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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

26.11.23

Aos Domingos, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos principais acontecimentos e personalidade do desporto da década.

Ao longo da História do futebol, tem havido um sem-número de jogadores tão sinónimos com certos clubes que é difícil acreditar que alguma vez tenham defendido outros emblemas. O futebol português dos anos 90 e 2000 não foi, de todo, excepção a esta regra, e poderá ser surpreendente para os mais distraídos constatar que Sá Pinto e Pedro Barbosa nem sempre foram do Sporting, Nuno Gomes e Mantorras não foram formados no Benfica, e Fernando Couto ou Maniche também não são oriundos das escolas do FC Porto. A estes nomes, há ainda que juntar um outro, sinónimo com o Porto da fase hegemónica, mas que iniciou a carreira ainda um pouco mais a Norte, noutro histórico do futebol português, e que completou esta semana cinquenta e três anos de idade.

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Com a camisola de que se tornou sinónimo.

Falamos de João Paulo Maio dos Santos, mais conhecido pelo diminutivo Paulinho, e que a maioria dos adeptos associa de imediato ao contingente de jogadores físicos e agressivos que compunha o plantel dos 'Dragões' durante grande parte da década de 90. O que muitos não saberão, no entanto, é que o homem que dava verdadeiro significado à expressão 'polivalente defensivo' iniciou a carreira com uma camisola listada, não de azul, mas sim de verde e branco, ao serviço do clube da sua terra-natal, o Rio Ave, em cujas escolas completara uma formação iniciada mais 'a sério' no Varzim, aos doze anos de idade.

Decorria a última temporada dos anos 80 (e, simultaneamente, primeira dos 90) quando o jovem Paulinho Santos, recém-graduado da equipa de juniores, era integrado no plantel principal dos vilacondenses, então nos escalões secundários do futebol português; apesar deste modesto início, no entanto, o talento do jovem não tardaria a vir à tona, e a utilização esporádica durante as primeiras duas épocas daria lugar à titularidade indiscutível na terceira, de 1991/92, onde ombrearia com vários nomes emprestados pelo seu futuro clube, como Cao, Tulipa e os também futuramente famosos Rui Jorge e Bino. Talvez tenha sido por intermédio destes que o talento de Paulinho Santos chegou aos ouvidos dos responsáveis portistas, mas seja qual tenha sido o modo de transmissão da mensagem, o resultado foi inevitável – no final da época, o médio-defensivo vilacondense rumava ao Estádio das Antas, para não mais o deixar até final da carreira.

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O plantel titular do Rio Ave da época 1991/92, última do jogador nos vilacondenses. Paulinho Santos está ao centro na fila de cima.

O resto da História é bem conhecido: esteio defensivo da Selecção Nacional da fase Geração de Ouro no Euro '96 (onde chegou a jogar a lateral-esquerdo!), peça fulcral da equipa do Porto penta-campeã nacional, eterno 'arqui-inimigo' de João Vieira Pinto, e espectador 'de cadeirinha' (ou antes, de 'banco') aos triunfos europeus dos Dragões, quando já há muito trocara a titularidade pelo estatuto de veterano e 'lenda viva' dentro do plantel. No total, foram onze épocas e mais de duzentos jogos ao serviço do Futebol Clube do Porto, durante os quais conquistou tudo o que havia para conquistar, e partilhou o terreno de jogo com uma verdadeira 'litania' de nomes sonantes, de Jorge Costa a Aloísio (com quem partilhou o estatuto de 'lenda' do clube), Fernando Couto, Drulovic, Zahovic, Jardel, Capucho, Nuno Valente, Paulo Ferreira, Ricardo Carvalho, Deco ou o actual treinador dos azuis e brancos, Sérgio Conceição.

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Com as Quinas, que defendeu no Euro '96 na posição de lateral-esquerdo.

O próprio Paulinho Santos viria, aliás, a enveredar ele próprio pela carreira de treinador, como aliás acontece com tantos ex-jogadores; sem surpresas, é na sua 'segunda casa' que Paulinho continua a exercer cargos técnicos, sobretudo como treinador-adjunto das camadas jovens e da equipa B, embora tenha chegado a ser adjunto da equipa principal durante um par de épocas em inícios da década de 2010.

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Como adjunto da equipa principal do Porto, em 2013.

Já dentro de campo, o seu legado continua, igualmente, a ser honrado pelo filho, conhecido pela mesma alcunha do pai e actualmente ao serviço da equipa que viu o mesmo despontar para o futebol – uma forma honrosa de 'completar o ciclo' para um jogador que, embora tenha vivido os seus melhores anos noutras partes, nunca esqueceu o clube junto ao qual nasceu e cresceu, e graças ao qual se viria a afirmar enquanto jogador sénior. Parabéns, Paulinho Santos!a

25.11.23

Os Sábados marcam o início do fim-de-semana, altura que muitas crianças aproveitam para sair e brincar na rua ou no parque. Nos anos 90, esta situação não era diferente, com o atrativo adicional de, naquela época, a miudagem disfrutar de muitos e bons complementos a estas brincadeiras. Em Sábados alternados, este blog vai recordar os mais memoráveis de entre os brinquedos, acessórios e jogos de exterior disponíveis naquela década.

Numa edição recente desta rubrica, falámos das competições físicas entre crianças e jovens, normalmente traduzidas em corridas, concursos de pinos, rodas ou cambalhotas, e outros 'malabarismos' vários; no entanto, nessa ocasião, ficou por abordar uma forma de confronto tão popular quanto todas essas, e muito mais próxima do verdadeiro significado da expressão 'medir forças' – o braço de ferro.

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Longe de ser do interesse exclusivo das crianças e jovens, este jogo não deixava, no entanto, de exercer considerável fascínio junto dos mesmos, não só por envolver provas de força e capacidade física – aspectos extremamente importantes para essa mesma demografia – mas também por as naturais diferenças de desenvolvimento, típicas do período formativo infanto-juvenil, adicionarem mais um elemento ao desafio; pior ficavam, como é óbvio, os menos fisicamente pujantes, que tendiam a sair derrotados pelos seus colegas mais fortes ou maduros. Ainda assim, nada que impedisse ou inibisse a sua participação na próxima ronda de confrontos – afinal, nada é impossível, e até o menos fisicamente dotado dos jovens podia sempre conseguir uma 'gracinha'...

Este fascínio pelo braço-de-ferro estava, igualmente, longe de ser exclusivo do território português, tendo o jogo mesmo chegado a servir de tema a um filme com Sylvester Stallone, onde era tratado como um desporto ou arte marcial legítima! E apesar de o interesse por este tipo de competição rapidamente ter esmorecido no panorama mediático, é de crer que o mesmo continue a reter algum atractivo para os jovens actuais; afinal, os conceitos em que se baseia (a competição, o confronto físico e a demonstração de superioridade em relação ao próximo) tendem a ser 'perenes' entre as faixas etárias mais novas. Adicione-se a isso o facto de o braço-de-ferro tão pouco necessitar de qualquer tipo de material (à excepção de uma qualquer superfície onde assentar os cotovelos durante a medição de forças) e estão reunidas as condições para o mesmo reter o seu estatuto como 'jogo rápido de recreio' durante ainda muitas gerações...

 

24.11.23

Um dos aspetos mais marcantes dos anos 90 foi o seu inconfundível sentido estético e de moda. Em sextas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das marcas e modas mais memoráveis entre os jovens da ‘nossa’ década.

Já aqui, em diversas ocasiões, falámos de peças de calçado relevantes ou cobiçadas pela juventude portuguesa de finais do século XX, dos ténis Airwalk, Converse ou Redley às socas de plataforma, passando pelas botas Texanas, da Timberland ou Doc Martens, No entanto, existe ainda uma lacuna nesse elenco de sapatos e sapatilhas, o qual pretendemos, nesta edição da Sexta com Style, rectificar: chegou a altura de falar das botas Panama Jack.

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Exemplo moderno do modelo clássico da marca.

Tão populares e desejadas, em inícios dos anos 90, como qualquer dos calçados acima mencionados, as botas em causa afirmaram-se como uma espécie de antecessoras das posteriores Timberland e CAT, apresentando o mesmo tipo de 'design', algures entre uma bota 'de passeio' e um modelo mais 'todo-o-terreno'. Fabricadas, até aos dias de hoje, exclusivamente em Espanha (concretamente, na região de Albacete) não foi de todo de espantar que um dos primeiros países a acolher e popularizar estas botas (poucos anos após o seu aparecimento, ainda em finais da década de 80) tenha sido, precisamente, o 'outro' país ibérico, onde surgiam normalmente combinadas com calças de ganga da Levi's e camisas aos quadrados, sendo sobretudo associadas aos sectores mais 'bem-comportados' da juventude da época – ou seja, os chamados 'betinhos'. Ainda assim, a posse de umas botas desta marca não deixava de ser um sinal de estatuto entre esse grupo, tanto quanto outras peças de calçado o eram para as demais 'tribos urbanas'.

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O tradicional símbolo bordado da marca.

Tendo em conta essa popularidade, não deixa de ser surpreendente que as botas Panama Jack tenham, praticamente, desaparecido do panorama juvenil português no espaço de apenas alguns anos, a ponto de, por alturas do final da década, terem já sido totalmente suplantados pelas supracitadas sucessoras. Apesar dessa perda de preponderância, no entanto, a marca subsiste até aos dias de hoje, agora com um público mais 'de nicho', mas com 'designs' e qualidade sensivelmente iguais aos de outrora, permitindo a quem queira 'reviver' a sua juventude, pelo menos parcialmente, voltar a adquirir um par das botas que fizeram a sua felicidade em tempos idos de há três décadas atrás...

23.11.23

Os anos 90 viram surgir nas bancas muitas e boas revistas, não só dirigidas ao público jovem como também generalistas, mas de interesse para o mesmo. Nesta rubrica, recordamos alguns dos títulos mais marcantes dentro desse espectro.

Em finais do século XX, a revista desportiva era já parte do panorama editorial de vários países de todo o Mundo, com publicações tão famosas e sonantes como a 'Sports Illustrated' norte-americana ou a 'France Football'; em Portugal, no entanto, o paradigma era um pouco diferente, com a imprensa desportiva (pelo menos a não-especializada) a ser dominada pelos três 'eternos' diários desportivos, que só em inícios do século XX deixariam espaço a revistas como a 'Futebolista'. Tal hegemonia não impediu, no entanto, que pelo menos uma publicação tentasse 'furar fileiras' e afirmar-se no espaço editorial desportivo português, tendo mesmo chegado a atingir um moderado grau de sucesso nesse desiderato.

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Exemplo dos dois tipos de grafismo da revista durante o seu tempo de vida (Crédito das fotos: OLX.)

Falamos da 'Mundial', uma revista que, apesar de se estender periodicamente a outros desportos, tinha como foco central (e perfeitamente natural) o futebol, que ocupou a maioria das capas da revista desde o seu lançamento, algures em meados dos anos 90, até ao seu desaparecimento das bancas, ainda antes do final do Novo Milénio. Infelizmente, não nos é possível precisar melhor o espectro temporal da publicação, dado esta ser – como a também noventista 'Basquetebol' – uma daqielas revistas das quais poucos vestígios restam para lá de uma série de anúncios da OLX e do ocasional 'post' nostálgico no Facebook – por outras palavras, uma Esquecida Pela Net.

Daquilo que as capas permitem averiguar, a 'Mundial' procurava ter cuidado em alternar o foco entre diversos clubes, bem como entre os principais jogadores de cada um deles, e até aos principais nomes internacionais da época – isto para além de uma marcada (e também bastante natural) vertente de apoio à Selecção Nacional, que vivia, à época, alguns dos seus melhores anos, com a Geração de Ouro a 'dar cartas'. De igual modo, a presença de artigos sobre outras modalidades e eventos - como o 'bodyboard', a Fórmula 1 ou até as Olimpíadas - vem da análise dessas mesmas capas, sendo praticamente impossível encontrar, hoje, dados sobre a editora, longevidade ou até número de páginas da revista – facto algo insólito, tendo em conta que outras publicações da mesma altura (1996-98, pelo menos) se encontram ainda bem documentadas na 'autoestrada da informação'! Ainda assim, é também possível observar uma mudança de grafismo na 'Mundial' entre 1996 e 98, presumivelmente para ajudar a dar um ar menos austero à revista, e mais condicente com o que o público jovem da época procurava de uma publicação deste tipo.

Tendo em conta o posterior sucesso da referida 'Futebolista' e outras publicações semelhantes, não deixa de ser bizarro que a 'Mundial' seja tão pouco lembrada entre os fãs de jornais e revistas de desporto nacionais. No entanto, uma das missões declaradas deste nosso blog é, precisamente, não deixar que tais artefactos de finais do século XX se percam para sempre, e, nesse aspecto, era nosso dever fazer a nossa parte para assegurar que esta 'Mundial' não era vetada ao esquecimento pela mesma geração que, em tempos, a comprou e leu religiosamente - uma missão que, esperamos, se venha a provar bem-sucedida.

22.11.23

Em Segundas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das séries mais marcantes para os miúdos daquela década, sejam animadas ou de acção real.

Uma das primeiras Sessões de Sexta do nosso blog teve como tema 'Parque Jurássico', a mega-produção de Steven Spielberg que se viria a tornar um dos mais bem-sucedidos, icónicos e memoráveis filmes dos anos 90, e a gerar um sem-número de items de 'merchandising' com o seu logotipo, dos habituais videojogos, peças de roupa e réplicas em borracha dos dinossauros do filme a porta-chaves, bolsinhas para documentos, e até uma adaptação oficial em banda desenhada. Logicamente, é sobre esta última, editada em Portugal no mesmo ano em que o filme chegava aos cinemas - 1993 - que nos debruçaremos neste post.

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Capas de três dos quatro volumes da mini-série. (Crédito da foto: Trade Stories)

Tendo em conta o considerável sucesso e legado do filme em que se baseia, é nada menos do que surpreendente constatar que a BD de 'Parque Jurássico' está praticamente Esquecido Pela Net. De facto, àparte a listagem oficial no site Bazar0 e um único anúncio de edições para venda (de onde retirámos as imagens para este post) é praticamente nula a informação relativa à edição portuguesa desta mini-série, lançada no nosso País em quatro volumes pela inexpressiva Alfama Editores.

Talvez resida, precisamente, aí a razão do 'falhanço' desta BD – a falta de uma infra-estrutura ao nível de uma Abril/Controljornal (já para não falar nas editoras de BD franco-belga ou álbuns de tirinhas norte-americanas) terá impedido a referida publicação de ser 'escarrapachada debaixo do nariz' do público-alvo, que – ao contrário do que acontecia com as revistas da Disney, Marvel, DC ou mesmo da Turma da Mônica – dificilmente terá sabido da sua existência. O autor deste blog, por exemplo, enquanto fã do filme, não teria decerto perdido a oportunidade de adquirir os quatro volumes, caso tivesse tido sequer ideia da existência dos mesmos, o que nunca chegou a acontecer.

Assim, trinta anos após a sua edição original, tudo o que resta da edição portuguesa de 'Parque Jurássico' em BD são as quatro capas, uma única página, e a contracapa, que anunciava o jogo do filme para SEGA Mega Drive (e se 'esquecia' de retirar do mesmo a pontuação espanhola). É, pois, necessária uma pesquisa pela edição original norte-americana, lançada pela Topps, para ter ideia de quem escreveu e desenhou os volumes, que contaram com a participação de nomes sonantes da BD norte-americana da época, como os desenhistas Gil Kane, George Perez e Art Adams ou os argumentistas Walter Simonson (marido de Louise, que escrevia, na mesma época, para o 'Super-Homem') ou David Koepp.

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Exemplos da arte dos volumes e do anúncio da contracapa, alusivo ao jogo para Mega Drive. (Crédito das fotos: Trade Stories)

Em suma, um lançamento, à época, extremamente relevante, 'fadado' ao sucesso e que teria, sem dúvida, agradado à 'legião' de fãs do filme, não fossem os problemas de divulgação e distribuição que, presumivelmente, o terão mantido restrita a um número muito reduzido de quiosques, tabacarias e papelarias, e impedido que se tornasse o 'marco' da BD portuguesa noventista que poderia ter sido, dado o sucesso do material de base. Em vez disso, a adaptação 'aos quadradinhos' de 'Parque Jurássico' perfila-se, hoje, sobretudo como prova cabal da importância e influência qde boa infra-estrutura editorial no 'destino' de qualquer publicação, sobretudo naqueles anos pré-Internet, em que a tiragem era 'rainha', e em que uma oportunidade aparentemente imperdível podia claudicar apenas e só por falta de divulgação, como parece ter sido o caso com esta mini-série.

21.11.23

A década de 90 viu surgirem e popularizarem-se algumas das mais mirabolantes inovações tecnológicas da segunda metade do século XX, muitas das quais foram aplicadas a jogos e brinquedos. Às terças, o Portugal Anos 90 recorda algumas das mais memoráveis a aterrar em terras lusitanas.

Uma das primeiras edições desta rubrica foi dedicada ao Game Boy, a mítica consola portátil da Nintendo que ombreia com as 'rainhas' Mega Drive e PlayStation no panteão dos sistemas de jogos mais emblemáticos do Portugal dos 'noventas'. Sucesso de vendas por toda a Europa logo a partir do seu lançamento em 1989 – muito por conta de títulos como 'Tetris', 'Super Mario Land' ou 'Nintendo World Cup' – a 'pequena mas poderosa' máquina da Nintendo conseguiu a façanha de reter os níveis de interesse do seu público-alvo durante quase uma década inteira (gozando, mesmo, de uma 'renascença' com o lançamento dos primeiros títulos da franquia 'Pokémon') tendo mesmo justificado o lançamento de uma edição especial com modelos multicoloridos (a emblemática 'Play It Loud', lançada em 1996) e de um modelo de 'segunda geração', (ainda) mais compacto e portátil, o adequadamente denominado Game Boy Pocket. De facto, a popularidade da portátil da Nintendo era tal que o único sistema capaz de a 'destronar' foi nada menos do que o seu sucessor directo, sobre cuja chegada à Europa se celebram esta semana exactos vinte e cinco anos.

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Um dos mais populares modelos da consola, o translúcido.

Surgido nas prateleiras de hipermercados, supermercados e lojas de brinquedos europeias a 23 de Novembro de 1998 (cerca de um mês após o lançamento no Japão, cinco dias dias depois do norte-americano, quatro dias antes do australiano, e mesmo a tempo de ser 'estrela' dos catálogos de Natal desse ano, e de encabeçar as listas de muitas crianças), o Game Boy Color apresentava o seu principal 'argumento' tecnológico logo no nome: após cerca de uma década de gráficos 'verdes e amarelos', o novo sistema surgia munido de um ecrã a cores, que abria toda uma nova gama de possibilidades, tanto para os utilizadores como para os próprios criadores; e ainda que este não fosse, exactamente, um avanço técnico revolucionário (tanto a Game Gear quanto a 'esquecida' Atari Lynx apresentavam gráficos muito mais detalhados cinco anos antes do Game Boy Color) o facto de as principais alternativas à consola da Nintendo serem as clássicas 'máquinas de Tetris' ou os LCD de jogabilidade simplista e limitada fazia com que parecesse ser esse o caso, entusiasmando toda a geração que passara a sua infância a jogar os seus títulos favoritos em diferentes tons de 'escuro'.

O outro grande atractivo da nova consola – esse, sim, revolucionário – era a característica que ficaria conhecida como 'retro-compatibilidade', isto é, a capacidade de jogar, no novo sistema, os jogos do anterior, com um novo e apelativo esquema de cores aplicado aos gráficos anteriormente monocromáticos – uma medida que, hoje, é quase esperada com o lançamento de cada nova 'geração' de consolas, mas que, à época, era absolutamente inédito, e ajudou sobremaneira a aumentar o interesse em torno da nova proposta da Nintendo. Junte-se a isso o 'design' compacto, na linha do Game Boy Color, e as cores vivas em que era disponibilizado (incluindo o sempre popular, embora frágil, modelo em plástico translúcido) e o resultado só podia saldar-se em mais um sucesso de vendas para a Nintendo.

De facto, apesar da curta vida útil (passariam apenas cerca de cinco anos até dar lugar ao sucessor de 'nova geração', Game Boy Advance) o Game Boy Color gozaria de significativa popularidade entre os jovens portugueses e não só, muito graças a títulos como 'Wario Land III', 'Super Mario Bros Deluxe' e, claro, a segunda geração de jogos de 'Pokémon', com 'Gold', 'Silver' e 'Crystal', além do insólito mas icónico 'Pokémon Pinball'.

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'Pokémon Crystal', o mais bem-sucedido jogo lançado para a consola.

Pior ficaria quem ainda tinha apenas um Game Boy clássico, a 'preto e branco', já que cada vez mais títulos passariam a trazer na capa e caixa o icónico aviso 'Only for Game Boy Color', estando os respectivos cartuchos, inclusivamente, munidos de um sistema que impedia o seu uso na consola original; ainda assim, quem se encontrava nessa situação podia, ainda, desfrutar de cerca de um terço dos novos lançamentos, que incluíam jogos como 'FIFA 2000', 'Grande Theft Auto', 'Legend of Zelda: Link's Awakening DX' ou as quartas partes de 'Bust-A-Move' ou 'Mortal Kombat', sendo os mesmos disponibilizados em cartuchos pretos que eram quase tão icónicos quanto os translúcidos dos originais para Game Boy Color.

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Os cartuchos pretos indicavam jogos compatíveis tanto com o Game Boy Color como com o modelo clássico.

Em suma, apesar de efémero no panorama global da História dos videojogos, o Game Boy Color almejou deixar uma marca quase tão indelével no mesmo como quer o seu antecessor, quer o seu sucessor, tendo contribuído para fazer da 'marca' Game Boy a mais vendida de sempre no mercado portátil durante várias décadas; e ainda que o 'trio maravilha' já não goze desse título, não deixa de ser imperioso celebrar aquela que foi uma das mais marcantes consolas para a juventude de finais dos anos 90 e inícios de 2000, e que, vinte e cinco anos após a sua chegada à Europa, continua a ser quase tão lembrada quanto o modelo original. Parabéns, Game Boy Color!

20.11.23

NOTA: Por motivos de relevância temporal, esta Segunda será novamente de Sucessos. Voltamos às Séries na próxima semana.

Qualquer jovem é, inevitavelmente, influenciado pela música que ouve – e nos anos 90, havia muito por onde escolher. Em segundas alternadas, exploramos aqui alguns dos muitos artistas e géneros que faziam sucesso entre as crianças daquela época.

Apesar de ser, hoje em dia, um dos conceitos mais 'batidos' e reutilizados do panorama televisivo mundial – a ponto de muita gente o considerar já cansado e com pouco interesse – o concurso de talentos musicais era, ainda, um género totalmente novo e 'fresco' na televisão portuguesa em meados dos anos 90. Sim, havia o Sequim D'Ouro e o inevitável Festival da Canção, mas ambos eram espectáculos de índole mais tradicional, (ainda) sem o 'glamour' e entusiasmo que mais tarde marcaria o formato.

Assim, não é de admirar que o 'Chuva de Estrelas', um dos programas-âncora da nova, independente e 'rebelde' SIC, tivesse almejado o mega-sucesso de audiências aquando da sua estreia, há cerca de trinta anos. O conceito de jovens cantores em competição directa uns com os outros, e a fazer as suas próprias rendições de temas mundialmente famosos, não tardou a atrair a atenção de grande parte da audiência, que passou a seguir com atenção as eliminatórias e, por consequência, assistiu em primeira mão ao dealbar e ascensão de uma talentosa adolescente, que em 1994, com dezasseis anos recém-completos, se sagraria vencedora da primeira temporada do concurso, com a sua versão de “One Moment In Time” e, meses depois, repetiria o feito em pleno Festival da Canção, terminando por levar o tema “Chamar a Música” a uma das melhores classificações de sempre para Portugal no Festival da Eurovisão, ao atingir o oitavo lugar. Chamava-se Sara Alexandra Lima Tavares, e acaba de falecer, com apenas quarenta e cinco anos, deixando um considerável vazio no panorama da música 'étnica' e 'world music' portuguesas.

Sara interpretaria o mesmo tema, que a tornou famosa nos dois Festivais da Canção em que participou, ambos em 1994, quando a cantora tinha apenas dezasseis anos.

De ascendência cabo-verdiana, Sara não teve um início de vida propriamente fácil, tendo sido deixada a cargo de uma pessoa de confiança quando a mãe, recém-divorciada, se mudava com os restantes filhos para o Sul de Portugal. As dificuldades não impediram, no entanto, que Sara demonstrasse desde cedo talento para a música, o qual cultivaria desde essa tenra idade, permitindo-lhe estar em posição para concretizar o seu triplo feito enquanto ainda aluna do ensino secundário. No entanto, apesar do sucesso que tal façanha lhe rendeu, e de a mesma a ter posto nas 'bocas do Mundo' naquele ano de 1994, passariam ainda dois anos até que Sara editasse o seu primeiro registo oficial, um EP gravado em colaboração com o grupo Shout. No mesmo ano, daria voz à música cantada pela cigana Esmeralda em 'O Corcunda de Notre Dame', o então mais recente êxito da Walt Disney, numa versão que seria considerada pela própria 'casa do Rato Mickey' como a melhor adaptação internacional da música em causa.

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O registo de estreia da cantora, gravado com o grupo vocal Shout.

Os anos seguintes veriam Sara Tavares continuar a 'somar e seguir' na carreira, com participações no espectáculo musical de tributo a George Gershwin na Expo '98, colaborações com o popular grupo pop-rock Ala dos Namorados e, finalmente, a edição do seu primeiro álbum de longa-duração, 'Mi Ma Bô', editado no último ano do século XX e cujo título, em crioulo cabo-verdiano, remetia às suas raízes. Apesar do sucesso do mesmo, no entanto, o nome da cantora continuaria, em inícios do Terceiro Milénio, a surgir sobretudo ligado à gravação de músicas individuais para discos de tributo ou colaborações com outros músicos, vindo o segundo registo, 'Balancé', a sair apenas em 2005, mais de uma década após o 'momento' mediático da cantora. Mesmo assim, o interesse pela música de Sara continuava a existir, como o provam as vendas de Ouro do disco, e a selecção de uma das suas músicas para uma campanha do Millennium BCP.

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Os dois primeiros álbuns da cantora, de 1999 e 2005, respectivamente...

Mais quatro anos se passariam, no entanto, até Sara voltar a editar um disco. 'Xinti', lançado dez anos depois da estreia com 'Mi Ma Bô', surgia já depois de a cantora ter lançado o primeiro DVD, 'Alive in Lisboa' e viria a suscitar mais um sem-número de colaborações, com artistas tão díspares como Nelly Furtado e Buraka Som Sistema. Assim, até ao advento do disco seguinte, 'Fitxadu', passar-se-iam nada menos do que oito anos, em que o nome Sara Tavares se manteria relevante sobretudo no contexto da participação em faixas de outros artistas.

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...e os dois últimos, lançados em 2009 e 2013.

Sem que ninguém soubesse, no entanto, esse viria mesmo a ficar para a História como o último registo da cantora, que viria a falecer seis anos depois (a 19 de Novembro último, um dia depois da publicação original deste post e poucos meses depois da morte da 'musa' Tina Turner, cuja música a lançara) em consequência de um tumor cerebral diagnosticado uma década antes, em 2013. Uma perda trágica, não só por Sara fazer parte da geração que marcou, e que frequenta este nosso blog, mas também pelo talento que a cantora demonstrou ao longo de uma carreira que, apesar de apenas fugazmente mediática, ficou pautada pelas inúmeras e sonantes colaborações, e por vários registos de qualidade uniformemente alta, que marcaram a 'world music' em Portugal. Que descanse em paz.

19.11.23

Ser criança é gostar de se divertir, e por isso, em Domingos alternados, o Anos 90 relembra algumas das diversões que não cabem em qualquer outra rubrica deste blog.

Apesar de a aprendizagem ser algo a que a maioria das crianças é aversa, qualquer educador sabe que, se a mesma for apresentada de modo leve e lúdico, há grandes probabilidades de ser bem aceite. Nos anos 90, uma série de fabricantes de produtos dirigidos ao mercado infanto-juvenil chegaram, eles próprios, a essa conclusão, e o resultado foi uma série de 'kits' lúdico-didácticos de alta qualidade, e que cativaram sem qualquer problema o sector da demografia-alvo com maior inclinação para 'aprender a brincar'.

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Exemplo moderno de um dos 'kits' em causa

Englobando uma vasta gama de áreas e campos, desde o fabrico de barras de sabão artesanais à geologia, paleontologia (com réplicas em miniatura de fósseis verdadeiros) ou astronomia (com uma versão mais avançada e cientificamente correcta dos populares 'projectores de estrelas' que pululam em lojas de electrónica baratas, dos chineses ou dos 'trezentos'), estes 'kits' propunham mais do que apenas um arremedo das profissões e especialidades que procuravam simular, adoptando uma abordagem verdadeiramente didáctica. A caixa de paleontologia, por exemplo, permitia à criança mais do que apenas 'brincar aos exploradores', fornecendo-lhe réplicas dos verdadeiros instrumentos dos paleontólogos, e instruções sobre como os usar; de igual modo, o 'kit' de sabão permitia fazer barras perfeitamente utilizáveis, e o de geologia incluía amostras sedimentais das várias pedras sobre as quais se focava. Esta fidelidade aos conceitos e conhecimentos científicos apenas ajudava a dar ainda mais apelo a estas caixas, tornando-as praticamente irresistíveis para qualquer jovem com interesse activo no assunto ou área que abordavam.

Ao contrário do que sucede com muitos dos outros produtos apresetados nestas páginas, estes 'kits' encontram-se, ainda, em fabrico, ainda que em moldes ligeiramente diferentes dos de então; no entanto, ao contrário do que sucedia em finais do século passado, tudo aquilo que propõem, permitem ou oferecem (com a óbvia excepção da componente física e táctil) encontra-se hoje disponível com apenas um par de cliques numa qualquer 'app' para telemóvel, tornando estas caixas algo obsoletas, e de pouco interesse para a Geração Z; para os seus antecessores, no entanto, dificilmente terá havido melhor maneira de aprender sobre estrelas, dinossauros, rochas, ou qualquer outro dos muitos campos sobre os quais estes mais do que valorosos produtos versavam.

19.11.23

NOTA: Este post é respeitante a Sábado, 18 de Novembro de 2023.

As saídas de fim-de-semana eram um dos aspetos mais excitantes da vida de uma criança nos anos 90, que via aparecerem com alguma regularidade novos e excitantes locais para visitar. Em Sábados alternados (e, ocasionalmente, consecutivos), o Portugal Anos 90 recorda alguns dos melhores e mais marcantes de entre esses locais e momentos.

Apesar de frequentemente visitados pelas crianças e jovens da época – fosse com a escola ou como Saída de Sábado com a família – os museus dos anos 90 não eram, regra geral, espaços especialmente atractivos para essa demografia. Enquanto que, hoje em dia, tudo tende a ter um cariz mais interactivo, em finais do século XX, este tipo de local caracterizava-se, ainda, por uma certa estaticidade, que – caso a área abordada não fosse de interesse directo para o visitante – os tornava, por vezes, algo aborrecidos. A década em causa viu também, no entanto, serem inaugurados pelo menos dois espaços museológicos directa e explicitamente dirigidos ao público menor de idade. De um deles, falaremos aquando do trigésimo aniversário da sua abertura; ao outro, dedicaremos algumas linhas nos parágrafos que se seguem.

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A segunda casa do Museu, no antigo quartel de bombeiros de Sintra.

Trata-se do Museu do Brinquedo, espaço inaugurado ainda em finais da década de 80, na localidade de Sintra, perto de Lisboa, e que, pela temática abordada, imediatamente captou a atenção das crianças e jovens da época. Isto porque, apesar de se tratar de um museu de moldes bastante típicos, a oportunidade de ver brinquedos de várias épocas (incluindo a então actual) era uma posta bastante mais atractiva para o público-alvo do espaço do que a oferecida pelo comum dos museus então existentes, o que aumentava o desejo de visitar o espaço. Uma vez no local, a proposta de valor ganhava, ainda, novos contornos, dado que o museu dispunha de uma sala lúdica, mais tarde transformada em espaço de exposições temporárias ou itinerantes, mas que, na altura, permitia aos mais novos passarem alguns minutos divertidos a 'descomprimir' após a visita (guiada ou não) ao acervo de brinquedos cultivado durante mais de seis décadas por um único coleccionador, João Arbués Moreira, cuja família era responsável pelo museu.

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Aspecto do interior do museu.

Esta combinação de atractividade com importância e relevância histórica ajudou a fazer do espaço em causa parte importante da 'malha' de museus da Grande Lisboa, tendo-lhe valido a entrada na rede nacional de museus, em 2004, e o estatuto de Superior Interesse Nacional, quatro anos depois, além de uma nova 'casa', no antigo quartel de bombeiros de Sintra. Tudo fazia prever mais várias décadas de deleite das novas gerações, mas a História ditaria um destino algo diferente para o Museu do Brinquedo, que – apenas seis anos após almejar o supramencionado estatuto – viria a encerrar portas em 2014, deixando uma lacuna no panorama museológico português que apenas o Museu do Brinquedo Português, fundado em 2012 em Ponte de Lima, procurou desde então colmatar.

Isto porque, embora a Geração Z pouco interesse tenha nos brinquedos clássicos de gerações passadas, a documentação e exibição dos mesmos não deixa de ser crucial, para evitar que os mesmos se percam no tempo, como vem acontecendo com tantos outros aspectos da cultura popular do século XX. Neste aspecto, a existência de um espaço como o Museu do Brinquedo afigurava-se crucial, sendo de esperar que, algures num futuro próximo, venha a surgir outra instalação semelhante que possa continuar a 'missão' iniciada pelos Arbués Moreira em 1989 e continuada pela autarquia de Ponte de Lima, e captar o interesse das novas gerações da mesma forma que sucedeu e vem sucedendo com aqueles dois espaços.

17.11.23

Os anos 90 estiveram entre as melhores décadas no que toca à produção de filmes de interesse para crianças e jovens. Às sextas, recordamos aqui alguns dos mais marcantes.

Um dos géneros cinematográficos e televisivos mais frequentemente associados com os anos 90 é o do humor escatológico e politicamente incorrecto. Se, nos anos 80, Hollywood se tinha tornado obcecada com as experiências recreativas e sensuais de personagens adolescentes, na década seguinte, foram as funções corporais que mais foco tiveram nas suas produções, algumas das quais herdavam moldes oitentistas e os actualizavam com ainda mais piadas, literalmente, porcas (como 'American Pie – A Primeira Vez') enquanto que outros aplicavam essa fórmula a géneros, à primeira vista, incompatíveis com o mesmo, como as comédias românticas.

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O filme desta Sexta como parte da colecção de VHS da TV Guia, já no século XXI.

Talvez o mais famoso e bem-conseguido exemplo desta última categoria estreava em Portugal há quase exactos vinte e cinco anos (no penúltimo dia de Outubro de 1998) e viria a afirmar-se como um sucesso não só durante a sua exibição original como também em décadas subsequentes, nas quais continuou em alta rotação no mercado de vídeo e DVD, bem como na televisão, e reteve a sua relevância no contexto de conversas sobre cinema. Falamos de 'Doidos Por Mary', o filme mais conhecido por incluir uma cena em que, durante um jantar romântico, a personagem principal aplica o que pensa ser gel no cabelo, passando as cenas seguintes com um penteado tão estranho como icónico.

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A cena que imortalizou e catapultou a película dos irmãos Farrelly.

Há, no entanto, mais atractivos do que apenas uma piada bem conseguida no filme dos irmãos Farrelly, eles próprios mestres do estilo escatológico, ou 'gross-out'. Isto porque, em meio a todas as piadas sobre fluidos usados de forma mais do que indevida, o filme traz uma mensagem até algo feminista, em que os personagens mais abertamente misóginos ou machistas (ou mesmo apenas falsos) são prontamente desmascarados, e sofrem as consequências pelas suas acções, sendo o personagem mais genuíno e honesto, ainda que menos atraente ou atractivo (o Ted de Ben Stiller), o escolhido pela titular Mary, um dos papéis mais icónicos da lindíssima Cameron Diaz, uma beldade sem medo de gozar consigo própria, como bem o comprova a cena acima descrita.

É, precisamente, esse balanço entre piadas hilariantemente absurdas (nem todas escatológicas – também há aqui alguns óptimos diálogos) e uma vertente mais honestamente sentimental que ajuda a tornar 'Doidos Por Mary' um clássico num campo sobrepovoado, mas em que a maioria dos filmes têm dificuldade em gerir esta dicotomia; como tal, e ainda que nem tudo tenha 'envelhecido' bem no filme dos Farrelly, o mesmo continua a ser uma excelente escolha para ver com os amigos ou familiares, acompanhado de bebidas e aperitivos, ou mesmo como Sessão de Sexta em conjunto com um parceiro com tanto sentido de humor quanto a personagem feminina – pela qual é bem possível que fiquem, também eles, 'Doidos'...

 

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