31.12.24
NOTA: Por motivos de relevância temporal, esta Terça-feira terá direito a 'post' duplo, com uma Terça de TV e uma Terças Tecnológica a saírem na mesma semana. Feliz Ano Novo 2025!
A década de 90 viu surgirem e popularizarem-se algumas das mais mirabolantes inovações tecnológicas da segunda metade do século XX, muitas das quais foram aplicadas a jogos e brinquedos. Às terças, o Portugal Anos 90 recorda algumas das mais memoráveis a aterrar em terras lusitanas.
Ao aproximarem-se as doze badaladas da meia-noite de há exactos vinte e cinco anos, o receio era generalizado, assumindo, em certos casos, contornos de pânico: o receio de que os computadores do Mundo civilizado entrassem em curto-circuito ou encetassem um constante 'loop' de erros ao tentar actualizar os seus calendários de dígitos iniciados por 199- para outros com início em 200-. A teoria era de que, por terem sido construídos no século XX, os processadores existentes à época não tivessem sido equipados com a capacidade de mudar os primeiros dígitos dos seus anos para lá do número 19, revertendo assim os calendários para o ano de 1900, por oposição ao efectivo 2000. Isto, por sua vez, poderia ter levado a uma série de problemas que, se nos computadores domésticos eram relativamente menores, nos que controlavam entidades financeiras, económicas ou estatais poderia causar um sem-fim de graves problemas, justificando os medos dos informáticos de todo o Mundo.
A natureza humana fez, no entanto, com que um problema quase exclusivamente do foro informático extrapolasse largamente esse campo, e se misturasse com a não menos célebre profecia de Nostradamus sobre o fim dos tempos, para colocar na cabeça do comum dos mortais que iriam suceder as mais variadas catástrofes, da falta de luz e energia a explosões e outros danos semelhantes. Não admira, pois, que na noite de 31 de Dezembro de 1999 a maioria do Mundo ocidental sentisse um leve calafrio ao pensar no que poderia acontecer; e, ao soar a última badalada do minuto 00:00 do século XXI...
...não sucedeu rigorosamente nada.
Sim, todos os medos, receios e pânicos haviam sido perfeitamente infundados, já que os computadores se provaram perfeitamente capazes de 'virar a página' dos seus calendários, continuando assim a trabalhar tão eficazmente como sempre. Para a História ficava, pois, o registo de um pânico generalizado, transformado pelo 'telefone avariado' do passa-palavra de problema informático, ainda que sério, a sinal do fim dos tempos. E se, à distância de vinte e cinco anos no futuro, toda a situação parece quase caricata, a verdade é que há uma boa razão para o 'vírus do ano 2000' ser célebre ainda hoje: à época, a possibilidade de haver um problema grave era mais do que real, e a falta de conhecimento da população em geral sobre aspectos informáticos exacerbavam ainda mais o ambiente de medo, tornando a passagem simultânea do ano, século e Milénio num momento bem mais tenso do que, à partida, seria de esperar - e suficientemente notório para, um quarto de século depois, assinalarmos o seu 'aniversário' neste nosso 'blog' nostálgico. Feliz Ano Novo!