3).jpg

Os próprios personagens são do mais irritante que há, com os Planeteiros como aquele tipo de herói infantil culturalmente diverso, insuportavelmente virtuoso e 'espertinho' que 'infectava' a programação para crianças da época, e o próprio Capitão a habitual cópia do Super-Homem com ainda menos personalidade (e, neste caso, poderes ambientais). Pela lógica, a série não deveria resultar, mas a verdade é que se passava o oposto, com o programa a fazer o suficiente para cativar jovens bastante menos cínicos do que os de hoje em dia, e a conseguir algum sucesso enquanto foi transmitida na RTP.

No entanto, talvez haja uma razão para, até hoje, não ter havido segunda exibição da série, algo quase inédito no contexto dos desenhos animados da época. A verdade é que 'Capitão Planeta' envelheceu muito, mas mesmo muito mal, sendo fácil perceber a razão porque muitos adultos da época se envergonham de ter assistido a esta série quando eram pequenos. Não é o caso deste que vos escreve (e que vai mesmo ao extremo de admitir que o seu Planeteiro favorito era o muito 'gozado' Ma-Ti, o elemento do Coração) mas a verdade é que os argumentos em desfavor deste desenho animado são perfeitamente válidos, merecendo o mesmo ser relegado a memória remota e difusa de um tempo muito diferente no tocante a entretenimento para crianças. O épico tema de abertura, de longe o melhor elemento do programa, merece um lugar no panteão de grandes exemplos do género; o resto é perfeitamente dispensável, excepto para uma sessão de nostalgia semi-irónica ou para perceber porque razão os anos 90 são considerados uma das épocas mais satirizáveis dos últimos cem anos...

Outro dos grandes genéricos dos anos 90, e de longe o melhor elemento da série.

22.09.23

Os anos 90 estiveram entre as melhores décadas no que toca à produção de filmes de interesse para crianças e jovens. Às sextas, recordamos aqui alguns dos mais marcantes.

Quando se fala em heróis de cinema de acção de finais do século XX, vêm imediatamente à memória uma série de nomes: Arnold Schwarzenegger (cuja fama fora adquirida na década de 80, e apenas aumentaria no início da seguinte, com filmes como 'Exterminador Implacável 2'  e 'O Último Herói de Acção', não-obstante um 'desvio' para filmes de índole mais cómica), Sylvester Stallone, Bruce Willis, Steven Seagal e, claro, Jean-Claude Van Damme, o culturista e ginasta que se transformaria na principal estrela de filmes de artes marciais da época.

Revelado ao Mundo, como os restantes nomes da lista acima, em meados dos anos 80, o belga conhecido pela alcunha de 'Músculos de Bruxelas' tinha já o estatuto mais do que definido à entrada para a última década do Segundo Milénio; filmes como 'Força Destruidora', de 1988, 'Cyborg' e 'Kickboxer – Golpe de Vingança', ambos do ano seguinte, haviam cimentado a perícia do actor nas mais mirabolantes peripécias físicas, que suplantavam o seu forte sotaque e limitado talento dramático e o tornavam num dos grandes ídolos para as crianças e jovens daquele período.

Era, pois, já com o rótulo de 'mega-estrela', e um público totalmente rendido às suas capacidades, que o belga chegaria àquele que era o seu décimo filme como actor principal, e o oitavo em apenas três anos: 'Duplo Impacto', que celebra na próxima semana os trinta e dois anos sobre a sua estreia em Portugal, a 27 de Setembro de 1991, e que se destaca pela invulgar particularidade de ver Van Damme representar não um, mas dois papéis, encarnando ambas as metades de um par de irmãos gémeos.

duplo-impacto.jpg

O facto de permitir ao público-alvo experienciar Van Damme em 'dose dupla' foi, aliás, posicionado como o principal atractivo do filme à época – e o mínimo que se pode dizer é que resultou em cheio (pelo menos com o autor deste blog), O facto de os dois personagens interpretados pelo belga apenas se distinguirem por características superficiais e estereotipadas (um deles é mais recatado e usa óculos, o outro mais rebelde e vestido com o inevitável blusão de cabedal) e se tornarem homólogos a partir de meados do filme (quando o irmão 'choninhas' se revela tão capaz quanto o seu gémeo) pouco importava à demografia-alvo, demasiado ocupada a ponderar como teriam os realizadores conseguido fazer com que dois Jean-Claudes estivessem em cena ao mesmo tempo, e a conversar um com o outro – uma questão que apenas teria cabimento naquela era pré-DVD e reportagens de produção. O intuito declarado de Van Damme em fazer algo diferente do habitual e com maior âmbito dramático (à semelhança do que Arnie vinha fazendo, com sucesso, na mesma altura) ficava, assim, algo diluído, naquela que acaba por ser apenas mais uma película típica da filmografia do belga, ainda que com menor ênfase nas artes marciais e maior nos tiroteios e cenas de acção.

Ainda assim, 'mais do mesmo (mas em dobro)' era precisamente o que o público-alvo queria e esperava de um filme com esta premissa, e 'Duplo Impacto' saldou-se como mais um sucesso de bilheteira para a parceria entre Jean-Claude Van Damme, Sheldon Lettich (o homem que escrevera 'Força Destruidora' e realizara 'Coração de Leão', um dos filmes anteriores de Van Damme) e o lendário Bolo Yeung, amigo pessoal do belga desde 'Força Destruidora' e especialmente requisitado pelo mesmo para encarnar o 'mau da fita', tal como fizera naquele filme. E ainda que – à semelhança da maioria da restante filmografia do belga daquela época – o filme não tenha envelhecido, de todo, bem, vale ainda assim a pena recordar aquele que, para os 'millennials' mais novos, terá sido um dos primeiros contactos directos com os 'Músculos de Bruxelas', e talvez mesmo - como foi o caso com o autor deste blog - um dos primeiros filmes 'para crescidos' alguma vez vistos em 'primeira mão' numa sala de cinema.

05.09.23

Porque nem só de séries se fazia o quotidiano televisivo das crianças portuguesas nos anos 90, em terças alternadas, este blog dá destaque a alguns dos outros programas que fizeram história durante aquela década.

Ao falar de um concurso de cultura geral dirigido a um público infanto-juvenil, com dupla de apresentadores masculina e feminina e canções sobre animais posteriormente lançadas em disco, a resposta de dez em cada dez 'X' e 'Millennials' lusitanos será, certamente, apenas uma: 'Arca de Noé', o lendário concurso que tornou Fialho Gouveia, Carlos Alberto Moniz e Ana do Carmo nomes conhecidos e acarinhados entre as demografias mais jovens. No entanto, a verdade é que, sensivelmente na mesma altura, ia também ao ar na RTP um outro concurso de cultura geral dirigido a um público infanto-juvenil, com dupla de apresentadores masculina e feminina e canções sobre animais posteriormente lançadas em disco, e com a participação directa de um cantautor chamado Carlos e conhecido pelas suas composições especificamente dirigidas às crianças e jovens.

vitaminaslogo.jpg

Podem parecer demasiadas coincidências, mas a verdade é que se deram mesmo, sendo que, durante um breve período em inícios dos anos 90, o Tio Carlos e o Avô Cantigas fizeram concorrência um ao outro pelos corações das crianças portuguesas, com dois programas muito semelhantes. De facto, 'Vitaminas' quase pode ser considerado uma versão de 'Arca de Noé' produzida sob o efeito de drogas psicotrópicas, com os cenários sóbrios a darem lugar a um mundo de banda desenhada psicadélico, onde cabiam tanto a faceta de concurso como números musicais e até 'sketches' humorísticos, como aqueles em que um personagem totalmente 'sem noção' (no caso Félix Fracasso, interpretado por António Cordeiro) invadia o auditório e atrapalhava o andamento do programa, tão populares nos concursos 'para graúdos' da altura, e aqui adaptados ao contexto infantil.

phpThumb.jpg

A dupla de apresentadores do programa.

Particularmente dignos de nota eram os segmentos em que Carlos Alberto Vidal 'entrevistava' animais (ou antes, pessoas dentro de fatos de animais, como é óbvio) como forma de transmitir alguns factos sobre os mesmos – uma preocupação partilhada com o 'concorrente' directo. Cada um dos 'animais' assim entrevistado virava, depois, tema do número musical do episódio, tendo estes, mais tarde, formado a base do LP alusivo ao programa, lançado na mesma época e interpretado por Carlos Alberto Vidal. Também notáveis, pela sua bizarria, era a rubrica 'Patati Patata', em que os dois apresentadores, Vidal e Sofia Sá da Bandeira, vestiam a pele dos personagens titulares e habitavam um espaço perpetuamente acelerado, alucinado e abstracto, que pouco ou nada parecia ter a ver com a porção competitiva do programa.

vitaminasdisco.jpg

O LP com as músicas do programa.

Era, precisamente, esta fusão única de humor, 'performance' artística e concurso competitivo que tornava 'Vitaminas' mais do que apenas um 'aproveitador' da fama de 'Arca de Noé', fazendo com que valesse a pena sintonizar a RTP1 aos Sábados de manhã para ver que bizarrias guardava o episódio daquela semana. E ainda que, hoje em dia, o programa pouco mais seja do que uma distante memória psicadélica na mente do então público-alvo, a verdade é que, à época, constituiu um conceito inovador – talvez até em demasia, já que o seu 'tempo de antena' foi de apenas cerca de um ano, vindo a concluir-se algures em 1992. Ainda assim, quem viveu aquelas transmissões em 'primeira mão' certamente estará, neste momento, a ver 'desenterram-se' dos cantos mais recônditos do seu cérebro imagens, frases e refrões de cantigas sobre animais julgadas há muito esquecidas – por aqui, é certamente esse o caso...

Peça alusiva ao programa na rubrica 'Retroescavadora', da RTP Memória, onde se podem ver alguns trechos do mesmo.

17.08.23

NOTA: Este post é respeitante a Quarta-feira, 16 de Agosto de 2023.

A banda desenhada fez, desde sempre, parte da vida das crianças e jovens portugueses. Às quartas, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos títulos e séries mais marcantes lançados em território nacional.

Os meses de Julho e Agosto continuam, ainda hoje, a marcar o período em que muitas crianças e jovens portugueses vão de férias, e em que outros tantos voltam das mesmas - processo esse que envolve, invariavelmente, longas e aborrecidas viagens de carro ou de transportes públicos até ao destino escolhido. E se, hoje em dia, é relativamente simples mitigar o aborrecimento dos mais novos durante essas deslocações, por intermédio de iPads ou consolas portáteis, nos anos 90, a história era algo diferente - e, apesar da existência dos Game Boy, Game Gear e jogos LCD, os livros e revistas de banda desenhada continuavam a ter um papel preponderante no entretenimento da demografia em causa, nomeadamente através de publicações como o Disney Gigante e o Almanacão de Férias da Turma da Mônica, dois óptimos 'companheiros' para as crianças lusas que partiam em viagem no Verão de 1991.

Quem tinha a sorte de se deslocar ao estrangeiro (ou, pelo menos, de andar de avião) nesse mesmo período, no entanto, dispunha ainda de um terceiro companheiro de viagem, disponibilizado pela companhia aérea nacional TAP. Tratava-se da chamada 'Tap Júnior', uma revista de bordo especificamente dirigida aos mais novos e que contava, entre outros atractivos, com a sempre popular banda desenhada da Disney, então força dominadora nos quiosques de Norte a Sul do País.

pt_tap_2p01_001.jpeg

Capa do número 2, única disponível na Web.

Foram pelo menos quatro os números desta revista (ou suplemento) publicados a partir de Julho de 1991, todos com trinta e seis páginas, e cada um com um sortido de histórias (curtas ou mais compridas) do extenso acervo da Abril, algumas das quais chegariam mesmo a sair em outras publicações 'oficiais' da editora. Infelizmente, mais informações são impossíveis de conseguir, já que a revista foi totalmente Esquecida Pela Net, sendo o único registo a sua entrada na 'Bíblia' da Disney, o site I.N.D.U.C.K.S - de onde foi tirada a capa que ilustra esta publicação, único registo desta publicação de que poucos se lembrarão, mas que constituiu uma iniciativa louvável por parte da TAP para distrair os seus passageiros mais novos naquele início dos anos 90.

09.08.23

NOTA: Por motivos de relevância temporal, esta Quarta será de Quase Tudo. Falaremos de banda desenhada nas próximas duas semanas.

Em quartas-feiras alternadas, falamos sobre tudo aquilo que não cabe em nenhum outro dia ou categoria do blog.

As Jornadas Mundiais da Juventude, realizadas este ano em Portugal e concluídas no passado Domingo, 6 de Junho de 2023, ficaram marcadas pela visita de Sua Santidade, o Papa Francisco – uma ocorrência que terá feito muitos dos membros das Gerações X e 'millennial' recordar a figura que ambas as gerações aprenderam a associar a esse título durante as duas últimas décadas do século XX e primeiros anos do seguinte - o malogrado e saudoso João Paulo II – e as diversas visitas que o mesmo realizou a Portugal.

visita-de-sua-santidade-o-papa-joao-paulo-ii-a-por

Uma das três visitas do Papa João Paulo II a Portugal.

Foram três as ocasiões em que o homem nascido Karol Wojtila na Polónia dos anos 20 visitou o país à beira-mar plantado, na outra ponta da Europa, e do 'outro lado' de Espanha em relação à sua residência na Cidade do Vaticano (três, se contarmos com a breve escala aérea que aqui realizou em 1983). A primeira, ainda nos anos 80 (em 1982) foi de peregrinação, ao Santuário de Fátima, onde passou três dias, e onde deixou a bala do atentado que quase o vitimara no ano anterior; no entanto, será das duas subsequentes que os leitores deste 'blog' mais certamente se recordarão.

A primeira destas (e segunda no total) deu-se em 1991 – novamente em Maio – e viu, além do regresso ao principal santuário católico português, João Paulo II visitar Lisboa (onde disse uma missa e realizou um encontro com jovens crentes, em pleno Estádio do Restelo) e deslocar-se até às regiões autónomas dos Açores e Madeira, num périplo impressionante para um período de apenas três dias.

Reportagem de época sobre o evento de 1991 no Restelo, em Lisboa.

A última, nove anos depois (já no dealbar do século XXI) e novamente no mês de Maio, durou apenas dois dias e destinou-se, sobretudo, a beatificar os famosos pastorinhos de Fátima, Jacinta e Francisco Marto; no entanto, o então Papa escolheu assinalar esta nova presença com um segundo donativo a Nossa Senhora de Fátima – no caso, o anel que recebera do cardeal Wyszynski no início do seu período como pontificado. Esta terceira e última visita ficou, ainda, imortalizada numa série de selos lançados pelos CTT e alusivos ao Sumo Pontífice.

papa-em-ponta-delgada-3-1.jpg

O Sumo Pontífice nos Açores, em 1991.

Pouco menos de cinco anos após esta última presença no nosso País, e cerca de seis semanas antes de completar oitenta e cinco anos, em inícios de Abril de 2005, João Paulo II viria a falecer, obrigando à eleição de um sucessor – no caso o alemão Joseph Ratzinger, conhecido como Bento XVI e que, por sua vez, seria sucedido pelo actual Sumo Pontífice, Francisco. Na memória dos jovens portugueses de então ficava, no entanto, a imagem daquele ancião benevolente, de vestes brancas e voz pausada, a percorrer Fátima no característico veículo papal – uma situação que, para a nova geração, terá como protagonista o Papa Francisco, mas que, para os seus antecessores nascidos e crescidos no último quarto do século XX, ficará para sempre associada a João Paulo II.

 

12.07.23

A banda desenhada fez, desde sempre, parte da vida das crianças e jovens portugueses. Às quartas, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos títulos e séries mais marcantes lançados em território nacional.

Uma das muitas tradições, entretanto perdidas, dos tempos áureos dos 'livros aos quadradinhos' eram os super-almanaques de Verão – edições especiais, normalmente em formato A4, com mais páginas do que as vulgares revistas quinzenais ou mensais (e mais conteúdo que os almanaques e edições 'grossas' normais, visto o formato ser maior) e, muitas vezes, complementados com várias páginas de passatempos, sendo a ideia permitir aos jovens leitores terem não só o que ler, mas também com que entreter o cérebro durante as férias na praia ou no estrangeiro. E se o mais famoso exemplo deste tipo de formato foi o 'Almanacão de Férias' da Turma da Mônica de Mauricio de Sousa, não deixaram de haver, ao longo dos anos, outras tentativas, nomeadamente por parte da Editora Abril, embora nunca com o mesmo sucesso.

pt_dg_01a_001.jpeg

Uma dessas tentativas, lançada há exactos trinta e dois anos (em Julho de 1991) foi o 'Disney Gigante', uma publicação que – à excepção da ausência de passatempos – segue à risca a fórmula para um almanaque deste tipo, apresentando onze histórias e cerca de cento e trinta páginas em formato A4, como forma de justificar o ainda hoje exorbitante preço de 600 escudos (mais tarde 750-800). E a verdade é que, ao contrário de algumas das outras edições da Abril do mesmo período, estes títulos esforçam-se por apresentar aventuras transversais a todo o elenco de personagens habituais nos 'quadradinhos' Disney da altura, extravasando os habituais e inevitáveis núcleos de Mickey e Pato Donald; na primeira edição, por exemplo, couberam histórias de Tico e Teco, Havita, Quincas, Banzé, a dupla de bruxas Maga Patalójika e Madame Min (coadjuvantes frequentes na banda desenhada, embora nem tanto no cânone cinematográfico ou televisivo), e até dos Três Porquinhos e de Dumbo, que contracena com os sobrinhos de Donald (!) em 'Viagem ao Espaço', um daqueles 'crossovers' aleatório e sem grandes alardes frequentes nas revistas Disney da época. Só faltaram mesmo Urtigão e Zé Carioca, o que até acaba por ser positivo, dado poupar os jovens leitores às horríveis versões 'saloia' e 'brazuquesa' dos personagens.

Reside, aliás, precisamente na selecção de histórias o principal ponto de interesse de 'Disney Gigante'; isto porque, além das habituais produções nórdicas, holandesas ou latinas, estes livros incluem, também, pelo menos uma produção do período clássico dos Estúdios Disney, originalmente publicada em 1936 (!!) e criada por dois nomes sonantes da BD Disney da época, o argumentista Ted Osborne e o desenhista Al Taliaferro. No caso, trata-se de uma história com Lobão e os Três Porquinhos que, apesar de destoar notoriamente do estilo gráfico das restantes, acaba por valer o investimento para quem tenha curiosidade em ler produções daquele período (a esses, recomenda-se também a compra do 'Álbum Disney' de Mickey, editado pela Verbo no ano anterior a este 'Disney Gigante', em que todas as histórias incluídas são do período clássico.)

Apesar dos pontos de interesse acima salientados, no entanto, foi curto o tempo de vida de 'Disney Gigante' - o que não deixa de ser surpreendente, dada a margem de manobra da hegemónica Abril à época, que lhe permitia fazer todo o tipo de experiências, muitas delas bem menos válidas do que este almanaque. Ainda assim, para aquilo que foi, 'Disney Gigante' teve o mérito de, pelo menos, se colocar no percentil mais alto da escala de qualidade da Abril, fazendo com que ainda valha a pena adicionar estes volumes à colecção, mesmo três décadas após o seu lançamento – algo de que muito poucos 'livros aos quadradinhos' publicados pela Abril à época (sejam da Disney ou da Marvel e DC) se podem hoje gabar.

15.05.23

Qualquer jovem é, inevitavelmente, influenciado pela música que ouve – e nos anos 90, havia muito por onde escolher. Em segundas alternadas, exploramos aqui alguns dos muitos artistas e géneros que faziam sucesso entre as crianças daquela época.

A cena 'punk' lisboeta era, nos anos 80 e 90, um dos mais famosos e prolíferos movimentos musicais portugueses, com actividade e impacto ao nível daquele que viria a ser o movimento hip-hop nortenho em inícios do novo milénio. Centrada em bairros como Alvalade, localidades da Linha de Cascais e espaços como o Johnny Guitar ou o Rock Rendez-Vous, a sobredita vaga de grupos 'punk' e 'new wave' (todos, sem excepção, com letras cantadas em português) viu nascer grupos tão emblemáticos como os Xutos e Pontapés, Peste & Sida, Mata-Ratos, Capitão Fantasma, ou uma banda que, apesar da literal meia dúzia de anos de carreira, viria a adquirir estatuto de culto entre os fãs de rock rápido e agressivo 'made in' Portugal: os Censurados.

download.jpg

O grupo em 'pose Ramones'.

Formada no referido bairro de Alvalade em finais da década de 80, a banda resultou da junção de quatro músicos – Orlando Cohen na guitarra, Fred Valsassina no baixo, Samuel Palitos na bateria e o icónico e malogrado João Ribas na voz – que, no melhor espírito 'punk rock', se juntaram num estúdio improvisado (situado no quarto de Ribas) para escrever músicas 'curtas e grossas' com letras contestatárias, cujo principal alvo eram os políticos e figuras de autoridade da época; esses temas, posteriormente apresentados ao vivo nos 'buracos' do costume, acabaram por ganhar tracção entre a comunidade de 'troca de cassettes', a qual ajudou a popularizar o nome do grupo através da partilha das suas canções - mais de uma década antes do dealbar da Internet e do 'boom' da partilha de ficheiros – fazendo com que as mesmas fossem já sobejamente conhecidas ainda antes do lançamento do álbum de estreia do grupo. Uma história que quase parece ter sido escrita, de tal modo encarna o 'estereótipo' normalmente associado ao 'punk', mas que apenas vem provar algo que os Ramones já haviam demonstrado uma década e meia antes – nomeadamente que, para se tocar 'punk rock', só era precisa muita vontade e alguma capacidade de improviso.

Naturalmente, com uma base de fãs já estabelecida e uma reputação em rápida ascensão, o próximo passo do grupo passou pela gravação de um álbum de estreia homónimo, saído em 1990 e considerado um dos marcos históricos do movimento 'punk' português, tendo a sua qualidade, inclusivamente, atraído interesse do estrangeiro – nomeadamente, da maior 'fanzine' sobre 'punk' da época, a Maximum Rock'n'Roll, que teceu loas ao álbum nas suas páginas.

O lendário álbum de estreia do grupo, lançado logo no início da década de 90

Com a cotação de tal modo 'em alta', não é, pois, de admirar que o grupo tenha demorado apenas cerca de um ano a lançar novo registo, tendo 'Confusão', de 1991, sido bem-sucedido em manter o nome Censurados bem presente na memória colectiva da cena 'punk' nacional durante os dois anos seguintes, tempo que demora a sair o terceiro e último álbum de estúdio, 'Sopa”. Já de créditos bem firmados na cena nacional, e com ligações a espaços como o supramencionado Johnny Guitar (tendo, inclusivamente, participado na lendária colectânea lançada pelo mesmo em 1993), o grupo consegue neste registo final uma 'cunha' de respeito, na pessoa de Jorge Palma, que surge no tema 'Estou Agarrado a Ti.'

Dada a sua preponderância na cena rock nacional, não é, igualmente, de estranhar que os Censurados tenham sido convidados a participar em dois dos mais famosos álbuns de tributo do referido movimento, comparecendo tanto em 'Filhos da Madrugada' – o tributo a Zeca Afonso lançado em 1994 e que reúne a 'nata' do movimento musical lusófono, dos inevitáveis Xutos, GNR e UHF a Madredeus, Sitiados, Delfins, Entre Aspas, Resistência, os 'colegas' Peste & Sida, os cabo-verdianos Tubarões e até o Coro Infantil de Santo Amaro de Oeiras! – e 'XX Anos, XX Bandas', o álbum celebratório dos vinte anos de carreira dos Xutos e Pontapés, editado em 1999, e que conta com nomes como Rádio Macau, Da Weasel, Paulo Gonzo, Boss AC, Quinta do Bill, Ornatos Violeta, Bizarra Locomotiva, Cool Hipnoise, Lulu Blind ou o 'alter ego' dos Peste & Sida, Despe e Siga, além de alguns 'repetentes' do tributo a Zeca. Os Censurados participam, respectivamente, com os temas 'O Que Faz Falta' e 'Enquanto a Noite Cai', aqueles que viriam a ser os últimos temas gravados em estúdio pelo colectivo – sendo o segundo, inclusivamente, já póstumo, ainda que tenha dado azo a uma 'tourné' de reunião ao lado dos próprios Xutos, da qual resulta um lendário micro-concerto de apenas quinze minutos na edição de 1999 do Festival do Sudoeste, bem como um álbum ao vivo, gravado na Queima das Fitas de Coimbra no mesmo ano e lançado em 2002 – esse, sim, o último registo oficial do grupo.

Versão ao vivo da 'cover' dos Xutos incluída em 'XX Anos, XX Bandas', captada no último concerto oficial do grupo, na Queima das Fitas de Coimbra de 1999

A dissolução dos Censurados não significou, no entanto, o afastamento dos seus integrantes da música, ou sequer do movimento 'punk' – pelo contrário. João Ribas formaria, logo no ano seguinte, os não menos lendários Tara Perdida - cuja carreira soma e segue até hoje, tendo mesmo conseguido resistir ao falecimento do seu fundador e figura de proa - e os restantes integrantes também se manteriam activos na cena musical, embora de forma mais discreta. Mesmo que o fim dos Censurados tivesse equivalido ao fim das suas carreiras, no entanto, os quatro músicos poder-se-iam sempre orgulhar de terem sido banda de culto do movimento rock português de finais do século XX, e de, em apenas seis anos, terem construído um legado de fazer inveja a muitas bandas com várias décadas de carreira, validando a famosa máxima de Kurt Cobain de que 'é melhor acabar carbonizado do que desaparecer lentamente.'

A algo incongruente aparição do grupo na 'Hora do Lecas', em 1990.

 

28.03.23

NOTA: Este 'post' é correspondente a Segunda-feira, 27 de Março de 2023.

Em Segundas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das séries mais marcantes para os miúdos daquela década, sejam animadas ou de acção real.

Apesar de ser a fonte de muita da iconografia mais apelativa para o público mais jovem, como flores e passarinhos, a Primavera encontra-se, ainda assim, sub-representada no campo da animação; apesar de muitos desenhos animados adoptarem a estética de campos verdejantes e paisagens idílicas, apenas um número muito reduzido se dá ao trabalho de localizar a acção especificamente nesta estação. No entanto, os anos 80 e a primeira metade da década seguinte viram, talvez, o maior influxo de produtividade neste capítulo em particular, pelo que – numa altura em que se celebra a chegada da estação das flores – nada melhor do que recordar algumas das mais marcantes.

Artworks-000415678761-88mrib-t500x500.webp

E nada mais certo do que começar por aquela que foi uma das séries mais acarinhadas por uma dada geração de portugueses, que a chegou a ver três vezes no espaço de uma década, tendo a mesma ido ao ar originalmente em 1985, na RTP1, e repetido depois em 1988, novamente na '1', e 1994, no bloco 'Um-Dó-Li-Tá', na RTP2. Falamos de 'Fábulas da Floresta Verde', um daqueles 'animes' da fase clássica da indústria (é, originalmente, de 1973) cujo nome não deixa grande lugar a dúvidas quanto ao seu tema; mais curioso é perceber que a série tem como base uma série de contos escritos pelo mesmo autor das populares histórias de 'Pedro Coelho' (Peter Rabbit), que chegaram a inspirar dois filmes de acção real, já no Novo Milénio.

Com temática e estilo semelhantes aos também mega-populares 'Bana e Flapi', trata-se, no entanto, de uma série distinta, que segue as aventuras de duas marmotas, Rocky e Polly, no seu dia-a-dia na Floresta do título, com tudo o que isso implica – incluindo ataques por parte de predadores bastante realistas, como raposas, doninhas e, claro, seres humanos. Com um genérico memorável e uma atitude despretensiosa, é fácil de perceber o porquê de esta série ter sido grande favorita entre as crianças da época.

pp,840x830-pad,1000x1000,f8f8f8.u2.jpg

Outra série que focava especificamente a Primavera era 'As Ervilhinhas de Poddington', uma série britânica que seguia o então popular 'formato Estrumpfes' e o adaptava quase directamente a outro meio – neste caso, uma plantação de ervilhas, habitada por todos os habituais estereótipos, incluindo uma única personagem feminina (denominada Ervilha de Cheiro e que, claro, é loira, ao melhor estilo Estrumpfina.) Com apenas treze episódios, a série destacou-se, aquando da sua passagem por Portugal – em 1992, na RTP1 - sobretudo pelo contagiante genérico, sendo, de resto, apenas mais uma série infantil dentro da média da época em que foi criada.

O contagiante genérico da série

Por último, mas não menos merecedora de destaque, vem a série 'A Família Silvestre', transmitida pela RTP e baseada na linha de brinquedos do mesmo nome lançada pela Tomy em finais dos anos 80, e que, em Portugal, era distribuída pela inevitável Concentra. Curiosamente, o conceito do desenho animado pouco tinha a ver com a linha original, adoptando um formato mais próximo ao dos populares 'Ursinhos Carinhosos', em que a titular Família Silvestre e restantes habitantes da floresta mágica, que o ajudam a resolver o seu problema enquanto tentam derrotar os vilões de serviço. Pela sinopse, já deu para ver que se trata, apenas e tão-sómente, de 'mais uma' série destinada a promover uma linha de brinquedos, sem nada que a distinga de congéneres mais famosas como os referidos 'Ursinhos Carinhosos' ou ainda os Pequenos Póneis.

17844094_z8imo.jpeg

É pena, pois, que a estação que tantas crianças fascinou e inspirou ao longo das gerações não tenha ainda tido um representante condigno no mundo da animação; ainda assim, vale a pena recordar os poucos exemplos de séries da 'era de Ouro' que faziam uso da estação nas suas tramas, ou simplesmente no Mundo que criavam.

Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Arquivo

  1. 2024
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2023
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2022
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2021
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
Em destaque no SAPO Blogs
pub