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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

29.06.25

NOTA: Este 'post' é parcialmente respeitante a Sexta-feira, 27 e Sábado, 28 de Junho de 2025.

Um dos aspetos mais marcantes dos anos 90 foi o seu inconfundível sentido estético e de moda. Em sextas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das marcas e modas mais memoráveis entre os jovens da ‘nossa’ década.

As saídas de fim-de-semana eram um dos aspetos mais excitantes da vida de uma criança nos anos 90, que via aparecerem com alguma regularidade novos e excitantes locais para visitar. Em Sábados alternados (e, ocasionalmente, consecutivos), o Portugal Anos 90 recorda alguns dos melhores e mais marcantes de entre esses locais e momentos.

Aos Domingos, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos principais acontecimentos e personalidade do desporto da década.

Em tempos, falámos nesta mesma rubrica das diversas cadeias de 'fast fashion' que, desde o advento dos 'shoppings' em finais dos anos 90, têm vindo progressivamente a substituir as lojas de roupa e boutiques tradicionais. Nessa ocasião, fizemos menção passageira às duas cadeias que, nessa mesma altura, surgiram para fazer frente às lojas de desporto de bairro, acabando por se tornar a nova referência para a compra de roupa e artigos de desporto. Nada melhor, pois, do que dedicarmos este 'post' triplo a uma análise mais alargada desses estabelecimentos, ambos ainda hoje em actividade, embora apenas um ainda em território português.

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E comecemos, precisamente, por esse, estabelecido em 1997 e durante as décadas seguintes parte do gigantesco Grupo Sonae, do qual servia como 'ramo' desportivo. Falamos, claro está, da icónica Sport Zone, a grande superfície dedicada ao desporto que, durante as duas primeiras décadas do século XXI, teve o quase monopólio deste sector comercial no mercado nacional, graças à sua boa relação preço-qualidade, grande variedade de artigos à escolha (e para todos os orçamentos) e algum cuidado no 'design' das peças das suas marcas próprias - a Berg, mais dedicada à caminhada e montanhismo, e a Deeply, mais voltada para o 'surf', bodyboard e outros desportos aquáticos.

Este conjunto de características fazia com que uma visita a uma qualquer Sport Zone (e continua, até hoje, a haver uma em praticamente todas as grandes superfícies ou zonas comerciais de destaque em Portugal) fosse quase garantia de se encontrar fosse o que fosse que se procurava, e a um preço muito competitivo em relação às lojas de bairro, cujo teor independente obrigava à cobrança de valores mais altos por cada artigo. Não é, pois, de admirar que, naqueles primeiros anos do Novo Milénio, a maioria dos portugueses acorresse a uma das lojas da cadeia de Belmiro de Azevedo para colmatar as suas necessidades em termos de material desportivo.

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Este monopólio da consciência popular nacional não correspondia, no entanto, a um monopólio comercial, já que uma outra cadeia, de cariz internacional, fazia, no mesmo período, frente à Sport Zone, almejando uma presença e variedade tão grande ou maior do que esta. Tratava-se da suíça Intersport, que, a acrescer a todos os benefícios da Sport Zone, tinha ainda a vantagem de três décadas de experiência adicional, e de uma ligação a diversos eventos desportivos de monta, com destaque para os Jogos Olímpicos, dos quais era a fornecedora oficial. Assim, era também com naturalidade que os portugueses recorriam a esta cadeia como alternativa à nacional Sport Zone, tendo a Intersport gozado, mesmo, de vários anos de monopólio, no período anterior à criação da marca da Sonae.

Tendo isto em conta, foi com alguma surpresa que os portugueses assistiram à retirada da Intersport do mercado português, algures nas últimas duas décadas, cedendo definitivamente à Sport Zone a parcela maior do sector de artigos desportivos a nível nacional – um desaparecimento que se torna ainda mais surpreendente ao perceber que, em outros países do estrangeiro, a marca continua forte, e a afirmar-se como uma referência no seu sector. Em Portugal, no entanto, essa distinção pertence, hoje, à Decathlon, a 'sucessora' da Intersport na concorrência à Sport Zone, e que almejou ser mais bem sucedida do que qualquer delas, sendo hoje o principal destino dos desportistas e caminhantes amadores nacionais. A 'decana' das grandes superfícies desportivas continua, no entanto, a ter, ela mesma, um grau considerável de sucesso, assegurando que, tal como sucedia há três décadas, os aficionados de desporto portugueses continuam a ter escolha no tocante a artigos e roupas para a prática da sua actividade favorita.

 

26.06.25

NOTA: Este 'post' é parcialmente respeitante a Quarta-feira, 25 de Junho de 2025.

Em quartas-feiras alternadas, falamos sobre tudo aquilo que não cabe em nenhum outro dia ou categoria do blog.

Trazer milhões de ‘quinquilharias’ nos bolsos, no estojo ou na pasta faz parte da experiência de ser criança. Às quintas, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos brindes e ‘porcarias’ preferidos da juventude daquela época.

Eram prática corrente sempre que era preciso auto-financiar uma viagem de finalistas ou visita de estudo, ou sempre que a escola, clube desportivo ou paróquia queria adicionar um incentivo extra para comparecer na sua festa de Natal ou em qualquer outro evento dessa índole. Ensinavam às crianças e jovens auto-confiança, ousadia, gestão de risco e o valor do trabalho, mas também a 'lei do menor esforço' e a arte de 'se safar', à boa maneira portuguesa. Eram, para uns, um frete e, para outros, um divertido desafio. E, como tantas outras coisas de que falamos nesta e noutras rubricas, caíram em desuso na era digital, a ponto de se encontrarem quase ausentes da sociedade actual - pelo menos da mais urbanizada – preteridas em favor dos mais simples e económicos sorteios digitais, por 'email', 'app' ou nas redes sociais. Falamos das rifas, aqueles pedacinhos de papel arrancados de um bloco, à maneira dos cheques ou bilhetes da altura, e que podiam deter em si o acesso a um prémio (mais ou menos) apelativo, ligado ao evento em causa e, mais que provavelmente, custeado pela própria organização.

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O desafio era sempre o mesmo: ser o primeiro a vender todas as rifas do seu bloco ou, pelo menos, conseguir vender mais do que os colegas. Em teoria, o cumprimento de tal objectivo passaria pela abordagem de estranhos que parecessem dispostos a investir no evento infanto-juvenil associado ao sorteio; para a grande maioria dos alunos portugueses da época, no entanto, tratava-se apenas de convencer os familiares (e, quiçá, um ou outro amigo mais próximo) a darem 'uma ajuda', já que poucos eram os que verdadeiramente tinham coragem de 'jogar' da forma correcta, ou seja, de falar a estranhos em plena rua ou mesmo nas lojas ou cafés do bairro. Fosse qual fosse a forma de chegar ao objectivo, no entanto, o que contava era mesmo a angariação de fundos, essencial para qualquer que fosse o objectivo da organização do sorteio propriamente dito, e que nunca deixava de ser substancial.

Conforme já referimos, no entanto, as rifas 'físicas' caíram um pouco em desuso com o avançar da era digital, tendo as Gerações Z e Alfa, presumivelmente, encontrado outra forma de ganhar carácter e auto-confiança. Para quem alguma vez levou para casa um 'caderninho' de rifas para o sorteio da escola, no entanto, aqueles 'bilhetinhos mágicos' ficarão, ainda e sempre, associados a tempos mais simples, em que tentar convencer o pai ou a mãe a contribuir para a causa em questão era a maior das suas preocupações nessa semana...

25.06.25

NOTA: Este 'post' é respeitante a Terça-feira, 24 de Junho de 2025.

Porque nem só de séries se fazia o quotidiano televisivo das crianças portuguesas nos anos 90, em terças alternadas, este blog dá destaque a alguns dos outros programas que fizeram história durante aquela década.

De entre todos os 'veteranos' da televisão portuguesa de finais do século XX, um, em particular, destacava-se pela sua capacidade de comunicar com as crianças e jovens ao seu nível, sem paternalismos, bem como de criar formatos televisivos apelativos para essa mesma demografia, que ele próprio se encarregava de apresentar. Falamos, claro, de Júlio Isidro, o já então 'decano' dos pequenos ecrãs (levava, à época, quase três décadas de actividade) responsável por clássicos infanto-juvenis em décadas anteriores (de 'O Passeio dos Alegres' a 'Clube Amigos Disney') e que, à entrada para os últimos dez anos do Segundo Milénio, procurava manter esse estatuto com mais um formato com tudo para agradar ao seu público-alvo. É desse programa, sobre cuja se celebram na próxima semana trinta e cinco anos, que falamos nas linhas abaixo.

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Na linha de propostas semelhantes da mesma época, mas mais ambicioso do que estas, 'Oito e Oitenta' propunha um conceito mais baseado na perícia, destreza e habilidade do que nas capacidades mentais ou conhecimentos, destacando-se assim, desde logo, da concorrência. As equipas participantes eram formadas por alunos de dois estabelecimentos de ensino distintos e sem qualquer relação entre si, que se 'degladiavam' em confronto directo pela oportunidade de ganhar os habituais prémios patrocinados, neste caso pela Coca-Cola. Por entre provas, havia também lugar aos quase obrigatórios momentos musicais, protagonizados pelos artistas mais 'na berra' (os GNR, por exemplo, partilharam nas redes sociais um vídeo da sua actuação no programa).

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Uma fórmula, portanto, que tinha tudo para agradar à demografia a que apontava, mas que, infelizmente, acabou por não ir além dos treze episódios (o equivalente a uma 'temporada', em termos televisivos) nem tendo chegado a terminar o ano no ar – um desempenho desapontante, numa época em que os concursos ficavam no ar durante períodos bastante mais prolongados, e que terá deixado o veterano Isidro a ponderar o que havia corrido mal; felizmente, a carreira do apresentador não viria a sofrer em consequência desta aposta menos ganha, continuando o mesmo a entreter os espectadores portugueses até aos dias de hoje. Já 'Oito e Oitenta' permanece 'eternizado' nos Arquivos RTP, pronto a ser 'redescoberto' por quem na altura o via - ou quem não sabia da existência, mas ficou interessado após ler as linhas acima...

24.06.25

NOTA: Este 'post' é respeitante a Segunda-Feira, 23 de Junho de 2025.

Qualquer jovem é, inevitavelmente, influenciado pela música que ouve – e nos anos 90, havia muito por onde escolher. Em segundas alternadas, exploramos aqui alguns dos muitos artistas e géneros que faziam sucesso entre as crianças daquela época.

Já aqui, anteriormente, falámos dos Excesso e D'Arrasar, duas das principais 'boy bands' portuguesas; no entanto, aquando desse 'post', deixámos de fora outros dois grandes nomes da música popular vocal da altura – os Millennium (a terceira grande 'boy band' nacional) e a dupla constituída pelos irmãos Rosado (Nélson e Sérgio) sob a denominação Anjos. Numa altura em que estes últimos voltam a estar na ribalta, devido a um processo jurídico movido contra a humorista Joana Marques, nada melhor do que dedicar algumas linhas àquela que continua a ser uma das grandes referências do seu nicho no nosso País.

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Nascidos na Margem Sul do Tejo mas com raízes alentejanas, os irmãos Rosado desde cedo principiaram a seguir o seu sonho, tendo ingressado na Academia de Música ao completarem sete anos, e dado o seu primeiro espectáculo pago quando o mais velho dos dois, Nélson, contava apenas doze anos, e o irmão apenas oito. Por essa actuação – a primeira de muitas – receberam quinze mil escudos, uma autêntica 'fortuna' para 'putos' dos anos 80, e que servia como uma espécie de antevisão do que o futuro reservava aos dois.

Ainda assim, os futuros Anjos não 'embandeiravam em arco', e continuavam a conciliar a música com a escola e o futebol, sem, no entanto, deixarem de 'agarrar' qualquer oportunidade que surgisse para mostrarem o seu talento. Foi esta abordagem que lhes permitiu, já no final da adolescência, em 1996, participar no programa 'Lugar Aos Mais Novos', da Rádio Renascença e, no ano seguinte, na 'Casa dos Artistas' da RTP, saindo vencedores de ambos – mais um augúrio auspicioso para o que esperava os irmãos a breve trecho.

Após este sucesso enquanto dupla, Nélson e Sérgio ingressaram nos Sétimo Céu, uma tentativa de 'concorrente' a Excesso e D'Arrasar que não deu certo, durando menos de um ano. Longe de se deixarem desanimar, os dois irmãos viram este percalço como uma oportunidade para, mais uma vez, trabalharem como dupla, dando oficialmente e definitivamente início ao percurso dos Anjos no panorama musical português, corriam os últimos meses do Segundo Milénio. Era a convite de uma produtora nacional que a nova dupla – cujo nome remetia a uma 'alcunha' dada aos jovens pela sua avó – surgia na 'cena' popular nacional, e seria também, quiçá, essa ligação a permitir aos irmãos gravar o primeiro álbum, 'Ficarei', logo nesse ano de 1999, estabelecendo desde logo a sua fórmula assente na 'pop' romântica, com ênfase nas vozes dos dois integrantes. Ainda antes do final do Milénio (embora já nas últimas semanas do mesmo) o álbum viria a ser relançado com uma música adicional – o mega-sucesso de Natal 'Noite Branca', em que Sérgio e Nélson Rosado surgiam em dueto com a cantora Susana.

Estava dado o mote para (à data deste 'post') duas décadas e meia de carreira, nem sempre com tanto sucesso como naqueles primórdios, mas sempre com uma audiência cativa e pronta a 'apadrinhar' cada novo lançamento da dupla, o último dos quais remete já a 2022. Ainda assim, os Anjos continuam a usufruir de fama suficiente para serem convidados a cantar o hino nacional no início de eventos – privilégio que está na base do actual processo movido a Joana Marques, e que se vai, desde Julho de 2024, 'arrastando' em tribunal. Qualquer que seja o resultado do mesmo, no entanto, o impacto dos Anjos no panorama da música romântica em português está estabelecido, e dificilmente poderá ser negado, merecendo-lhes o destaque nesta nossa rubrica dedicada a artistas musicais nostálgicos.

23.06.25

NOTA: Este 'post' é respeitante a Sábado, 21 de Junho e Domingo, 22 de Junho de 2025.

Os Sábados marcam o início do fim-de-semana, altura que muitas crianças aproveitam para sair e brincar na rua ou no parque. Nos anos 90, esta situação não era diferente, com o atrativo adicional de, naquela época, a miudagem disfrutar de muitos e bons complementos a estas brincadeiras. Em Sábados alternados, este blog vai recordar os mais memoráveis de entre os brinquedos, acessórios e jogos de exterior disponíveis naquela década.

Ser criança é gostar de se divertir, e por isso, em Domingos alternados, o Anos 90 relembra algumas das diversões que não cabem em qualquer outra rubrica deste blog.

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Já aqui repetidamente mencionámos o facto de não ser, de todo, preciso grande complexidade de conceitos para entreter as crianças de finais do século XX; pelo contrário, alguns dos mais memoráveis brinquedos desse período primam pela simplicidade, bastando lembrar as 'febres' que foram as Ondamanias e os 'Diabolos'. Este paradigma estendia-se, também, a brinquedos que simulavam objectos ou elementos da vida real, estando por detrás não só de linhas como Lego Duplo, Playmobil e Pinypon, como também de brinquedos como os que abordamos neste 'post' duplo de fim-de-semana.

Isto porque, numa era em que o controlo remoto se principiava ainda a impôr, os aeromodelos eram caros e os carrinhos à escala eram a melhor opção para simular deslocações veiculares, não é de espantar que um brinquedo grande, relativamente económico e extremamente versátil (capaz de preencher tanto um Sábado aos Saltos como um Domingo Divertido) captasse a atenção das crianças. E era, precisamente, isso que acontecia com os barcos de brincar, muitos dos quais reuníam muitas ou todas as características supracitadas.

De facto, os anos 90 viam surgir nas drogarias, lojas de brinquedos e até lojas 'dos trezentos' todo o tipo de barcos à escala, desde os preparados para verdadeiramente 'navegar' ou 'velejar' (e que podiam ser testados na banheira de casa ou, pelos mais valentes, num curso de água exterior) até modelos de corda, ou outros que mais explicitamente se destinavam a um Domingo Divertido em casa, longe da água, ou até mesmo apenas à decoração de prateleiras, como o lendário e icónico barco pirata da Playmobil – isto sem falar daqueles que apresentavam 'função múltipla', afirmando-se como adequados para todas as funções supracitadas.

Fosse qual fosse a variante escolhida, no entanto, a diversão e o exercício da imaginação estavam garantidos, numa época em que a mente era mesmo o principal recurso para quem quisesse 'visitar' ou embrenhar-se em outros mundos. Talvez por isso tantas crianças, de ambos os sexos e de todas as idades, tivessem no quarto ou armário um qualquer tipo de barco de brincar, pronto a 'levantar âncora' sempre que para isso houvesse vontade...

21.06.25

NOTA: Este 'post' é respeitante a Sexta-feira, 20 de Junho de 2025.

Os anos 90 estiveram entre as melhores décadas no que toca à produção de filmes de interesse para crianças e jovens. Às sextas, recordamos aqui alguns dos mais marcantes.

O início dos anos 90 viram ter lugar uma mudança de paradigma no tocante ao produto cinematográfico de Hollywood, em mais do que uma vertente. Para além das mudanças na apresentação e estética dos filmes considerados 'blockbusters', assistiu-se também a um influxo de realizadores estrangeiros – nomeadamente asiáticos e europeus – que trouxeram consigo as influências do cinema dos seus respectivos países e regiões, incorporando nos seus filmes elementos estilísticos e temáticos a que os espectadores norte-americanos não estavam necessariamente habituados, e estabelecendo assim uma reputação como criadores de 'cinema de autor' que, ao mesmo tempo, conseguia ser bem aceite pelas massas. E se John Woo e seus comparsas se centravam sobretudo no estilo, com recurso à câmara lenta e inclusão de simbologia visual, o contingente europeu preferia destacar-se pela inclusão de temáticas humanistas e filosóficas naquilo que, regra geral, seria apenas 'mais um' filme de acção ou suspense. Um dos melhores exemplos desta abordagem estreou nas salas de cinema nacionais há pouco mais de trinta anos (a 28 de Abril de 1995) e granjeou imediatamente o estatuto de obra de culto para amantes de 'thrillers' mais cerebrais e menos imediatistas.

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Falamos de 'Léon – O Profissional', o 'thriller' responsável por lançar em Hollywood não só os seus dois actores principais – o francês Jean Reno e uma jovem Natalie Portman, para quem este era o primeiro papel cinematográfico – como também o seu realizador, Luc Besson, que rapidamente ficaria conhecido como um dos melhores 'balanceadores' de estilo e conteúdo do período em causa. E a verdade é que essas qualidades ficam bem vincadas neste filme, que, apesar de longe dos excessos visuais de 'O Quinto Elemento' e outros filmes do realizador, tem um estilo visual próprio, que complementa uma trama centrada, não em tiros e cenas de acção, mas no relacionamento do titular assassino a soldo com a menina que resgata após a morte dos pais – um elemento que Reno e, sobretudo, Portman (em extraordinária actuação para uma criança de apenas 13 anos e sem qualquer experiência no ramo) conseguem transmitir de forma exímia, dando ao filme um 'centro' emocional que muitas outras obras do estilo nunca chegam a almejar.

Não admira, pois, que 'Léon – O Profissional' seja ainda hoje alvo de elogios por parte da crítica especializada, e conste das listas de favoritos de muitos cinéfilos (nacionais e não só) com preferência por filmes com alguma 'substância' a ancorar os momentos de emoção e acção. Mais – nas três décadas subsequentes, o filme quase não 'envelheceu', quer do ponto de vista visual quer a nível do enredo e temáticas, continuando a constituir uma excelente base para uma Sessão de Sexta, e a justificar algumas breves linhas a seu respeito neste nosso 'blog' nostálgico.

19.06.25

Todas as crianças gostam de comer (desde que não seja peixe nem vegetais), e os anos 90 foram uma das melhores épocas para se crescer no que toca a comidas apelativas para crianças e jovens. Em quintas-feiras alternadas, recordamos aqui alguns dos mais memoráveis ‘snacks’ daquela época.

Uma das grandes curiosidades na aproximação de cada época balnear é saber que gelados a Olá vai adicionar ao seu já icónico cartaz. Seja qual fôr a abordagem – inovação, nostalgia, ou uma mistura de ambos – é certo e sabido que haverá sempre, pelo menos, um par de gelados novos no catálogo anual da marca. Neste ano de 2025, uma dessas atracções é uma versão em cone do icónico Perna de Pau – o que, por sua vez, justifica uma pequena 'revisão' das variantes deste gelado que a Olá introduziu (e fez desaparecer) nos anos da viragem do Milénio.

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A primeira destas, lançada em 1998, foi o Perna de Pau Mega – que, como o nome indicava, era tão-sómente uma versão gigante do clássico gelado de morango, baunilha e chocolate. Com cerca do dobro do tamanho de um Perna de Pau normal (aproximando-se mais às dimensões do não menos icónico Magnum) esta variação sobre o tema fez as delícias dos fãs desse ícone da Olá durannte os dois últimos Verões do século XX, antes de ser substituído, há um exacto quarto de século, pela outra variante que aqui abordaremos, nas próximas linhas.

Falamos do Perna de Pau Moeda, um gelado de 'sanduíche' em que o exterior era de chocolate, e o interior trazia o clássico recheio de morango e baunilha, permitindo assim saborear o velho favorito de forma nova e diferente. E a verdade é que esta proposta fez sucesso entre a juventude da época, a ponto de o Perna de Pau Moeda ter sido finalista da votação que, no Verão de 2024, acabaria por fazer regressar às arcas o também histórico Fizz Limão. Mesmo saindo derrotado, no entanto, a 'sanduíche' de Perna de Pau não deixou de contar com a lealdade dos seus fãs de há vinte e cinco anos, que até hoje esperam nova oportunidade de voltar a provar esta variante, descontinuada em 2003.

Qualquer que seja o formato em que é apresentada, no entanto, é óbvio que a tradicional e icónica 'fórmula Perna de Pau' encontrará sempre o seu público, nostálgico ou mais recente. É, pois, de esperar que, este ano, se vejam muitos cones 'piratas' nas mãos de miúdos e graúdos, em praias e localidades por esse Portugal fora...

18.06.25

NOTA: Este 'post' é parcialmente respeitante a Terça-feira, 17 de Junho de 2025.

A década de 90 viu surgirem e popularizarem-se algumas das mais mirabolantes inovações tecnológicas da segunda metade do século XX, muitas das quais foram aplicadas a jogos e brinquedos. Às terças, o Portugal Anos 90 recorda algumas das mais memoráveis a aterrar em terras lusitanas.

A banda desenhada fez, desde sempre, parte da vida das crianças e jovens portugueses. Às quartas, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos títulos e séries mais marcantes lançados em território nacional.

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O lendário 'Penny Arcade', ainda hoje actualizado.

Hoje em dia, a criação artística com recurso a meios digitais é comum e normalizada ao ponto de quase ser expectável, em grande parte devido aos avanços tecnológicos e subsequente aumento na variedade e acessibilidade dos produtos e materiais necessários. Em finais do século XX, no entanto, a situação era diametralmente oposta, com os equipamentos disponíveis a serem tão caros quanto rudimentares e, como tal, utilizados sobretudo por aqueles que não tinham qualquer outra forma de atingir o seu objectivo, eram 'tecnocráticos' o suficiente para saber o que fazer com eles, ou reuniam ambas as condições.

Não foi, pois, sem uma certa admiração e surpresa – misturada com prazer – que os fãs de banda desenhada com acesso à Internet em finais dos anos 90 se depararam com todo um novo leque de opções de leitura em formato digital, antes acessível apenas a quem se movimentasse em meios informáticos, fizesse parte dos velhos 'fóruns', ou soubesse utilisar serviços como a Usenet. Por comparação, estas novas criações (no bom e velho formato HTML) apenas requeriam conhecimento do endereço em que se encontravam para poderem ser apreciadas, garantindo assim, desde logo, um público muito maior e mais global - ainda que a língua inglesa exclusivamente utilizada nestas obras continuasse a constituir um entrave e a restringir a verdadeira globalização.

Quem percebia inglês a um nível satisfatório, no entanto – e tinha um sentido de humor voltado para o sarcasmo e para o humor referencial, base de muitos destes chamados 'webcomics' – não podia deixar de se deliciar com criações como 'Aaron A. Ardvark', 'Captain Jim' ou o lendário 'Penny Arcade' (precursor da tematização em torno dos videojogos, hoje tão popular) e com paródias como 'Dysfunctional Family Circus' e 'Neglected Mario Characters', entre outros. E se algumas destas obras podem, à luz dos dias de hoje, parecer algo primitivas, rudimentares e até imaturas, outras há que logram subsistir ao longo das décadas e manter-se relevantes, quais 'South Park' da banda desenhada digital, como é o caso do referido 'Penny Arcade'. Quem presenciou o início do meio, no entanto, sabe que a produção e oferta de hoje pouco tem da magia inovadora e verdadeiramente entusiasmante daquelas primeiras criações, a cujo impacto e influência vários criadores modernos devem uma carreira, e que, por isso, bem merece ver-lhe dedicado mais um 'post' duplo neste nosso 'blog' nostálgico.

17.06.25

NOTA: Este 'post' é respeitante a Segunda-feira, 16 de Junho de 2025.

Em Segundas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das séries mais marcantes para os miúdos daquela década, sejam animadas ou de acção real.

Apesar de se encontrar ainda em estado extremamente embrionário relativamente a mercados como os Estados Unidos ou a Inglaterra, a produção televisiva portuguesa atravessava, nos anos 80 e 90, um período de expansão, não só no tocante a séries de acção real, como também a animações ou projectos mais experimentais, abstractos ou diferentes. E depois de já aqui termos abordado vários exemplos das duas primeiras categorias, chega agora a altura de falarmos de uma série que se enquadra na última, destacando-se vincadamente da restante produção da época e, por esse meio, tornando-se memorável.

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Falamos de 'No Tempo dos Afonsinhos', série educativa que, como o próprio nome indica, pretendia oferecer uma versão ficcionalizada e 'artística' da vida quotidiana dos portugueses primitivos (os Afonsinhos do título) nos castros onde residiam; no fundo, uma espécie de 'Astérix à portuguesa', mas com menor ênfase nos elementos fantásticos e maior preocupação com a veracidade histórica, ainda que com as devidas e compreensíveis 'licenças artísticas' destinadas a captar a atenção do público-alvo. Ainda assim, e mesmo com estes elementos ficcionalizados, a série não deixava de retratar verdadeiras ocupações dos castrenses, como a olaria ou o fabrico artesanal do pão.

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Para além desta abordagem diferenciada, 'No Tempo dos Afonsinhos' destacava-se, ainda, pelo uso exclusivo de marionetas para criar e retratar os seus personagens e histórias – um método que já não era novidade para as crianças portuguesas na fase pós-'Rua Sésamo', mas que, aqui, é utilizada de forma talvez até mais extensa do que no supracitado programa, constituindo meio único de veicular as aventuras dos Afonsinhos, eles mesmos inspirados nos tradicionais 'cabeçudos' presentes em festas populares, e nos personagens de cerâmica típicos do Norte português. E ainda que esta escolha visual não seja para todos – lá por casa, por exemplo, evitava-se activamente esta série – o mesmo não deixa, ainda assim, de ser original o suficiente para se tornar memorável, e trazer lembranças tão logo se veja mencionado o título do programa.

Apesar da sua curta duração, a série produzida pela RTP-Porto em 1993 fez, pois, durante os seus poucos meses no ar, o suficiente para 'cravar' um lugar na memória remota das gerações 'X' e 'Millennial' portuguesas, e deixar na mesma imagens e recordações, sejam mais ou menos positivas. Para quem quiser reviver algumas dessas memórias, aqui fica o link para uma playlist do YouTube com alguns episódios.

16.06.25

NOTA: Este 'post' é respeitante a Domingo, 15 de Junho de 2025.

Aos Domingos, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos principais acontecimentos e personalidade do desporto da década.

Veio com selo de jogador de Selecção, para jogar num histórico, e acabou na então II Divisão B nacional; mais tarde, passou 'despercebido' por um grande, singrou noutro, e foi convidado a representar a Selecção Nacional Portuguesa, apesar de ter nacionalidade brasileira; já em fim de carreira, ainda foi campeão da Liga de Honra com apenas uma mão-cheia de aparições; pelo meio, gravou o seu nome nos anais da História do futebol português, tanto pelo talento como pelo caricato percurso que empreendeu. Falamos de Luiz Bonfim Marcos, mais conhecido como Lula, o 'centralão' que, ao longo dos anos 90, impressionou pela sua estatura e capacidade de 'mandar' no sector mais recuado da defesa de vários clubes históricos dos campeonatos nacionais, quer ao nível mais alto, quer em contextos mais discretos.

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Com a camisola do Famalicão.

'Caído de pára-quedas' em Famalicão em 1988 – sem nada saber sobre a localidade, ou mesmo o país para onde vinha jogar – Lula não começou da forma mais auspiciosa a sua estadia naquele que se tornaria o seu país de acolhimento, sendo 'apanhado' nas teias de um caso de secretaria que atiraria o 'Fama' – cujo plantel havia sido formatado para competir no patamar principal – para a II Divisão B. Para seu crédito, o brasileiro não se queixou; antes, tomou parte activa no restabelecer da equipa aos escalões profissionais, tendo o clube, logo no ano seguinte, 'saltado' a então II Divisão de Honra para de novo se integrar entre os maiores nomes do desporto-rei em Portugal. Cumprindo a promessa feita aos jogadores, a direcção famalicense libertou Lula e dois dos seus compatriotas, tendo o defesa regressado ao seu país-natal para jogar no Sport Recife.

Durou apenas alguns meses, no entanto, esse regresso ao Brasil, sendo que, no dealbar dos anos 90, Lula regressava a Famalicão, por pedido expresso de Abel Braga, para se afirmar como peça-chave dos famalicenses durante as próximas duas épocas. Tais eram o seu talento e potencial, de facto, que o jogador foi mesmo equacionado para jogar pela Selecção...portuguesa, provando que a naturalização de jogadores estrangeiros (sobretudo brasileiros) remonta a muito antes de Deco. E apesar de esse pedido, em particular, ter sido recusado, Lula ficou mesmo no 'radar' dos dirigentes portugueses, sobretudo do seleccionador Carlos Queiroz, que chamaria mesmo o jogador para jogar no Sporting após assumir o comando técnico dos 'Leões'. Por essa altura, já Lula era campeão paulista e da Taça Libertadores, pelo São Paulo, mas ainda assim, aquiesceu em vir jogar para aquele que era um dos principais clubes do seu 'outro' país.

Mais uma vez, no entanto, o azar bateu à porta, já que Lula foi incapaz de fazer uso da sua dupla nacionalidade, contando como estrangeiro num plantel já no limite imposto pelas regras de então; o central acabou, assim, por ficar cinco meses sem jogar em Alvalade, antes de procurar relançar a carreira com uma mudança para Leiria. Esta estratégia resultou e, longe de polémicas e azares, o brasileiro foi capaz de relançar a carreira, tanto nessa época na cidade do Lis como na seguinte, em que regressou à capital para ser peça-chave de outro histórico nacional, o Belenenses, onde partilhou plantel com futuros 'grandes' como Ivkovic, Paulo Madeira ou Mauro Airez, e onde encontrou maior prazer em jogar, de entre todos os clubes da sua carreira.

As suas boas exibições ao longo dessas duas épocas voltaram, naturalmente, a valer-lhe o interesse de um 'grande', desta vez mais próximo da sua 'base' original em Famalicão. Lula viria mesmo, assim, a vestir a camisola listada de um dos principais clubes de Portugal...só que listada de azul, e não de verde. Seria, de facto, ao serviço do FC Porto, e não do Sporting, que o brasileiro passaria as duas temporadas seguintes, embora sem nunca se afirmar, e não chegando às duas mãos-cheias de presenças pelos então hegemónicos 'Dragões' nortenhos – números, ainda assim, suficientes para o sagrarem bicampeão nacional, com participação em dois dos inéditos cinco títulos ganhos pelo conjunto da Invicta durante esse período, mas que não chegaram para evitar que o jogador rumasse novamente ao Brasil em finais da época de 1997-98, desta feita para representar o Vitória Esporte Clube.

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Numa das escassas aparições que fez pelo FC Porto.

Não terminaria aí, no entanto, a ligação de Lula a Portugal, já que, nos primeiros meses do Novo Milénio, o defesa regressaria ao nosso País para ganhar a edição de 1999-2000 da II Liga ao serviço do Paços de Ferreira, pesem embora as apenas oito presenças com a camisola dos 'castores'. Só então o brasileiro diria, definitivamente, adeus a Portugal, para rumar à 'reforma dourada' dos campeonatos chineses, onde actuaria ainda durante mais três épocas e meia, ao serviço de dois clubes, antes de pendurar definitivamente as botas, em 2003, já com trinta e sete anos praticamente completos. Como registo de uma carreira que não conta com quaisquer cargos técnicos, fica um percurso repleto de altos, baixos, 'carambolas' e momentos inusitados, mas que – talvez por isso mesmo – garante a Lula um lugar na galeria dos 'figurões' dos campeonatos de futebol portugueses de há trinta anos; nem bem Grande dos Pequenos, nem bem Lenda da Primeira Divisão, mas ainda assim mais que merecedor de espaço nestas nossas páginas, por ocasião dos seus cinquenta e nove anos. Parabéns, e que conte muitos.

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