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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

31.05.25

NOTA: Este 'post' é respeitante a Quinta-feira, 29 e Sexta-feira, 30 de Abril de 2025.

Os anos 90 viram surgir nas bancas muitas e boas revistas, não só dirigidas ao público jovem como também generalistas, mas de interesse para o mesmo. Nesta rubrica, recordamos alguns dos títulos mais marcantes dentro desse espectro.

Um dos aspetos mais marcantes dos anos 90 foi o seu inconfundível sentido estético e de moda. Em sextas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das marcas e modas mais memoráveis entre os jovens da ‘nossa’ década.

De entre os muitos elementos apelativos para as demografias jovens (e não só), um dos mais negligenciados é o da surpresa através da dualidade – isto é, a incorporação ou integração de um produto ou serviço normalmente associado a uma área com outro de um campo completamente diferente, criando um 'híbrido' tão inesperado quanto interessante e original. Quando utilizada, no entanto, esta táctica tende a ter resultados sobremaneira positivos, como o comprova o produto de hoje.

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De facto, os chupa-chupas de anel (oficialmente conhecidos como Ring Pops) extrapolavam a sua função principal de guloseima para quase poderem servir como adereço – pelo menos enquanto duravam, já que, uma vez comidos, apenas restava a base do anel, em plástico. Durante aqueles poucos momentos, no entanto, o detentor de um destes doces quase se poderia sentir rico e poderoso, com um enorme 'cachucho' no dedo, de fazer inveja aos seus pares – e por mais do que uma razão!

Assim, e embora não tão 'geniais' ou revolucionários quanto os 'Push-Pop' (estes não se podiam guardar e comer depois da aula), os chupa-chupas de anel não deixaram, ainda assim, de marcar época entre a geração 'millennial' portuguesa, a par das 'chuchas', funcionalmente semelhantes e que aqui, em breve, terão o seu espaço. De facto, o sucesso deste produto faz pensar no porquê de este tipo de 'fusão' não ter sido mais explorada ao longo dos tempos, não só no campo dos doces ou da comida, mas também em sectores algo mais relevantes da sociedade portuguesa, e não só; afinal, se um simples doce consegue juntar com tanto sucesso duas áreas tão díspares, o que impede que o mesmo suceda com produtos mais complexos?

30.05.25

NOTA: Este 'post' é respeitante a Quarta-Feira, 28 de Maio de 2025.

Em quartas-feiras alternadas, falamos sobre tudo aquilo que não cabe em nenhum outro dia ou categoria do blog.

Apesar de não serem, de todo, desejáveis, e de serem feitos consideráveis esforços para as evitar, as tragédias acabam, inevitavelmente, por se tornar o tipo de efeméride mais recordado e que mais facilmente penetra a cultura popular. O povo português não é excepção a esta regra, contando-se ainda hoje alguns exemplos que, volvidas múltiplas décadas, são ainda lembradas e comentadas em detalhe por uma parte considerável dos lusitanos mais velhos, e sobretudo por aqueles que vivenciaram a cobertura noticiosa das mesmas. É, precisamente, sobre um desses desastres – sobre o qual se assinalariam exactas três décadas e meia no dia originalmente planeado para a publicação deste post – que versam as próximas linhas.

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Os resultados do embate

No dia 25 de Maio de 1990, entre as oito e as oito e meia da manhã, dois comboios partiam de duas estações diferentes, Sintra e Cacém, ambos rumo à capital. Pode parecer a premissa para um problema de física respeitante a velocidades relativas, mas trata-se, de facto, do preâmbulo de algo muito mais grave. Isto porque, no período acima mencionado, um grupo de passageiros havia ocupado a linha férrea na estação de Campolide, perturbando a circulação normal de comboios na Linha de Sintra, e obrigando o comboio que partira daquela estação a efectuar uma paragem no Apeadeiro da Cruz de Pedra. Em simultâneo, o comboio oriundo do Cacém foi incapaz de respeitar o semáforo amarelo encontrado após a estação de Benfica, não travando a composição a tempo de respeitar o sinal seguinte, vermelho, e de evitar a colisão com o comboio parado no apeadeiro, a qual teve lugar cerca de um quarto de hora antes das nove da manhã, instaurando o pânico entre os passageiros das duas locomotivas.

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Localização aproximada do acidente.

Felizmente, apesar da força do embate (suficiente para destruir quase totalmente a primeira carruagem do comboio em movimento) o saldo final da colisão acabou por ser mais positivo do que o aparato da mesma poderia levar a crer, já que, apesar de terem ficado feridas mais de duas centenas e meia de pessoas, se lamentou apenas uma única fatalidade no local, à qual acresceu, depois, a de Francisco José Pereira, já no hospital. De registar, também, a rapidez e eficácia da estrutura de salvamento dos feridos montada pelo serviço de ambulâncias da PSP e pelos hospitais de Santa Maria e São José, que acolheram a breve trecho os pacientes. No total, a disrupção da circulação na linha de Sintra durou pouco mais de duas horas, o que não impediu que fosse lançada uma investigação relativa à falta de condições de segurança dos comboios e restantes infra-estruturas da CP, à época responsáveis por uma série de desastres ferroviários. O maquinista, inicialmente apontado como culpado, seria, assim, ilibado de quaisquer responsabilidades, as quais seriam atribuídas ao Governo e à própria CP.

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Socorro e remoção dos feridos.

Felizmente, as décadas subsequentes vieram trazer uma maior modernização às infra-estruturas rodoviárias, embora se esteja, ainda, muito longe do patamar ideal, ou da equiparação com outros países da Europa. Ainda assim, é reconfortante (sobretudo para quem anda de comboio) saber que uma repetição desta ainda recordada tragédia é, hoje em dia, bastante menos provável do que o era há exactos trinta e cinco anos...

28.05.25

NOTA: Este 'post' é respeitante a Terça-feira, 27 de Maio de 2025.

Porque nem só de séries se fazia o quotidiano televisivo das crianças portuguesas nos anos 90, em terças alternadas, este blog dá destaque a alguns dos outros programas que fizeram história durante aquela década.

Já aqui por diversas vezes mencionámos os anos 80 e especialmente 90 como sendo a 'época áurea' para os concursos televisivos, com diversos formatos estrangeiros a serem adaptados e outros tantos criados de raiz, resultando numa oferta tão variada quanto apelativa, à qual  dedicámos diversos 'posts' no passado. Este paradigma não foi, no entanto, exclusivo daqueles últimos anos do século XX; por alturas da viragem do Milénio, o mesmo continuava ainda bem vivo, como o prova o tema deste 'post', estreado há quase exactos vinte e cinco anos (a 29 de Maio de 2000) no principal canal nacional.

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E a verdade é que 'Só Números' tinha, desde logo, uma missão espinhosa: a de substituir, nas noites de Segunda-feira da RTP, o mega-sucesso 'Quem Quer Ser Milionário', com o carismático Carlos Cruz. Para tentar levar a cabo este ambicioso objectivo, o concurso 'armava-se' de uma proposta verdadeiramente original, embora com potencial para 'alienar' as audiências mais jovens. Isto porque a premissa do concurso apresentado por Miguel Dias tinha por base – como o próprio título indicava – respostas inteiramente compostas por números, devendo os concorrentes (dez, no total) tentar aproximar-se, tanto quanto possível, da resposta correcta, sendo o vencedor aquele que mais próximo ficasse. O prémio final era o habitual automóvel, 'presente' máximo de pelo menos noventa e cinco por cento dos concursos 'para adultos' da televisão portuguesa da época.

Um conceito original o suficiente para ancorar um programa deste tipo, mas que acabou por não ser suficiente para manter 'Só Números' à tona, tendo o concurso concluído as suas emissões ainda antes do final do primeiro ano do Novo Milénio, e ficado muito longe dos níveis de audiências, repercussão e memorabilidade do seu antecessor. Ainda assim, e apesar de ter constituído uma aposta falhada, não deixa de ser de valor recordar este concurso, apenas um par de dias antes de se completar um exacto quarto de século sobre a sua primeira emissão.

27.05.25

NOTA: Este 'post' é respeitante a Domingo, 25 e Segunda-feira, 26 de Maio de 2025.

Ser criança é gostar de se divertir, e por isso, em Domingos alternados, o Anos 90 relembra algumas das diversões que não cabem em qualquer outra rubrica deste blog.

Qualquer jovem é, inevitavelmente, influenciado pela música que ouve – e nos anos 90, havia muito por onde escolher. Em segundas alternadas, exploramos aqui alguns dos muitos artistas e géneros que faziam sucesso entre as crianças daquela época.

Já aqui em ocasiões passadas falámos dos instrumentos musicais de brincar, os quais ocupavam uma 'zona cinzenta' entre a autenticidade e a pura fantasia, e permitiam às crianças não só fazer de conta que eram músicos famosos mas também, caso desejassem, explorar e desenvolver as suas capacidades e talento para a música. Apesar do destaque que então lhes outorgámos, no entanto, estes estavam longe de ser os instrumentos mais comuns ou populares entre as crianças portuguesas das gerações 'X' e 'millennial'; pelo contrário, havia um outro que, por ser simultaneamente mais barato e mais acessível, acabava por surgir com muito maior frequência nos Domingos Divertidos dessa demografia,

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Pequena e 'descartável' o suficiente para quase se poder qualificar para as Quintas de Quinquilharia, a harmónica era um daqueles 'brindes' que facilmente se traziam para casa após uma visita à drogaria ou loja dos 'trezentos', e que se 'desenterrava' periodicamente do 'desterro' da gaveta para alguns minutos bem passados a tentar 'tirar' ou criar músicas. Normalmente feitas em metal meio 'dourado' e sem quaisquer adereços – se bem houvesse também versões adornadas com desenhos apelativos para o público infantil – as também chamadas 'gaitas de beiços' não permitiam grande amplitude no tocante à composição, mas colmatavam essa desvantagem com o facto de serem fáceis de tocar, levando a que a maioria das crianças acreditasse saber fazê-lo – o que, escusado será dizer, nem sempre era verdade. Aliado à irresistível apetência para 'fazer barulho' partilhado pelas sucessivas gerações de crianças um pouco por todo o Mundo, e à facilidade de substituição quando inevitavelmente se amolgassem ou perdessem, este factor contribuía para fazer das harmónicas um daqueles objectos que 'viviam' na 'periferia' da vida quotidiana das gerações em causa, estando normalmente à distância de um braço, prontas a serem 'repescadas' para mais uma 'sessão compositiva'.

Tal como muitos outros produtos de que aqui vimos falando (brinquedos e não só) as harmónicas tiveram uma saída extremamente discreta do mercado português, com pouca ou nenhuma percentagem do seu público-alvo a dar pela sua falta, e gerações subsequentes a nunca sequer saberem da sua existência. Durante o seu período áureo em finais do século XX, no entanto, as 'gaitas de beiços' representaram um daqueles passatempos 'perenes', perfeitos para 'tapar buracos' durante um Domingo Divertido.

26.05.25

NOTA: Este 'post' é respeitante a Sábado, 24 de Maio de 2025.

Os Sábados marcam o início do fim-de-semana, altura que muitas crianças aproveitam para sair e brincar na rua ou no parque. Nos anos 90, esta situação não era diferente, com o atrativo adicional de, naquela época, a miudagem disfrutar de muitos e bons complementos a estas brincadeiras. Em Sábados alternados, este blog vai recordar os mais memoráveis de entre os brinquedos, acessórios e jogos de exterior disponíveis naquela década.

Na era pré-digital, e em que a maioria dos brinquedos era cara o suficiente para apenas ser acessível em contextos particulares e especiais, como os anos e o Natal, era natural que as crianças portuguesas – sobretudo as dos meios menos urbanizados – recoressem a brincadeiras improvisadas, ou 'herdadas' de gerações anteriores, cujos requerimentos materiais eram inexistentes ou baixos o suficiente para facilmente serem supridos. A actividade que abordamos este Sábado faz, precisamente, parte desse grupo, e será recordada com nostalgia por qualquer elemento da geração 'millennial' portuguesa cuja juventude tenha sido passada longe dos centros urbanos.

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De facto, enquanto que nas cidades era difícil arranjar o espaço necessário para tais actividades, as vilas e aldeias suburbanas e do interior – à época bem menos povoadas e 'motorizadas' do que hoje em dia – proporcionavam o cenário perfeito para 'corridas' em cima de grades de cerveja, carros de rolamentos, colchões, pneus ou mesmo simples folhas de plástico ou cartão; desde que o material permitisse deslizar sobre o asfalto, terra batida ou empedrado, pouco importava qual a variante utilizada. Depois, era só encontrar uma rampa, colina, monte ou 'ladeira' e 'dar a largada' para ver quem chegava primeiro ao sopé da referida área.

Escusado será dizer que, na maioria das vezes, tais 'aventuras' não tinham exactamente final feliz, sendo responsáveis por múltiplos 'esfolões', fracturas, dentes partidos e outros 'azares' típicos de uma infância passada 'à solta', em Sábados aos Saltos com os amigos. Apesar das dores, choros e inevitáveis raspanetes e 'sovas', no entanto, é de suspeitar que seriam muito poucos os portugueses que, tendo a oportunidade, mudariam sequer um momento dessas experiências tão simples quanto divertidas, hoje quase pitorescas para a geração digital, mas que tanto disseram, e tantas memórias criaram, aos seus pais e até irmãos mais velhos...

23.05.25

Os anos 90 estiveram entre as melhores décadas no que toca à produção de filmes de interesse para crianças e jovens. Às sextas, recordamos aqui alguns dos mais marcantes.

De entre os muitos nomes que definiram o panorama cinematográfico dos anos 90, um dos mais incontornáveis é o de Brad Pitt, hoje actor consagrado e respeitado, mas que – a par do seu contemporâneo Leonardo DiCaprio, hoje também tido em grande conta – era posicionado à época como sucessor natural dos galãs da década anterior, como Patrick Swayze ou Tom Cruise. Adorado por grande parte da população feminina pela sua atraente aparência e luminoso sorriso (em competição com o de Tom Cruise como o melhor daquela época), o então jovem actor viu-se, naturalmente, denegrido por uma parcela significativa não só do público jovem masculino, mas também dos críticos de cinema, para quem, nessa fase inicial, não passava de mais um 'menino bonito' de habilidade limitada.

A verdade, no entanto, é que tal visão era algo declaradamente parcial, e mesmo um pouco injusta, já que, mesmo nessa fase embrionária da sua carreira, Pitt dava já sinais de poder ser um nome a ter em conta para o futuro, granjeando mesmo papéis em filmes de realizadores como Robert Redford, com quem fez, em 1992, o aclamado 'Duas Vidas e Um Rio'. Seria, no entanto, apenas dois anos depois que surgiriam os dois filmes que verdadeiramente o consagrariam junto do público cinéfilo: 'Entrevista Com O Vampiro' e a obra a que dedicamos este 'post', 'Lendas de Paixão'.

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Produzido em 1994, mas estreado em Portugal apenas no ano seguinte – completaram-se no passado dia 11 de Maio exactos trinta anos sobre a sua estreia, não tendo o hiato do Anos 90 permitido falar do filme nessa altura – 'Lendas de Paixão' é, como 'Duas Vidas E Um Rio', um filme 'de época', desenrolando-se a trama durante toda a primeira metade do século XX, desde a Primeira Guerra Mundial até 1963. Um projecto, desde logo, ambicioso, e que requeria mais do que apenas uma 'cara bonita' para o conduzir; felizmente, Pitt esteve à altura, não destoando do restante elenco, e contribuindo para um filme ainda hoje bem conseguido (chegou a ganhar o Óscar de Melhor Cinematografia do seu ano) e bem merecedor de ser visto.

A conribuir para o sucesso global da obra, ao lado de Pitt, estão nomes como Aidan Quinn, Julia Ormond e o incontornável Anthony Hopkins, no papel do pai de três homens com quem é forçado a encarar as sucessivas mudanças histórico-sociais da América durante o período em causa, que afectam até mesmo as vidas de cidadãos do Montana rural, como a família Ludlow. O foco, no entanto, está todo no Tristan de Brad Pitt, grande catalista das peripécias do filme, um personagem complexo e longe de perfeito, mas com quem é, ainda assim, fácil simpatizar ao longo do decurso do filme.

Juntamente com 'Entrevista Com o Vampiro', esta obra ajudaria, pois, a elevar o 'cachet' de Pitt como actor principal, dando (parcialmente) o mote para uma carreira de astronómico sucesso, que tornaria o actor numa das mais reconhecidas personalidades dos anos 90 e 2000, e que ainda hoje lhe permite escolher projectos de valor, e trabalhar com realizadores como Quentin Tarantino. Razão mais que suficiente, portanto, para celebrar esta obra, no mês em que se completam três décadas sobre a sua estreia nacional.

22.05.25

NOTA: Este 'post' é parcialmente respeitante a Quarta-feira, 21 de Maio de 2025.

A banda desenhada fez, desde sempre, parte da vida das crianças e jovens portugueses. Às quartas, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos títulos e séries mais marcantes lançados em território nacional.

Os anos 90 viram surgir nas bancas muitas e boas revistas, não só dirigidas ao público jovem como também generalistas, mas de interesse para o mesmo. Nesta rubrica, recordamos alguns dos títulos mais marcantes dentro desse espectro.

Uma das primeiras edições desta rubrica foi dedicada à Turma da Mônica, o popular conjunto de personagens criados pelo 'cartoonista' brasileiro Mauricio de Sousa e cujas revistas fizeram, durante várias décadas, tanto furor entre as crianças portuguesas como entre as do seu país natal, continuando inclusivamente a ser publicadas em ambos os territórios até aos dias de hoje. Foi, no entanto, nos anos 80 e 90 que a titular 'dona' do grupo e os seus inseparáveis amigos viveram a sua época áurea, motivando o lançamento de inúmeros produtos de 'merchandising' oficiais - de brinquedos a roupas e até alimentos – alguns dos quais chegaram mesmo a ser comercializados em Portugal. É de um destes – talvez o mais óbvio – que falamos em mais este 'post' combinado.

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De facto, à parte o lançamento de um livro ou de antologias de histórias (ambos os quais existiram na mesma época do que o tópico desta semana) uma revista de 'cruzadexes' talvez fosse mesmo o produto licenciado mais próximo da 'fonte' da Turma da Mônica, cujas revistas já incluíam, por vezes, uma secção de passatempos, tornando ainda mais simples a transposição e expansão dos referidos conteúdos para toda uma revista a eles dedicada.

Era disto – nem mais, nem menos – que consistiam os diversos volumes das 'Cruzadas da Turma da Mônica', tomos sensivelmente da mesma grossura das revistas mais finas de Mauricio – como 'Magali', 'Cascão' ou 'Chico Bento' – surgidas algures na primeira metade dos anos 90, tematizados aos diferentes personagens do autor e recheados não só das titulares cruzadas como também de outros populares tipos de passatempos, desde sopa de letras a quebra-cabeças e jogos das diferenças, não faltando também as inevitáveis e indispensáveis secções para colorir. Cada passatempo estava, por sua vez, rodeado dos característicos desenhos de Mauricio, que tornavam a proposta ainda mais apelativa, quer para fãs, quer mesmo para quem 'descobrisse' por acaso a revista na tabacaria, quiosque ou banca. Surpreendente, portanto, é o facto de esta edição ter tido um ciclo de vida relativamente curto, parecendo desaparecer dos escaparates sem grande alarido após apenas alguns números; enquanto durou, no entanto, a mesma revelou-se de 'consumo obrigatório' para os fãs de Mauricio e dos seus personagens, sobretudo aqueles com maior apetência e gosto pelas secções de passatempos incluídas nas suas revistas.

21.05.25

NOTA: Este 'post' é correspondente a Terça-feira, 20 de Maio de 2025.

A década de 90 viu surgirem e popularizarem-se algumas das mais mirabolantes inovações tecnológicas da segunda metade do século XX, muitas das quais foram aplicadas a jogos e brinquedos. Às terças, o Portugal Anos 90 recorda algumas das mais memoráveis a aterrar em terras lusitanas.

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Até ao último terço do século XX, a captura de vídeo era algo apenas ao alcance dos profissionais, fosse pelo exorbitante preço do equipamento ou pela sua complexa funcionalidade. Mesmo depois de surgirem os primeiros formatos de vídeo caseira, a tecnologia em uso continuava a pautar-se pela rudimentaridade, com formatos como a Super 8 a suprirem apenas as mais básicas necessidades neste campo. De facto, na segunda metade da década de 80 que o vídeo caseiro se viria verdadeiramente a globalizar – e, mesmo então, com custos exorbitantes e proibitivos para a grande maioria das famílias ocidentais.

Tal não impediu, no entanto, que a câmara de vídeo caseira se tornasse um dos 'brinquedos' tecnológicos mais populares e cobiçados dos anos 80, e se difundisse no seio da sociedade a ponto de penetrar na cultura popular, fosse através de programas de vídeos caseiros como o 'Isto Só Vídeo!' ou por intermédio da caricatura do turista ou pai de família de câmara na mão, a captar cada momento das férias dos seus envergonhados familiares – ainda hoje um baluarte de um certo tipo de comédia. E a verdade é que esta popularidade não era, de todo, descabida, já que a simples possibilidade de captar momentos íntimos em cassette – fosse ela Betamax, VHS, ou até de um formato especial para câmaras de vídeo – e com qualidade quase profissional, longe das imagens granuladas e isentas de som da Super 8, era tão mirabolante e inacreditável quanto havia sido a de um sistema de jogos de vídeo caseiro, alguns anos antes. Não é, pois, de surpreender que duas gerações de ocidentais tenham gasto boa parte das suas economias numa câmara deste tipo, e boa parte da sua vida de rosto colado à mesma, a filmar memórias ao mesmo tempo que as criava.

Tal como inevitavelmente acontece com qualquer tecnologia, no entanto, também as câmaras de filmar caseiras se acabaram por tornar obsoletas. No entanto, ao contrário da maioria dos casos que aqui abordamos, tal deveu-se, não tanto à falta de interesse do público pela funcionalidade, ou à obsolescência da mesma, como ao facto de os referidos aparelhos terem sido directamente substituídos por outro – o 'smartphone', nova 'ferramenta' favorita dos cinéfilos amadores, que substitui a 'cassette' pela Internet, mas que continua a permitir captar momentos da vida quotidiana e guardá-los para a (quase) posteridade, podendo por isso ser considerado sucessor em espírito da tecnologia a que este 'post' diz respeito, e novo 'standard' de captura de vídeo para o século XXI, tal como o aparelho em causa o foi para os finais do Segundo Milénio.

19.05.25

Em Segundas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das séries mais marcantes para os miúdos daquela década, sejam animadas ou de acção real.

As telenovelas – sejam brasileiras ou portuguesas – são, desde tempos imemoriais, parte integrante do quotidiano televisivo português, chegando mesmo, nos tempos pré-Internet, a juntar famílias inteiras em torno do televisor, para acompanharem juntas aquelas mirabolantes tramas repletas de amores, traições e coincidências improváveis, a caminho do invariável final feliz. E se muitas destas produções 'ficaram pelo caminho' uma vez concluída a sua exibição, outras houve que lograram resistir à passagem dos anos, voltando uma e outra vez às grelhas nacionais, prontas a serem descobertas por toda uma nova geração de potenciais fãs.

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Um dos mais destacados exemplos desta tendência foi a primeira adaptação do romance de Bernardo Guimarães, 'A Escrava Isaura', produzida em meados dos anos 70 e transmitida originalmente pela RTP no final dessa mesma década, mas que, há exactos trinta anos, e volvida mais de uma década e meia sobre a sua primeira exibição, regressava ao 'convívio' dos telespectadores portugueses, desta vez pela mão da SIC, onde passava, precisamente, ao final das tardes de Segunda-feira. E a verdade é que, num país onde grande parte do conteúdo era ainda oriundo de décadas passadas, 'A Escrava Isaura' conseguiu não destoar – também graças aos elevados valores de produção para o seu género e época – e conquistou mesmo o 'coração' de muitas crianças e jovens das gerações 'X' e 'millennial', que passaram a acompanhar a novela ao lado dos pais, tios ou avós.

E não era caso para menos, já que o enredo de 'Isaura' tem tudo o que se pode desejar de uma produção do seu tipo, com a vantagem de ser baseada em material não só pré-existente, como de qualidade, o qual lhe granjeia uma base sólida de que a maioria das outras novelas não gozam, evitando assim alguns exageros em que as mesmas tendem a cair. O elenco é, também ele, forte (embora com poucos dos nomes normalmente associados às novelas brasileiras) resultando num produto final com certo factor de intemporalidade, e mais merecedor do tempo e paciência dos espectadores do que a maioria das suas congéneres. Tal facto fica, aliás, bem evidente no retumbante sucesso internacional da novela, a qual teve, inclusivamente, direito a um 'remake' em 2004/2005, embora o impacto do mesmo tenha ficado longe do da sua antecessora, a qual é, até hoje, a novela mais repetida da Globo, e, consequentemente, uma das mais vistas a nível mundial. Portugal não é, de todo, excepção a esta regra, justificando assim estas breves linhas por ocasião da data em que a novela principiava a cativar a sua segunda leva de espectadores em território nacional.

18.05.25

NOTA: Este 'post' é parcialmente respeitante a Sábado, 17 de Maio de 2025.

Os Sábados marcam o início do fim-de-semana, altura que muitas crianças aproveitam para sair e brincar na rua ou no parque. Nos anos 90, esta situação não era diferente, com o atrativo adicional de, naquela época, a miudagem disfrutar de muitos e bons complementos a estas brincadeiras. Em Sábados alternados, este blog vai recordar os mais memoráveis de entre os brinquedos, acessórios e jogos de exterior disponíveis naquela década.

Aos Domingos, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos principais acontecimentos e personalidade do desporto da década.

Hoje em dia, tornou-se já tradição que, caso a equipa campeã nacional de futebol masculino sénior esteja sedeada na capital portuguesa, a mesma se dirija, em cortejo, até à Rotunda do Marquês de Pombal, onde os adeptos a esperam para várias horas de esfuziantes festejos, discursos, música e animação. No entanto, apesar de profundamente enraizada na cultura dos adeptos lisboetas, esta Saída (que, no presente ano de 2025, até foi mesmo de Sábado) tem as suas origens num passado não muito distante, em que uma equipa decidiu honrar o seu símbolo e acabou por gerar uma nova tradição nos meandros do futebol português.

Foi na Primavera de 2000, após consumado o primeiro título de campeão nacional na modalidade em quase duas décadas, que o Sporting Clube de Portugal decidiu fazer da artéria em causa o cenário dos seus festejos, muito por conta do leão que se perfila ao lado de Sebastíão José de Carvalho e Melo na estátua que dá nome à rotunda – o qual, aliás, acabaria com um cachecol em torno do pescoço, por cortesia de um dos maiores símbolos do clube de Alvalade, o avançado búlgaro Ivaylo Yordanov. E se, nessa ocasião, a escolha do local não passava de uma referência não muito velada ao animal que serve de símbolo ao clube, a verdade é que o rival Benfica não tardou também a adoptar esta prática, a qual se iria repetindo ao longo dos anos até se tornar um ritual expectável, do qual se fala semanas e até meses antes da última jornada da hoje Liga Sagres. Nada melhor, pois, do que recordar a primeira destas celebrações, no rescaldo de mais uma edição das mesmas, e no ano em que completam um quarto de século de existência...

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